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ATOS DOS APÓSTOLOS

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INTRODUÇÃO:

 

 


 

O título "Atos dos Apóstolos" não é muito bem aplicado, porque o livro se ocupa apenas com dois deles, Pedro e Paulo. Era conhecido em tempos antigos como "O Evangelho do Espírito Santo" e "O Evangelho da Ressurreição", mas seu título mais acertado é "Atos do Senhor Ressurgido e Glorificado".  O Capítulo 1.1 revela a mensagem do livro. Os evangelhos recordam a vida de Jesus na carne; Atos, sua vida no Espírito (Lee).

Escritor. Em Atos dos Apóstolos Lucas continua o relatório do Cristianismo começado no Evangelho que traz o seu nome. No "primeiro tratado" ele relata o que Jesus "começou não só a fazer mas a ensinar"; em Atos descreve o que Jesus continuou a fazer e a ensinar pelo seu Espírito.

Data. O livro dos Atos termina com a narrativa do primeiro ministério de Paulo em Roma, em 65 d.C. e parece ter sido escrito nesses tempos.

Tema: Este livro relata a ascensão e a promessa da volta do Senhor Jesus, a descida do Espírito Santo no Pentecoste, o uso das "chaves" por Pedro, abrindo o Reino (considerado como esfera de profissão como em Mateus 13) aos judeus no Pentecoste, e aos gentios na casa de Cornélio. Relata ainda o começo da Igreja Cristã, e a conversão e ministério de Paulo.

O Espírito Santo enche a cena. Como nos evangelhos, a presença do Filho, revelando e exaltando o Pai, é o fato principal, assim a presença do Espírito Santo, exaltando e revelando o Filho, é o grande fato de Atos (Scofield).

 

ANÁLISE DE ATOS

 

Introdução (1.1-11)

1. O período hebraico do testemunho da Igreja pregando a Cristo (1.12 a 8.4).

Centro -  Jerusalém

1.1 Formação da Igreja (1.12 a 2.4).

1.2. Testemunho da Igreja (2.5 a Cap. 3).

1.3. Oposição à Igreja (Cap. 4 a 5.10).

1.4. Prosperidade da Igreja (5.11-42).

1.5. Administração da Igreja (6.1-6).

1.6. Perseguição da Igreja (6.7 a 8.4).

2. O período transicional do testemunho da Igreja (8.5 a 12).

Centro - Antioquia

2.1. Filipe prepara um testemunho mais amplo (8.5-40).

2.2. Paulo prepara um testemunho mais amplo (9.1-31).

2.3. Pedro prepara um testemunho mais amplo (9.32 a 10.48).

2.4. Os apóstolos preparam um testemunho mais amplo (cap.11).

2.5 A Igreja prepara um testemunho mais amplo (Cap. 12).

3. O período gentílico do testemunho da Igreja (cap. 13 a 28).

Centro - Roma

3.1. A atividade incansável de Paulo (cap. 13 a 21.16).

3.1.1. Sua primeira viagem missionária (Cap. 13 a 15.35).

3.1.2. Sua segunda viagem missionária (Cap. 18.23 a 21.16).

3.1.3. Sua terceira viagem missionária (Cap. 18.23 a 21.16).

3.2. Prisão frutífera de Paulo (Cap. 21.17 a 28).

3.2.1. Em Jerusalém (21.17 a 23.22).

3.2.2. Em Cesaréia (23.23 a 26.32).

3.2.3. Em Roma (Caps. 27 e 28) - (Scroggie).

 

 

A MENSAGEM DO LIVRO DE ATOS

 

 

Qual é o escopo deste livro, que liga os evangelhos com as epístolas? Têm-se dito que é: "a origem e progresso do cristianismo desde a capital do judaísmo até a capital do paganismo"; e também: "Os atos do Salvador glorificado formando e treinando a sua Igreja". Este último está mais de acordo com o que o próprio livro afirma de si mesmo.

No Evangelho de Lucas temos a narrativa daquilo que Jesus fez, Ele próprio, e, em Atos, do que fez por intermédio de outras pessoas. Cristo, mais do que a Igreja, é o assunto, porque Ele é o autor, a autoridade da obra, enquanto a Igreja é apenas o instrumento. Isto compreendido, muitas dificuldades deixarão de existir, tais como: por que os discursos são resumidos; por que as viagens longas são referidas em poucas palavras; por que faltam detalhes de grandes períodos de serviço em certos centros; e por que o livro termina não inopinadamente.

