marcos

Marcos

  

EVANGELHO  DE  MARCOS

 

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INTRODUÇÃO:

 

 

Marcos, também chamado João, era filho de uma das Marias do N.T e sobrinho de Barnabé. Era associado com os apóstolos e é mencionado nos escritos de Paulo e de Lucas (At 12.12,25; 13.13; 15.37,39; Cl 4.10; 2 Tm 4.11; Fm 24).

A data de Marcos tem sido calculada entre 57 a 63 d.C

Tema. O escopo e propósito do livro são evidentes pelo seu conteúdo. Nele Jesus é visto como o poderoso obreiro, mais do que como ensinador. É o evangelho do servo de Jeová, o “Renovo” (Zc 3.8); como Mateus, é o Evangelho do “Renovo... de Davi” (Jr 33.15).

A qualidade de servo de Deus no Filho manifesto em carne é sempre evidente. O versículo chave é 10.45. A palavra característica é “imediatamente”, a expressão adequada para um servo. Não há genealogia, pois quem cuidaria de apresentar a genealogia de um servo? O caráter distintivo do Cristo em Marcos é aquele que Paulo apresenta em Filipenses 2.5-8.

Mas este humilde Servo, que abandonou a forma de Deus (Fp 2.6) e foi achado na forma de homem, era, contudo, “o Deus poderoso” (Is 9.6), como o próprio Marcos declara (1.1), e por esta razão obras poderosas acompanharam seu ministério, comprovando-o. Como convém a um evangelho de serviço, Marcos destaca mais as ações do que as palavras.

O melhor preparo do coração para o estudo de Marcos é a leitura (Com oração) de Isaías 42.1-21; 50.4-11; 52.13 a 53.12; Zacarias 3.8; Filipenses 2.5-8.

Marcos tem cinco divisões principais: 1) A manifestação do Filho-Servo (1.1-12). 2) O Filho-Servo provado (1.12,13). 3) O Filho-Servo agindo (1.14 a 13.37). 4) O Filho- Servo obediente até a morte (14.1 a 15.47). 5)O ministério do Filho-Servo em ressureição, exaltado e com toda a autoridade (16.1-20) (Scofield).

 

 

INTRODUÇÃO (1.1-13).

 

a) A proclamação (1-8)

b) A preparação de Jesus (9-13).

1. O servo divino da Galiléia (1.14 a 9.50).

1.1 Jesus luta com os agentes e as atividades do mal (1.14 a 3.6).

1.2 Jesus separa os crentes dos descrentes (3.7 a 6.6).

1.3 Jesus opera milagres entre o povo (6.7 a 8.26).

1.4. Jesus instrui seus discípulos em vista da Cruz (8.27 a 9.50)

2. O Servo divino, da Galiléia a Jerusalém (cap. 10.1-52).

2.1 O ministério na Peréia (1-31).

2.2 Última viagem a Jerusalém (11.1 a 15.47).

3. O servo divino em Jerusalém (11.1 a 15.47).

3.1 Domingo (11.1-11). A entrada triunfal na cidade

3.2 Segunda-feira (11.12-19). A figueira amaldiçoada e o templo amaldiçoado.

3.3 Terça-feira (11.20 a 13.37). A final controvérsia e a grande predição.

3.4 Quarta-feira (14.1-11). A conspiração e pacto para prender Jesus.

3.5 Quinta-feira (14.12-52). A páscoa, o Getsêmani e a traição.

3.6 Sexta-feira (14-53 a 15.47). A condenação e a crucificação.

 

CONCLUSÃO (16.1-20)

a) A ressureição de Jesus (1.9).

b) A manifestação de Jesus (9-20)- (Scroggie).

 

 

A MENSAGEM DE MARCOS

 

 

Jesus Cristo se nos apresenta no Evangelho de Marcos como Servo humilde, fazendo a vontade do Pai. As primeiras palavras ensinam-nos que as qualidades de servo e filho são inseparáveis. Não é mediante o serviço que nos tornamos filhos, mas pela adoção de filhos que chegamos a ser servos (Ml 3.17; Mt 21,28; Mc 1,1).

Uma revista do conteúdo deste Evangelho mostra que todo o seu pensamento difere do de Mateus. Ali se estabeleceu o trono; e o Rei, sentado sobre ele, pronunciou os seus decretos e dominou seus súditos; aqui se vê o servo ungido andando entre os homens, passando de um lugar a outro, descansando mas incansável, cumprindo seu ministério. A narrativa de Marcos é rápida, enérgica, realista, pitoresca, dramática e caracterizada por transições repentinas.

 

As omissões são muitas e significativas, visando salientar Jesus como o Servo.

 

Por exemplo, em Marcos o título “Senhor” nunca é empregado pelos discípulos, e ocorre apenas 17 vezes neste Evangelho, comparado com 72 vezes em Mateus, 101 em Lucas e 108 em João. (Compare –se Mateus 8.2 com Marcos 1.40; Mateus 26.22 com Marcos 14.19; Mateus 8.25 com Marcos 4.38.)

Ainda mais, notamos que aqui não há nenhuma referência à preexistência de Cristo, como em João; nenhuma genealogia, nem nascimento milagroso; nenhuma adoração dos magos; nenhum sermão da montanha; nenhuma denúncia da nação ou juízo das nações; nenhuma sentença contra Jerusalém. Estes e outros pontos semelhantes não teriam cabimento na descrição do Servo humilde, e por isso omitem-se. Mas o aspecto refletido aqui não é somente negativo, é positivo também. Assim a atenção é chamada para as ações, as palavras para o aspecto de Cristo, como convém ao perfeito Servo.

Em Marcos chama-se especial atenção aos retiros de Jesus. Ele retirou-se a um lugar solitário, depois das primeiras curas (1.35); a lugares desertos depois da purificação do leproso (1.45); ao lago, depois de ter curado o homem que tinha a mão ressicada (3.7); às aldeias, depois da sua rejeição em Nazaré (6.6); a um lugar deserto, depois do assassínio de João Batista (6. 30-32); aos arredores de Tiro e Sidom, depois da oposição dos fariseus (7.24); à vizinhança de Cesaréia de Filipos, depois da cura de um cego (8.27); ao monte Hermon, após a primeira declaração aberta de sua paixão (9.2); a Betânia, depois da entrada triunfal (11.19), e ainda mais uma vez após o discurso sobre as coisas do fim (14.3). O parágrafo adicional sobre a ascensão é como que a história da sua última retirada (16.19).

É evidente o sentido disto. Quem muito serve, precisa estar muito com Deus, e os períodos de retiro e descanso espiritual serão mais frequentes e mais necessários à medida que o nosso serviço se torne mais verdadeiramente sacrificial: Somente à medida que permanecermos no esconderijo do Altíssimo poderemos ter um coração tranquilo, preparado para o serviço.

Mas junto a esta lição aprendemos outra, talvez mais difícil de entender, a saber, que devemos estar à disposição dos outros, e que nossos próprios retiros precisam ficar sujeitos às necessidades dos homens. Na vida do verdadeiro Servo isso é muito evidente (Scroggie).

 

‘Não sabemos se Marcos viu ou ouviu, pessoalmente, alguma vez o Senhor, embora alguns têm pensado que ele descreve a si mesmo no capítulo 14.51,52. Ele parece ter relatado principalmente o que ouviu Pedro. Justiniano Mártir (100- 165 d.C.) cita o seu evangelho sob o título ‘Recordações de Pedro’, e Irineu (130-202 d.C.) diz que ele era discípulo e intérprete de Pedro, e escreveu o que este pregara “(Goodman)”.

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 1



João Batista (1-8). O Ministério de João Batista é referido aqui mais resumidamente do que nos outros evangelhos.

Notemos que a preparação do caminho do Senhor era espiritual e não material: Corações arrependidos, onde Cristo podia entrar com bênção. Havia muito poder espiritual com a pregação, porque sem isso ninguém confessa os seus pecados. João testificou de Jesus: Há muita pregação que não faz isso.

Há uma diferença entre o batismo de João, que era o ‘de arrependimento”, e o batismo cristão “no nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. João, não podendo apontar uma pessoa para ser o centro da congregação do povo piedoso (Gn 49.10), levantou o estandarte do arrependimento.

Batismo e tentação (9-13). A tentação é resumida em dois versículos, mas Marcos acrescenta uma circunstância: “estava com as feras”. Mateus coloca o serviço dos anjos depois da tentação.

Foi o Espírito de Deus que levou Jesus para a tentação, porque Ele havia de sair vitorioso. Jesus ensinou seus discípulos a orar, “Não nos induzas a tentação”, porque eles eram fracos e falíveis, e deviam recear toda classe de tentação.

Pregando o Reino (14-20). Neste trecho notemos o seguinte: Que a pregação de Jesus começou logo depois de João ter sido encarcerado – O trabalho não precisa parar com a falta de um obreiro; que o Evangelho anunciado era  “do reino de Deus” – o domínio divino da vida humana é a maior das bem-aventuranças; que para entrar nas bênçãos deste governo era preciso haver arrependimento e fé; que Jesus necessitava de cooperadores na grande tarefa da pregação; que os discípulos chamados deixaram as redes (o interesse material), e outros o pai (os laços de afeição natural); que para ser pescador de homens é preciso “ir após Ele”.

O trecho começa com a missão e mensagem de Jesus. Notemos as quatro partes da sua pregação: 1) O tempo cumprido (Dn 2.44; 9.25; Gl 4.4). 2) O reino está próximo. 3) Arrependimento. 4)Fé no Evangelho.

Os quatro discípulos chamados eram pescadores, ocupados, obedientes, prósperos. Deixaram redes, pais, tudo: mas ganharam muito mais homens para Cristo!

“Omite-se aqui a primeira pregação em Nazaré (Lc 4) que, sendo rejeitada, resultou em Jesus deixar essa cidade e morar em Cafarnaum, a “ aldeia da consolação”, que, por algum tempo, correspondeu ao nome” (Grant).

Três curas milagrosas (21-45). “Os milagres de cura tem três valores: comprovam a vocação divina de Jesus; revelam o coração de Deus em sua compaixão pelos homens; são parábolas no mundo físico de sua graça e poder na esfera espiritual” (Goodman).

Essas três curas, com a do paralítico do capítulo 2, ilustram quatro efeitos do pecado: permite a ação de Satanás; causa inquietação; contamina; torna a pessoa inútil para o serviço de Deus.

Notemos que havia uma oposição permanente entre Cristo e os Demônios. Ele os expelia , às vezes, sem ser rogado (25). Estes quatro milagres revelam a autoridade (27), simpatia (31), compaixão (41), e poder (2.10) de Cristo.

Os dois capítulos descrevem uma viagem circular, saindo de Cafarnaum, pregando por toda Galiléia (39), e voltando a Cafarnaum.

“A prova da realidade de um homem e a revelação de seu caráter vêem-se  no que ele faz quando é popular (33), como reage às aclamações da multidão. Que fez Jesus? (35) A única coisa segura a fazer é retirar-se da turba ao trono, da pregação à oração. Ninguém que não passa muito tempo com Deus poderá prevalecer muito tempo com os homens. Entre os versículos 39 e 40 vem o Sermão da Montanha (Mt 5 a 7), uma amostra da pregação referida em 38 e 39” (Scroggie).

 

O leproso (41-45). O leitor deve notar quanto o leproso fez e disse e tudo que Jesus fez e disse.


 

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MARCOS CAPÍTULO 2



O paralítico (1-12). Depois de uma viagem de evangelização, Jesus está de volta em Cafarnaum, e “logo se ajuntaram tantos que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam”.

Notemos: que o paralítico não podia ir procurar a cura; que a bênção que recebeu foi devida ao empenho de quatro amigos; que menos um desses sabia como poderia abrir um buraco no telhado da casa; que Jesus apontava o motivo da doença, o pecado; que Ele tinha poder para perdoar; que Ele lia os corações; que o “leito” do doente era provavelmente uma espécie de esteira; que os assistentes ficaram impressionados com o milagre.

