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Carta aos Romanos

CARTA AOS ROMANOS

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INTRODUÇÃO:

 

 

Esta epístola foi escrita por Paulo para os cristãos em Roma no mês de fevereiro de 58 d.C., em Corinto, na casa de um abastado crente chamado Gaio (16.23). Paulo teve como escrevente Tárcio (16.22). A carta foi levada a Roma pela viúva Febe, que ia ali tratar de seus negócios particulares (16. 1,2).

"Esta carta tem sido sempre considerada a obra-prima do apóstolo Paulo, tanto pelo seu valor intelectual como teológico, e os homens mais iminentes a têm apreciado sobremaneira. Diz-se que Crisóstomo ouvia a leitura dela uma vez por semana; Coleridge a considerou 'o livro mais profundo jamais escrito'. Calvino disse que ela 'abria as portas de todos os tesouros da Escrituras'; Lutero a chamou 'o principal livro do N.T. e o Evangelho mais puro'; e Melâncton, para a compreender melhor, copiou-a duas vezes com seu próprio punho. Godet a intitulou 'a catedral da fé cristã'" (Lee).

 

Em cada epístola devemos verificar se foi escrita a pessoas conhecidas ou desconhecidas, e notar a diferença de tratamento em cada caso. Gálatas foi escrito o crentes bem conhecidos, e por isso o apóstolo apela para a sua autoridade espiritual. Romanos, a desconhecidos, e o apóstolo não usa de autoridade alguma, mas sim de argumentos bíblicos e razões lógicas.

Embora fosse uma carta dirigida a romanos- gentios -, vemos que entre os crentes em Roma havia, evidentemente, um grande número de judeus convertidos. Por isso o apóstolo refere-se constantemente aos fatos do V.T.

Podemos resumir o sentido da Epístola em uma frase, dizendo que trata da doutrina do Evangelho.

Muita gente usa a medicina sem ter nenhum conhecimento da ciência médica, e também muita gente espera salvação em Cristo sem ter estudado a doutrina do Evangelho. Para tais pessoas, Romanos é uma iluminação.

Romanos ensina as verdades que se referem ao crente na vida individual - perdão, justificação, etc - e nada ensina da igreja.

Coríntios ensina as verdades que se referem aos crentes reunidos na igreja - Fraternidade, ministério, culto, etc. Precisamos primeiro aprender o que é individual, para depois apreciar o que é coletivo. Por isso podemos bem começar com Romanos.

"A Epístola aos Romanos pode ser dividida em três partes:

1) A ruína universal pelo pecado da raça humana, e o remédio da Redenção (caps. 1 a 8).

2) A revelação do Evangelho aos judeus (caps. 9 e 11).

3) A vida cristã que se vê nos que abraçam o Evangelho (caps. 12 a 16)" (Goodman).

 

 

 

ANÁLISE DE ROMANOS

 

Saudação (1.1-7).

Introdução (1.8-15)

Parte I. Doutrinária (1.18 a 8.39).

A justiça de Deus com referência aos pecados a ao pecado.

1. Tema: Condenação (Cap. 1.18 a 3.20).

a) Os gentios sob condenação (1.18-32).

b) Os judeus sob condenação (2.1 a 3.8).

c) O mundo sob condenação (3.9-20).

2. Tema: Justificação (cap. 3.21 a 5.11).

a) A base da justificação: a graça de Deus (3.21-26).

b) O meio da justificação: nossa fé (3.27 a 4.25).

c) Os efeitos da justificação: amor e vida (5.1-11).

Suplementar (5.12-21)

Condenação e justificação referidas às suas origens históricas em Adão e em Cristo.

3. Tema: Santificação (Cap. 6.1 a 8.11).

a) O princípio da Santidade (6.1-11). Morte e ressurreição de Cristo.

b) A prática da santidade (6.12 a 7.6). O  reconhecimento das novas relações e o abandono delas.

c) O impedimento à santidade (7.7-25). A atividade interior do pecado e do egoísmo.

d) O poder da santidade (8.1-11). O domínio ininterrupto do Espírito de Deus.

4. Tema: Glorificação (8.12-30).

a) A evidência da glória vindoura (12-17).

b) A expectação da glória vindoura (18.27).

c) A certeza da glória vindoura (28-30). Suplementar (8.21-39).

"Da condenação à glorificação", celebrado numa canção triunfante.

 

Parte II Dispensacional (Caps. 9 a 11).

A justiça de Deus em relação à vocação de Israel.

1. A eleição de Israel (9.1-29).

2. A rejeição de Israel (9.30 a 10.21).

3. A conversão de Israel (11.1-32).

 

Doxologia (11.33-36).

Parte III prática (caps. 12 a 16).

A justiça de Deus em relação à vida diária.

1. Exortações práticas (caps.12 e 13).

a) Concernente a deveres espirituais, sociais e civis (12.1 a 13.7); Segredo e motivo (13.8-14).

b) Concernente ao exercício do amor cristão e da liberdade cristã (14.1-23).

2. Explicações pessoais (15.14 a 16.24).

Doxologia (16.25-27) - (Scroggie).

 

A MENSAGENS DE ROMANOS

Nosso espaço não permite traduzir toda a "mensagem" que o dr. Scroggie escreveu. Damos apenas o começo, que diz:

"Depois de uma breve, mas significativa saudação e introdução, anuncia-se a proposição principal: que, no Evangelho, que é para todos os homens, a justiça de Deus é revelada. O desenvolvimento deste tema está em três partes: a primeira, doutrinária, em que a justiça divina se vê em relação aos pecados e ao pecado; em segunda, dispensacional, em que essa justiça é vista com relação à chamada de Israel; e a terceira, prática, em que a justiça é contemplada em relação à vida prática. Assim apresentam-se três problemas: a) Como pode Deus ser justo, e justificar o pecador? b) Como pode Deus ser justo , e rejeitar o seu povo antigo? c) Como e em que medida pode a justiça de Deus influir nas experiências da vida diária? Estas são as três coisas que devem prender a nossa atenção.

1. A solução do problema doutrinário. Nesta parte da Epístola, quatro grandes verdades se apresentam detalhadamente - verdades que constituem as bases do cristianismo, e sobre as quais toda a genuína experiência cristã deve descansar:

a) A verdade concernente à condenação.

a) A verdade concernente à justificação.

c) A verdade concernente à santificação.

d) A verdade concernente à glorificação.

Segue-se então:

2. A solução do problema dispensacional.

 

3. A solução do problema prático" (Scroggie).

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 1

 

Introdução (1-17). Começa com a salvação (1-7); prossegue com ações de graças (8-12), e conclui com a apresentação do tema da epístola (13-17).