 

O sentido do livro não é tanto biográfico ou histórico, mas espiritual, e seu propósito dominante é relatar o que o Senhor ressurreto fez por muitos servos em muitos lugares e em benefício de muita gente pelo seu Espírito. Isso demonstrado, o propósito do livro estava realizado, e a pena posta de lado. Não há nenhuma conclusão formal do livro, que fica aberto e incompleto, porque a grande obra começada não terminou com a prisão de Paulo. Ainda continua, e durante todos os tempos o Cristo glorificado nunca tem cessado de operar por meio dos seus remidos (Scorggie).



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 1º


 

A ascensão (1-14). Notemos neste trecho; a) As provas infalíveis da ressurreição, dadas, não em uma ocasião a uma pessoa, mas durante um período de 40 dias a uma variedade de testemunhas. b) A promessa do Espírito; o batismo com o Espírito Santo é referido sete vezes no N.T. - Quatro pelos lábios de João Batista; depois em Atos 1.5 e 11.16, e afinal em 1 Co 12.13. Notemos de passagem que em Atos 2.33 o batismo com o Espírito é chamado um "derramamento", e em 11.15 diz-se que o Espírito "caiu sobre" os ouvintes. c) A ascensão ao Céu: As expressões empregadas são: "elevado" (v.9 e Lc 24.51); "recebido acima no céu"(Mc 16.19); "penetrou nos céus" ( Hb 4.14); "entrou no mesmo céu" (Hb 9.24); e "está à destra de Deus" (1 Pe 3.22).

A mensagem dos dois varões vestidos de branco é muito importante: dizem que o Senhor  voltará do Céu, e que será "esse mesmo Jesus" que há de voltar "assim como para o céu o vistes ir", corporalmente, nas nuvens, visível aos olhos naturais - não apenas em algum sentido espiritual á hora da morte ( Goodman).

Notemos ainda, no versículo 13 a lista completa dos onze apóstolos, todos reunidos no "Cenáculo". É a última vez que a mãe de Jesus é referida. Vemos que, afinal, seus irmãos agora figuram entre os crentes.

Judas e Matias (15-26). Nos versículos 16,17. Pedro explica aos 120 discípulos reunidos que a traição de Judas havia sido prevista por Davi (Sl 69.25 e 109.8).

Os versículos 18,19 parecem ser uma explicação acrescentada pelo escritor Lucas.

O versículo 18 dá-nos a ideia de que a corda com que Judas se enforcou partiu-se depois de ele estar morto, precipitando-se no chão.

Notemos neste trecho: a) a inspiração das Escrituras - Davi falou pelo Espírito Santo. b) O fato da profecia - Davi falou concernente a Judas com mil anos de antecedência. c) A queda por transgressão, provando que os iníquos não podem ser servos de Deus. d) A escolha feita por sorte. O Velho Testamento refere-se a este meio de decidir as questões (Pv 16.33; 18.18). Depois da descida do Espírito Santo nunca mais lemos de lançarem sortes. e) A escolha de Matias, que não foi feita pedindo-se aprovação de Deus (v.24) Acharam dois que estavam nas condições indicadas: "que conviveram conosco todo o tempo" (v.21) e, por meio de sortes, foi escolhido Matias e não José (Goodman).

O parecer do dr. Campbell Morgan sobre este trecho é diferente, mas merece atenção:

"Estes homens não entenderam. Amavam o Senhor, eram leais a Ele, amavam-se uns aos outros, amavam as Escrituras e tinham chegado a uma nova apreciação delas, mas ainda não estavam preparados para o seu trabalho, porque não tinham percebido o que seria... Ignoravam absolutamente o próximo passo no programa de Deus, e nunca o entenderam antes do Pentecoste e da interpretação pelo Espírito de todas as coisas que Jesus tinha dito."

Notemos a sua consequente incapacidade de executar a comissão divina. Jesus lhes tinha dito que seriam testemunhas. Mas aqui estão no cenáculo de comum acordo; continuando em oração; alegres no seu companheirismo; constantes na sua lealdade, mas incapazes de testemunhar. Não podiam dar testemunho de Jesus a não ser depois de Pentecoste.

