HEBREUS

Carta aos Romanos

CARTA AOS HEBREUS

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INTRODUÇÃO:

 

 

O autor é desconhecido, e isto tem sido motivo de controvérsia desde os primeiros tempos. Há  vários motivos para pensar que poderia ser da autoria de Apolo. Para estudar o assunto veja-se "Combridge Bible for Schools ".

 

"Pela vidência interior é certo que Hebreus foi escrita antes da destruição do templo, em 70 d.C. (10,11).

 

"Tema. As passagens doutrinárias revelam o propósito do livro. Foi escrito com um objetivo duplo:

1) confirmar os crentes israelitas, mostrando-lhes que o judaísmo tinha terminado, devido ao cumprimento por Cristo de todo o propósito da Lei; e

2) os trechos de exortação mostram que o escritor tinha em vista o sempre-presente perigo de os crentes judeus voltarem ao judaísmo. É claro, de Atos, que até os mais robustos dos crentes da Palestina ficaram presos a uma estranha mistura de judaísmo e cristianismo (At 21.23,24), e esse laço teria seu perigo para os cristãos professos entre os judeus da Dispersão.

 

"A nota tônica da carta é 'melhor'. Hebreus dá uma série de contrastes entre as boas coisas do judaísmo e as coisas melhores de Cristo. Cristo é melhor do que os anjos; do que Moisés, Josué ou Aarão; e o Novo Concerto é melhor do que o Concerto Mosaico. O escritor contempla toda a esfera de. profissão cristã; por isso temos os avisos necessários para advertir o mero professo" (Scofield).

 

 

ANÁLISE DE HEBREUS

 

Prólogo (1.1-4).

 

Divisão I (caps. I a 10.18).

 

O ENSINO DOUTRINAL

 

(A) As personalidades (1.4 a 7.28).

 

I. Os anjos e Cristo (1.4 a 2.18).

    1.1. Superior (1.4-14).

    Advertência (a) (2.1-a).

    1.2. Inferior (2.5-18).

 

2. Moisés e Cristo (3.1-6),

    Advertência (b) (3.7-19).

 

3. Josué e Cristo (4.1-10).

    Advertência (c) (4.11-13).

 

4. Aarão e Cristo (4.14 a 5.10).

    Advertência (d) (5.11 a 6.20).

 

5. Melquisedeque e Cristo (cap. 7).

 

 

(B) As Instituições (caps. 8 a 10.18).

 

6. A aliança e Cristo (cap. 8).

 

7. O tabernáculo e Cristo (9.1-12).

 

8. As ofertas e Cristo (9.13 a 10.18).

 

Divisão 11 (10.19-39).

 

A EXORTAÇÃO CENTRAL

 

1. Exortação à liberdade e comunhão (10.19-25).

Advertência (e) (10.26-31).

 

2. Exortação à paciência e perseverança (10.32-39).

 

Divisão III (caps. 11 a 13.21).

 

A APLICAÇÃO PRÁTICA.

 

1. A "Obra da fé" (cap. 11).

 

2. A "Paciência da Esperança" (1'2.1-24).

Advertência (f) (12.25-29).

 

3. "Trabalho de amor" (13.1-21).

 

Epílogo (13.22-25).

 

 

 

 

A MENSAGEM DE HEBREUS

 

De tudo que F. W. Grant escreveu na sua Introdução a Hebreus, temos lugar apenas para o seguinte:

 

O cristianismo é caracterizado por duas coisas, que são simbolizadas pelo véu rasgado. Deus não mais habita nas densas trevas. Ele está na luz. Pode sair ao homem; o homem pode entrar na sua presença. De fato, as duas coisas se cumpriram: Deus saiu ao encontro do homem, na Pessoa de Cristo e, em Cristo, o homem vai à presença de Deus. O evangelho de João mostra-nos especialmente o primeiro; e Hebreus, o segundo, e estabelece a ligação entre os pontos de vista de João e do autor; assim, Cristo, como homem, é visto como apóstolo, aquele que saiu com a mensagem de Deus em quem Deus se declara.

 

Hebreus desenvolve mais amplamente o segundo: o homem entrando para Deus. Esta é a conseqüência da obra consumada sobre a terra antes que Cristo entrasse, pela qual depois entrou, não simplesmente com o título que sempre tinha pessoalmente, mas como 'sumo sacerdote da nossa confissão'.

 

"Que Deus saiu à procura do homem é a glória do Evangelho. O Filho de Deus, em forma humana, é 'o resplendor da sua glória'. Ele tem falado, mas fez mais. Viveu, amou, sofreu, morreu entre nós, e voltou no poder desse sacrifício, pelo qual aqueles por quem foi oferecido encontram um 'novo e vivo caminho' para chegar à presença de Deus.

 

"Tanto essa saída como essa entrada se encontram em Hebreus, e também no começo da primeira epístola de João. Nisto João e Paulo combinam, cada um destacando a verdade a seu modo, e cada um olhando pela senda da glória divina para ver e reconhecer o objetivo do outro. João olha do Céu para a Terra. Paulo da Terra para o Céu. O objetivo central de cada um é aquele que é 'o apóstolo e sumo sacerdote de nossa confissão'. Esta plena revelação do cristianismo está em contraste com todas as comunicações fragmentárias dos profetas que a precederam..."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 1

 

 

A revelação final na pessoa do Filho (1-14). Neste trecho a divindade de Cristo se nos apresenta de três maneiras: por afirmação direta (1-3); por comparação com os anjos; pela confirmação das Escrituras.

 

Em relação a Deus, Cristo é o Filho, o resplendor e a imagem (expressão). Em relação ao universo, Ele é seu criador, sustentador e possuidor. Em relação à Igreja, Ele é o seu profeta, sacerdote e rei (1-3). Notemos o argumento: O Filho e os servos (5,6); o Soberano e os súditos (7-9); o Criador e as criaturas (10-12). Notemos nos versículos 5-14 e nas sete citações do V.T. (Scroggie).