A saudação afirma três coisas acerca do escritor da carta (v.1). Do Evangelho, diz que fora prometido pelos profetas; afirma que seu assunto é o Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor; revela que Jesus é da semente de Davi, provado ser Filho de Deus, e dador da "graça e apostolado" de Paulo.

Sobre o versículo 4 Wilfrid Isaacs tem a seguinte nota: "'Anastasis'... não pode referir-se à ressurreição dentre os mortos por parte de Cristo, embora isso possa ser incluído na ideia geral de ressurreição".

Apesar da ausência da preposição "ek", o sentido parece ser "por (sua) ressurreição (de entre ) os mortos".

Dos destinatários da carta declara: 1) Sua localidade; 2) que eram amados de Deus; 3) que eram "santos" por vocação divina; 4) que podiam receber "graça e paz" do próprio Deus.

Neste trecho podemos notar os seguintes pontos:

1) Que a fé cristã é uma obediência (v.5).

2) Que o crente é considerado um "santo", isto é, uma pessoa separada para Deus.

3) Que ele pode  (e precisa) receber "graça" e "paz" de Deus.

4) Que o apóstolo, pensando nos romanos, primeiro deu graças; depois orou por eles. (E nós, fazemos assim?)

5) Que, a seu próprio respeito, Paulo falou: "sou devedor"; "estou pronto"; "não me envergonho".

 

O versículo 17 merece cuidadosa atenção pela maneira que descreve o Evangelho.

O que está escrito aqui não significa que "Deus age com justiça", pois não há, no original, o artigo "a" antes de "justiça"; mas diz que é revelada no Evangelho, para o crente, uma justiça que vem de Deus, em contraste com a Lei, que exigia uma justiça que vem da parte do homem para Deus. O que a Lei exige a graça fornece.

Esta justiça que vem de Deus não nos vem por algum esforça humano, por uma cuidadosa observação de leis e cerimônias, ou por qualquer bondade que nos seja inerente, mas resulta, na vida do crente, da sua fé (v.17). Esta é uma fé que não olha para dentro, para descobrir justiça própria, mas que olha para Cristo e vê nele uma redenção que responde pelo passado, uma graça constante que santifica o presente, e um poder que garante o porvir.

A ira de Deus (18-32). Em seguida o apóstolo considera a ira de Deus que é eternamente contra tudo que prejudica o bem estar espiritual da sua criação. a ira divina reprova o mal, como o médico combate a doença, como o pai reprova qualquer conduta que é nociva ao caráter do seu filho.

Este trecho trata do testemunho que a natureza dá ao Criador, e deve ser estudado junto com o Salmo 19.

Às vezes se diz: "A vida do crente é a Bíblia do descrente", e, pelo ensino deste trecho, podemos dizer que a natureza é a Bíblia do pagão. Cada um deles - o descrente e o pagão -, pela sua própria Bíblia, deve aprender que existe um Criador, infinitamente superior aos homens, e capaz de fazer tudo que nos rodeia e que os homens não podem fazer. Devem aprender também que, por isso, Ele é digno de ser glorificado como Deus e de receber ações de graças; e que seu "eterno poder" e "divindade" são evidentes pelas suas obras.

Porém o apóstolo afirma que o povo não aprendeu a lição. Por isso sofreu a reprovação de Deus, a sua ira, manifestada, principalmente, pelo fato de ter Deus entregado os homens (24, 26,28) ao pleno desenvolvimento das suas concupiscências naturais.

Ainda hoje, e entre gente civilizada, vemos que a pessoa destituída de qualquer sentimento de responsabilidade para com Deus, tende a obedecer aos instintos das suas paixões.

 

Os últimos versículos do capítulo apresentam um quadro terrível da depravação dos pagãos que se recusavam a obedecer à pouca luz que tinham, a da natureza.

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 2

 

O homem inteligente (1-16). No capítulo 1 o apóstolo considerou o caso do pagão com a luz da natureza. Agora ele considera o do filósofo, o do homem inteligente, que "julga" pela luz da ciência, arguindo-o de ter praticado as mesmas iniquidades que aquele.

E tem sido sempre assim. O homem instruído, ilustrado, não é mais moral, mais humilde, mais temente a Deus do que o pagão ignorante. Ele julga e bem sabe, mas pratica os mesmos males.

O apóstolo acusa o filósofo pecador de desprezo, ignorância, impenitência e falta de arrependimento, e o ameaça com o juízo divino, com a ira de Deus e com o castigo que as suas obras merecem.

Os versículos 6-11 ensinam-nos como Deus considera aqueles que amam o bem, e como Ele propõe, mediante o Evangelho, levá-los para a vida eterna. A história de Cornélio ilustra o caso.

O versículo 7 tem sido traduzido: "a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram honra e glória incorruptíveis" (C.H.502), e o versículo 12: "Todos os que, sem o conhecimento da lei, pecaram, sem o castigo da lei perecerão" (C.H.503).

Notemos nos versículos 12-16 como a consciência natural de quem nunca ouviu nem a lei nem o Evangelho pode acusá-lo ou exonerá-lo por sua conduta.

Os judeus são inescusáveis (17-29). O argumento do apóstolo aqui é que o judeu, com a luz da revelação, se mostrara ainda mais perverso que o pagão com a luz da natureza, e o filósofo com a luz da ciência. Este mesmo argumento ele continua no capítulo 3.9-20.

Então afirma que é muito possível o judeu ser arguido e condenado pelo gentio (2.27).

Notemos, de passagem, a pouca importância que o apóstolo atribui ao rito da circuncisão quando a vida não condiz com a sua significação. Podemos entender que ele diria o mesmo do rito do batismo?

"Esta constante referência à circuncisão, tão tediosa ao leitor superficial, tem um interesse agudo para o estudioso que tiver bastante imaginação para colocar-se no lugar do apóstolo, confrontando constantemente este irritante obstáculo ao progresso do Evangelho - o judeu, que julga ter tudo que precisa para a salvação na observação formal do ritualismo da lei mosaica, sendo , por isso, refratário a qualquer novo ensino.

 

"A intensidade desse interesse é ainda maior para o estudante que compreende ter o pregador do Evangelho hoje o mesmo obstáculo com o "judaísmo" que tem ressurgido (ou, antes, nunca morreu) e que hoje floresce qual planta nociva, no ritualismo das seitas judaizantes e na noção da "regeneração pelo batismo", que ensina serem o sinal (batismo) e a graça (purificação espiritual) inseparáveis" (Isaacs).

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 3

 

Este trecho é uma espécie de parênteses em que o apóstolo considera as vantagens de Israel (vv.18). Ele discursa sobre a incredulidade de Israel e a fidelidade de Deus; entre a mentira dos homens e a verdade de Deus; entre a injustiça humana e a justiça divina; e entende que, por meio do contraste, as qualidades divinas são realçadas.