"E outra vez - este é um ponto de interpretação bastante debatido - temos aqui uma revelação da ineficácia deles na organização. Creio que a eleição de Matias foi um erro. A ideia deles, que era necessário haver mais de uma testemunha da ressurreição, era errada. Disseram que a testemunha devia ter estado com eles desde o batismo de João. Pensavam que uma testemunha devia ter visto Jesus antes da sua ascensão. A verdade, porém, é que o testemunho mais eficaz era o fato de ter visto depois da ressurreição, como quando Ele se manifestou a Paulo de Tarso no caminho de Damasco. Assim,  a base deles era errada. Também seu método de escolha foi errado. O método de lançar sortes não mais era necessário. Assim parece-nos que a nomeação de Matias foi errada. Ele era um bom homem, mas não o homem para esse lugar. Ele não aparece mais na história; e quando chegarmos à glória final da cidade de Deus, veremos doze fundamentos e neles o nome dos doze apóstolos (Ap 21.14). Ora, não vejo base para omitir o nome de Paulo do número dos doze, pois creio ser ele o homem que Deus nomeou para preencher o lugar".

 

Outros entendem que a alusão aos "doze" em Atos 6.2 torna inadmissível esta explicação.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 2º

 

 

A descida do Espírito Santo (1-13). Quatro vezes no N.T. achamos os crentes reunidos no domingo (Jo.19,26;  At 2.1 - cinquenta dias depois do sábado da páscoa - e Atos 20.7); e na terceira vez realizou-se a prometida descida do Espírito Santo. Os discípulos eram já cristãos, mas agora são constituídos em "um corpo" (1 Co 12.13) - a Igreja Cristã.

A palavra grega  "Pentecoste" quer dizer cinquenta, porque esta festa era celebrada 50 dias depois da Páscoa. É muito provável, por isso, que a descida do Espírito Santo se tenha dado no domingo, estando os discípulos reunidos nesse dia, segundo o seu costume.

Sobre este notável acontecimento, notemos:

a) Foi predito pelo próprio Jesus (1.8).

b) Era sobrenatural e evidentemente de origem divina.

c) Foi ouvido (v.2) e visto (v.3).

d) Foi controlado em tudo pelo Espírito de Deus (v.4).

e) Foi um sinal de que o poder de Deus estava com a Igreja nascente.

f) Foi uma revelação aos demais das "Grandezas de Deus" (v.11).

Pedro explica  o acontecimento (14.36). Devemos notar as palavras de Pedro: "Isto é o que foi dito". O pleno cumprimento da profecia será em outra ocasião, ainda futura.

Neste discurso notemos: a) o tema: Jesus de Nazaré, Senhor e Cristo; b) a autoridade: tudo que Pedro diz é baseado nas Escrituras; c) o fato de que Cristo morreu e ressuscitou; d) a aplicação: todos confessam Jesus como Senhor e Cristo (v.36).

Na apologia de Pedro notamos:

a) a sua ocasião - a crítica de alguns ouvintes mundanos (v.13); b) que começou com uma negação, alegando que era absurdo dizer que os crentes estivessem embriagados tão cedo no dia; c) que se referiu a uma profecia, mas sem dizer que fora cumprida; d) que continha uma palavra preciosa sobre "salvação" (v.21).

Que significa "invocar o nome do Senhor"? Significa, ao menos:  a) perceber alguma coisa do seu poder salvador; b) sentir necessidade da Salvação, c) confiar no Senhor, como Salvador presente, acessível, cheio de vontade, suficiente.

O dr. Goodman, falando deste primeiro sermão evangélico, diz que ele: a) começa com um chamado para ouvir - v.22; b) anuncia Cristo, começando com as palavras havia pouco escritas na cruz: "Jesus de Nazaré"; c) refere-se à sua morte e ressurreição;  d) reconhece a culpa humana, a também "o determinado conselho e presciência de Deus"; e) demonstra que os fatos foram preditos nas escrituras.

As primeiras conversões (37-47). Vemos neste trecho que a primeira coisa é arrepender-se: uma mudança radical de pensamento e atitude para com Deus. Esse arrependimento produz "frutos dignos". Segue-se o Batismo e uma aberta confissão de Fé em Cristo.

Arrependimento e fé são seguidos de duas bênçãos: a remissão dos pecados (At 10.43) e o dom do Espírito Santo. Os pecados são perdoados mediante o valor do sangue, para que andemos em novidade de vida no poder do Espírito (Goodman).

Este trecho dá-nos um precioso exemplo da convivência cristã. Notemos:

a) Recepção da Palavra. A vida cristã começa aí. A Palavra que nos revela o amor e a graça de Deus é recebida, apreciada e divulgada.

b) Reunião (41,44). O verdadeiro crente costuma procurar a companhia dos seus irmãos em Cristo. Para ele a comunhão fraternal é uma preciosa realidade.

c) Perseverança. Perseveravam na doutrina apostólica, na comunhão fraternal, no partir do pão e nas orações. Por quantos anos tem perseverado o leitor?

d) O temor de Deus na presença de muitos sinais feitos pelos apóstolos.

e) Comunidade de bens, ou, pelo menos, o comum uso dos bens que possuíam. Isto tem sido realizado até em nossos tempos entre dois ou três irmãos que se têm sentido intimamente ligados pelo amor fraternal. Tentar fazer a mesma coisa onde não existe bastante amor e confiança, seria um desastre.