 

A expressão no versículo 2 "por quem criou igualmente os mundos" é problemática. A palavra "aionas" traduzida mundos não tem esse sentido em outra parte da Bíblia senão aqui e talvez em Hebreus 11.3. A palavra grega "aion" significa época, embora alguns aleguem que os judeus a empregavam por universo. Wilfrid Isaacs traduz o fim do versículo 3:

 

"Época após época, plano após plano, Deus tem tratado com os homens por meio de Cristo". Mas mesmo assim o versículo não se torna muito compreensível. Numa observação, esse tradutor explica: "Sabemos que a época em que vivemos depende do Calvário e dos sofrimentos de Cristo; sabemos que a época vindoura dependerá da sua glória e soberania, mas aqui se nos diz que todas•as épocas, tantas quantas houver, dependem dele em alguns sentidos".

 

"Cristo é superior aos anjos em cinco pontos:

 

a) estes têm o nome de anjos, Ele o de Filho (v. 5);

b) eles são adoradores, Cristo é adorado (v. 6);

c) os anjos são criaturas, Ele é o Criador (7-12);

d) eles são ministros da salvação, Ele o seu autor (13,14);

e) no tempo vindouro os anjos serão súditos, Cristo, o soberano (2.5-9)" (Gray).

 

Notemos em Almeida, no versículo 6, uma ambigüidade de tradução e na V.B. um erro gramatical. Não devemos ler "quando outra vez introduz", como se já o tivesse introduzido alguma vez e agora fosse fazê-lo novamente, mas "e outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz. '

 

Porém F. W. Grant interpretou o versículo diferentemente: "Deve ser evidente que se refere ao aparecimento de Cristo na segunda vinda. Este é o sentido das palavras 'Quando outra vez introduz o primogênito no mundo'. Dificilmente pode ser aplicado à encarnação. E verdade que os anjos adoraram, como sabemos, quando Cristo nasceu, mas não foram chamados para adorar desta maneira pública que evidentemente é indicada aqui. Então a superioridade de Cristo sobre os anjos será plenamente manifesta e a sua superioridade sobre todos, de acordo com o nome que lhe foi dado".

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 2

 

Cristo e os anjos (1-9). Este assunto já foi referido no capítulo 1. Ali Cristo é melhor do que os anjos; aqui é "feito um pouco menor" do que eles.

 

"A pergunta: 'Que é o homem?' é introduzida assim: 'em certo lugar testificou alguém' (v. 6), isto é, em certo lugar na Bíblia. De fato a pergunta ocorre três vezes no V. T. Vamos considerar seu sentido:

a) Salmo 8.3,4: 'Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste, que é o homem mortal para que te lembres dele?

b) Salmo 144.3,4: 'Senhor, que é o homem?... O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como uma sombra que passa'.

c) Jó 7.17,'20: 'Que é o homem?... Pequei, que te farei, ó guarda dos homens?'

 

As citações acima nos faz pensar:

 

(a) faz-nos pensar no homem como infinitamente pequeno comparado com o universo; a

(b) que ele é passageiro; a

(c) que ele é pecaminoso.

 

E, contudo, esta criatura pequena, passageira e pecaminosa, é o objeto da graça redentora e do dom da vida eterna na pessoa daquele que agora vemos à destra de Deus" (Goodman).

 

No fim do versículo 9 a palavra "pantos", todo, está no singular, e pode ser traduzida "todo homem ' (F. Grant).

 

O Salvador que sofreu (10-18). Este trecho trata da missão do Salvador, como 1-9 trata da sua pessoa. No versículo 16 vemos a esfera da obra; no versículo 17 0 escopo da obra, e no versículo 18 0 poder da obra de Cristo (Scroggie).

 

Alguns pensamentos nascem deste trecho: no versículo 10 a palavra "aperfeiçoasse " merece a nossa atenção. Não podemos pensar que Cristo fosse imperfeito antes de sofrer; contudo, faltava-lhe uma coisa: a experiência do sofrimento. (Consulte-se aqui 1 Coríntios 13.4).

 

Vemos (v. 11) que Cristo chegou tão perto de nós, que nos pode chamar de "irmãos" , estabelecendo assim um precioso laço de intimidade. Não se encontra, em todo o N.T., nenhum caso em que o crente chame Cristo de irmão (nem tampouco "meu Jesus" ou "bom Jesus"), mas Ele assim nos chama a nós.

 

A expressão no versículo 16 "tomou os anjos' (Alm. e Fig.) ou "presta auxílio aos anjos" (V.B.), pode significar que a obra da redenção não visa aos anjos caídos, mas à humanidade.

 

O versículo 18 fornece muito assunto para nossa meditação, para respondermos a perguntas como as seguintes: "Quais tentações semelhantes às nossas enfrentou Jesus?". "Em que sentido sofreu Ele por isso". Até que ponto Jesus simpatiza conosco nas nossas tentações", qual o socorro que Ele nos oferece?"


 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 3

 

Moisés e Jesus (1-11). "Aqui temos três parágrafos:

    a) Cristo, e a vocação cristã (1,2). Devemos considerar Jesus que, como apóstolo (um que representa Deus perante o povo), é comparado com Moisés sob dois aspectos: foi nomeado para o serviço, e nele foi fiel.

 

"O segundo parágrafo é

    b) A Casa e o Construtor (3,4). A casa referida é a economia judaica, representada por Moisés; este é considerado a construção, e Cristo o Construtor, maior que Moisés.

"O terceiro parágrafo é

    c) O Servo e o Filho (5,6). Duas casas são consideradas aqui, a Casa de Israel, na qual Moisés era um servo, e a Igreja cristã sobre a qual Cristo é o Filho. Nisto também Ele é maior que Moisés" (Scroggie).

 

Dos versículos 5,6 diz Grant: "Assim a diferença entre Moisés e aquele que tipicamente representou é deveras grande, Moisés era fiel em toda a casa de Deus como servo ministrante, para testemunho das coisas a serem referidas mais tarde... Cristo, por outro lado, é o Filho, não sobre 'a sua própria casa' (isto não é o sentido aqui), mas sobre a casa de Deus. É aquele a quem todas as coisas pertencem, por quem são, e para quem são; e isto liga a sua obra desde o princípio com a que realiza agora pelo homem caído; e em vista de tudo que o pecado tem feito na criação de Deus".

 

Conseqüências da incredulidade (12-19). A primeira parte do capítulo é ensino; aqui temos exortação. O autor nunca deixou de aplicar as verdades do cristianismo à vida dos crentes.