 

A conclusão do argumento (9-20). Aqui o apóstolo continua o argumento de 2.17-29 e afirma que os israelitas (ele se inclui) longe de serem mais excelentes que os gentios, são ainda mais culpados. E, assim, havendo no capítulo 1 tapado a boca do pagão, e no capítulo 2 a do filósofo, agora faz silenciar o judeu, "para que a boca esteja fechada, e todo o mundo seja condenável diante de Deus". Paulo conclui com a observação de que a Lei nunca pode justificar o pecador.

Não devemos entender que este trecho seja um relato completo de cada indivíduo no mundo. É  expressamente limitado àqueles "debaixo da lei" (v.19), e é citado para provar que Israel, apesar do seu alto privilégio de possuir "os oráculos de Deus", era capaz de praticar as maiores infâmias.

 

A justificação pela fé (21-31). Este trecho merece o mais cuidadoso estudo. Contém toda a doutrina fundamental do Evangelho. Quando o mundo está com a boca fechada, condenável (mas não condenado) perante Deus, então é que Deus revela uma justiça divina para os homens, visto que ficou provado que os homens não têm uma justiça humana com que se apresentarem perante Deus. Desta justiça que não é oferecida notamos:

1) É inteiramente gratuita, não sendo paga por nós com merecimento, promessas, esforços ou qualquer outra coisa.

2) É pela redenção que há em Cristo Jesus. Não é apenas um indulto. Não é revelação da antiga dívida, mas baseia-se na plena liquidação dessa dívida.

3) É pela fé no valor do sangue derramado (22,25); fé que reconhece uma necessidade urgente, compreende a expiação consumada, e aceita uma oferta soberana.

4) A fé permite a Deus ser justo em justificar o crente, visto que o pecado não é tolerado, mas expurgado.

5) É uma justiça que exclui toda a jactância, por ser inteiramente de Deus e do seu Cristo. Alguns versículos merecem explicação mais particular:

"Todos... ficaram aquém da glória de Deus" (v.23). A criatura humana foi feita para glorificar seu Criador em tudo; mas todos, até os mais santos, ficam aquém desse sublime ideal."

"Deus propôs a Cristo como propiciação, ou propiciatório"(v.25). O propiciatório era a tampa da arca do concerto, e o lugar de encontro entre um Deus santo e um povo pecador e propenso ao pecado (Ex 25.22), porque ali fora espargido o "sangue que nos faz expiação".

No propósito de Deus, Cristo é o verdadeiro propiciatório, do qual a tampa da arca era apenas a sombra.

O versículo 30 ensina que a única justificação para o judeu ou gentio há de ser pela mesma fé na obra redentora de Cristo.

 

Este versículo tem sido traduzido: "Pois Deus é um só [para todos os homens] que justifica pela fé a circuncisão; e por meio da fé, a incircuncisão" (C.H. 507).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 4

 

Abraão e Davi (1-12). Tendo afirmado na capítulo 3.21-31 a doutrina da justificação pela fé, o apóstolo apresenta agora exemplos dela: Abraão antes da Lei, e Davi depois da Lei.

O título de Deus no versículo 5, "aquele que justifica o ímpio" merece cuidadoso estudo. É somente o Evangelho que explica como isto se pode dar: mediante uma obra redentora que expia o pecado.

E fé, nesse versículo, não é mera crença de uma verdade, mas é "crer naquele" Deus Salvador que propôs e consumou a obra da Salvação.

Para tal pessoa, "sua fé lhe é imputada como justiça", porque a única coisa justa e reta que um pecador pode fazer é confessar que em si não há merecimento, mas que espera tudo pelo merecimento ao Filho de Deus.

A promessa dada a Abraão (13-25), que havia de ser herdeiro do mundo (v.13), é o assunto deste trecho. Lemos que essa promessa era firme, por ser da graça e mediante a fé (v.21) E o apóstolo acha tudo isto aplicável a nós, "que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus como Senhor".

Notemos o ensino do versículo 15 que a Lei, tratando-se de criaturas pecaminosas com tendência à insujeição, "opera a ira". Há uma forte tendência humana para praticar qualquer coisa que seja proibida.

Conta-se que um homem excêntrico ofereceu, a um casal novo, casa e comida grátis, com a única condição de não levantarem a tampa de um prato que estava no centro da mesa de jantar.

Viveram assim folgadamente por alguns dias, até que, afinal, começaram a se perturbar com a proibição. Pensaram consigo: "Levantar a tampa e olhar é fácil, e ninguém saberá". Venceram a curiosidade por mais um dia, mas então levantaram a tampa.

Um camundongo escapuliu debaixo da tampa, e desapareceu. E o casal saiu da casa por ter achado difícil guardar uma só lei.

"Onde não há lei, não há transgressão". Nesse caso pode haver pecado (5.13), mas esse pecado não pode ser chamado de transgressão."Embora a fé não seja meritória, é um fator poderoso. É uma forte persuasão de que Deus é fiel. É uma convicção de ser Ele capaz e desejoso de fazer o que tem dito"(v.21).

 

Podemos ler no fim do versículo 16: "O qual é pai de todos nós [ judeus e gentios]" (C.H. 508).

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 5

 

Justificação e paz (1-11).

Os primeiros dois versículos marcam três passos da experiência cristã: a) justificação pela fé em Cristo, e, consequentemente, paz com Deus; b) acesso, ou liberdade de entrada no gozo do favor de Deus, onde o crente tem o privilégio de permanecer; c) regozijo na esperança da futura manifestação da glória de Deus, quando toda a glória dos homens tiver passado.

Sobre estas indizíveis bênçãos seria possível estender-nos longamente, mas o capítulo contém tantas outras belezas que devemos ir mais adiante.

"O regozijo dos versículos 1 e 2 vem do olhar para cima e contemplar as maravilhas de Deus na Redenção. Mas nos versículos 3-10 o apóstolo olha em redor e acha mais um motivo de regozijo nas tribulações desta vida presente, porque nelas também vê a mão e a misericórdia de Deus.

O versículo 5 é especialmente notável porque nele, pela primeira vez em Romanos, é mencionado o Espírito Santo, como também o "amor de Deus".

Podemos dizer que uma das provas de ter alguém o Espírito Santo é um profundo reconhecimento  do amor divino.

Neste capítulo convém notar as frases: "e não é somente isto"( duas vezes) e "muito mais" (cinco vezes).

Este trecho apresenta uma lista completa de bênçãos espirituais: justificação; paz; acesso; firmeza; esperança; salvação; reconciliação. Podemos considerar o que cada uma significa para nós.