Aqui podemos notar a importância de não transformar um caso em uma regra.

f) Distribuição aos necessitados.

g) O mesmo "ânimo" (não a mesma opinião) entre todos, e um fraternal acordo nas reuniões de louvor.

 

Vemos as características da igreja de então: firmeza na fé, comunhão, oração, caridade, gozo, paz, influência e bom êxito. Façamos a nós mesmos a seguinte pergunta: "O que estou fazendo para tornar a igreja de hoje semelhante à igreja de então? " (Scroggie).



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 3º

 

 

O coxo é curado (1-10). O Dr. Scroggie divide este trecho assim: 1) As circunstâncias - dois apóstolos, de temperamento muito diverso um do outro, de caminho para a casa de oração, às três horas da tarde. 2) O caso - Um homem de seus 40 anos, coxo, mendigando, pedindo esmola quando necessitava saúde. Ele exemplificava a incapacidade do homem natural de andar com Deus. 3) A cura - o apóstolo olhou para o homem e mandou-o olhar para ele. Assim despertou a sua atenção. Falou-lhe: "O que eu tenho, isso te dou". Há poder no nome! 4) As consequências - o homem curado cheio de regozijo; o povo pasmado e assombrado.

Com respeito ao coxo podemos notar: a) que provavelmente estivera ali há bastante tempo; muitas vezes tinha visto Jesus passar, mas nunca lhe pedira a cura; b) que ele agora pede uma esmola de dinheiro, obtendo uma dádiva de saúde; c) recebeu, por graça divina, o poder de andar bem, e imediatamente faz uso dos seus novos poderes, entrando na Casa de Oração. d) em consequência da graça recebida, vemos o homem com nova saúde, nova alegria, nova direção, nova companhia, novo louvor.

A mensagem do milagre (11-26). É o terceiro discurso de Pedro. O primeiro: 1.15-22; o segundo; 2.14-36; o terceiro: 3.12-26.

Vemos como Pedro fala do nome de Jesus (v.16); esse nome nos ocupa com a Pessoa a quem pertence com o caráter de quem é referido, e com o poder e a caridade do Senhor. Empregar o nome de Cristo assim importa invocar o poder de Cristo (Goodman).

 

Notemos que no versículo 26 devemos ler "levantando" (como no versículo 22) e não "ressuscitando".



 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 4º

 

Pedro e João perante o Sinédrio (1-12). Vemos agora o começo do conflito e da perseguição aos cristãos, conflito esse que tem perdurado , ora mais intensamente, ora menos, até hoje. Prisões, mais do que palácios, têm sido santificados pelas orações dos crentes.

 

As primeiras consequências (13-23) da pregação do Evangelho: a) os pregadores presos; b) as autoridades religiosas opõem-se; c) as testemunhas cheias do Espírito Santo; d) a verdade proclamada; e) as Escrituras citadas; f) a salvação anunciada no nome de Cristo; g) muitos crêem.

 

Uma reunião apostólica para oração (24-37). vemos: a) que estavam unânimes em levantar a voz a Deus em oração - não em discutir o incidente perante o Sinédrio; b)glorificaram a Deus como o inspirador das Escrituras; c) pediram ousadia para testemunhar, e sinais confirmatórios.

 

A resposta à oração foi notável: a) o lugar abalado (31); b) unanimidade (32); c) poder e graça (33); d) liberalidade (32,34)(Goodman).

 

Podemos notar que o ideal referido no versículo 32  de comunidade de bens era comunidade de uso e não de posse. A medida em que uma coisa semelhante pode realizar-se hoje depende do grau de confiança mútua que existia entre os crentes (veja-se sobre 2.44).

 

Vemos ainda mais: a venda de propriedades e a distribuição apostólica do produto (34-37).

 

"Isto não quer dizer que todos vendiam tudo que tinham, mas que a necessidade do momento foi suprida dessa maneira: mediante a venda de propriedades" (Grant).