 

Podemos aprender algumas lições do trecho, a saber:

 

a) que um coração mau produz descrença e afastamento de Deus (v. 12);

b) que o pecado é "enganoso", mas que as exortações dos nossos irmãos podem conservar-nos do endurecimento espiritual que o pecado traz;

c) que o crente deve reter firmemente sua confiança em Cristo e assim ser seu constante companheiro na obra divina no mundo;

d) que o próprio crente deve recear qualquer coisa que possa resultar em endurecimento de coração (v. 15);

e) que a descrença impede de entrar no gozo das promessas de Deus (v. 19).

 

No versículo 14 devemos ler "nos tornamos companheiros de Cristo", a palavra traduzida "companheiros", é a mesma empregada em 1.9.

 

"O perigo contra o qual se nos avisa no versículo 12 é a apostasia: 'apartar-se do Deus vivo'. Este perigo é agravado por:

a) um coração mau e incrédulo (v. 12);

b) pelo engano do pecado (v. 13);

c) por provocar ou entristecer o Espírito de Deus (16,17);

d) pela desobediência (18)" (Goodman).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 4

 

O repouso da fé (1-13). "A palavra 'descanso' neste trecho é aplicada a três coisas:

   

    a) Ao descanso do sábado, instituído na criação (vv. 3,4);

    b) ao descanso da Terra Prometida (v.5);

    c) ao descanso que Davi previu: o descanso do Evangelho, que se encontra somente em Cristo (vv. 7-9).

 

"Destes três descansos se nos ensina:

 

    a) que o Sábado é figura (CI 2.16, 17), um tipo de descanso do coração que se acha em Cristo;

   b) que o descanso na Terra era também típico, pois se Josué tivesse dado o descanso final que Deus propusera, Davi não teria falado de outro descanso (v. 8): 'Portanto resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus' (v. 9).

 

"Que repouso é este? O primeiro sábado da criação resultou de uma obra consumada. O repouso na obra de Cristo, este glorioso descanso de Deus, resultou de "Está consumado" e nele entram aqueles que repousam das suas obras' (v. 10) e confiam em Cristo" (Goodman).

 

Sobre o versículo 12 diz Grant: "Alma e espírito, assim distinguidos, não podem ser senão as duas partes da natureza imaterial do homem, entre as quais a Escritura, ao contrário do que muitos pensam, sempre distingue.

 

A alma é a parte inferior, sensitiva, instintiva, emocional, que, quando não (como no caso do homem) iluminada com a luz do espírito, é simplesmente animal, e que também, quando o homem não está no poder do Espírito de Deus, tenderá para isso mesmo.

O espírito é inteligente e moral, é aquilo que compreende as coisas humanas (I co 2.11). No homem natural, que é realmente o homem psicológico, o homem influído pela alma (I co 2.14), a consciência, com seu reconhecimento de Deus, está amortecido, e a própria mente se torna terrena. Por isso é importante dividir entre 'alma e espírito'. 'Juntas e medulas' dá-nos a idéia da diferença entre o externo e o interno, a forma exterior e a essência escondida nela..."

 

O grande sumo sacerdote (14-16). Devemos meditar na significação de Cristo como sacerdote, contrastá-la com sua obra de Salvador. Como Salvador, liberta-nos do mal; como sumo sacerdote, nos introduz no bem. O Salvador, como Moisés, liberta do poder do inimigo o povo de Deus; o Sacerdote mantém nos em contato com Deus. Recorremos ao Salvador para obter o perdão do pecado em virtude da sua obra redentora; chegamos por nosso sumo sacerdote ao trono da graça para alcançarmos misericórdia e graça suficientes para as necessidades da nossa peregrinação terrestre.

 

Mas é necessário "chegar" para alcançar. Chegar com fé, pela oração, na esperança de encontrar provisão divina suficiente, e com gratidão pela bondade que nos convida,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 5

 

O sumo sacerdócio (1-11). "Já se tornou evidente para o leitor cuidadoso que o propósito do autor desta epístola é estabelecer a comparação entre o sacerdócio de Cristo e o de Aarão. O autor quase chegou a esse assunto no fim do capítulo 2 (17, 18), e estava no ponto de fazer a comparação (3.1), quando se afastou do assunto para falar de Moisés (3.2-6), e depois de Josué (4.4-11).

Mas volta ao mesmo tópico em 4.14-16, e, no começo do capítulo 5, prepara o campo para a discussão, afirmando que Cristo era sacerdote. Era necessário provar isto antes de prosseguir no seu argumento. Ele o prova de duas maneiras: Cristo era sacerdote porque:

    a) tinha uma natureza humana capaz de simpatizar com nossa fraqueza (1-3), e

   b) Ele foi divinamente constituído, como Aarão o tinha sido (4-10). Sua designação, porém, foi de outra ordem que a de Aarão; a saber, a de Melquisedeque (5,10), de quem o autor falará mais adiante, depois de outra digressão ocupada com avisos e encorajamentos (5.12 a 6.20)" (Grav).

 

As qualidades de sacerdote são:

    a) que seja designado por Deus (4), pois ninguém pode tomar para si esta missão;

    b) que tenha coração compassivo, pois necessita ternura e paciência para tratar com homens ignorantes e errantes;

    c) que tenha experiência (2), havendo ele mesmo provado a tristeza, tentação e enfermidade (7-9). Ora, Cristo está perfeitamente habilitado para ser sacerdote em todas estas particularidades (Goodman).

 

É um pouco difícil traduzir as palavras "ek thanatou" no versículo 7. O versículo não quer dizer "livrá-lo de morrer", mas livrá-lo (afinal) da morte que havia de sofrer como nosso substituto. Podemos ver um caso paralelo no viajante que, embora passando pelo naufrágio, vem afinal a ser salvo. A preposição "ek" significa fora de e o sentido é que o bendito Substituto havia de ser tirado fora da morte depois de ter consumado a obra expiatória. Lázaro, quatro dias depois de ter morrido, foi "livrado da morte" pelo poder de Cristo.