 

Sobre a construção das casas em Cafarnaum, e como se podia baixar um doente pelo telhado, podemos consultar “The Land and the Book”, pág. 358. A descrição é muito longa para se traduzir aqui, mas, em resumo, podemos entender o seguinte: os telhados das casas eram muito baixos: os caibros tinham uma distância de um metro de um ao outro; transversalmente aos caibros colocavam-se ramos cobertos de reboco e barro para proteger tudo do tempo. Não é difícil remover uma parte dessa coberta, mas a maior dificuldade da narrativa é pensar no incômodo que a poeira havia de causar às pessoas dentro da casa. Não precisamos supor que os quatro amigos baixassem o doente até o chão sem auxílio algum do povo lá dentro.

 

Várias coisas interessam-nos neste milagre de cura. Por exemplo:

1) Como Jesus tratou primeiro da origem da doença: o pecado do homem.

2) Como Ele podia e quis perdoar os pecados que causaram o mal, e em fazê-lo demonstrou ser Deus (v.7).

3) A oposição dos escribas assentados ali, e ao mesmo tempo o discernimento deles que o perdão de pecados é prerrogativa de Deus.

4) Como Jesus percebeu os pensamentos íntimos deles (8).

5) Porque era mais fácil curar que perdoar: para isso tinha que haver uma obra expiatória; para aquilo, uma manifestação do poder divino.

6) Saúde restaurada era uma prova de pecado perdoado (10).

 

O homem curado, “tomando logo o leito, saiu”. O dr. Scroggie pergunta a seus leitores; “Vosso leito está debaixo das costas, ou carregado no ombro?”

 

Levi (Mateus) é chamado (13-17). Ficamos a imaginar se Mateus seria irmão de Tiago, outro “filho de Alfeu” (3.18), e qual dos dois teria falado ao outro a respeito do Mestre.

Vemos o poder da palavra de Jesus; disse apenas “Segue-me”, e foi transformado toda uma vida. Quais palavras de Jesus que mais nos têm impressionado?

A primeira coisa que Levi quis fazer foi apresentar Jesus aos seus amigos, e lembrou-se de fazê-lo por meio de um jantar. Alguém pode fazer hoje coisa semelhante?

O jejum (18-22). Hoje, perante o mundo, jejuamos (abstendo-nos de certos gozos lícitos) porque Cristo está ausente. Reunidos com os crentes, regozijamo-nos porque Cristo está “no meio”.

 

Os versículos 21.22 ensinam que Cristo não propôs remendar o velho judaísmo nem pôr o “novo vinho” do Evangelho dentro dos antigos ritos e cerimônias. Ele trouxe um novo ensino, uma nova proclamação – as boas-novas de que a graça de Deus pode agora manifestar-se em bênçãos para todos que, arrependidos, creem em Cristo.

 

Diz o Dr. Scroggie: “A verdade é que o judaísmo e o cristianismo; a Lei e o Evangelho; o legalismo e a liberdade espiritual, são incompatíveis. O novo material do Evangelho não deve ser empregado para remendar o velho vestido da Lei; nem devemos pôr o novo vinho do cristianismo nos velhos odres do judaísmo (leia-se Gálatas 4.5 e especialmente 5.1). É de lamentar que muitos cristãos vivem na velha dispensação do tempo e das estações: “não toques, não proves, não manuseies”- confessando a Cristo, seguem a Moisés. O cristianismo nunca havia de ser um judaísmo remendado. Este fato é a condenação do ritualismo”.

 

Jesus, Senhor do Sábado (23-28). Cristo viu o povo muito apegado ao ritualismo, por isso ensinou que ritos, cerimônias e dias de guarda não constituem uma lei de ferro. Em seu serviço podemos trabalhar até num dia de guarda, como também atender a necessidade do nosso corpo (25).

A essência do parágrafo está no versículo 27 – O sábado era uma bênção, não uma carga; o sábado era para o homem, e não o homem para o sábado.

 

Conforme 1 Samuel 21, o nome do sumo sacerdote era Aquimeleque e não Abiatar (v.8). Esta diferença tem sido explicada de diversas maneiras pelos expositores. O livro de Treasury diz que Abiatar era filho de Aquimeleque e que provavelmente pai e filho levaram os dois nomes, que parece ser certo de 2 Samuel 8.17 e 1 Crônicas 18.16, onde Aquimeleque é evidentemente chamado de Abiathar, enquanto Abiathar é chamado de Aquimeleque.

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 3



   Outra vez o capítulo divide-se em quatro partes, que podemos resumir em quatro palavras: milagres, escolha, blasfêmia e família.

Uma cura e muitas curas (1-12). Aprendemos: que mesmo na casa de oração pode haver alguém imprestável para qualquer serviço; que esse tal, em contato com o Salvador, pode ser habilitado; que fazer bem é lícito em qualquer ocasião; que corações endurecidos se encontram numa sinagoga; que o mal, às vezes tem de ser exposto para ser curado (5); que um espírito imundo pode saber muitas coisas.

 

“A necessidade humana é manifestada mais evidentemente no incidente do homem que tinha a mão mirrada. Os judeus queriam restringir, pela sua interpretação da lei do sábado, as manifestações do poder divino em prol das misérias de que o mundo estava cheio. Então a lei era para não fazer o bem? Para deixar a morte prevalecer, ou para conservar a vida? Os fariseu ficaram obstinadamente silenciosos. Então Jesus ficou indignado pela dureza dos seus corações, e invocou o poder divino para testificar contra eles. Os inimigos de Jesus ficam confundidos, mas não convencidos, e essa inimizade uniu fariseus e herodianos para o destruírem” (Grant).

 

A escolha dos doze (13-18). Aqui temos preciosas indicações do “preparo para o ministério”, a saber: Ouvir a chamada de Deus e obedecer  a ela; estar junto dele num lugar retirado; sentir-se  mandado por  Ele a pregar; receber do próprio Jesus todo o poder para o serviço.

“Jesus escolhe doze apóstolos, para comunhão: ‘para que estivessem com Ele’, para serviço: e os mandasse a pregar”(14). Isso é sempre a ordem divina. Nada adianta sair e pregar se não se tem estado primeiro com Deus. Primeiro solidão, depois serviço; primeiro aparelhamento, depois empreendimento; primeiro comunhão, então comissão; primeiro preparação, então pregação. Devemos tomar o tempo necessário para nos aprontar  para o trabalho; também aprender a servir junto com outros. Imaginemos os Doze em treinamento por, provavelmente, dois anos! Cristo não quer trabalhar sem nós outros: por que, então, tentar servir sem Ele?”

 

A blasfêmia dos fariseus (20-30). Este trecho revela várias contrariedades, começando com os próprios parentes de Jesus (21). A contradição aqui atribuída aos escribas é referida aos fariseus em Mateus e a alguns em Lucas.

 

A melhor explicação que temos encontrado da blasfêmia contra o Espírito Santo foi dada por G. Goodman. ‘É culpado de um pecado eterno’, é como a V.B. traduz este solene versículo 29. Que significa isto? Como muitos têm sido perturbados e mesmo alarmados seriamente por esta expressão do Senhor, pensemos a respeito:

1) Não é ela para perturbar a consciência impressionável, pois ter uma consciência sensível é estar  na condição espiritual diametralmente oposta. O blasfemo aqui referido é uma pessoa cuja consciência está cauterizada como que por um ferro em brasa.

2) Não se refere a alguém cair em tentação, a um simples pecado ou pecados; é mais uma atitude de espírito do que um ato.

3)não significa uma simples palavra irrefletida ou descuidada, embora blasfema, porque blasfêmias e pecados semelhantes podem ser perdoados (v.28).

4) Não significa meramente atribuir a obra de Cristo ao poder de Satanás, como no caso citado. Esse era um sintoma, e não o próprio crime. Foi porque os escribas fizeram isto que Cristo apontou o perigo em que estavam (v.30). O pecado eterno é a atitude de quem, propositadamente, e em desafio à luz e ao conhecimento, rejeita, e não somente rejeita mas persiste em rejeitar os esforços do Espírito Santo e a graça de Deus oferecida no Evangelho. Tal estado para quem nele permanece sem arrependimento, exclui o perdão, porque é o pecado para a morte referido em 1 João 5.16. Isto expressa o que Cristo ensinou em João 3.18. “Esta é a condenação, que a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más”. Pecar contra a luz é uma coisa solene e fatal; continuar nessa carreira é perecer finalmente. Em qualquer tempo que haja um desejo verdadeiro de andar direito e um anelo pela paz com Deus, há a resposta da graça. “Há perdão contigo, para que sejais temido”, porque o sangue de Jesus Cristo purifica de todo pecado; somente não há esperança quando aquele sangue é calcado debaixo dos pés, em desrespeito ao Espírito da graça (Hb 10.29).

 

“Pode alguém hoje  cometer o pecado imperdoável? Isto ao menos é certo: quem pensa tê-lo cometido, certamente não o fez, porque quem o tiver feito não tem semelhante receio”(Scroggie).

 

Um parentesco espiritual (31-35). No versículo 32 devemos ler: “Porque a multidão estava assentada ao redor dele”(O.5).

Os irmãos e a mãe de Jesus não manifestam compreensão alguma do seu ministério, e querem chamá-lo para fora. Por isso o Filho de Deus aponta um parentesco mais sublime e espiritual, com “qualquer que fizer a vontade de Deus”

“Jesus não veio para destruir as relações terrenas, mas para resguardá-las. Veio também para mostrar que as relações espirituais são soberanas. Parentesco natural é passageiro, mas parentesco  espiritual é eterno. Jesus não despreza sua mãe, mas põe em primeiro lugar o seu Pai”(Bengel).

 

Quando o natural e o espiritual rivalizam-se no nosso coração e na nossa vida, é fatal ceder ao natural. (Leia-se Lucas 9.59-62 e 14.26). É duro ser mal-entendido pelos parentes, mas a lealdade a Cristo pode tornar isso inevitável (Jo 7.5).

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 4

 

A parábola do semeador (1-'20). Para alguns pensamentos referentes a esta parábola, consulte-se o comentário de Mateus 13. Marcos acrescenta no versículo 7 as palavras "e não deu fruto'.

Note-se que na Bíblia "as aves do céu" quase sempre têm um mau significado.

Qual é a sementeira que Deus tem semeado na vossa alma, e qual o fruto?

Notemos que o semeador é um: Deus (ou seus servos); a semente é uma: a palavra que declara Deus revelado em Cristo; mas há um adversário Satanás (ou seus servos) que tira (de que modo?) a palavra semeada no coração.

Muitas vezes no seu ministério o Senhor Jesus repetiu as palavras "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça " (v. 9). Esta parábola pode ser chamada a dos ouvintes que não ouviram, O Filho de Deus é o Semeador, a semente é a Palavra, que, semelhante à semente, tem vida em si, e, quando as condições são favoráveis, nasce e produz fruto.

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 5


        O endemoninhado gadareno (1-20). Thompson em The Land and the Book, entende que Mateus aponta, como sendo o lugar onde este incidente se deu a aldeia de Chersa ou Gergesa, à beira do lago.

A província dos gadarenos (habitantes de Gadara) ao leste do mar da Galiléia, era fora da terra Santa, e sob o domínio dos gentios. Aprendemos deste milagre de cura:

1) Que espíritos imundos são capazes de dominar um ser humano. O espiritismo pode oferecer-nos hoje alguns exemplos de semelhante obsessão.

2)Que uma pessoa  sob tal maléfico domínio torna-se incompatível para a sociedade de gente civilizada.

3) Que tal pessoa fica sem sossego, sem paz; perigosa, indomável.