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 5º

 

O juízo começa pela casa de Deus (1-16; 1Pe 4.17). O assunto de juízo na casa de Deus merece um cuidadoso estudo. Podemos notar os seguintes pontos: a) o juízo do povo de Deus merece um cuidadoso estudo. Podemos notar os seguintes pontos: a) o juízo do mundo será no fim deste "Dia de graça" (At 17.31; 2 Co 5.10); b) O juízo do povo de Deus em disciplina, castigo e correção começa nesta vida (1 Co 11.32) para que não pereçamos com o mundo; c) se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados (11.31); d) este julgamento, às vezes, toma a forma de doença (1 Co 11.30; Tg 5.15); e) o juízo será consumado no Tribunal de Cristo (2 Co 5.10).

 

O pecado de Ananias e Safira foi chocante porque era: a) premeditado; b) disfarçado com hipocrisia; c) acompanhado de mentira (Goodman).

 

Libertação milagrosa (17-28). Em certas ocasiões, o crente, perseguido em uma cidade, deve fugir para outra (Mt 10.23); em outras Deus revela ser sua vontade que volte a apresentar-se perante os inimigos para tornar a dizer-lhes "todas as palavras desta vida" (v.20).

Notemos a expressão "esta vida" - não uma nova lei, uma nova religião, mas uma nova vida de que Cristo é o motivo, poder e alvo.

 

Pedro e os príncipes dos sacerdotes (29-42). Aqui temos o quarto discurso de Pedro, em que ele mais uma vez testifica de Cristo.

Notemos: a) o que o Sinédrio disse ao apóstolo; b) o que o apóstolo disse ao Sinédrio; c) o que Gamaliel aconselhou. O conselho de Gamaliel mostra prudência humana, mas nenhum zelo pela verdade.

Vemos a barbaridade daqueles tempos, em que cruelmente açoitaram os dois apóstolos sem ter podido provar qualquer delito contra eles.

 

"Os amigos de Jó argumentaram como Gamaliel, e foram reprovados pelo sofredor por falarem enganosamente (Jó 13.7), pois ele tem visto os iníquos passar seus dias na prosperidade (Jó 21.13). O pregador tinha visto o mesmo e o relato entre as vaidades das coisas terrestres (Ec 8.14). Habacuque fez uma queixa semelhante (Hb 1.13), e Jeová respondeu-lhe que o justo viverá pela fé (2.4)" (Grant).

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 6º

 

A instituição dos diáconos (1-7). Estranhamos um pouco a situação revelada nestes versículos. Parece ser consequência de terem tantos dos discípulos vendido seus bens e entregado o dinheiro à igreja. Agora contam com a igreja para sustentar as viúvas que deviam ser protegidas pelos seus parentes.

Acaso teria relação com a mesma circunstância e fato de haver tantos crentes pobres em Jerusalém (Rm 15.26), que foi preciso socorrê-los mediante coletas  no estrangeiro?

 

No versículo 1 devemos preferir a tradução da V.B. "helenistas" e não "gregos". Entendemos que se trata, não de gentios, mas de israelitas moradores no estrangeiro, nessa ocasião, presentes em Jerusalém, e dispostos a abraçar o novo ensino.

 

Notemos as qualidades necessárias até para prestar um serviço humilde na Igreja; cheio : 1) do Espírito Santo; 2) da sabedoria; 3) graça (V.B. 8); 4) fé; 5)poder. Porventura temos todas essas qualidades?

 

Uma das lições do incidente pode ser que quem tem dons de ensino espiritual nem sempre deve preocupar-se com a administração dos fundos da igreja.

Esta é a primeira vez que lemos na Palavra de uma "reunião de negócios" da igreja.

É interessante notar que todos os "diáconos" tinham nomes gregos, havendo assim mais uma garantia de que as viúvas não seriam desprezadas.

 

O primeiro mártir (8-15). Este esboço do caráter de Estevão é cheio de interesse. Vemos nele qualidades preciosas: fé, poder, sabedoria, espiritualidade, e um aspecto como de um anjo. Contudo, nada disso impressionava os inimigos, que fizeram seu apelo à cobiça e ao fanatismo do povo. E ainda hoje acontecem coisas semelhantes.

 

A sinagoga dos libertinos (9). "É preferível a tradução da V.B. "libertos", referindo-se talvez, a judeus levados cativos a Roma por Pompeu em 63 a.C. e cujos filhos, libertados, voltaram à Jerusalém e ali fundaram uma sinagoga" (Pequeno dicionário Bíblico).

 

"Mudar os costumes que Moisés nos deu" (v.14). Essa foi a principal acusação contra Estevão. Nada há que mais escandalize a maior parte das pessoas do que uma proposta de mudança religiosa. Muitos chegam a reprovar o Evangelho ainda hoje porque lhes parece diferente daquilo a que estão acostumados.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 7º

 

Estevão fala de Abraão, Jacó, José, etc. (1-19). As acusações contra Estevão eram duas: 1) blasfêmia contra Moisés e Deus, e 2) a afirmação de que "este Jesus" havia de destruir o templo e a Lei.