 

Ensino adiantado ou rudimentar? (11-14). Este trecho é importante por mostrar a necessidade de adaptar o ensino ao aluno. Quase toda contenda entre crentes resulta da insistência em dar ensino que o discípulo não pode receber. Se dermos um bife a uma criancinha, ela o rejeitará: e com protestos. Insistir em que outros recebam o que nós sabemos (por exemplo) do batismo ou do governo na igreja, terá resultado semelhante, se esses "outros" forem crianças espirituais. O apóstolo queria dar ensino adiantado referente a Melquisedeque, porém achou necessidade primeiro de maior preparo dos seus leitores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 6

 

O dr. Scroggie faz as seguintes divisões: 5.11-14, admoestação; 6.1-3, exortação; 6.4-8, aviso; 6.9-12, encorajamento; 6.13-20, certeza.

 

Os versículos 4-9 têm ocasionado tremenda controvérsia entre os crentes, e têm sido interpretados mui diversamente. A explicação mais completa que tenho encontrado, e uma que dá seu pleno valor às palavras empregadas no original, é a de Wilfrid Isaacs. Ocupa quatro páginas da sua tradução de Hebreus, por isso não posso dar aqui senão um resumo.

 

Ele começa comentando duas interpretações opostas: a primeira é que o homem visado está realmente perdido, mas nunca foi realmente crente; a segunda, que é realmente crente, mas não está realmente perdido. Pode-se dizer, porém,que nessas duas interpretações foram esquecidas certas considerações de contexto e tradução, as quais não oferecem uma terceira solução para a dificuldade, mas mostram que tal dificuldade não existe.

 

"Todos os intérpretes têm suposto que o assunto do trecho é o destino humano. Esta suposição é errônea. O assunto aqui não é o destino humano, mas 'métodos de evangelização'.

 

"Vemos que aquilo que o apóstolo manda aos seus leitores não repetirem é uma coisa, que por sua própria natureza, não pode ser repetida: o 'esclarecimento' (v. 4) que a pessoa recebe no começo da sua crença.

 

"Notemos o argumento: pôr novamente o fundamento é desnecessário, impossível, indesejável. O versículo 1 diz 'não convém '; o versículo 6 'não pode' e os versículos 7,8 'não precisa'.

 

"A palavra no versículo 6 traduzida por Almeida 'recair' e pela V.B. 'cair' significa 'tropeçar ou escorregar para um lado', mas não apostatar ou voltar para trás.

 

"Assim vemos pelos versículos 7 e 8 que é desnecessário fazer aquilo que o apóstolo reprova no versículo I e declara impossível no versículo 6. O versículo 1 ensina não lançar alicerces vez após vez. O versículo 4 ensina que é impossível fazer novamente aquilo que, por sua natureza, não pode ser repetido. Pois no caso desses que: foram iluminados; provaram o dom celestial; foram feitos participantes do Espírito Santo; provaram a boa Palavra de Deus e as virtudes do século vindouro, e caíram no pecado, é impossível operar outra vez o novo nascimento e a conversão, presumindo-se terem eles crucificado novamente o Filho de Deus e dado aos seus inimigos ocasião de blasfemar.

 

"Não somente é impossível mas é também desnecessário, porque incorrem numa penalidade semelhante àquela que sobrevém a uma vinha infrutífera. Se, essa vinha, depois de ter recebido as chuvas, supre com seu produto as necessidades dos seus cultivadores, a bênção está sobre ela, e o terreno participa do benefício, mas se produz espinhos e abrolhos, é julgada inútil; incorre em maldição: da palha se faz uma fogueira, eliminando-a (1 co 3.13).

 

'Nosso Senhor' e todos os escritores do N.T. têm muito a dizer das penalidades do crente desobediente e indigno; 'salvo', mas imprestável. Seu Senhor a quem serviu mal 'lhe dará a sua parte com os infiéis' (Lc 12.46).

 

"A terra que produz espinhos e abrolhos não é maldita, mas falta pouco: perto está da maldição".

 

Esta exposição do trecho pode não ser, à primeira vista, muito fácil de se compreender, mas vale a pena tornar a lê-la devagar e várias vezes, para verificar que seu sentido está de acordo com a linguagem da Escritura.

Outros expositores, incluindo Goodman, Scroggie e Grant, entendem que o trecho trata de apostasia da fé com a volta ao judaísmo.

 

Para entender toda a epístola aos Hebreus, o melhor parágrafo que tenho encontrado é do livro "Untranslatable Riches", de Kenneth S. Wuest. Ele dedica 30 páginas a uma exposição de Hebreus capitulo 6, mas podemos apenas traduzir o seguinte parágrafo:

 

"Assim, o propósito do escritor era ajudar os judeus de então, que tinham abandonado a freqüência pública dos serviços do templo, e se tinham identificado com esses grupos de pessoas que se reuniam no nome de um Messias invisível, o sumo sacerdote do sistema da Nova Aliança, com seus sacrifícios típicos. Estes judeus ainda não-salvos sofreram perseguição e estavam em perigo de renunciarem a sua profissão cristã e voltarem aos sacrifícios antigos do sistema levítico (10.32-34)"

 

A promessa de Deus com juramento (13-20). Aprendemos deste trecho: que Deus promete bênção aos seus; que confirma suas promessas com juramento; que seus propósitos são imutáveis; que Ele mesmo é nosso refúgio; que a firmeza da sua palavra deve ser nossa consolação; que a "âncora" da alma é a esperança da futura bênção com Deus.

No fim deste capítulo o apóstolo volta da sua longa digressão, e continua sua exposição do sacerdócio de Melquisedeque.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 7

 

Traduzimos os versículos 1-12 da versão de Wilfrid Isaacs: '(Por que Melquisedeque? Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus altíssimo, encontrou Abraão quando este regressava da destruição dos reis e o abençoou, e Abraão deu-lhe o dízimo, a escolha dos despojos. Notemos primeiramente o significado do seu nome — rei da justiça. Justiça quase necessariamente resulta em conflito, mas ele era rei de Salém, que significa rei da paz. Nem uma palavra se diz de seu pai, de sua mãe ou de seus antepassados, do seu nascimento ou morte, e, feito nisto semelhante ao Filho de Deus, ele mantém seu sacerdócio perpetuamente.