4) Que na presença de Jesus, o homem se sentiu atraído e repelido. Atraído, talvez, pela graça e compaixão do Salvador, e repelido pela santidade que reprovava a sua impureza.

 

De Jesus notamos:

1)Que, na presença dos poderes diabólicos, sendo reprovado por eles, reprovou imediatamente esses espíritos imundos.

2) Que a sua presença inspira respeito, até dos perdidos.

3) Que exigiu uma ampla confissão do nome e estado do possesso (v.9)

4) que, sendo rogado a retirar-se, foi imediatamente.

5) Que recusou levar consigo o homem  curado, porque este devia primeiro testemunhar aos seus (v.20)

O Dr. Scroggie dá as seguintes divisões:

1)Uma criatura miserável (1-5).

2) Um Salvador poderoso (6-10).

3)Um pânico entre porcos (11-13).

4) Uma grande sensação (14-17).

5) Um servo obediente (18-20).

 

Notemos os quatro pedidos: do endemoninhado (v.10); dos demônios (v.12); dos gadarenos (v.17); do homem curado (v.18).

“Temos um quadro do homem curado, ‘assentado, vestido e em perfeito juízo’. Passaram o desassossego, a veemência, a paixão. A vergonha da sua nudez está coberta, ele tornou em si mesmo e tem juízo perfeito. Porventura pode haver um juízo perfeito sem que se venha a Cristo?

 

“Mas o mundo é um mundo caído, e Satanás o seu príncipe. Aqui vemos como isto chega a ser. Esses que rogam a Cristo que se vá, verão o Diabo ficar. O Senhor nos explicou como uma casa varrida e adornada convida a uma visita dessa natureza. Rogam a Cristo, cortesmente, que se vá, pois é possível alguém rejeitar ao Senhor com bons modos; e Ele vai mesmo.

“Mas o homem libertado tem outros pensamentos. A graça divina tem operado no seu coração, e a libertação de que ele tem sido objeto é uma grande realidade. Roga permissão para ficar com Jesus, mas o Senhor tem outros propósitos a seu respeito: “Vai para a tua casa, para teus parentes, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”. Assim o pecador salvo é feito testemunha da salvação que recebeu no mundo onde Cristo tem sido rejeitado. “E ele foi, e começou a publicar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera” (Grant).

 

A mulher com fluxo de sangue (21-34). Notemos dela: os anos do seu padecimento; os esforços inúteis para conseguir uma cura (Lucas, o médico, refere que ela gastara com os médicos, mas não conta que ela padecera com eles); o esgotamento dos seus recursos; o desenvolvimento da sua moléstia (v.26); o evangelho que ouviu (v.27); o esforço que fez; o caráter da sua fé (v.28); a rapidez da sua cura; seu susto (v.33). Para entender “a orla do seu vestido” consulte-se Números 15.38.

Segundo Levítico 15.19, o contato com a mulher imunda contamina; mas Jesus ao invés de ser contaminado pelo mal, curou-a.

O Dr. Scroggie marca as seguintes divisões: sua necessidade (v.25); seus desapontamentos (v.26); sua esperança (v.27); seu esforço (v.27); seu contato com Cristo (v.28); sua recompensa (v.29); seu medo (v.33); sua confiança (v.33); sua confissão (v.33); sua salvação (v.34).

 

Notemos a diferença entre a mulher e Jairo. Este um homem, aquela uma mulher; este interessado na necessidade de outrem, aquela na própria necessidade; este abastado, aquela pobre; este veio abertamente, aquela secretamente; este pediu a bênção, aquela tentou furtá-la. Mas ambos obtiveram seu desejo porque Cristo era a sua única esperança.

A filha de Jairo (35-43). Entre as lições que este incidente ensina, notemos: a) que uma interrupção pode ser uma prova de fé. Visto que a menina estava nas últimas, a demora com a mulher doente deve ter afligido bastante o pai da criança; b) que Jesus, ao receber a notícia do falecimento da criança, apressou-se a reanimar o pai: “Não temas! Crê somente!”; c) que o Salvador corresponde à medida da fé do indivíduo; quem crê que um mero contato trará saúde, prova que assim é (v.28); quem sente a necessidade da presença do Salvador na sua casa (v.23) terá Cristo ali consigo; quem conta que uma palavra de Jesus será suficiente (Mt 8.8), prova que até isto basta.

A palavra “a menina não está morta, mas dorme” não quer dizer que ela não tinha realmente falecido, pois Lucas 8.53 dá a certeza disso. Mas para Jesus – e para o crente- a morte é parecida com um sono, do qual a voz divina acorda o que dorme (At 7.60; 1 Ts 4.13,14).

As palavras “Thalitha cumi” são da língua aramaica.

Depois de a palavra do Senhor Jesus ter dado vida à menina, era mister o cuidado dos pais em alimentar essa vida (v.43). “As palavras provam que a menina tinha agora perfeita saúde, a ponto de ter apetite. Embora recebesse vida por um poder extraordinário, devia ser alimentada por meios comuns. O conselho de um pagão sobre outro assunto é aplicável: ‘nec Deus intersit, nisi dignus vindice nodus inciderit’. (Quando o poder milagroso de Deus é necessário, que seja procurado; quando não é preciso, que se empreguem os meios comuns.) Agir de outro modo seria tentar a Deus” (Treasury).

Podemos notar os mesmos doze anos da doença e da vida da criança. Por doze anos a mulher ficando cada vez mais fraca; por doze anos a menina ficando mais robusta, até que lhe sobreveio uma doença repentina. Então, no momento de extrema necessidade, as duas encontraram seu recurso suficiente e completo em Cristo.

Na bíblia há somente sete casos são de crianças. Elias levantou o filho da viúva de Sarepta (1Rs 17.19-24); Eliseu, o filho da mulher sunamita (2 Rs 4.34-37). A maneira de ressuscitar a criança em cada caso é instrutiva. Elias estendeu três vezes sobre o menino e pôs a boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos dele, as suas mãos sobre as mãos dele, e curvou-se sobre ele, transmitindo-lhe calor à carne.

 

Quão diferente o procedimento do Senhor Jesus! “Tomando a mão da menina, disse-lhe Thalitha cumi”. Ele era maior poderoso do que a morte. Mas em ambos os casos houve contato.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 6



        Um profeta sem honra (1-6).  Jesus volta a Nazaré, onde fora criado, e onde, com certeza, assistira sempre ao serviço da sinagoga. Mas agora Ele começa a ensinar ali (v.2) e dá ensinos preciosos, que vemos mais detalhados em Lucas 4.18-22.

Mas os ouvintes estranham que um *carpinteiro “se tenha tornado pregador”, e alguns, em lugar de atender ao ensino, criticavam o ensinador.

* “Operário”, ou antes, “construtor” parece-nos dar melhor o sentido do grego “carpinteiro”. A palavra Tekton não se encontra em outra parte do N.T., mas Paulo se chama archi-tekton (donde vem à palavra arquiteto) em 1 Co 3.10. Tekton empregava-se frequentemente, mas nem sempre, para oficiais em construções em madeira. Notemos as várias alusões nos evangelhos à construção de casas (A.C. Deane).

 

Notemos as cinco perguntas (vv.2,3). Há também uma incredulidade que resulta de familiaridade (vv. 3,6); a própria família é, às vezes, quem menos aprecia: Jesus, rejeitado na cidade percorre as aldeias.

Os irmãos de Jesus (v.3). Se estes “irmãos” (Mt 12.46; Gl 1.19) eram ou não filhos de Maria é um ponto muito debatido. Podemos entender que a linguagem favorece a ideia, e que não é necessário atribuir a Maria uma completa esterilidade depois do nascimento de seu primeiro filho.

O romantismo, querendo honrar a virgem, ensina que o casal não tinha filhos, mas, segundo o ensino do V.T., isso, em Israel, não era tido por honroso (Gn 25,21; 29,31; Dt 33.24; Sl 127.3,4; Lc 1.7).

Podemos contrastar os poucos enfermos curados do versículo 5 com os muitos curados do versículo 13.

Os doze enviados (7-13). Em 3.14 Jesus chama os doze para estarem com Ele, sendo assim, preparados para se tornarem mensageiros. Ele agora envia-os de dois em dois.      

Consideremos algumas vantagens desta associação em serviço:

a) Se um tropeçar, o outro poderá apoiá-lo.

b) Podem combinar em oração e assim melhor discernir qual seja a vontade do Senhor.

c) O testemunho de cada um é reforçado pelo outro.

d) Podem encorajar e admoestar um ao outro.

e) Podem trocar impressões da Palavra de Deus.   

f) Podem estimular um ao outro ao amor e às boas obras (Hb 10.24).

Mas por serem dois, precisam: de longanimidade, tolerância, paciência, aptidão para apreciar o ponto de vista do outro; da humanidade que não insiste na própria vontade, do amor fraternal que considera o bem do seu irmão.

Notemos que “três a três” não traz as mesmas vantagens de dois a dois. Pelo contrário, às vezes acarreta grandes inconvenientes.

Embora “dois a dois” seja o ideal para o serviço cristão, é preciso, muitas vezes, devido às circunstancias contrárias, empreender um serviço isolado, ou continuar sozinho quando desaparece o companheiro.

“Para todo o programa da missão dos doze, consulte-se Mateus 10.5-42, notando: a esfera da sua missão; o tema da sua pregação; as suas credenciais; seu aparelhamento; a sua maneira de chegar às casas, e o seu procedimento nas casas e nas vilas”.

No versículo 8 leia-se: “nem saco para esmolas” (J.237)e “nem bordão”, e no versículo 9: “nem alparcas” (O.143).

A morte de João Batista (14-29). Podemos notar em toda a história e influência maléfica de mulheres iníquas. “Sob a sua influência os reis têm se tornado ignóbeis, e déspotas; benignos têm se tornado monstros e assassinos”.

Uma das lições principais deste incidente é a iniqüidade de fazer uma promessa sem a condição essencial: “Se Deus quiser”.

O crente é um ‘servo de Jesus Cristo’ (1Co 7.22) e o escravo não dispõe de nada, nem de si mesmo (em casamento, por exemplo) sem consultar a vontade de seu Senhor.

No versículo 14 leia-se; “por isto estas maravilhas são feitas por ele” (O.98). No versículo 20 “e guardava {em memória} muitas coisas que ouvira dele, e de boa mente o ouvia” (O.155).

No versículo 27, em vez de “executar” (como em Alm.) leia-se “soldado da sua guarda” (como na V.B.)

“Herodes sabia mais do que quis fazer (v.20) e nisto era semelhante a muitos outros. É uma tragédia ter idéias nobres e costumes baixos; sublimes pensamentos e hábitos degradantes. Porventura a sua vida é uma unidade sublime ou uma patética contradição?” (Scroggie).

A primeira multiplicação dos pães (30-44). Uma lição deste trecho é a necessidade de descanso e tranquilidade. Jesus (v.31) considerou esta necessidade, e providenciou. Contudo, parece que o descanso foi logo interrompido (v.33).

Outra lição é que o pouco pode ter muito valor, com a bênção de Deus. Que alimento espiritual temos nós que podemos repartir com nossos semelhantes?

Supõe-se geralmente que o versículo 44 significa “em cem filas, com cinquenta pessoas em cada uma”. Isto combina com Lucas 9.14,15. Assim a contagem seria fácil e 50 X 100 dá 5000.

“Notemos alguns pontos neste milagre:

a) O versículo 36 mostra a simpatia dos discípulos e também a sua falta de fé. Eles sentiam a necessidade do povo, mas nunca pensaram em supri-la; e quando Jesus propôs-lhe que fizessem, perceberam somente dificuldades (37). Quão facilmente levantamos dificuldades!  

b) Jesus serve-se sempre dos meios disponíveis (v.38).

c) Em todo o serviço do Mestre havia método (39,40): “Fazei tudo com decência e ordem”.

d) Jesus pediu a bênção divina sobre a refeição (41).