"Aqui no versículo 11 termina a primeira divisão da Epístola. Vemos que seu grande assunto é a justiça de Deus na justificação dos ímpios pela fé em Cristo, e mediante seu sangue derramado pelos pecados. Quase não trata da posição do crente, a não ser quando se refere à sua isenção da ira vindoura. Aqui não se trata de sua natureza como nascido de Adão, mas simplesmente dos seus pecados. Ainda não temos lido nada da carne ou do velho homem; ; nada da vida em Cristo; nada dos fatos ou frutos do Espírito no crente. Tudo isto fica para ser considerado na segunda parte da epístola, que se ocupa com nosso lugar em Cristo, e dos resultados desta gloriosa verdade e das bênçãos que traz ao crente" (Grant).

 

Por Adão, pecado e morte (12-14). Desde 3.12 a 5.11 o assunto é justificação pela fé, e as bênçãos que resultam dela. Desde 5.12 a 8.13 o assunto é santificação, e o remédio que o Evangelho oferece pelo pecado.

Por Cristo, justiça e vida (15.21). Neste trecho alguns pontos merecem atenção. Os versículos 13-17 formam um parêntese: o argumento salta do versículo 12 ao 18.

As primeiras frases nos versículos 15 e 16 devem ser interrogativas. O argumento é que a redenção deve ter tanto alcance quanto a queda, ou mais ainda.

Notemos mais alguns pontos: A morte atingiu a todos, não porque Adão pecou, mas porque todos pecaram.(v.12).

Entendemos do versículo 13 que o pecado não é tido como transgressão quando não há lei. A morte reinou de Adão até Moisés (v.14), porque os homens  eram pecadores, embora não fossem transgressores de uma lei divina. (Veja-se Oséias 6.7).

 

Não devemos entender do versículo 19 que a obediência de Cristo seja atribuída a nós. É impossível haver substituição na obediência, embora haja substituição na pena de desobediência. Cristo foi "obediente até a morte", e, por isso, somos justificados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 6

 

O assunto de Romanos até 5.11 é justificação dos pecados.  De 5.12 a 8.13 é libertação do pecado. Podemos dizer que os pecados são os frutos, e o pecado a árvore que os produz.

Scofield divide o capítulo:

1.10 - Libertação pela união com Cristo na sua morte e ressurreição.

11-13 - Libertação por contar-se a vida antiga como morta, e por submeter a vida nova a Deus.

14- 7.6 - Libertação por não estar debaixo da Lei, mas sujeito ao governo do Espírito Santo.

 

O leitor estudioso talvez deseje entender melhor, no versículo 3, a expressão traduzida: "batizados em Cristo", semelhante a 1 Coríntios 10.2: "batizados em Moisés".

Em ambos os casos a preposição grega é "eis", significando, geralmente, para dentro, a, com a ideia de movimento. Assim podemos melhor traduzir "a Cristo",  "a Moisés", ou, parafraseando, "todos quanto fomos batizados para nos unir a Cristo, fomos batizados para nos unir à sua morte".

No batismo, na nuvem, no mar, os israelitas foram identificados com Moisés, o Capitão da sua salvação; semelhantemente, a pessoa que recebe o batismo cristão é matriculada como discípulo de Cristo, para este ser o Capitão da sua salvação.

 

Livre do pecado (1-10).. Notemos neste trecho as três coisas que "sabemos": 1) Que nosso batismo a Cristo nos identificou com Ele, de maneira que a sua morte figura como nossa; 2) que nosso "homem velho" - o que éramos como descrentes -  foi com Ele crucificado; 3) que não temos mais nada com o pecado (9.10). Como Cristo, havendo morrido, não tem mais preocupação com o pecado  (nem para enfrentá-lo, sofrê-lo ou expiá-lo mais), nós também temos o direito e privilégio de considerar o pecado como coisa passada na nossa experiência.

 

No versículo 1 o apóstolo considera um possível ensino errado: que a abundância da graça divina pode ser alegada pelos perversos como desculpa para continuarem no pecado! Com vários argumentos, Paulo reprova energicamente semelhante ideia iníqua.

No versículo 7 notemos que quem morreu "está justificado do pecado" (não dos pecados). Ninguém pode arguir um cadáver de ter maus desejos ou um coração depravado.

 

Fruto para santificação (11-23). As duas coisas que devemos "considerar" no versículo 11 merecem ser ponderadas separadamente, e depois na sua relação uma a outra, pois não podemos efetivamente considerar-nos "mortos ao pecado" (uma coisa negativa) sem considerar-nos "vivos para Deus"( uma coisa positiva e contínua).

 

Nos versículos 12,13 temos dois elementos negativos e dois positivos de muita importância na santificação da vida.

Notemos no versículo 14 como o apóstolo considera uma apreciação da graça de Deus como meio efetivo para combater o domínio do pecado.

 

Vemos no versículo 15 o N.T. contrastado com o V.T. Toda a nação de Israel estava debaixo da Lei como norma da sua vida, e como base para poder merecer a bênção divina.

No cristianismo estamos "debaixo da graça" e Deus nos abençoa. não por achar bondade em nós, mas por achar toda a satisfação em Cristo, em quem somos aceitos.

 

Os versículos 16-18 referem-se à apresentação dos nossos membros a Deus, para seu serviço, como outro meio de sermos libertados do pecado. Esta apresentação - referida também no capítulo 12.1 - deve ser feita solenemente no começo da nossa carreira cristã, e recordada diária e continuamente durante toda a vida.

O versículo 19 pode começar: " Falo a linguagem da nossa vida comum, devido à fraqueza da vossa carne" (C.H. 512).

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 7

 

Libertação do pecado mediante o domínio do Espírito (1-6). O argumento aqui não é muito fácil de compreender, porque o propósito parece identificar o pecado com a Lei que o condena, e considera o crente, não mais debaixo da Lei como sua regra de vida, mas unidos em Cristo e, por isso, libertos do pecado.

 

Notemos aqui que o ensino sabatista, de não estarmos  debaixo de uma lei cerimonial, é refutado pelo sentido da Lei dado no versículo 7: "Não cobiçarás". Este mandamento certamente não é preceito cerimonial, mas moral. Em Gálatas, a outra epístola que afirma que o crente não está debaixo da Lei, o sentido é o mesmo, pois lemos: " se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde". E ninguém nos dirá que a justiça vem mediante cerimônias.

 

O crente não é santificado pela Lei (7-14). Este trecho ensina-nos que a Lei, apesar de ser "Santa, e justa, e boa", não pode santificar uma criatura pecaminosa. Pelo contrário, descobre ainda mais claramente a sua perversidade. Por isso, argumenta o apóstolo, necessitamos de um Salvador.

Referente ao versículo 14 "eu sou carnal", tem havido muita controvérsia entre teólogos sobre se Paulo descreve ou não seu próprio estado. Pelo visto em 6.17, seus leitores estão libertos do pecado; e em 8.4, Paulo se inclui no número dos que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.