 

"Note-se a importância do homem a quem Abraão deu o dízimo dos despojos — Abraão de quem toda a nossa raça descendeu. Note-se mais que os descendentes dos filhos de Levi, detentores do sacerdócio, são autorizados, pela Lei, a impor o tributo do dízimo sobre o povo, isto é, a seus irmãos, filhos de Abraão como eles. Em contraste com eles, Melquisedeque, sem nenhum parentesco com Levi ou sua família, recebe dízimos de Abraão, e abençoa ao que tinha as próprias promessas de Deus. Note-se mais que quem dá a bênção é superior a quem a recebe; isto é evidente".

 

"Note-se também que, enquanto os que recebem dízimos aqui são homens mortais, no caso de Melquisedeque, a Escritura apresenta-o somente como vivente. Podemos ir além e dizer que Levi, recebedor dos dízimos, teve de pagar dízimo, pois estava nos lombos do seu antepassado quando Melquisedeque se encontrou com Abraão. Mesmo assim a legislação nacional baseou-se no sacerdócio levítico. Isto prova que o propósito do sacerdócio era ajudar os homens a satisfazerem, completa e finalmente, as exigências de Deus. Porventura o sacerdócio levítico conseguiu isto? Se o fez, que necessidade havia de sacerdócio de outra ordem? Que necessidade havia de ser ele chamado de outra linhagem, não de Abraão mas de Melquisedeque? [Esta pergunta exige resposta], pois as implicações de uma mudança de sacerdócio são graves: envolvem nada menos que uma mudança da própria constituição".

 

Melquisedeque e Cristo (12-28). Aprendemos aqui várias coisas de Cristo, o sacerdote-rei:

   

    a) Era da tribo de Judá, a tribo real.

    b) Semelhante a Melquisedeque, o verdadeiro tipo, e não a Aarão, que não podia continuar porque morreu.

    c) Foi designado por juramento divino, como diz no Salmo 110.4.

    d) Ê mediador de melhor concerto (8.6).

    e) Nunca mais morrerá (24) e assim pode continuar sua obra até o fim.

    f) É capaz de salvar (25) os que se chegam a Deus por Ele.

    g) Seu caráter é tão perfeito quanto a sua obra — santo, separado de pecadores.

   h) Seu único e perfeito sacrifício é perdurável (27); a Lei fez sacerdotes a homens imperfeitos, o juramento designou o Filho, perfeito para sempre (28) (Goodman).

 

"Não é na qualidade de pecadores que Cristo, o sumo sacerdote, intercede por nós junto a Deus, mas como os muitos filhos que Ele leva à glória. O sumo sacerdote cuida de fraquezas e não de pecados, 'mas se alguém pecar, temos um Advogado com o Pai' (1 Jo 2.1). Cristo é Sacerdote e Advogado, mas a questão do pecado está resolvida para nós para com Deus, enquanto entre os filhos e o Pai essa questão pode necessitar ser reaberta freqüentemente" (Grant).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 8

 

O velho e o novo santuário (1-6). Neste trecho vemos o novo contrastado com o velho. "O sacerdócio levítico tinha um tabernáculo construído no deserto, no qual se ofereciam os sacrifícios ordenados sob o velho concerto. Nosso sumo sacerdote tinha um corpo imaculado no qual (o verdadeiro tabernáculo, v. 2) Ele cumpriu todas as figuras do Velho Testamento. Era maior (em valor) e mais perfeito (para seu fim) do que o antigo. Não foi feito por mãos (como fora o primeiro) nem foi 'desta criação', pois foi especialmente preparado por Deus (9.11)" (Scroggie).

 

Grant chama atenção para a diferença entre a morte da vítima e o oferecimento do sacrifício. Evidentemente Cristo não se matou, mas ofereceu-se como sacrifício.

 

O velho e o novo concerto ou aliança (7-13). Quem usa a Bíblia de Almeida ou a V.B. precisa fazer uma emenda de tradução no versículo 8 e ler: "Porque, reprovando [o velho concerto], lhes diz:..

 

O versículo 7 mostra que a coisa reprovada foi a velha aliança, não por causa de qualquer defeito, mas porque não podia servir mais como meio de Israel alcançar a bênção divina. O médico às vezes diz: "Este remédio não serve; vou dar-lhe outra receita"; não que o primeiro medicamento fosse imprestável, mas porque não provou ser adequado ao estado do doente.

 

Devemos notar as diferenças entre as duas alianças:

    a) A antiga era uma aliança de obras; a nova, de graça.

    b) Na velha aliança a Lei foi escrita em pedras; na nova, na mente, para ser entendida, e no coração para ser amada.

 

As bênçãos da nova aliança são quatro:

    a) coração transformado;

    b) certeza da proteção divina;

    c) Cristo conhecido;

    d) certeza do perdão.

 

Uma aliança, pacto ou concerto é semelhante ao que hoje chamamos um contrato. Mediante um contrato duas pessoas estabelecem suas relações mútuas, geralmente com referência a um determinado serviço e à respectiva remuneração. As condições são ajustadas entre as duas partes.

 

Quando Deus faz uma aliança com os homens, é Ele quem determina as condições, e o homem quem as aceita. Para uma lista das oito grandes alianças que Deus tem feito com os homens, veja-se o fim de Gênesis 1 em O AntigoTestamento1.

 

A lei da vontade de Deus, escrita no coração, pode ter muito sentido para os pais, como modelo para a educação dos filhos. A criança está sob uma lei de obediência, que a obriga a agir, às vezes, contra a vontade própria. Antes de chegar a ser moço ou homem, os pais sensatos procuram ganhar a afeição do filho a tal ponto que o filho deseje agradar seus pais em tudo. Então a lei do pai fica escrita no seu coração.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 9

Sacrifícios imperfeitos que se repetem (1-10). No versículo 1 "o primeiro" (Almeida) quer dizer "o primeiro concerto". No versículo 2 "o primeiro" quer dizer "o primeiro recinto do tabernáculo", chamado "0 lugar santo ", para distingui-lo do recinto mais interior chamado "o santo dos santos" ou lugar santíssimo, onde Deus habitava oculto, e onde o sumo sacerdote entrava apenas uma vez no ano (v. 7).