 

Notemos que Ele tomou o alimento, levantou os olhos, deu graças, quebrou o pão e o distribuiu. É possível que umas 20000 pessoas tenham sido alimentadas milagrosamente nessa ocasião”.

Jesus anda sobre o mar (45-52). Tanto o capítulo 4 como o capítulo 6 relatam um incidente marítimo:

Os discípulos embarcados, e uma tempestade no pequeno mar da Galiléia. (Veja-se no mapa)

Na primeira vez Jesus estava com eles na barca, e na segunda, estavam sozinhos, e Ele, no alto, orando.

O primeiro incidente pode representar os tempos passados; o segundo, o período atual. Jesus agora está lá no alto, intercedendo, mas a fé do verdadeiro discípulo considera-o sempre presente, e superior às ondas da tribulação.

“Este incidente é história, parábola e profecia. Nosso Senhor lá do alto, orando por nós, vê como são contrários os ventos, e, na vigília que termina a noite, Ele virá a nós, e nos levará à praia. Renovado pela oração da montanha, Jesus volta ao seu trabalho na planície (53-56) e os que o tocam são sarados”.

 

Notemos o empenho de Jesus em servir às necessidades físicas do povo (vv.53-56). Notemos também como todos os necessitados se sentiam atraídos a Ele, e em seguida provaram que “Cristo Salva”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 7



O mandamento de Deus e as tradições dos homens (1-23). Aprendemos deste trecho: que o cristianismo é uma religião espiritual e não formal; que a verdadeira contaminação é do mal sai do coração, não do alimento que entra pela boca.

É fácil haver uma religiosidade exterior que faz muita questão de ritos e cerimônias, da distribuição do cálice do Senhor em um ou mais copos, da atitude do corpo em oração, mas que não se preocupa com o estado do coração.

 

Podemos ter quase a certeza de que, na medido em que alguém se preocupa com coisas materiais, deixa de apreciar os valores espirituais. Alguns chegam a ponto de excomungar os crentes mais espirituais, uma vez que estes não usam os mesmos ritos e cerimônias.

Podemos considerar quatro pontos:

1) Qual foi a tradição dos anciãos.

2) Qual foi o costume dos discípulos.

3) Como os fariseus comentaram o caso.

4) Como Jesus vindicou seus discípulos.

(Matthew Henry).

 

Notemos que grande parte da religião dos fariseus consistia em censurar os outros. Vieram de Jerusalém, uma viagem de muitas léguas, não para aprender, mas para criticar.

A explicação dos versículos 1-4 mostra que Marcos não escreveu para os judeus, que já sabiam seus próprios costumes.

“Que seja um corbã (uma oferta dedicada a Deus v.11), assim permitindo a um filho mau alegar que seus bens eram dedicados a Deus, e por isso não disponíveis para sustentar seus velhos pais.

O fim do versículo 19 tem sido muito discutido pelos instruídos. Alguns preferem a tradução como na V.B. “isto disse, purificando todos os alimentos”, mas não é certo que deve ser traduzido assim “Isto disse” não estão no grego.

“O Senhor explica que o processo de comer, ainda que sem a cerimônia de lavar as mãos, à qual os fariseus davam tanta importância, não contamina o homem. Embora algumas partículas de impurezas fossem ingeridas, tudo seria purgado na ordem natural, e o homem não ficaria pior” (Goodman).

 

“Marcos salienta mais que Mateus a escrupulosidade religiosa que se preocupa com o exterior, as lavagens, cerimoniais de mãos, copos, vasilhas, leitos – uma coisa enfadonha e sem proveito espiritual. Deus, pela pena de Isaías (29-13), havia caracterizado isso como mero externalismo sem coração. Mandamentos humanos pretendendo autoridade divina – uma coisa tão essencialmente oca que o Senhor a denuncia como Hipocrisia” (Grant).

 

A mulher cananéia (24-30), Tiro era uma cidade de gentios, e a mulher era estrangeira. Neste incidente consideremos:

1)A menina sujeita a um poder diabólico, sofrendo um mal que os médicos não sabiam curar; figura de moças de hoje que não se submetem a vontade de Deus.

2) A mãe da menina, provavelmente viúva, empenhada pelo bem da filha, e persuadida a recorrer a Cristo.

3) O Salvador da menina, aparentemente indiferente ao mal, parecendo menos misericordioso que os discípulos, mas querendo desenvolver a fé da mulher e instruí-la a contar plenamente com a sua misericórdia.

4) A cura da menina. Vemo-la agora, em vez de aflita, tranquila; em vez de exaltada e irritada, cheia de gratidão; em vez de sentir o poder do maligno na sua vida, experimenta o poder e a graça de Cristo.

 

A cura do surdo e gago (31-37). É relatada somente por Marcos. Podemos achar nos benefícios que Cristo trouxe ao corpo dos doentes figuras das bênçãos que Ele quer trazer ao nosso espírito. Quem é espiritualmente surdo ou gago? Quem escuta bem a voz de Deus e fala claramente com Ele?

Notemos  neste milagre: a localidade. Decápolis (“dez cidades”) fora da Terra Santa, entre os gentios; o empenho dos amigos que trouxeram o surdo a Cristo; o pedido dos amigos; o silêncio do doente; numa semelhança com a cura do cego em 8.23, Jesus usa um processo em vez de simples palavras.

Jesus toma o homem à parte da multidão: a preocupação com a gente em redor pode, às vezes, impedir o recebimento da bênção divina.

Não nos esqueçamos de que Jesus levantou os olhos ao Céu, como que confessando que o ato de misericórdia que ia praticar era de acordo com a vontade divina. Ele suspirou, pensando, talvez, nos milhares que não procurariam a sua graça – ou talvez sabendo que o homem podia deixar de usar da melhor maneira a bênção recebida.

O que Jesus fez devia ter explicado ao doente (que não podia ouvir) o sentido da sua oração silenciosa, com os olhos levantados ao Céu. Assim ensinou ao doente que o benefício suplicado havia de vir dos céus.

 

“E ordenou-lhes que a ninguém dissessem”(v.36). Por que? Quando nada, Jesus não ambicionava publicidade; mas as maravilhas que fez não podiam ser escondidas: “Quanto mais lho proibia, tanto mais o divulgava”. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 8



          A segunda multiplicação de pães (1-9). Podemos notar que a primeira é narrada por todos os quatro evangelistas; a segunda só por Mateus e Marcos. Marcos acrescenta as palavras “alguns deles vieram de longe” (v.3).

“Note-se, entre outras coisas: que Jesus quis ocupar seus discípulos com as necessidades materiais do povo; que Ele sentia ‘compaixão’ pela multidão faminta; que seus discípulos pouco tinham aprendido com o milagre anterior, embora fosse no mesmo lugar e nas mesmas condições; que Jesus nos deu o exemplo de dar graças antes de comer (o apóstolo Paulo fez a mesma coisa, na presença de descrentes – At 27.35); que o alimento era suficiente para todos comerem bem (v.8)

“Decápolis era a região que ficava ao sul e sudeste do lago de Tiberíades, e continha as dez cidades que deram o nome ao distrito (Decápolis significa dez cidades)”.

“Depois de alimentados os 5000, levantaram-se doze cestos de pedaços, e depois dos 4000, sete cestos. A palavra traduzida ‘cestos’ não é a mesma. Os 4000 deixaram sete ‘spuridas’ e os 5000 doze ‘Kofinon’. Estes eram cestos de mão, aqueles (os sete) grandes balaios suficientes para conter um homem. Paulo foi arriado pelo muro em um deles (At 9.25)”.

Duas vezes Jesus alimentou a multidão e ambas as vezes em circunstâncias semelhantes e da mesma maneira. Em ambas as narrativas há gente com fome, um lugar deserto, discípulos perplexos, mantimentos escassos, a ordem de sentarem-se, ações de graças, festa, sobra, e despedida. O contraste é entre um dia e três dias, 5000 e 4000, cinco pães e dois peixes, sete pães e alguns peixes, doze cestos e sete balaios.

“Quão pouco progresso os discípulos tinham feito no entendimento! As poderosas intervenções dos tempos passados fogem-lhes à memória. Cada nova dificuldade parece-lhes invencível; cada nova necessidade os leva a supor que as maravilhas da graça divina se esgotaram (Trench). Porventura somos também assim? Ou a nossa passada experiência de Deus ajuda-nos a enfrentar as novas situações com coragem e confiança? Posso acreditar que Cristo tenha visto nestes dois milagres uma figura da iminente paixão. Ele era o pão partido para satisfazer a fome do mundo. O leitor já tomou parte na festa?” (Scroggie).

 

Pedindo sinais. As partes de Dalmanuta (10-21). Supõe-se que Dalmanuta era uma vila a leste do mar da Galiléia e perto de Magdala.

Devemos comparar este trecho com Mateus 16.1-4 para saber que Jesus se referia aos sinais dos tempos em resposta ao pedido malicioso dos fariseus. O fermento dos fariseus e de Herodes (15). Há males progressivos que permeiam tudo em redor. Por isso Jesus emprega a figura do fermento: um princípio ativo que, em pouco tempo, leveda toda a massa.

O fermento dos fariseus era a hipocrisia: uma religiosidade exterior e inútil. O dos herodianos era o mundanismo; a política. O dos Saduceus (Mt 16.6). a incredulidade e materialismo. Todos os três são males que se alastram, corrompendo a massa toda.

Neste pequeno discurso com os discípulos Jesus faz-lhes dez perguntas e obtêm duas respostas.

A cura de um cego de Betsaida. (22-26). Existe uma dúvida sobre se a Betsaida da Bíblia é a mesma Betsaida- Júlias ao norte do mar da Galiléia, ou outro lugar do mesmo nome a leste (perto deste lago), de Corazim e Cafarnaum (Mt 11.21,23; Jo 12.21).

 

Este milagre é narrado só por Marcos. É uma das poucas curas demoradas que Jesus fez. O primeiro contato do Homem com Cristo não teve resultado completo. Conosco pode dar-se coisa semelhante.

Devemos notar o empenho, a simpatia e o trabalho de Jesus com este cego, tomando-o pela mão e levando-o para fora da aldeia. Tantas vezes Ele curava com uma palavra, mas agora se ocupa com um serviço prolongado.

Podemos entendes que Deus dispõe de tempo para atender às nossas necessidades.

“Vemos Cristo acomodando o ‘posso’ do seu poder à debilidade da fé do cego... Foi curado lentamente porque creu lentamente. A sua fé era condição da sua cura, e a medida dessa fé determinava a medida da sua restauração”(Maclaren).

 

“Aqui são narrados sete atos do Senhor.

1) Tomou o cego pela mão, isso para levá-lo fora da aldeia. Podemos aprender disto que, para sermos verdadeiros iluminados, devemos submeter-nos a ser guiados. Por seu Espírito, Cristo nos guiará em toda a verdade.

2) Levou-o para fora da vila, como se tivesse dito “saí do meio deles e apartai-vos, e não toqueis coisa imunda (2Co 6.17). A separação é necessária para que haja gozo espiritual.

3) Cuspiu nos seus olhos. Tem havido várias explicações disto. Talvez fosse “como processo medicinal, não eficaz em si, mas feito eficaz por energia divina”(Weiss). Vemos o emprego do cuspe em (Marcos 7.33 e João 9.6-14).

4)Impôs-lhes as mãos, um símbolo de comunhão e comunicação de saúde e poder, aqui um ato de compaixão divina.

5) Perguntou se via alguma coisa, mas o homem enxergava mal ainda.

6) Impôs-lhe as mãos outra vez.

7)Mandou-o levantar os olhos” (Goodman).