Na sua defesa ele: a) reconta a história nacional; b) diz que esta história demonstrava a disciplina divina; c) afirma a constante perversidade do povo.

Podemos aprender algumas lições deste trecho, por exemplo: que o passado contém lições para o presente; que a nossa educação espiritual seria incompleta sem o Velho Testamento; que a voz de Deus pode mandar-nos sair de nosso lugar e família; que a senda da fé é uma peregrinação; que o povo de Deus pode ser oprimido pelo mundo.

 

"No versículo 16 há uma bem conhecida dificuldade relacionada com o que se diz aqui do enterro de Jacó e seus filhos. A retificação mais simples é omitir a palavra "Abraão" do texto aqui, que então seria "que ele comprara" referindo-se a Jacó, e eles foi transportado para Siquém, havia de referir-se somente aos filhos de Jacó, um dos quais, como sabemos, era José, e a tradição judaica diz que os outros filhos também o foram. A omissão da palavra Abraão encontra apoio na seguinte circunstância: que um manuscrito uncial (escrito em letras maiúsculas) antigo e de boa autoridade, apresenta nesta altura um acréscimo que dá uma forte presunção de que" Abraão" seja um acréscimo" (Grant).

 

Bullinger traduz o versículo 16 assim: "E foram transportados para Siquém, e postos na sepultura, ele [Jacó], naquela que Abraão comprara por certa soma de dinheiro, e eles nessa que foi comprada aos filhos de Hamor, em Siquém" (J. 349). E, no versículo 18: "se levantou um rei de outra família" (J.350).

 

Estevão fala de Moisés (20-40), provando que esse foi recusado por Israel (v.35), e que o mesmo Moisés falara de Cristo (v.37), que os adversários também rejeitaram.

Um profeta como eu (v.37),. Semelhante a Moisés em que ambos tinham um preparo especial e uma vocação divina; ambos fundaram uma dispensação; exerciam uma nova força espiritual; eram ensinadores religiosos; possuíam autoridade divina; foram rejeitados por sua geração. Mas o Messias é maior do que Moisés (Scroggie).

 

Estevão fala da apostasia de Israel (41-53), arguindo o povo de desobediência, de idolatria, de hipocrisia religiosa, e referindo-se ao castigo divino. Fala do afastamento dos israelitas de Deus, prevendo que serão abandonados às suas próprias concupiscências (v.42 comparado com Romanos 1.24, 26) e desterrados da sua pátria.

 

Contudo, não se incomodaram muito com esta repreensão, porém quando Estevão parecia desprezar o templo, o aspecto dos adversários mudou.

 

Houve murmuração, e talvez gritaria. Assim é que se explica a mudança repentina do estilo do discurso nos versículos 51-53.

 

Estevão é assassinado (54-60). E no meio desta gritaria infernal, Estevão não mais encara os inimigos. Com os olhos levantados ele vê a glória de Deus, e Jesus de pé (compare-se com Colossenses 3.1 - Cristo sentado) como se estivesse ainda disposto a voltar. "Mas os seus cidadãos aborreciam-no, e mandaram após ele embaixadores [como Estevão] dizendo: Não queremos que este reine sobre nós." (Lc 19.14).

 

Vemos que o Mártir, nas suas últimas palavras (v.60), mostrou o mesmo espírito do seu Senhor (Lc 23.34). Compare-se a última oração de Sansão em Juízes 16.28.

 

Falando de Estevão e do moço Saulo, diz F.W. Grant: "Aqui evidentemente temos uma previsão daquilo que ia acontecer. Somente na linguagem de Saulo, o perseguidor, que logo chegou a ser Paulo, o apóstolo, podemos achar uma expressão adequada da interpretação espiritual dos últimos momentos do moribundo Estevão. Saulo havia de ver, pela maravilhosa graça de Deus, aquilo que Estevão percebeu e de que testificou na hora da sua morte. Saulo tinha visto aquele poder transformador da glória de Cristo, do qual ele fala. Em algum sentido, Paulo dá uma ideia de Estevão revivendo. A vida de Paulo parece ser o reflexo da impressão que recebeu por ocasião da morte do Mártir. Certamente temos aqui a antecipação daquele "Evangelho da glória de Cristo" (2 Co 4.4), que era, num sentido especial, o Evangelho de Paulo".