 

O "segundo véu " era a divisão entre o lugar santo e o lugar santíssimo; esse é o véu que foi rasgado de alto a baixo (Mc 15.38), para que o remido pudesse entrar e adorar, e Deus sair e abençoar a humanidade.

 

"0 sacerdócio levítico tinha um santuário sobre a terra (o tabernáculo no deserto) que era em todos os seus detalhes um tipo de Cristo. Consistia, como é bem sabido, de três partes: o pátio, o lugar santo e o lugar santíssimo. No santíssimo estava a arca da aliança, uma caixa coberta de ouro. contendo as tábuas da Lei, e sobreposta pelo propiciatório e os querubins. Constituía, em figura, o trono de Deus (SI 99.1), e sobre tudo brilhava a glória divina. Essa santa presença de Deus ficava oculta do lugar santo por um véu. Só uma vez no ano o sacerdote entrava no santíssimo, no dia dez do sétimo mês, no Grande Dia da Expiação, quando o sangue de uma oferta pelo pecado, previamente sacrificada sobre o altar de cobre no pátio, era levado ao lugar santíssimo pelo sumo sacerdote e espargido sobre o propiciatório e perante ele. Tudo isto tem a sua explicação aqui em Hebreus... " (Goodman).

 

O sacrifício perfeito, que não se repete (11-22). O versículo 12 aqui explica o capítulo 8.3. Essa alguma coisa que o grande sumo sacerdote ofereceu quando entrou, foi seu próprio sangue, que fez expiação pelos pecados.

 

Todas as versões dificultam a interpretação do versículo 16 quando traduzem a palavra grega "diatheke" por testamento em vez de concerto, pacto, ou aliança, e algumas empregam a palavra "testamento" no versículo 15.

 

Mas aqui não temos nenhuma mudança de assunto: continua a tratar-se da "nova aliança", e a tradução do versículo 16 por Bullinger é provavelmente exata: "Pois onde há um concerto, a morte do apontado (sacrifício) é necessária: pois um concerto é confirmado somente sobre (vítimas ou sacrifícios) mortos; visto que não tem valor enquanto o apontado (sacrifício) vive".

 

A sugestão de que somos herdeiros pelo testamento de um Cristo defunto é repugnante a todo o  sentido do cristianismo.

 

Cristo oferece-se uma vez para sempre (23-28). Neste trecho temos quatro importantes verdades referentes a Cristo: Seu primeiro advento (v. 24); sua obra expiatória (v. 26,28); seu serviço de advogado (v. 24); seu segundo advento (v. 29).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 4

 

O sacrifício final (1-18). Notemos três coisas:

   a) a vontade de Deus (5-10);

   b) a obra de Cristo (11-14);

   c) o testemunho do Espírito (15-17) - (Goodman).

 

O argumento deste trecho é que o sacrifício de Cristo é final,

    a) porque foi feito uma vez para sempre, em contraste com os sacrifícios do V.T.;

   b) por causa da presente posição real de Cristo. Os sacerdotes do V. T. sempre estavam em pé, seu trabalho nunca terminava, mas nosso sumo sacerdote está sentado à destra de Deus; c) porque Ele cumpriu perfeitamente tudo que foi predito a respeito do novo concerto (15-18) (Scroggie).

 

Wilfrid Isaacs dá a seguinte tradução do versículo 14: "Não resta mais nada por fazer, porque por uma oferta que é eternamente válida ele habilitou aqueles que estão sendo consagrados a Deus a satisfazerem todas as exigências divinas".

 

"Nós somos justificados por seu sangue (Rm 5.9), e nada pode ser apresentado contra os escolhidos de Deus (Rm 8.33). Fomos santificados pela oferta (v. 10), isto é, constituídos povo separado e santo (SI 4.3, Al. Hb 13.12), idôneo para comparecer perante Deus, e temos sido aperfeiçoados para sempre (v. 14), isto é, foi-nos dado um meio de nos aproximarmos e estarmos perante Deus, no valor do sangue (v. 19), e isto para sempre" (Goodman).

 

Notemos que nos versículos 12 e 14 para sempre traduz as palavras gregas "eis to dienekes" em perpetuidade. A mesma frase é traduzida continuamente em Hebreus 7.3 e 10.1, e não se emprega em qualquer outra parte do N. T. Onde lemos para sempre em Mateus 21.19, etc. o grego é "eis ton aiona" para a época; ou, como em Romanos 1.25, etc. "eis tous aionas", para as épocas.

 

Privilégios e deveres (19-25). Façamos aqui um resumo de toda a epístola:

   

    a) ensino doutrinário (1.1 a 10.18);

    b) exortação central (10,19-39);

    c) aplicação prática (11.1 a 13.25).

 

Estamos agora na segunda destas divisões, em que há duas exortações, separadas por um aviso.

    A primeira exortação (19-25) à liberdade e comunhão; o aviso (26-31) dos perigos da apostasia;

    a segunda exortação (32-39) à paciência e perseverança (Scroggie).

 

Notemos também as exortações dos versículos 22-24, cheguemo-nos; guardemos a confissão; "consideremo-nos uns aos outros".

 

Proposta emenda de tradução (v. 21): "E tendo um sumo sacerdote".

 

Aviso contra o pecado voluntário (26-39). A interpretação deste trecho tem ocupado bastante tempo e talento de muitos expositores. Não é possível, no pequeno espaço de que dispomos, apresentar nem um resumo de todos eles. Por isso limitar-nos-emos a traduzir o que diz o erudito Wilftid Isaacs, por parecer-nos a exposição mais adequada e aceitável.

 

"Este trecho deve ser lido à luz da lei da salvação e do pecado, da qual o V. T. e o N.T. apresentam muitas afirmações enfáticas e coerentes. A lei da salvação diz que a vida eterna é, pelo dom de Deus, assegurada a todo homem que está em íntimo contato com Ele, pela fé no Salvador crucificado. A lei do pecado diz que cada pecado tem sua pena apropriada, e que nenhum homem, com a certeza da vida eterna ou sem ela, fica isento da "lei de causa e efeito" cada um há de segar o que semeou. Estas duas leis não são mutuamente exclusivas — não se contradizem. As afirmações do Salmo 89.31-33; Isaías 63.711; 2 Coríntios 5.10; Gálatas 6.7 são bem conhecidas e inteligíveis.