 

No versículo 26 leia-se “Não entres na aldeia, nem o digas a ninguém na aldeia”. (C.C. 273).

A confissão de Pedro (27-33). Já consideramos este incidente no nosso estudo de Mateus 16. Observamos Jesus ocupado em despertar a compreensão dos discípulos a respeito dele mesmo. Para um judeu piedoso o reconhecimento de Jesus como messias prometido era de suma importância. Alguém pode interrogar a qualquer um de nós sobre o que Jesus significa para nós, e como responderíamos? Este incidente é relatado mais detalhadamente em Mateus 16.13-23.

Jesus prediz a sua morte (31). Para os discípulos parecia tão incompreensível que Pedro o repreendeu. Devemos notar que Jesus faz a predição da sua morte depois de convencer os discípulos da divindade dele. Se tivessem conservado na sua memória essa sublime verdade, não teriam ficados tão desanimados pela sua morte.

 

Neste trecho temos: 1) A confissão. 2) A repreensão. 3) A advertência.

 

1) A confissão. Antes de ouvirmos a confissão de Pedro vamos notar alguns pareceres errados referentes a Cristo, pareceres que lhe atribuem algum bem, mas não acertam com a verdade.

Que dizem hoje de Cristo? Um homem bom, exemplo perfeito, mártir inocente, mas a verdade é outra: Ele é o Salvador único e divino. A confissão de Pedro importava em:

a) cumprimento de profecia (Dt 18.15, etc.);

b) propósito divino (Cristo significa ungido);

c) verdade reservada (v.30);

d) a esperança do mundo.

 

2) A repreensão. Pedro que repreende, é repreendido. Notemos em Pedro:

a) pouca prudência;

b) falta de discernimento;

c) coragem mal-empregada;

d) falta de respeito.

 

3) A advertência de Jesus aos discípulos ensina-lhes:

a) o que é necessário para seguir a Cristo;

b) que o amor de Deus deve ser o supremo motivo;

c) Que perder a vida pode ser lucro, e ganhar o mundo, prejuízo;

d) que o homem pode “resgatar” a sua alma (psyche: vida ou alma);

e) que envergonhar-se agora de Cristo terá consequências tristes no porvir.

Levando a própria cruz (34-38). Para entendermos o ensino de Jesus a respeito devemos notar que esse ensino segue a predição da sua morte. É como se dissesse: “Este mundo não somente matará a mim, mas vós também não deveis esperar outra sorte, se fordes fiéis em seguir meu exemplo e ensino”. (Veja-se porém sobre Mateus 16.24-28).

“Negar-se a si mesmo”. Quando Pedro negou seu Senhor, ele disse: “Não conheço esse homem”. Quem puder falar assim a seu próprio respeito sabe o que significa negar-se a si mesmo. É muito natural pensar: “O que, então, será de mim?” É muito espiritual pensar; “Como servirá isso à vontade do meu Senhor?”.

Notemos que a palavra grega psyche nos versículos 35-37, traduzida por Almeida duas vezes “vida” e duas vezes “alma”, é sempre “vida” na V.B.

Devemos pensar o que significa “perder” a nossa vida. Uma vida perdida é uma vida não aproveitada com vantagem. Uma vida preocupada com vícios, prazeres, interesses materiais, e glórias humanas, é perdida.

Contudo, o mundo julga “perdida” (35) uma vida dedicada a Deus.

O Senhor Jesus considera o caso de alguém ganhar “o mundo todo” – ter infinito lucro material – e contudo não ter uma vida abundante, transbordando da bênção divina.

A mais real satisfação na vida não está em adquirir, mas em criar, e, contudo, vemos a maioria empenhada em adquirir – um empenho que nunca satisfaz.

Não é possível reaver uma vida perdida (v.37).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 9



       A transfiguração (2-13). Visto termos considerado este sublime incidente em nosso estudo de Mateus 17, podemos agora ocupar-nos com algumas perguntas: Por que subir um monte? Por que Jesus levou os três? Por que não todos? Que aprendemos do fato da transfiguração? Qual o assunto da conversa dos dois com Jesus? Acha parecida a proposta de Pedro com o ideal monástico? De quem falou a voz que se ouviu da nuvem? Quem ocupou a visão dos discípulos no versículo 8? 

Notemos: que no versículo 10 os discípulos estranharam a frase “Ressureição dentre os mortos”. Eles criam numa ressureição geral dos mortos no último dia, mas alguém ressurgiu “de entre” os mortos (V.B.) era para eles uma ideia nova.

 

Quanto à alusão a Elias (v.11) veja-se sobre Mateus 17.11.

Referentemente a este trecho, o Dr. Goodman escreve: “O Senhor, que até aqui fora visto e conhecido pelos seus discípulos “na forma de servo”, agora tem por bem dar a três deles uma manifestação da sua inerente glória como Filho de Deus, tanto quanto era possível fazê-lo aos olhos humanos”.

“O objetivo foi, sem dúvida:

1) Ensinar-lhes por visão ocular quem era Jesus – Deus manifesto em carne.

2) Encorajá-los diante da perspectiva da sua crucificação e morte.

3) Antecipar a glória que mais tarde seria revelada no seu reino.

4) Receber do Céu o atestado divino ‘Este é meu filho amado: a Ele ouvi”.

5) Estabelecer nas mentes dos discípulos a sua preeminência sobre Moisés ( a Lei) e Elias (os Profetas)”.

 

Que tremendo acontecimento: Os três discípulos acharam-se, de repente, na presença dos dois maiores vultos na História de Israel! Para eles, Jesus era o companheiro e mestre, sempre presente, mas Moisés e Elias eram eminências, santos respeitados durante séculos. É provável que somente mais tarde tenham compreendido ser Jesus ainda maior do que os patriarcas e profetas, porque era o homem-Deus.

No fim do versículo 12 leia-se: “Ele deve padecer muito e ser aviltado”. (O. 56).

O poder da fé e da oração (14-32). Notemos no presente caso: que mesmo num adolescente pode manifestar-se um espírito maligno; que os discípulos sem a experiência sublime da montanha careciam de poder para atender à necessidade do vale; que o pai fez muito bem em levar a Jesus o menino acometido; que o Salvador percebia a prevalecente falta de fé; que Jesus interrogou o pai sobre o caso, e assim manifestou o seu interesse; que o pai achava possível haver falta de poder em Cristo, mas este ensinou-lhe que uma falta de fé era o defeito do pai; que, afinal, o pai ganhou ânimo para confiar em Jesus, embora confessando a sua pouca fé; que Jesus, tendo curado o menino, tomou-o pela mão, como fizera com o cego de 8.23; que alguns serviços importantes precisam de uma importante dedicação a Deus em oração.

 

O maior no reino (33-37). Mateus 18 e Lucas 9também trata deste incidente, Lucas, muito resumidamente. Devemos sempre desejar estar em comunhão com o Senhor; pensar nas coisas que o preocupam; mas aqui vemos Jesus pensando na cruz, e os discípulos no reino.

Receber, servir um menino no nome de Cristo, é igual a receber a Ele mesmo e a quem o enviou. Também ofender ou prejudicar uma criança é ofender a Cristo?

“Que é grandeza? É coisa mui diversa de orgulho, egoísmo, ostentação. Consiste em ser nobre, e a nobreza inclui algumas qualidades raras, como seja a humanidade, a abnegação, o sacrifício, a consideração dos outros. Se queremos ver uma lista das qualidades da verdadeira grandeza, podemos encontrá-la nas bem-aventuranças (Mt 5.1-12), ou nos frutos do Espírito (Gl 5.22); e o retrato completo de um grande homem encontra-se em 1 Coríntios 13, 1-8. Incidentemente, é um retrato de Cristo” (Goodman).

 

Essa discussão sobre “quem era o maior” mostra que Pedro não era reconhecido como Tal.

Distintivos de um cristão (38-50): Humildade de criança; o espírito de tolerância para com alguns que “Não nos seguem”; o empenho de remover escândalos e tropeços; o propósito de reprovar em si tudo que ofende. A pessoa piedosa é exigente consigo e tolerante para com os outros.

Evitemos falsa ambição (33-37)

Evitemos uma intolerância carnal (38-41).

Evitemos um exemplo pernicioso (42-50).

 

“No vale de Geena (vv. 42,43), ao sul de Jerusalém, havia fogo continuamente, dia e noite, para destruir o lixo e a imundícia da cidade. Por isso nosso Senhor fala do lugar ‘onde o bicho não morre’ nos montes de corrupção à espera de serem queimados, e do ‘fogo que nunca se apaga’ nas fornalhas perpetuamente acesas para os consumir” (Neil).

“Cada um será salgado com fogo” (v.49) devemos assim entender, à luz de 1 Coríntios 3.13-15. Toda a obra será provada e sua realidade verificada por fogo refinador. Nada de falso, de espúrio, subsistirá perante aquele cujos olhos são como chamas de fogo! “E cada sacrifício salgado com sal faz-nos pensar do ‘sal do concerto’ que se misturava com todo o sacrifício levítico (Lv 2.13). O sal tipifica verdade e sinceridade que devem caracterizar todo o nosso trato para com Deus” (Goodman).

 

No fim do versículo 50 leia-se “Tende sal em vós mesmos, e passai isso a outros” (O. 11)  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 10



O divórcio (1-12). Notamos neste trecho a diferença entre o ideal e aquilo que efetivamente se dá. O ideal é que todo matrimônio seja “o que Deus ajuntou”. O que acontece é que, muitas vezes, nem uma parte nem outra, ao contratar o matrimônio, faz caso da vontade de Deus. A legislação mosaica considerava o efetivo. A Lei de Cristo considera o ideal.

Notemos que o casado deixa seus pais: não continua morando com eles.

Jesus e os meninos (13-16). Os Evangelhos falam muito de crianças. Também têm alguma coisa a dizer dos moços. Impressiona-nos ver os discípulos tão fora da comunhão com o Mestre. Dar-se-á a mesma coisa hoje conosco?

“Receber o reino como menino” pode significar ser humilde, dependente, confiado, submisso, esperançoso.

Pensamos que as mães haviam de dizer que o Profeta de Nazaré, que tomou as crianças nos braços, era “muito simpático”.

F.W. Grant comenta que a bênção foi maior do que se esperava: pediram-lhe que “tocasse” os meninos, e Ele, “tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou”.

O moço rico (17-31). Notemos as diferenças nos relatórios deste incidente em Mateus, Marcos e Lucas. Mateus relata que foi um moço que veio ter com Jesus, a fim de interrogá-lo sobre a vida “eterna”. Marcos frisa mais a sua urgência e humildade; ele corre e se ajoelha; mas Marcos nem ao menos faz menção de que era moço. Lucas nota a dignidade de quem assim se dirigiu a Jesus, e o chama “um certo príncipe”.

Jesus atende aos moços, anima os humildes e responde acertadamente aos príncipes.

O missionário Stanley Jones, da índia, relata que uma noite, bem tarde, foi procurado por dois rapazes hindus, mal vestidos e sujos, que o interrogaram a respeito do cristianismo. Apesar de cansado e com sono, deu-lhes uma longa explicação. Voltaram na noite seguinte, asseados e ricamente trajados, pedindo desculpa por terem-no enganado na noite anterior, mas dizendo que queriam verificar se ele dispensaria a mesma atenção a rapazes pobres como ricos.

Pensemos no versículo 21 “Jesus, olhando para ele, o amou”. Podemos estudar os olhares de Jesus, e também ponderar por que amou esse moço. Seria por alguma coisa que discerniu nele, ou por alguma possibilidade que lhe atribuía?

Mui dedicadamente Jesus instrui o moço a ser prudente na escolha das suas palavras: “Bom Mestre” (como “prezado irmão”) era um modo de falar, talvez sem muita significação. Jesus adverte o moço de que bondade absoluta é uma qualidade essencialmente divina.