Contudo, não devemos ler "eu era antigamente" onde Paulo escreve "eu sou", mas antes procurar compreender por que ele emprega o tempo presente, assim tornando o caso vívido e atual.

Creio que a dificuldade desaparece quando subentendemos a palavra "Cristo" no meio do argumento: "mas eu [sem Cristo] sou carnal", e o tempo presente revela o que o apóstolo sentia no momento de escrever, e sempre, que em si, nada era  senão uma criatura carnal e pecaminosa, salva na medida que nele operava a graça de Cristo.

 

Do versículo 5 até o 19 o escritor emprega 19 vezes as palavras "eu", "mim", mas "Cristo" nem uma só vez. Quando, no versículo 25, ele olha para Cristo, pode dar graças a Deus e vê a vitória.

O conflito de duas naturezas debaixo da Lei (15-25). O apóstolo continua seu argumento relatando o conflito entre o carnal e o espiritual, que sempre pode travar-se no íntimo de quem admira o bem mas não encontra em si o poder de conseguir fazê-lo. Esse conflito termina quando a pessoa se sente na presença de Cristo (v.25); e é sempre assim: não podemos pecar quando estamos gozando a comunhão com nosso salvador.

 

Podemos estudar as "leis" referidas neste capítulo: no versículo 16 a lei dos mandamentos divinos; no versículo 21 "esta lei" ou princípio mau que "o mal está comigo" apesar de querer o bem; no versículo 22 "a lei de Deus" - o controle da divina vontade, a "lei do meu entendimento", e a "lei do pecado", ou propensão para o mal que " está nos meus membros"; no versículo 25 temos de novo a lei de Deus e a lei do pecado.

Parece evidente que a preocupação do apóstolo neste capítulo é com o corpo (v.24) e os pecados carnais. Não se refere a pecados da alma, tais como a vaidade, a inveja, a cobiça, etc.

 

O versículo 25 tem sido traduzido: "Assim que eu em mim mesmo [ isto é, sem a graça de Deus], embora com o meu entendimento sirva á lei de Deus, com a carne estou sujeito à lei do pecado" (C.H. 515).

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 8

 

A nova lei do Espírito liberta do pecado e ensina a justiça (1-4). É provável que a V.B. tenha razão em omitir a segunda parte do versículo 1, dada por Almeida. Em todo caso não deixa de ser verdade que os que estão em Cristo Jesus não andam segundo a carne.

No versículo 2 devemos  lembrar que no original não havia pontuação, que só foi feita muito depois dos primeiros séculos do cristianismo. Assim, para entendermos este versículo devemos pontuá-lo diferentemente: "Porque a lei do Espírito [que é] de vida em Cristo Jesus, livrou-me da lei do pecado e da morte".

 

Nos capítulos 7 e 8 devemos atender às diversas "leis" referidas: "à Lei" dada a Moisés sobre o monte Santo; "à lei do pecado"; "à lei da morte"; "à lei do Espírito"; "à lei de Deus", etc. Comparando todas elas descobrimos que, segundo o ensino desta epístola, lei é "norma, ou ordem a que alguém obedece". Assim, a lei do pecado quer dizer a submissão ao domínio do pecado; a lei do Espírito é a submissão ao domínio do Espírito, etc.

 

Que era impossível à Lei? À Lei era impossível obter a justiça que ela exigia (v.3). Mas essa justiça se consegue, no crente, não pela exigência de um código, mas pelo domínio do Espírito Santo sobre todos os desejos da sua alma.

Conflito do Espírito com a carne (5-13). Devemos entender o sentido em que o apóstolo emprega a expressão "na carne" e "no espírito". Podemos tomá-lo como "dominados pela carne" ou "dominados pelo Espírito".

 

O versículo 9 dá-nos muito a pensar. "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele". Podemos com proveito fazer uma lista das características do Espírito de Cristo, e pensar quais delas se veem em nós.

 

Podemos estudar juntos os versículos 10 e 11, que parecem ensinar-nos que, devido ao pecado, devemos considerar como mortos os desejos carnais (6.6,11) e consentir que se manifestem somente as energias do Espírito de Deus. Alguns veem na última parte do versículo 11 uma promessa de abundante saúde.

 

O versículo 13 fala em linguagem bem compreensível, apontando o caminho da vida abundante que o Evangelho traz.

O ministério do Espírito (14-27). Com o versículo 14, o apóstolo começa a considerar o pleno resultado do Evangelho, e contempla o crente, em primeiro lugar, como filho e herdeiro.

 

Os versículos 18-25 contemplam a criação toda liberta do sofrimento e do pecado, na gloriosa consumação da esperança do crente.

Notemos que no versículo 19 a palavra "criatura" (em Almeida) deve ser "criação" (como na V.B.), dando-nos a entender que no Milênio os seres irracionais não mais se atacarão mutuamente (Is 11.7 e 65.25), pois esses seres oprimidos esperam um tempo futuro: o tempo das manifestações dos crentes como filhos de Deus (Veja-se também 1 João 3.2).

 

A expressão problemática "em esperança fomos salvos" (v.24), provavelmente significa "fomos salvos com uma perspectiva", isto é, a perspectiva da redenção do corpo, referida no versículo 23.

Os versículos 26,27, falando da obra intercessória do Espírito Santo, merecem ser mais meditados do que explicados. Podemos notar algumas características desta misteriosa intercessão: a) é baseada numa compreensão perfeita das necessidades de cada caso; b) é motivada por nossa ignorância; c) é inaudível, e quaisquer gemidos nossos não são os gemidos do Espírito; d) é segundo a vontade de Deus, e é sempre ouvida por Deus.

Os infalíveis propósitos de Deus pelo Evangelho (28-34). Vários pensamentos chamam a nossa atenção neste trecho. Os dois títulos dos crentes no versículo 28; o propósito da predestinação em Cristo, segundo o versículo 29. Notemos que Cristo quer fazer-nos seus irmãos por "fazer-nos conforme à nossa imagem"- não que Ele se tenha feito nosso irmão quando tomou "a semelhança da carne do pecado"(v.3).

 

Foi somente em ressurreição que Ele falou pela primeira vez de "meus irmãos" (Jo 20.17). Vemos também que, para Deus, o futuro é tão real quanto o passado, e Ele pode dizer que "glorificou" esse crente que já justificou, ainda que a consumação final ainda não se tenha realizado.

Vemos que todos os tradutores fazem interrogativa a segunda parte do versículo 35 e deviam ter feito o mesmo com as segundas partes dos 33 e 34, pois a construção original é a mesma.