 

"A diferença o pecado de um crente e de um descrente, ou entre a pena de um e de outro, se nos apresenta nas Escrituras não como diferença de espécie, mas de grau. "Fogo é sempre fogo, mas há um fogo que não é, em si, uma maldição, mas está perto da maldição" (Hb 6.8). Do crente que não é vencedor não se diz que será destruído pela segunda morte, mas dá a entender que ele sofrerá algum prejuízo por ela (Ap 2.11). Em ambos os casos, as expressões são significativamente discretas, sendo a diferença entre um crente e um descrente, essencialmente, uma diferença não de condição, mas de posição.

 

"No eterno conselho de Deus nada pode desfazer a imunidade de destruição do crente em Cristo - a destruição referida em 2 Pedro 3.16. Contudo, qualquer pecado perturba imediatamente a certeza dessa isenção. O crente bem sabe que nenhum pecado pode ficar sem castigo: a 'vingança ' de Deus é simplesmente a operação da lei de causa e efeito. Ele entende que seu pecado é pior que o de algum rebelde contra a lei de Moisés, e merece maior castigo: seu reconhecimento da misericórdia divina fica ofuscado pelo seu reconhecimento da ira de Deus contra o pecado. E deve ser assim mesmo, comprovado como é pela experiência dos cristãos mais eminentes em todos os tempos.

 

"O leitor terá notado que, nesta exposição, sua atenção tem sido dirigida especialmente para as palavras 'expectação' e 'merecedor' porque uma penalidade pode ser merecida e esperada e, contudo, não chegar a ser infligida. E a penalidade pode estar tão 'perto da maldição' que seja parecida com a própria maldição. Estas escrituras bastam para demonstrar que o castigo do pecado do crente será adequado à ofensa"

 

Até aqui é a explicação de W. Isaacs. Podemos nos servir de uma simples comparação: Um pai de família vê seu menino, com outros garotos da rua, brincando e jogando pedras, que, afinal, quebram as vidraças da sua casa. Por isso ele chama um policial e entrega os rapazes estranhos à justiça para serem castigados. Porém ele não entrega seu filho à polícia: leva-o para casa e ele mesmo o castiga.

 

No versículo 19 a palavra traduzida por Almeida "santuário" e por V.B. "lugar santo " é. literalmente, nos (lugares) santos. Dá-se a mesma coisa em 9.8, 12 e 13.11. O lugar santíssimo, o "santo dos santos", é mencionado, diz Grant, somente uma vez em Hebreus: no capítulo 9.3. O ensino do 10.19 é que temos ousadia para entrar nos lugares santos (constituídos agora num só lugar santo, por ter sido rasgado o véu) pelo sangue de Cristo. "Isto não quer dizer que o véu é removido.

 

É por Jesus sempre que entramos na presença de Deus, e o véu sempre tem seu lugar. Este mesmo véu, no tipo, foi bordado com os emblemas da glória que é sua em resultado da sua obra consumada. Isto não é removido e não queremos que o seja. Rasgado e removido são coisas diferentes. Por Ele nos aproximamos de Deus, mas Ele teve de morrer para que assim fosse" (Grant).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 11

 

Introdução (1-3). Não precisamos pensar que no versículo 1 temos uma definição da fé, mas que, certamente, temos algumas das suas características. As palavras "firme fundamento" e "prova" não são bem empregadas neste versículo.

 

Alguns podem preferir a versão de Wilfrid Isaacs: "Nossa fé em Deus é também a firme base sobre a qual é fundada nossa alegre antecipação das boas coisas vindouras, convencendo-nos, como por evidência que não pode ser contradita da realidade das coisas invisíveis". Ou a de Grant: "Ora, a fé é a certeza das coisas esperadas, a convicção das coisas não vistas".

 

Bullinger traduz: "Fé é também o título das coisas que se esperam, e a persuasão das que não se vêem".

 

A fé torna real para nossa alma o mundo espiritual onde Deus é supremo. Um homem de fé tem mais certeza das coisas que ele percebe espiritualmente do que aquelas que seus olhos enxergam.

 

A fé no período primordial (4-7). Notemos que começa, não com Adão, mas com Abel. No caso de Abel, era fé no sacrifício; no de Enoque. fé na comunhão com Deus; no de Noé, fé que testifica (Scroggie).

 

A fé no período dos patriarcas (8-22). O escritor fala primeiro da fé e das coisas invisíveis (8-16), depois da fé e das coisas improváveis (17-'22). Abraão creu que Deus era capaz de ressuscitar os próprios mortos. A fé de Isaque aceitou a determinação divina, que pôs de lado as consagradas leis de herança. Na esfera espiritual nossos propósitos muitas vezes sofrem modificações por Deus, e somente pela fé é que podemos aproveitar as lições que disso advêm.

 

A fé durante o período israelita (23-40). Notemos particularmente no caso de Moisés, como sua fé era sempre a "visão do invisível" — era o que ele percebia com Deus, e vemos que ele por essa fé recusou (24) as vantagens do mundo; escolheu ('25) uma sorte aparentemente desprezível; deu valor ('26) ao privilégio do sofrer com o povo de Deus; enxergou ('27) aquilo que o olho natural não percebe; deixou a terra onde nascera; e não temeu, mas ficou firme, como quem enxerga o invisível.

 

Nossa fé também pode sustentar-nos no meio de tremendas provações semelhantes às que sofreu o povo de Deus nos versículos 33-37, ou, mesmo que não tenhamos que passar por grandes provas, a fé pode sustentar-nos nas pequenas provações da nossa vida diária. Que cada um possa dizer: "É o que vejo em Deus que me dá esta serenidade".

 

Todos estes homens de fé do V. T. faleceram sem ver o prometido Messias (39), mas um dia 'eles, conosco, alcançarão essa preciosa consumação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 12

 

A vida cristã considerada como corrida (1-4). A grande nuvem de testemunhas são os crentes do capítulo 11, e todos testificam que a melhor vida é a vida que enxerga a graça e a vontade de Deus, e que resolutamente prossegue na carreira da fé. A esses podemos acrescentar os milhares de fiéis -testemunhas que tiveram experiência semelhante desde que esta carta foi escrita.