 

No nosso estudo deste incidente podemos considerar:

1) O que o moço tinha.

2) O que o moço desejava.

3) O que o moço carecia.

4) O ensino que Jesus ligou ao incidente.

 

1) O que o moço tinha. Riqueza, bom caráter, conhecimento da Lei, desejo de aprender, aspiração por uma vida melhor e mais abundante, humildade, interesse em Jesus.

Mas evidentemente: Não estava satisfeito. Ele aspirava a uma vida melhor. É bem triste quando uma pessoa acha tudo quanto deseja nas coisas agradáveis deste mundo.

2) O que o moço desejava. Devemos entender que seu desejo não era a perpetuidade da mesma vida que gozava naquela ocasião, nem de chegar a uma velhice.

O moço começava a perceber a existência de uma vida de vantagens espirituais, maiores que a sua riqueza podia comprar, e a acreditar que Jesus possuía o segredo dela.

E Ele de fato o tinha, pois descreve essa vida em João 17.3 como: “O conhecimento do Pai e do Filho”, ou, como podemos dizer, “uma vida de intimidade com Deus, a vida eterna”.

Jesus apontou-lhe os mandamentos que se referem mais precisamente à vida prática, e descobriu que o moço estava na persuasão de que tinha guardado todos!

No versículo 21 Jesus é mais explícito, e ensina-lhe a desembaraçar-se das suas riquezas, beneficiar os pobres, e andar na companhia do Salvador que o quis dar ao seu povo.

3) O que o moço carecia: experiência de que é mais bem- aventurado dar do que receber; experiência de uma vida em que Deus é o único recurso do seu povo – a “vida dos séculos” [a vida eterna]; experiência de intimidade com Jesus, sem a qual a vida mais sublime não pode ser conhecida; experiência de sofrimento por amor do Evangelho, que pode desenvolver no crente maior apreciação de uma vida de santidade e amor fraternal.

4) O ensino que Jesus ligou ao incidente: a) Que a riqueza material costuma servir de embaraço à vida espiritual. b) Que tudo é possível para Deus. c) Que há um Galardão futuro para quem segue a Cristo, e uma recompensa atual em cêntuplo (v.30) para quem “deixa” alguma coisa por amor a Cristo.

É evidente pelo versículo 30 que neste discurso Jesus está pensando no aspecto futuro da “vida eterna”. Devemos entender que seu aspecto presente é igualmente importante (1 Jo 1. 1-4).

 

Consulte-se também Mateus 19 sobre o mesmo incidente.

 

A cruz e a coroa (32-45). Devemos notar esta última subida a Jerusalém. Jesus vai adiante, preocupado, e o povo seguindo, maravilhado e atemorizado. Então, talvez parando um pouco, Jesus revela os pensamentos que o preocupam: traição, condenação, escárnio, açoites, morte – e ressurreição.

E no meio destes pensamentos solenes vem o pedido egoísta de Tiago e João!

Pedem como dádiva o que somente pode ser concedido como Galardão. Será que se julgavam competentes para preencher o lugar?

Nós, às vezes, pedimos mais do que podemos receber.

No versículo 32 leia-se: “E ele estava comovido, e seguiam-no atemorizados” (O. 151).

Do precioso versículo 45 aprendemos o espírito de Cristo, e o espírito que deve caracterizar todos os seus.

Bartimeu, o cego (46-52). Lucas também relata a milagrosa cura dele (sem mencionar seu nome), e Mateus fala dele e de um seu companheiro (talvez menos conhecido) que também recebeu a vista.

 

A cegueira vem de três maneiras:

a) Alguns nascem cegos (Jo cap.9).

b) Alguns têm sido cegados (dois Co 4.4).

c) Alguns se cegam a si mesmos (Mt 13.15) (Goodman).

 

Vemos no doente: aflição, desejo, fé, apelo, persistência, obediência, confissão, salvação.

Na multidão vemos: indiferença, intolerância, incredulidade, falta de cortesia.

Em Jesus encontramos: atenção, interesse, compaixão, simpatia e poder divino.

 

Jesus disse ao homem curado: “Vai, a tua fé te salvou”, e o homem viu e o seguiu. Acontece assim conosco?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 11



     A entrada triunfal em Jerusalém é referida por todos os quatro evangelistas. É somente Marcos que fala de o jumentinho estar “preso fora da porta entre dois caminhos”.

“Este pormenor, que parece insignificante, ajuda-nos a concordar que, deste capítulo em diante, Marcos presenciava os acontecimentos”. “Uma parte muito grande do evangelho de Marcos é dedicada à narrativa da Paixão. Ao registrar o ministério de três anos, Marcos dedica a terça parte da sua narrativa aos acontecimentos de uma semana... O contraste entre a brevidade do relatório dos acontecimentos anteriores e os detalhados pormenores da semana Santa é notável. Entende-se, porém, se aceitamos a tradição antiga, que para esta parte o escritor podia servir-se da sua própria observação’.

 

“Por que relata ele o incidente do ‘certo moço’ – isto é, um jovem que ele podia ter mencionado pelo nome – que fugiu nu no jardim do Getsêmani? Em si, parece não ter importância, mas sua narrativa se torna inteligível se, como a tradição afirma, era ele mesmo o moço referido”(Deane).

O leitor dos evangelhos muitas vezes contempla o Senhor enfrentando seus inimigos, repelindo inimizades, expondo hipocrisias; outras vezes o vê fazendo obras milagrosas de benevolência: uma vez o contempla , na solidão de um alto monte, em comunhão com os Santos e o Pai. Neste trecho, entretanto vemo-lo, em ocasião única, alvo do entusiasmo popular. A história teria ficado prejudicada se tivesse faltado isto. Porventura será o incidente uma figura de futuras demonstrações durante o Milênio?

 

“A figueira seca (12-14) pode muito bem representar a nação de Israel:

a) na sua situação destacada – vista de longe;

b) no seu aspecto prometedor – tendo folhas; c)na sua falta de fruto – nada senão folhas;

d) na sua completa reprovação, profetizada neste incidente, e realizada no ano 70 d.C., quando Jerusalém foi destruída”. (Scroggie)

“Jesus bem podia procurar fruto dessa árvore, embora um tanto antes do tempo, por motivo da abundância das folhas. Os figos muitas vezes vêm junto com as folhas, ou mesmo antes delas” (Thompson).

 

“O fruto é a essência da vida cristã. ‘Nisto é glorificado meu pai que deis muito fruto’. Os frutos desejados são:

1) Frutos dignos de arrependimento (Mt 3.8).

2) Frutos numa vida convertida (Mc 4.8).

3) Frutos para santificação (Rm 6.22).

4) Frutos em boas obras (Cl 1.10)” (Goodman).

 

A segunda purificação do Templo (15-18). Neste incidente, como no primeiro (Jo 2.13-25), descobrem-se no Senhor Jesus: indignação, energia, poder, força moral, domínio sobre o mal, amor pela santidade da casa de Deus, ódio pela ladroeira religiosa, e um procedimento que, incidentemente, cumpriu uma palavra profética (Sl 69,9).

E em nós, quantas destas qualidades se manifestam?

 

Fé e oração (19-26). “Vemos aqui a linguagem figurada de Jesus na ilustração que Ele usa da montanha e o mar. Deixando a figura material, “não há dúvida de que a verdadeira fé em Deus remove todo obstáculo e toda a dificuldade do caminho de uma vida piedosa e obediente. Não é questão de extravagâncias ou de sinais e maravilhas, mas o cumprimento dos desejos que um homem tem quando ele  anda com Deus. As condições são:

a) Que não duvide no seu coração (23). A confiança em Deus é estável. Compreende a sua vontade e deseja somente a vontade divina. Procura a glória de Deus e não o agrado próprio.

b) Uma fé em que aquilo que diz se fará: isto é, ele crê piamente que a vontade de Deus se fará. É somente isto que deseja, e sabe que assim será.

c) Perdoar  (Ef 4.32). A fé recebe graça, e manifesta graça. Senão, é uma fé falsa. Um cristão professo que não perdoa é mais outro exemplo de uma figueira sem frutos”(Goodman).

 

Com que autoridade?(27-33). Notemos neste trecho: a continuada inimizade dos chefes religiosos; que eles reconheceram ter Jesus agido com autoridade na purificação do templo; que a pergunta dos sacerdotes não merecia uma resposta direta; que Jesus respondeu com outra pergunta; quis tocar-lhes na consciência.

Os chefes religiosos julgaram que Jesus, não sendo da classe deles, não tinha o direito de agir. Vemos um espírito parecido até nos discípulos no capítulo 9.38, e pode dar-se uma coisa semelhante conosco.

 

“Santidade, justiça e misericórdia podem arder com um brilho extraordinário, inspirando um ensino sublime, operando milagres de beneficência, mas para tais chefes religiosos isso não era nada; antes queriam ver um atestado da sinagoga, conferindo ao seu possuidor os direitos de autoridade”( Bernier).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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MARCOS CAPÍTULO 12



    Os lavradores malvados (1-9). Ainda é terça-feira da Semana Santa. Nosso Senhor tem feito calar os fariseus, escribas e anciãos (11.27-33), e agora diz uma parábola contra eles: até duas parábolas.

A nação judaica é comparada a três árvores: à vinha (Is 5.1-7; Sl 80.8-16), à oliveira, e à figueira. “Antigamente a nação era como uma vinha frutífera, depois uma figueira estéril, e mais tarde será uma oliveira florescente” (Scroggie).

Podemos notar o seguinte:

1) Ensinos desta parábola.

2) Sua significação para Israel.

3) Sua significação para nós.

1) Alguns ensinos desta parábola são:

a) Que Deus prepara as circunstâncias do seu povo, de maneira tal que esse possa dar fruto. Notemos que o homem plantou, cercou, fundou e edificou antes de arrendar a vinha.

b) Que Ele conta com algum resultado que lhe seja aceitável.

c) Que Ele espera haver da parte dos lavradores um reconhecimento de responsabilidade, e um esforço adequado no serviço.

d) Que há uma tendência da natureza humana pecaminosa para:

1) tomar para seu próprio gozo aquilo que pertence ao dono;

2) perseguir os que vêm lembrar do dever; 3) pensar que por meios violentos pode-se tomar posse e fazer aquilo que é apenas arrendado.

e) Que, afinal, haverá um castigo para os malvados.

f) Que outros entrarão na posse da herança violada.

2) Sua significação para Israel foi reconhecida, ao menos em parte: “Entendiam que contra eles dizia esta parábola”.

Notemos:

a) Que a vinha tinha gozado de privilégios e proteção especial – plantada em uma terra que manava leite e mel, cercada de providências divinas, instruída e admoestada por profetas.

b) Que Israel não deu fruto aceitável a Deus.

c) Que Israel perseguiu os profetas.

d) Que, por isso, Israel está sob a reprovação de Deus.

3) Sua significação para nós é:

a) Que Deus nos tem cercado de cuidados, privilégios, oportunidades, e responsabilidades, a fim de darmos fruto para a sua glória.

b) Que Ele manda seus servos exortar-nos a esse respeito.

c) Que é possível maltratarmos os servos do Senhor, ou, talvez, apenas desprezarmos as suas mensagens.

d) Que os privilégios e as oportunidades que não se aproveitam podem ser dado a outros.

A segunda parábola (10-12) é de uma pedra reprovada pelos edificadores. Qual é o lugar que damos a Cristo na construção da nossa vida, nosso caráter?

Vemos nessas duas parábolas as qualidades notáveis que Jesus assume:

1) coloca-se em plano superior aos profetas;

2) alega ser o único e amado Filho do Pai;

3) diz-se herdeiro;

4) refere-se como a pedra que os edificadores rejeitaram (Sl 118.22).