 

A segurança do crente em Cristo (35.39). O capítulo que começa com "nenhuma condenação" termina com "nenhuma separação". E notemos que a coisa certificada e garantida é o amor de Cristo, de que o crente pode ter plena certeza, apesar de todas as circunstâncias contrárias ou ameaçadoras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 9

 

Deus e Israel (1-13). Neste trecho notamos: a) A solicitude apostólica por Israel (1-3) era sentimento constante; era confirmada pelo testemunho da sua consciência; era tão intensa que ele, em algum momento de extrema devoção, quisera, como Moisés (Ex 32.32), sacrificar seu próprio bem-estar espiritual, se assim pudesse servir à sua nação - isto é, se devemos aceitar as traduções mais conhecidas.

b) O sétuplo privilégio de Israel (4,5) merece ser ponderado detalhadamente. A glória referida no versículo 4 pode ser a divina glória que outrora enchera o templo, em Jerusalém.

c) Nem todos os que são de Israel são israelitas (6,7) e assim nem todos os que tomam o nome de "crente" são de Cristo. Neste trecho o apóstolo começa a referir-se à soberania de Deus, manifestada ao determinar (porque assim  teve por bem) que "o menor servirá o maior".

F.W. Grant nota que a "adoção" (v.4) de Israel não era a mesma coisa que a adoção cristã, pela qual somos chamados filhos de Deus, o qual podia dizer; "sou Pai para Israel" e "do Egito chamei meu filho", mas essa adoção era como a de uma família terrestre, trazendo privilégios e bênçãos terrestres.

É evidente que as promessas do versículo 4 são as do Velho Testamento.

A misericórdia de Deus é exercida de acordo com sua soberana vontade (14-24) e Ele não pode ser arguido de injustiça quando faz misericórdia. Podemos dar infinitas graças a Deus porque é da sua vontade divina e absoluta usar de misericórdia e compaixão para com os milhares que nada merecem.

Um aspecto da benevolência de Deus é a manifestação da sua ira contra os mais evidentes exemplos de iniquidade, o que ensina aos homens lições necessárias e urgentes. Um bom pai não deixa de castigar os filhos pelo mal que praticam.

O versículo 14 tem sido traduzido: "Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus [ em ter reprovado a semente de Abraão]? De maneira nenhuma" (C.H.520).

 

A voz do profetas (25-33). A voz profética predizia a cegueira de Israel e a misericórdia divina para com os gentios. Aprendemos: a) que até os iníquos são tratados misericordiosamente (22-24); b) que Deus predissera aos judeus que havia de incluir os gentios entre seu povo (24-26); c) que somente um restante de Israel, o povo escolhido, seria salvo; d) que isso havia de ser porque a nação rejeitou seu messias (33), e procurava justificar-se a si mesma (Goodman).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 10

 

Israel é responsável pela sua rejeição (1-15). Neste trecho devem preocupar-nos os seguintes pensamentos:

a) O empenho do apóstolo pelo bem espiritual do seu povo.

b) O acordo entre o desejo do seu coração e a sua oração a Deus (v.1). Quantas vezes os homens tem desejos que não podem exprimir em orações! E quantas vezes as orações não expressam ardentes desejos!

c) A possibilidade de haver zelo sem conhecimento. Isto se dá frequentemente com as pessoas que não estudam  as Escrituras.

d) Há um contraste oferecido no versículo 3 entre o antigo sistema no V.T - "estabelecer a sua própria justiça" e o sistema do N.T.- "submeter-se a uma justiça divina" disponível mediante uma obra expiatória.

Nos versículos 6-8 vemos um exemplo interessante da maneira pela qual o apóstolo costumava "converter" as escrituras do V.T. para expressar verdades do N.T.

No versículo 9 devemos preferir a tradução da V.B. - "se confessardes com a tua boca a Jesus como Senhor". Devemos atender para as duas condições apontadas aqui para provarmos, na nossa própria experiência, que a salvação do pecado é uma realidade: a firme convicção de que Cristo é o Salvador vivo hoje, porque Deus o ressuscitou dos mortos, e uma completa submissão ao seu senhorio - confessando alegremente que Ele é o Senhor da nossa vontade, de nossa vida inteira. Quem se submete assim constantemente ao domínio de Jesus em tudo, provará constantemente que Cristo salva do pecado.

No versículo 10 encontramos duas verdades igualmente importantes: justificação e salvação, e vemos que a nossa justificação perante Deus depende da nossa fé na obra expiatória, e nossa salvação do pecado e do vício depende da nossa confissão do Senhorio de Cristo em toda a nossa vida.

O versículo 13 acrescenta mais um pensamento: o valor da oração - "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo".

 

Os versículos 14, 15 demonstram a importância da evangelização. Quais de nós tem pés formosos? Israel não pode alegar falta de oportunidade (16-21). Este trecho ensina: a) a persistência de Deus em evangelizar um povo rebelde; b) a grande extensão da obra evangelizadora: "até os confins do mundo"; c) que Deus quis abençoar os gentios; d) e quis por isso provocar a Israel a desejar as mesmas bênçãos; e) que Deus é capaz de revelar-se a quem não tem buscado; f) que um povo muito favorecido pode mostrar-se desobediente e contradizente.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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romanos CAPÍTULO 11

 

Israel espiritual acha salvação (1-6). Este trecho fala do "resto"ou "restante" em Israel, que é, no decurso da história, um Israel espiritual no meio do Israel nacional. No tempo de Elias, sete mil não tinham dobrado seus joelhos a Baal (1 Rs 19.18). No tempo de Isaías, havia 'alguns do resto" por cuja causa Deus não quis destruir a nação (Is 1.9). Durante o cativeiro, o restante consistia em hebreus como Ezequiel, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abedenego, Ester e Mardoqueu. No fim dos 70 anos do Cativeiro na Babilônia, foi o restante que voltou à pátria com Esdras e Neemias. No N.T.; João Batista, Ana e os que esperavam a redenção em Jerusalém (Lc 2.38) eram o restante. Durante o tempo da Igreja o restante é composto de judeus crentes (Rm 11.4,5). Mas o principal interesse do "restante" é profético.

 

Israel se converterá a Jesus como Messias, e serão suas testemunhas depois do arrebatamento da Igreja (Ap 7-3-8). Alguns deles serão martirizados (Ap 6.9-11), alguns viverão no reino milenar (Zc 12.6 a 13.9). Muitos dos salmos expressam, profeticamente, os gozos e tristezas do "restante" durante a tribulação (Scofield).

Israel nacional por castigo fica cego (7-12). O dr. Goodman nota os seguintes pontos: a) Há presentemente uma escolha divina (v.5), uma semente piedosa que crê e se salva. b) Esta eleição é puramente da graça divina. As boas obras nada têm de ver com ela (v.6); é Deus que, na sua soberania, usa de misericórdia. c) Isso foi predito na Escritura, citando 6.9 e 29.10 e também Salmo 69.22,23. d) O desvio de Israel não era final, mas resultaria em bênçãos para os gentios (v.11). e) A sua plenitude trará ainda maiores bênçãos as nações, quando Israel for salvo como nação.