 

É "olhando para Jesus" e considerando-o que podemos prosseguir na carreira da fé.

 

Nesta corrida espiritual podemos distinguir entre empecilhos e pecados. Não se refere aos deveres, que nunca constituem empecilhos na carreira espiritual. O esforço para manter determinada posição no mundo pode se tornar empecilho para o crente, sem constituir pecado.

 

A necessidade, maneira e propósito da disciplina de Deus (5-11). Este é o trecho clássico sobre a disciplina na família de Deus, e a experiência da correção divina é uma das provas de que somos filhos. Mas é de se notar que a disciplina é aproveitada somente por aqueles que são "exercitados" por ela (v. 11).

 

Há dois erros em que podemos incorrer com respeito à disciplina divina: "desprezar a correção do Senhor", isto é, deixar de reconhecer que a provação é a vara de Deus para nos corrigir; ou desanimar sob a correção, pensando que Deus quer nos esmagar, quando seu propósito é ensinar-nos.

 

Exortações e avisos (12-17). Este trecho abunda em encorajamento e animação. Provavelmente o versículo 13 deve ser lido: "Deixar pegadas retas" lembrados de que outros seguirão nas nossas pisadas. "Todos os que são de Cristo têm deveres para com eles mesmos (v. 13), para com seus semelhantes (v. 14), e para com Deus (14-17)".

 

Notemos a condição essencial para que alguém "veja" o Senhor (v. 14). Se pouco percebemos de Deus em nossa vida, pode ser por alguma falta de santidade pessoal.

 

Devemos notar que o que Esaú buscou com lágrimas não foi o arrependimento, mas a bênção que perdera pela sua leviandade.

Diz F. W. Grant: "Um só ato pode revelar o caráter de uma pessoa, como sucedeu com Esaú aqui! Por um bocado de comida, ele negociou a sua primogenitura, e esse ato o caracterizou como pessoa profana, isto é, que habitualmente deixa Deus fora dos seus planos. Assim mesmo ele desejava a bênção, e buscou-a ardentemente depois de a ter perdido, como Balaão que queria morrer a morte do justo sem ter vivido a vida do justo (Nm 23. 10). Assim Esaú 'não achou lugar para o arrependimento' porque, embora quisesse a bênção perdida, não julgou seus próprios caminhos diante de Deus".

 

O versículo 17 pode ser traduzido: .. .querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado [porque não achou lugar de arrependimento], ainda que com lágrimas buscou [a bênção]"

 

Os dois montes (18-24). Mais uma vez temos aqui o ensino de que o crente em Cristo não está debaixo da Lei mas debaixo da graça. O monte palpável, material, Sinai, era o símbolo da lei de Deus porque foi ali que Deus deu a Lei a Moisés. Este trecho fala de grandes realidades da nossa experiência cristã: Jesus, o Mediador; Deus, o Juiz; o sangue da expiação; a Igreja; os justos aperfeiçoados. Que significam estas realidades para o leitor?

 

No versículo 18 da V.B. encontramos o que deve ser erro tipográfico: "Não tendes chegado ao fogo palpável e incendiado", pois a idéia de um fogo "palpável" parece por demais estranha. Ficamos imaginando qual a diferença entre fogo palpável e fogo impalpável. Contudo é certo que alguns manuscritos não têm a palavra "monte" — como também não se encontra a palavra "fogo". O sentido do trecho ensina-nos a suprir a palavra "monte", de acordo com o versículo 22.

 

Avisos e ensinos (25-29). É um perigo não dar ouvidos quando Deus fala (Pv 1.24), por isso temos a advertência do versículo 25. O versículo 28 aponta o espírito em que o crente pode servir a Deus de modo agradável — a saber, com reverência e piedade. Podemos dizer que a impiedade é a atitude de quem não se importa com a vontade de Deus. A atitude contrária constitui a piedade.

 

A revelação de Deus no versículo 29 merece ser ponderada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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CARTA AOS HEBREUS CAPÍTULO 13

 

Mais exortações (1-9). O dr. Scroggie diz: "Vemos na terceira divisão desta epístola (cap. 11 a 13.21) três temas:

   

    A obra da fé (cap. 11),  a paciência da esperança (cap. 12), e o trabalho do amor (cap. 13).

 

A fé, olhando para trás, vê a Cruz; a esperança, olhando para a frente, avista a coroa; o amor se expressa na comunhão. A fé realiza; a esperança visualiza; o amor vitaliza. Ora, o amor sem expressão nada é, e por isso este capítulo está cheio de deveres por cumprir, deveres pessoais, sociais e religiosos, os dois primeiros nos versículos 1-6 e o terceiro nos versículos 7-19".

 

Nos versículos 7,17 e 24 encontramos o verbo grego "hegoumai", traduzido por Almeida como substantivo, pastores e chefes, por Fig. prelados e superiores, pela V.B. os que governam. Pode ser melhor traduzido guias, e dos quais devemos lembrar (v. 7) no caso de já terem falecido, obedecer (v. 17) os que ainda vivem, e saudar (v. 24) ou (como podemos interpretar livremente) cuidar do bem-estar material daqueles que cuidam do nosso alimento espiritualmente (1 co 9.14). É interessante notar que estes, como também os "pastores" em Efésios 4.11, são referidos no plural, que nos permite esperar que haja mais de um em cada igreja local.

 

Culto e sacrifício cristãos (10-17). Alguns entendem que há no versículo 10 uma alusão à Santa Ceia. Vemos neste trecho certos pensamentos importantes ligados ao culto cristão — santificação, separação, opróbrio, esperança (v. 14).

 

A obediência e a submissão ensinadas no versículo 17 têm o mesmo cabimento hoje como nos tempos apostólicos. Se tivermos qualquer dúvida a quem devemos submeter-nos na igreja local, podemos indagar quais são os irmãos "que velam por nossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas' .

 

Conclusão e bênção apostólica (18-25). O versículo 18 aponta uma condição essencial em quem pede as orações dos outros.

 

Apesar de não trazer assinatura, a carta tem um estilo afetuoso, muito parecido com o de Paulo. As palavras de exortação (v. 22), como em todas as epístolas paulinas, encontram-se no fim da carta.

 

 

 

 

 

 

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