 

Acerca do tributo (13-17). Apareceram agora os herodianos e fariseus contra Cristo, e empregam astúcia, julgando poderem comprometê-lo, qualquer que seja a sua resposta.

Pedem uma resposta sim ou não, mas há muitas perguntas que não podem ser respondidas sabiamente por uma única palavra.

Notemos que os inimigos de Jesus, querendo apanhá-lo, testemunharam quatro coisas verdadeiras a seu respeito:

a) que era verdadeiro;

b) que não tinha medo dos homens;

c) que não olhava a aparência dos homens;

d) que ensinava o caminho de Deus.

 

A resposta de Jesus é notável por sua brevidade, compreensão, justiça e sabedoria. Todos os Homens devem alguma coisa à sociedade e ao que representa ordem social. Temos deveres cívicos e religiosos, e não devemos esquivar daqueles sob pretexto destes, a não ser que sejam evidentemente incompatíveis (Rm 13 – Scroggie).

 

Os saduceus e a ressureição (18-27). Um após outro, os inimigos de Jesus se apresentam. Agora é a vez dos saduceus, querendo negar a ressurreição.

Jesus os acusa positivamente de “ignorância: “não sabeis as Escrituras”; e irreligião: “nem o poder de Deus”.

Na sua resposta, Jesus ensina grandes verdades: Que há outra vida; que haverá uma ressurreição do corpo; que as relações sociais da terra não persistirão no mundo que vem; que existem os seres denominados anjos; que esses não vivem socialmente como nós; que Abraão, Isaque e Jacó ainda vivem para Deus. Estes saduceus ignoravam tanto a verdade divina como o poder divino (Scroggie).

 

O primeiro [principal] dos mandamentos (28-34). Afinal um escriba (um fariseu, Doutor da Lei), vendo os fariseus emudecidos, quer experimentar o Mestre, e pergunta qual o primeiro de todos os mandamentos.

Jesus é paciente com todos, sinceros ou insinceros, e discerne valores espirituais mesmo onde pode haver insinceridade. Ele diz que o escriba não está longe do reino, talvez porque:

a) ele começava  a pensar seriamente na religião;

b) já dava mais valor no espírito do que à letra;

c) desejava agir de acordo com a luz recebida;

d) era moral, circunspeto e puro (Deividson).

 

A censura dos escribas (38-40) – tão resumida aqui, ocupa todo um capítulo de Mateus (23). Marcos relata poucas das palavras, mas são pesadas.

 

A oferta da viúva (41-44):

a) Quem deu? Uma viúva, e pobre.

b) O que deu? Duas moedas, podendo, como é evidente ter guardado uma ou ambas para si.

c) onde deu? No Templo de Deus.

d) Para que a dádiva? Para o sustento do culto divino.

e) O espírito da dádiva – um espírito de verdadeira piedade e devoção.

f) O reconhecimento da dádiva – Jesus viu, avaliou, aprovou e louvou o que foi dado.

g) As lições da dádiva – que o valor do dom depende dos recursos do ofertante; que a aflição não precisa impedir a liberalidade; que podemos aprender uns dos outros a generosidade; que devemos dar como se fosse perante os olhos do Mestre (Martin).


 

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MARCOS CAPÍTULO 13



O sermão profético: o princípio das dores (1-13).

Visto que este sermão é repetido em Mateus e parcialmente em Lucas, não devemos repetir as mesmas explicações. Contudo podemos acrescentar alguns pensamentos adicionais.

Apenas dois pequenos trechos, registrados por Marcos, não estão nos outros evangelhos: “mas olhai por vós mesmos”(v.9): e “importa que o Evangelho se pregue primeiro entre todas as gentes”. “Quando, pois vos conduzirem para vos entregarem” (vv.10,11).

Continua ainda a ser terça-feira da Semana Santa. Jesus sai do templo e nunca mais volta lá. No começo deste discurso, o Senhor prediz: a) a destruição do templo; b) que seguirão guerras; c) que o povo de Deus será odiado; d) que nada há de impedir o processo do Evangelho.

 

“Dois julgamentos são referidos aqui, um mais próximo e outro mais remoto. Um refere-se à destruição de Jerusalém, uns quarenta anos mais tarde, em 70 d.C. e outro ao fim do período. Estes dois são claramente distinguidos em Lucas, o de 70 d.C. encontra-se em Lucas 21.12-24. (Notem-se as palavras “antes de todas estas coisas”, 12 e “até”, 24, e o acontecimento do fim em 21.5-11 e 25-36). A distinção entre estes julgamentos é muito importante” ( Scroggie).

 

A Grande Tribulação (14-23). Para entender “A abominação da desolação” veja-se Mateus 24.15. Podemos notar o seguinte:

As coisas não melhoram com o decorrer dos tempos, antes as trevas ficam mais espessas e as tribulações aumentam.

A pregação do Evangelho não resulta na conversão do mundo. É publicado como testemunho, para o recolhimento dos escolhidos. O triunfo de Cristo não se dá mediante um processo gradual, mas pela sua segunda vinda, primeiro para buscar seus remidos, e depois em poder e glória após grandes tribulações e solenes juízos.

A vinda do Filho do Homem (24- 37). “Que a vinda do Senhor se aproxima é evidenciado por sete grandes sinais: a) um mundo perturbado (8); b) Israel disperso (18); c)um cristianismo apóstata (22); d) um paganismo evangelizado (10);  e) uma igreja esperançosa (29); f)  uma criação gemendo (Rm 8.22); g) um novo desejo pela santidade (1 Jo 3.3)” (Goodman).

 

Podemos notar que as palavras “nem o Filho” do versículo 32 não se encontram em Mateus nem em Lucas.

O versículo 32 tem sido muito discutido pelos eruditos, e alguns comentaristas abalizados não gostam de tomá-lo ao pé da letra, receando que contradiga a doutrina da onisciência de Deus. Mas a este respeito pergunta G.H. Lang: “Porventura podemos acreditar que as afirmações divinas se expressam em linguagem cujo sentido literal contenha um erro fundamental”? Parece-nos que a afirmação de que Deus não pode livrar a sua memória de tal ou tal informação, presume que nossa inteligência finita tem uma compreensão mais completa dos processos e possibilidades da operação interior da Mente Infinita do que é de fato o caso.

A consciência como capacidade é eternamente essencial à divindade, mas porventura é o recordar cada fato separado também essencial? Será Deus menos divino por poder honrar o sangue de Jesus seu Filho, a ponto de banir para sempre da sua memória certos fatos do passado: por exemplo, os meus pecados?”

Quando lemos que o menino Jesus crescia em sabedoria, porventura devemos entender que Ele não precisava frequentar a escola porque desde a nascença sabia mais que os professores?

 

Em Marcos o sermão profético conclui com uma exortação a trabalhar, orar e vigiar, e isso tem aplicação não só para os discípulos, mas a nós também (v.37).

 

 

 

 

 

 

 


 

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MARCOS CAPÍTULO 14



Este capítulo corresponde a Mateus 26. Entende-se que a quarta feira da Semana Santa foi passada tranquilamente em Betânia, e é referida nos versículos 1-11.

O vaso de unguento (3.9). Aprendemos de João 12.1-9 que quem ungiu o Senhor foi Maria, irmã de Lázaro, e que o queixoso do versículo 4 era Judas. Deste tocante incidente aprendemos:

a) que alguns, ao menos, não somente admiravam as obras maravilhosas de Jesus, mas sentiam um ardente desejo de servi-lo;

b) que servir seu Senhor, Maria não fez questão de pensar que alguns acham que o dinheiro gasto com o Senhor é mal- empregado;

d) que Jesus discerniu o motivo de Maria, apreciou a sua devoção, e faz questão de justificar publicamente o seu ato;

e)que é lícito socorrer os pobres sempre que se queira;

f) que Maria fez o possível: “fez o que podia”,

g) que Jesus atribuiu uma significação profética ao ato de Maria;

h) que seu ato devia ser relatado em todo o mundo.

 

Simão, o leproso (v.3). No aramaico as palavras para “leproso”e “negociante de louça” tem as mesmas consoantes, e provavelmente devemos ler aqui “negociante de louça” (O.96).

 

O preço da traição (10,11). Vemos aqui um contraste enorme entre Judas e Maria, Ele, querendo ganhar dinheiro às custas de Jesus, ela querendo gastar com seu amado Senhor. Qual dessas características é a nossa?

 

A última páscoa e a Santa Ceia (12-26).Agora é a quinta-feira da Semana Santa. Há cinco passagens que relatam a Santa Ceia: Mateus, Marcos, Lucas, 1 Coríntios capítulo 10 e capítulo 11. Convém verificar o que se diz em cada passagem a respeito do pão e do cálice.

 

Notemos no versículo 24 a expressão “o sangue do Novo Testamento’ ou Novo Pacto. A Bíblia é dividida em duas partes: O velho concerto ou Aliança e o Novo; mas em toda a escritura podemos descobrir oito alianças ou pactos entre Deus e os homens, sendo as condições marcadas por Ele, a saber:

 

1) A aliança do Éden (Gn 1.26-29) para o homem na inocência.

2) A aliança com Adão (Gn 3.14-19) para o homem caído, com promessa da Redentor.

3) A aliança com Noé (Gn 9.1) estabelecendo o princípio do governo Humano.

4) A aliança com Abraão (Gn 15.18), que inicia a nação de Israel e confirma a promessa da redenção.

5) O concerto mosaico (Ex 19.25), que coloca a todos debaixo de condenação, “porque todos pecaram”.

6) O concerto com Israel na Terra.

7) O concerto davídico (2 Sm 7.8-17) estabelecendo a perpetuidade da família de Davi, cumprido em Cristo (Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3).

8) O Novo Concerto baseado no sacrifício de Cristo, que assegura a eterna bem-aventurança, sob o concerto abraâmico (Gl 3.13-29) de todos em Cristo (Scofield).

 

“Impressiona-nos o reconhecimento do essencial que a brevidade de Marcos acentua. Ao contar-nos a história dessa tarde memorável. Lucas ocupa 24 versículos e João cinco capítulos, porém Marcos concentra tudo em nove versículos (17-25). Ele se limita aos dois fatos principais: a declaração da traição e a instituição da Ceia. Parece-nos, pela narrativa de João, que entre os dois acontecimentos Judas saiu, de maneira que não estava presente na Ceia”(Scroggie).

 

Pedro é avisado (27-31). Este trecho é quase idêntico a Mateus 26.31-35. Marcos apenas apresenta as palavras “que hoje”, que o galo cantou “duas vezes” e que Pedro respondeu “veementemente”.

Notemos a diferença entre Judas e que traiu e Pedro que negou. Judas, um homem iníquo, motivado pelo sórdido desejo de lucro; Pedro, confiado em si, ignorando a própria fraqueza, em um acesso de “cautela” mundana, acha mais prudente negar.

Somente quem tem gozado de certa intimidade pode “trair”.

 

Jesus no Getsêmani (32-42). Marcos pouco acrescenta ao que temos lido em Mateus, salvo no versículo 36: “Pai, todas as coisas te são possíveis” , e no versículo 41 a palavra “apexei” traduzida basta, mas que, referindo-se a Judas, provavelmente significa que ele já aceitou o dinheiro.

 

Descobrimos no Senhor Jesus: o desejo da companhia humana ( tão insuficiente e inadequada!) a angústia provocada pela perspectiva de ser “feito pecado”, com o consequente desamparo de Deus, a imperiosa necessidade de oração; uma completa submissão à vontade divina; uma compreensão da fraqueza dos discípulos; o desejo de repetir a sua oração ( v.39); um perfeito conhecimento do que ia acontecer.

 

Notemos aqui, no que diz respeito a Cristo: Seu isolamento (35). Primeiro o deixou os oito; depois os três. Toda a verdadeira grandeza é solitária, e toda a profunda tristeza é também solitária. Mesmo no meio da multidão, Cristo teria sido isolado, mas nunca tão solitário como debaixo das oliveiras do jardim. E todos os que o seguem de perto terão de experimentar a solidão.