 

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 8º

Saulo, Filipe e Simão (1-8). "O Evangelho descobre o verdadeiro caráter dos homens. Temos neste capítulo uma tríplice ilustração desta verdade. Em Saulo, revela animosidade e ódio; em Filipe, amor e desejo pelo bem dos samaritanos, outrora inimigos; em Simão, avareza e ambição do poder" (Goodman).

 

Notemos as consequências da primeira perseguição: espalhou os crentes, e assim resultou em propagação do Evangelho; separou os genuínos dos meramente interessados; despertou os corações dos verdadeiros crentes; fortaleceu esses crentes no seu testemunho do Evangelho.

 

Este não é Filipe, o apóstolo, mas o "diácono" (6.5) e evangelista (21.8).

 

Sobre o versículo 4 diz o dr. Maclaren:

1) Notemos o impulso espontâneo a que estes homens obedeceram. Regozijando-se em um grande Salvador e amigo, e vendo em redor os que necessitavam dele, pregavam-lhe a Cristo. Este impulso resulta:

a) de um interesse pessoal em Cristo, de uma experiência da sua graça salvadora; b) de uma compaixão por aqueles que carecem de bênção espiritual; c) de uma lealdade a Cristo, querendo obedecer ao seu mandato e proclamar a sua fama.

2) Notemos a obrigação universal de todos os crentes de anunciarem a Cristo. Estes Homens não eram formados; não tinham salário; evangelizavam espontaneamente.

3) Notemos a simplicidade da mensagem que proclamavam, falando pela experiência própria, anunciavam a Cristo como Salvador e Senhor.

4) Notemos o poderoso ajudador que cooperava com eles: "a mão do Senhor estava com eles". E nosso serviço, por mais humilde que seja, terá bom êxito com a sua bênção.

Simão, o embusteiro (9-25). No caso deste homem vemos como é possível alguém ser "crente" porque percebe que o Evangelho é a verdade (veja-se Jo 2.23), porém, sem ser convertido pelo poder dessa verdade na própria vida.

 

Com respeito a este trecho fazer as seguintes considerações:

1) Que Simão, o Mago, creu (v.13) alguma coisa, mas, pelo visto, não era renascido. Contudo foi batizado e incluído no rol dos discípulos.

2) Que ele pensava ser o cristianismo mais uma forma de magia, e que se pudesse obter por dinheiro o conhecimento dos seus mistérios.

3) Que Pedro discerniu estar Simão Mago ainda no caminho da perdição (v.20), e o denunciou como quem não tinha parte nem sorte em Cristo.

4) Que um tal "crente", professo, batizado, mas perdido, pode arrepender-se e orar a Deus, implorando perdão.

5) Que Deus toma conhecimento dos pensamentos do coração (v.22; 1 Sm 16.7).

6) Que podemos interceder pelos iníquos arrependidos.

 

Em que se parece o nosso leitor com Simão, o Mago? e em que é diferente dele?

Filipe e o eunuco (26-40). Dos sete que foram escolhidos para servir às mesas (6.5), um foi martirizado logo, e outro foi transformado em evangelista. Também a necessidade de servir às mesas desapareceu com a dispersão da igreja (8.1).

 

Agora vemos em Filipe, chamado pelo Senhor, deixar um centro movimentado onde está experimentando grandes bênçãos, para ir para um lugar deserto, a fim de evangelizar um único homem. No eunuco vemos: a) um homem que não está satisfeito, apesar de gozar posição, poder e posses; b) um pesquisador, diligente, capaz de aprender, e, finalmente, c) um homem convertido, crente, confessando, regozijando-se (Scroggie).

 

Podemos pensar que este etíope, vindo de Abissínia, era de descendência israelita, e que fizera a peregrinação a Jerusalém a fim de satisfazer os seus anseios espirituais.

Chegou tarde para ver Cristo em carne, mas não para ouvir o Evangelho.

Notemos que Filipe era homem obediente, atento, submisso ao Espírito, cortês, instruído na Palavra (Goodman).

 

No versículo 33 a palavra para vida é "zoé", não "psychê". (veja-se a nota sobre João 12.25) Assim entendemos que a "vida tirada da terra" não se refere à vida física de Jesus, mas àquela vida espiritual em comunhão com p Pai, que fora manifestada aos discípulos (1 Jo 1.2).

 

Notemos que o versículo 37 não se encontra em muitos manuscritos, nem na V.B. Contudo, o versículo não apresenta nenhum pensamento errôneo.