 

A parábola da Oliveira (13-25). Deste trecho aprendemos as seguintes lições: a) A raiz é santa, isto é, os patriarcas, os antepassados, que primeiro ouviram a chamada de Deus. b) Alguns dos ramos foram quebrados (v.17) por causa da sua incredulidade; nós permanecemos  pela fé, e somente os que crêem são verdadeiros ramos dessa boa oliveira (v.20). c) Um zambujeiro natural foi enxertado na boa oliveira, a saber, pecadores entre os gentios foram contados como povo de Deus. d) Se os ramos naturais caíram pela sua incredulidade, assim pode acontecer com os ramos de zambujeiro. e) Se os gentios receberam a graça de Deus em vão, Deus é capaz de reenxertar os ramos naturais e Israel restaurado será futuramente o povo de Deus (Goodman).

 

Israel ainda será salvo como nação (26-36). Virá seu Libertador e desviará de Jacó as impiedades, e Israel será uma nação salva. Os versículos 33-36 merecem ser ponderados com oração. Podemos confrontá-los com o trecho parecido em 8.35-39. Notemos que a ocasião desta sublime apóstrofe é a verdade afirmada no versículo 32 - "Deus encerrou todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 12

 

Consagração e serviço (1-8). Devemos notar uma completa mudança do assunto neste capítulo. Até aqui tudo tem sido doutrinário; daqui em diante, tudo é prático. Os capítulos 1 a 11 tratam da verdade cristã, 12 e 16, da vida cristã. E esta deve ser sempre o resultado daquela.

Notemos com cuidado a exortação dos versículos 1 e 2, sem nos esquecermos da pequena palavra “pois” que liga a exortação com o capítulo anterior. Em vista da misericórdia e compaixão de Deus, que acaba de relatar, o apóstolo faz seu grande apelo por um “sacrifício vivo” do corpo do crente, empregado sempre em atividades segundo a vontade de Deus.

 

Vemos aqui o caráter da palavra “culto” inteligente do crente; não apenas em louvores ou no canto dos hinos, mas na consagração a Deus de todos os poderes do seu corpo. A palavra culto é a mesma que é traduzida serviço no capítulo 1.9.

A tradução do versículo 3 é preferível na V.B. visto que em Almeida é um tanto incompreensível. Aprendemos deste versículo que a medida do crente não é a do seu conhecimento, nem a da sua inteligência, nem a do seu sentimento, mas a da sua fé, que é a medida da sua visão do invisível (Hb 11.27).

Embora a Igreja não seja mencionada antes do capítulo 16, vemos que os versículos 48 se referem ao préstimo de cada crente para a coletividade cristã.

O espírito santificado (9-21). Os versículos 9-16 ensinam ao cristão como deve tratar os de dentro: os seus irmãos na fé. Ensinam preciosas virtudes cristãs: amor não fingido; ódio ao mal; afeição fraternal; humildade em ceder honra aos outros; energia e favor; regozijo, paciência, dependência (mediante a oração), hospitalidade, etc. Podemos pensar se estas virtudes aparecem em nós.

 

Vemos o crente agora nas suas relações com os de fora: com o mundo em redor (vv. 17.21); vemos que o crente não é vingativo; que é honesto, é pacificador, chegando a tratar bem os que querem ser seus inimigos.

 

No versículo 19 Almeida tem “mas dai lugar à ira de Deus” mostrando que “de Deus” não está original. A V.B. acrescenta as mesmas palavras, mas sem o grifo, deixando o leitor pensar que estão no original. E, contudo o acréscimo pode alterar o sentido: É possível que devamos ler “dai lugar à ira do adversário”. O acréscimo das palavras “de Deus” dá a entender que devemos esperar a vingança divina. Mas isso não se coaduna com o espírito cristão, que não deseja vingança alguma, nem a sua própria nem a de Deus. “O pensamento simples e natural é o de submissão, do espírito que leva a voltar a outra face ao adversário” (S.Ridout).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 13

 

Submissão à autoridade (1-7). Vemos que a idéia de governo no mundo é de DEUS. Não é a vontade dele que haja anarquia ou desordem. Quem tem o poder talvez seja um usurpador, mas a figura como servo de Deus e será responsável perante Ele pelo uso que fizer do seu poder. No versículo 3 vemos o ideal divino do magistrado- que seja ministro de Deus para administrar a justiça.

 

Os versículos 8-14 tratam do amor ao próximo, a vigilância e a pureza. Aqui lemos da dívida para com os crentes, como em 1.14 lemos da dívida para com os descrentes. Notemos no versículo 11 que a salvação ali é considerada como bênção futura. Em outros lugares é passada (Tt 3.5) ou presente (Rm 5.10).

No versículo 12 preferimos a tradução da V.B. – “ A noite vai adiantada”.

 

A significação da palavra “revesti-vos” no versículo 14 é que o crente deve apresentar exteriormente o aspecto de Cristo. O fim deste versículo é melhor na versão Trinitária: “ Não façais provisão carnal pelos apetites”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 14

 

Tolerância para com os fracos na fé (1-12). Vemos que devemos recebê-los e não rejeitá-los – ao mesmo tempo em que evitamos contender com eles.

Notemos que o apóstolo não resolve os casos problemáticos que menciona: questões de comidas guarda de dias santos, etc., mas afirma que quem tem escrúpulo em tais casos o tem “para o Senhor”- não para o seu próprio agrado, como no versículo 21.

Assim aprendemos a não julgar os outros naquilo que fazem “para o Senhor”, mas a julgar a nós mesmos em qualquer coisa que, sendo apenas de nosso agrado, sirva de escândalo para nosso irmão.

 

O versículo 8 anuncia lindamente o alvo da vida ou da morte do crente – ele vive ou morre “para o Senhor”. Poderá a nossa vida descrever-se assim?

Notemos no versículo 10 que não devemos julgar nosso irmão em qualquer coisa que ele faça “para o Senhor”, embora seja nosso dever julgar retamente as questões entre irmãos (1 Co 5.12 a 6.1-9).

Devemos distinguir entre as coisas que o crente faz para si, como comer carne, etc. (Rm 13.21), e as coisas que faz “para o Senhor”, como dedicar ao serviço de Deus um dia especial (v.6).

O que o crente faz para si, pode deixar de fazer em atenção à consciência de um irmão. O que faz para o Senhor ninguém deve pedir que, para comprazer ou outros ele deixe de fazer.

Mas devemos ter paciência para com o procedimento dos outros: a) quando entendem que obedecem ao ensino bíblico; b) quando ignoram o ensino bíblico; mas neste caso faremos o possível para os instruir; assim se alguém não entende como nós a verdade do batismo, não vamos excomunga-lo por isso, mas esclarecê-lo sobre o que ensina a Bíblia sagrada; c) quando usam uma prática que não achamos na Bíblia, mas que não é contra qualquer preceito das Escrituras; assim não vamos condenar a Escola Dominical ou uma reunião de mocidade, apenas por não serem mencionadas na Bíblia.