 

Sua submissão (36). “Não seja o que eu quero, mas o que tu queres”. Não havemos de pensar que aqui havia duas vontades, pois a vontade de Jesus era sempre fazer a vontade do Pai, mas por estas palavras somos levados a entrar na esfera dos seus motivos. Ele não se sacrificaria por ser sua própria vontade assim fazer, mas porque era a vontade do Pai.

Seu desapontamento (37-41). “Não pudestes vigiar ... uma hora?” As palavras foram dirigidas a Pedro, mas tinham a sua aplicação aos três. As palavras que seguem podem ser uma interrogação: “Quereis dormir agora e descansar?” (41). Nesta hora funesta Jesus desejava simpatia, a simpatia dos que vigiam, mas não a obteve. Contudo vemos:

A sua consideração (38) (dos discípulos). “Reconheceu o cansaço deles. ‘Ele conhece a nossa estrutura ; lembra-se de que somos pó’ (Sl 103.14)” (Scroggie).

 

Neste versículo devemos ler “ para que não falheis na provação” (O.56).

Jesus é preso (43-52). Marcos caracteristicamente, acrescenta a palavra “logo” no versículo 43, e só ele viu os escribas junto com os sacerdotes e anciãos. No resto, o relatório dele é muito semelhante aos dos outros evangelistas.

Vemos Pedro lutando (47), fugindo (50), e seguindo (54), mas “de longe”, o que é sempre perigoso.

 

Os fatos são:

a) a chegada de Judas e seus companheiros;

b) a traição;

c) a prisão de Jesus;

d) a fuga dos discípulos.

Notemos: Que Judas se vendeu de corpo e alma aos inimigos de Jesus; que os adversários vieram com muita gente e bem armados; que o beijo de Judas foi o cúmulo da hipocrisia; que a mal - pensada defesa com a espada agravou seriamente a situação; que a pessoa mais calma e serena foi Jesus; que Ele percebeu em tudo o cumprimento das profecias; que os discípulos, tendo dormido em vez de orar, não puderam enfrentar a situação – fugiram.

 

É geralmente entendido que o moço que, acordado pelo alvoroço, tinha saído da cama e da casa envolvido apenas em um lençol, e, sendo agarrado, fugiu sem seu lençol, era o próprio Marcos.

“Quando nos aventuramos na senda da fé sem termos, verdadeiramente fé para esse caminho, é provável fugirmos nus e envergonhados” (Darby).

 

F.W. Grant vê um possível sentido alegórico no incidente do moço envolto num “sindon”: um lençol ou mortalha (Mt 27.59, etc.). Como os soldados ficaram apenas com o lençol (porque a pessoa escapou), assim sacerdotes e povo, Herodes e Pilatos, ficaram com os lençóis que foram abandonados no sepulcro, enquanto a pessoa não ficou ali. “E isto pode ser uma parábola para todos os seus seguidores, para quem, deveras, o corpo, qual envoltório, é semelhante a uma mortalha, na qual habita uma vida que a morte não pode tocar”.

Jesus perante o Sinédrio (53-65). Este tribunal religioso, composto de todos os principais dos sacerdotes, os anciãos e os escribas, formava um conjunto temível. Querendo dar ao processo um aspecto legal, “buscavam algum testemunho contra Jesus”, mas nada conseguiram senão testemunhas falsas que não combinavam entre si.

Notamos a interrogação direta do sumo sacerdote: “És tu o Cristo, o filho do Deus Vivo?” e a resposta igualmente positiva. Está mostrando o endurecimento espiritual que chama a confissão da verdade  de blasfêmia.

 

Pedro Nega a Jesus (66-72). A queda de Pedro não foi repentina. Vemo-lo primeiro dormindo em vez de orar, depois lutando em vez de submeter-se; então seguindo de longe; mais tarde sentado com os inimigos em  vez de estar ao lado do seu Senhor; procurando a própria comodidade – aquecendo-se em um momento crítico; finalmente negando seu Senhor em vez de o confessar. No fim do versículo 70 devemos acrescentar as palavras “a tua fala é semelhante” (C.C. 119).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 15


      Jesus perante Pilatos (1-20) Pilatos faz cinco perguntas:

1) És tu o Rei dos Judeus?

2) Nada respondes?

3) Quereis que vos solte o Rei dos judeus?

4) Que quereis, pois, que faça daquele a quem chamais Rei dos judeus?

5) Pois que mal fez?

 

“Pilatos era, sem dúvida, um homem de capacidade, mas perante a suprema prova, que lhe deu uma suprema oportunidade, fracassou. Viu o verdadeiro caminho, mas o abandonou, sabia o que fazer, mas não o fez. Mostrou-se indeciso e quis agradar a todos, fazer bem e mal ao mesmo tempo e, nesta tentativa, quem devia ter julgado ficou mais condenado” (Scroggie).

 

Vemos neste trecho a escolha de Barrabás e não Cristo. Às vezes um grande criminoso consegue cativar a imaginação popular e, em vez de exigir que seja justiçado, o povo quer ver solto o ladrão! Mas estranhamos deveras a perversidade de quem preferiu um criminoso a um Salvador!

“Marcos diz que “vestiam-no de púrpura” (v.17), enquanto Mateus fala de “uma capa de escarlata”; mas, como Lang explica, a capa militar escarlata foi empregada para representar a manta imperial, e por isso é chamada em sentido simbólico de “púrpura” (Gray).

 

Somente em Marcos lemos as palavras “e cuspiram nele, e, postos de joelhos, o adoraram”(v.19); os gentios, assim, em escárnio, renderam a homenagem que Israel devia ter prestado sinceramente.

A crucificação (21-41). Marcos fala mais detalhadamente do que os outros evangelistas a respeito de Simão, o cirineu. “Há milhões hoje que dariam tudo o que têm, e a própria vida, pelo privilégio de fazer o que Simão fez obrigado. Não podemos agora levar a cruz de Cristo, mas devemos resolutamente levar a nossa própria cruz (Mt 16.24)” (Scroggie).

 

Inconscientemente, os inimigos proferem uma grande verdade: “Salvou os outros, e não pode salvar a si mesmo”  (v.31).

“Também os que com Ele estavam crucificados, o injuriaram” (v.32) mas, um pouco mais tarde, um deles mostrou-se arrependido (Lc 23.40,41).

Tal conversão repentina, presumida mas nunca declarada, parece estranha. Bullinger (J. 345-348), ocupa quase três páginas com a prova de que havia quatro crucificados com Cristo, dois malfeitores, que foram levados junto com Ele (Lucas), e depois dois ladrões (Mateus e Marcos) que chegaram mais tarde, depois da distribuição dos vestidos: “Então foram crucificados com Ele dois salteadores” (Mt 27.38, V.B.) Este parecer merece ser investigado cuidadosamente antes de ser rejeitado. Nosso espaço não permite apresentar todas as provas.

É confirmado por uma tradução ao pé da letra por João 19.18, “com Ele outros, dois deste lado e dois daquele”.

O nome Gólgota é o único aplicado pelos evangelistas ao lugar da crucificação. A palavra calvário nunca se lê no original. Vem na versão latina.

Três horas são mencionadas: terceira, sexta e nona, isto é: 9 horas, meio-dia, e 15 horas do nosso horário.

Muitos fatos narrados neste trecho merecem nossa reverente meditação: o do cirineu; a crucificação; a distribuição dos vestidos; “a acusação”; a “blasfêmia” dos que passavam; a palavra “salva-te a ti mesmo”; as trevas; a queixa do desamparo; o vinho (v.23) e o vinagre (v.36); o falecimento. Em cada um destes atos o leitor estudioso achará muito em que pensar.

 

O véu rasgado (v. 38). O véu fazia separação entre o lugar santo e o santíssimo lugar do templo (Hb 9.3). Muitos pensam que a significação do véu rasgado é para Deus sair e abençoar, em virtude da obra consumada, e o crente poder entrar confiadamente como adorador redimido (Hb 10.19-22).

Rasgado de alto a baixo em sinal de ser ato divino, pois os homens o teriam rasgado de baixo para cima.

 

O centurião (v.39), sobressaltado, e presenciando sinais sobrenaturais, chegou a exclamar: “verdadeiramente este homem era Filho de um Deus”. Não podemos entretanto basear-nos nesta declaração para afirmar que ele era um crente, um convertido. Era muito natural que ele atribuísse esse fato maravilhoso a alguma divindade.

 

Vemos no versículo 40 as mulheres olhando de longe, mas antes estiveram bem próximo à cruz (Jo 19.35).

 

A sepultura de Jesus (42-47). Combinando tudo que se diz nos quatro evangelhos a respeito de José de Arimatéia sabemos que ele  era rico, senador honrado, homem bom e justo, discípulo secreto e medroso, sem compromisso na sentença iníqua do Sinédrio, mas corajoso para pedir o corpo e sepultá-lo.

 

Simão levou a cruz de Cristo, José levou o corpo. Nada disso foi feito pelos apóstolos, mas por pessoas anteriormente desconhecidas. Haverá, porventura inúmeros crentes, desconhecidos ainda, que seriam capazes de arriscar tudo por Cristo? Haverá crentes notáveis que fugiriam com os doze? Vossa lealdade a Cristo prova nosso valor, e vossa lealdade é provada nos dias e horas de crise.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MARCOS CAPÍTULO 16


    A ressurreição (1-8). Embora Marcos relate muito resumidamente a ressurreição, ele narra alguns fatos que outros omitem: o propósito das três mulheres de embalsamarem o corpo (v.1); a conversa referente à pedra (v.3,4); a visão do mancebo sentado no sepulcro, à direita (v.5); as palavras “e Pedro” no versículo 7; as mulheres “possuídas de temor e assombro” (v.8), em Mateus é “temor e grande alegria”; e “nada diziam a ninguém, porque temiam” (v.8) enquanto Mateus tem “correram a anunciá-lo aos seus discípulos”.

 

( Alguns entendem ter havido duas visitas das mulheres)

 

Marcos 16.9 salienta que Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena “da qual tinha expulsado sete demônios” (Lc 8.2).

 

O trecho 9-20 deste capítulo [ apesar de comentários em contrário], é citado por escritores dos séculos segundo e terceiro, isso é uma prova de que a igreja o aceitou.

Um sepulcro (v.3,4) nesses tempos era, muitas vezes, um túnel curto escavado no barranco de pedra, um tanto parecido com as minas de água que, às vezes se fazem no Brasil.  

Era costume tapar a entrada com uma grande pedra redonda, muito maior que uma pedra de moinho, e tão pesada que uma mulher não podia removê-la.

 

Não podemos adivinhar quem era o “mancebo” do versículo 5, por isso não vale a pena imaginar sobre o fato. Muitos entendem que era um anjo, nesse caso, é uma interessante indicação do aspecto dos anjos.

 

A grande comissão (5-20) apresentada aqui é um pouco diferente da de Mateus. É mais expressamente uma comissão para evangelizar toda criatura. Não se diz qual o assunto deste Evangelho, mas nós entendemos que é Cristo, a única esperança de toda criatura.

 

Uma tradução literal do versículo 16 seria “o [indivíduo] crente e batizado será salvo, e o descrente será condenado”. A linguagem ajuda-nos a perceber o grande alcance da palavra “salvar” na Bíblia, abrangendo o presente e o porvir. Ninguém nos dirá que um mero rito, praticado uma vez, contribuirá para a nossa eterna salvação do pecado, mas presentemente o crente que vive de acordo com o significado do seu batismo prova que, em alguns sentidos, esse batismo que o associou a Cristo e seu povo, salva-o de muitas coisas neste mundo que não são de Deus (1 Pe 3.21).

 

 

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