 

O Tribunal de Cristo referido neste capítulo (v.10) para reforçar o argumento de que não devemos julgar ou desprezar um irmão que entende que faz “para o Senhor” aquilo que faz. No caso de ele praticar um ato para agradar a carne, pode ser julgado pela igreja por isso, mas esse caso não está em vista aqui.

Liberdade e caridade (13-23) devem caracterizar o povo de Deus. Consideração mútua, paz, e coisas que edificam, são as características mais evidentes dos crentes em Cristo.

Vemos no versículo 17 uma descrição importante do reino de Deus segundo os seus valores espirituais.

É fundado na justiça, mediante uma obra expiatória, e por isso o crente ama e usa a justiça; a consequência dessa justiça (perante Deus e os homens) é a paz, e o distintivo do cristão é a alegria do Espírito Santo – uma alegria que vem pelo Espírito de Deus e não pelos gozos carnais.

 

Aprendemos do versículo 23 que tudo que não é de fé, que não temos aprendido com Deus mediante a sua palavra, ou pela oração, é pecado.

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 15

 

Cristo altruísta (1-13). Este trecho ensina-nos que Cristo é modelo da conduta cristã. Notemos as palavras: “Não agradar a nós mesmos... agradar ao seu próximo”. Como podemos agradar ao nosso próximo? Alguém se lembrou que, fazendo a barba diariamente, agradava mais a seu próximo do que andasse entre os seus semelhantes com a barba por fazer.

Outro quis sempre retribuir qualquer grosseria do vizinho com um ato de bondade, e não ficava contente enquanto não efetuava tal pagamento. Como é que o leitor procura agradar seu próximo?

Do versículo 4 aprendemos o valor e a importância do Velho Testamento, que “tudo’ escrito para o governo de Israel pode ter ensino para nós. Que devemos aprender, por exemplo, da lei do Dízimo, dada a Israel?

Ponhamos sentido nas expressões “Deus de paciência e consolação (v.5), e “Deus de esperança” (v.13), “Deus de amor e de paz” (2 Co 13.11). Os pagãos criam em diversas divindades : o deus da fertilidade, o deus da guerra, etc., como ainda hoje alguns esperam certos proveitos de diferentes “santos” – Sto. Antônio, para coisas perdidas; Santa Bárbara, quando troveja, etc. O cristão crê em um só Deus – um só recurso sobrenatural – e seu Pai no Céu é o Deus de todos os recursos que a mente necessita.

Quando, no versículo 8, o apóstolo diz que Cristo foi “ministro da circuncisão”, ele provavelmente falou no mesmo sentido em que Nicodemos falou quando chamou Jesus de “Mestre em Israel”. Cristo veio como verdadeiro israelita “para confirmar as promessas feitas aos pais”.

 

“Recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus” (v.7). O Senhor nos recebeu tal e qual estávamos. Por isso todos os crentes devem ser recebidos, qualquer que seja seu conhecimento da verdade. Devem ser recebidos mesmo que sejam crianças espirituais (Mt 18.5) ou que sejam aleijados (Hb 12.13). O insistir num certo grau de compreensão da verdade não é como Cristo procede. Todos os que Ele tem recebido devem ser bem-vindos, não para contendas sobre pontos duvidosos (14.1), mas para a glória de Deus.

 

O apóstolo fala do seu ministério (14-21) e começa com algumas apreciações do progresso espiritual dos seus leitores. Não nos esqueçamos de que ele ainda não tenha visto os crentes em Roma, mas tinha ouvido boas notícias a seu respeito.

Podemos considerar algumas características do ministério do apóstolo: era dirigido especialmente aos gentios; apresentava Cristo, e oferecia Cristo aos gentios e ao mesmo tempo oferecia os gentios convertidos a Deus – uma oferta santificada pelo Espírito e por isso aceitável: era acompanhado por sinais sobrenaturais; abrangia uma grande extensão de território: desde Jerusalém até o Ilírico; era serviço de pioneiro e não serviço realizado nos lugares onde Cristo havia pregado.

 

A proposta viagem do apóstolo à Itália (22-33). Não podemos deixar de contrastar as esperanças expressas neste trecho com as experiências da realização relatadas nos últimos capítulos de Atos. Paulo visitou Roma em verdade, mas não de caminho para a Espanha, porém preso. Contudo, não devemos duvidar que, afinal, ele esteve ali em Roma “com a plenitude da bênção do Evangelho de Cristo”, apesar de preso.

Parece que Paulo teve algum pressentimento da hostilidade de inimigos na Judéia, pois ele pede as orações dos crentes em Roa a esse respeito.

 

Se, apesar disso, ele chegou entre os Romanos “com alegria” (v.32), deve ter sido uma alegria inteiramente espiritual, pois materialmente, ele sofreu bastante em Roma.

 

 

 

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romanos CAPÍTULO 16

 

As saudações do apóstolo aos crentes seus conhecidos em Roma (1-16). A individualidade e particularidade destas saudações nos instrui. O apóstolo (como seu divino mestre) apreciava cada companheiro crente individualmente, e quis mandar palavra a cada um dos conhecidos. Com cada nome ele liga um pensamento, geralmente referente  ao serviço ou testemunho da pessoa. Vemos que a sua preocupação com cada um se relacionava com seu valor espiritual. É assim que nós também apreciamos nossos irmãos?

Podemos comparar estas saudações com as contidas em 1 Co 16.19; Colossenses 4 e 2 Timóteo 4, etc.

Nos versículos 17-20, o apóstolo avisa contra certos maus obreiros que promovem dissensões, causam escândalos e enganam os simples com lisonjas, tudo fazendo por motivos de interesse baixo.

 

Crentes na companhia do apóstolo que saúdam os romanos (21-27). Entre esses nomes vemos que cada um tem qualificativo apreciável. Somente Quarto é apenas “um irmão”. Será que Paulo não podia dizer mais nada a seu favor? Tércio, o escrevente, põe seu nome na lista, e por este pequeno gesto de cortesia adquire celebridade universal e perpétua. Algum serviço insignificante que façamos pode ter um valor mais permanente do que pensamos. O apóstolo, depois de olhar em redor para os companheiros, talvez com a pergunta: “Mais alguém?” levanta os olhos a Deus e termina a sua carta incomparável com ações de graças ao Todo Poderoso.

 

Quase nas suas últimas palavras refere-se ao “mistério” ou “segredo” que tanto preocupava seu pensamento, e que explica mais claramente na carta aos Efésios.

 

 

 

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