 

A palavra "eunuco" geralmente significa homem castrado, mas pode ter também o simples sentido de oficial do palácio real.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 9º

 

A conversão de Saulo (1-18) é relatada três vezes em Atos: aqui, em 22.1-16, e em 26.6-19. As palavras "Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões" e "ele tremendo e atônito disse: Senhor, que queres que faça?" não se encontram aqui nos antigos manuscritos gregos, mas somente no capítulo 26.

 

Comparando 9.7 com 22.9 entendemos que os companheiros ouviram a voz do céu, mas não a ouviram para entender. Vemos frequentemente na Bíblia que ouvir significa atender ou entender (Mt 13.18; 18.17; Mc 4.33, etc.)

 

Notemos algumas características da conversão de Saulo, a mais notável que a Escritura relata: foi repentina e completa; resultou de uma visão de Cristo, de uma manifestação da graça divina, de uma comunicação do Céu. Tudo isso redundou em ter Saulo aberto os olhos e os ouvidos, prostrado-se e obedecido, e de ter sido obediente à visão celestial (26.19).

 

O efeito foi: inteligência iluminada, coração contrito, vida transformada, serviço inspirado, testemunho positivo, união à fraternidade, e morte de mártir.

 

Em Ananias vemos um homem atento, informado, e por isso duvidoso, obediente, simpático e fraterno.

 

Consequências da conversão (19-31): a) associação com os crentes (v.19); o novo convertido procura a companhia dos seus irmãos na fé; b) testemunho público; da abundância do coração a boca fala; c) esforço e argumento que resultam da convicção; d) perseguição por parte dos inimigos; e) ousadia, até o ponto de pôr em perigo a vida (v.29).

 

Podemos considerar Saulo como perseguidor, prosélito e pregador.

Como perseguidor: a) agia de acordo com instruções recebidas; b)era sincero: "entendia que devia fazer toda a oposição ao nome de Jesus, o Nazareno" (26.9); c) era intransigente - deu seu voto pela morte dos cristãos (26.10); d) era cruel - "obrigava-os a blasfemar" (26.11); e) era persistente - "perseguia-os até nas cidades estrangeiras" (26.11).

 

Como prosélito ao cristianismo:

1. A causa da sua conversão: a) uma visão de Cristo glorificado; b) uma audição da voz divina; c) uma convicção da própria culpa; d) uma compreensão de que Cristo se identifica com o seu povo perseguido.

2. Os efeitos: a) submissão à vontade divina (22.10); b) compreensão da fraternidade cristã (22.13); c) conhecimento do plano de Deus (22.14); d) orientação nova para o serviço futuro (22.15); e) comunhão com os crentes (9.19); f) confissão pública do seu Salvador (9.20).

Como pregador, Paulo falou por experiência própria, não apenas repetindo verdades lidas num livro. Testificou daquilo que recebera de Cristo. Seu assunto era uma Pessoa conhecida, amada, obedecida: não apenas uma doutrina nova, ou um novo meio de salvação. Afirmou ser Jesus "o Filho de Deus", isto é, a expressão da natureza do Pai, o consumador dos propósitos do Pai.

 

O efeito da sua pregação surpreendia os ouvintes (v.21), que notavam a transformação do perseguidor em pregador. Os adversários ficaram confundidos (v.22).

 

Enéias curado, Tabita ressuscitada (32-43). Vemos que os apóstolos, como seu Mestre, acharam em cada caso de necessidade uma oportunidade para serviço. Enéias é curado sem pedir a cura.

No caso de Tabita, notamos o empenho dos amigos, a convicção de que o homem de Deus era o recurso na hora da necessidade, e a lamentação que, afinal, não tinha cabimento na presença do poder de Deus.

 

Pedro quis ver-se livre das pessoas que não contavam com o poder divino; sente-se dependente da graça que vem pela oração e ordena confiadamente: "Tabita, levanta-te!"



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 10º

 

Duas revelações (1-16). Uma a Cornélio, outra a Pedro. Este capítulo é notável porque relata a abertura da porta do Evangelho aos gentios (15-7). Em Cornélio, um oficial do exército romano, descobrimos piedade, reverência, influência, liberalidade, oração, receptividade e obediência (Scroggie).

 

Pedro estava em oração ao meio-dia quando recebeu a revelação. É coisa difícil transformar idéias e costumes religiosos, e, apesar da visão milagrosa Pedro mostra-se disposto a desobedecer à voz divina. E na verdade é prudente desconfiar de qualquer revelação que pareça contradizer um mandamento expresso da Palavra de Deus (Dt 14.4-20).

Pedro faz bem em meditar a respeito da visão. Com a chegada dos servos de Cornélio ele encontrou a interpretação.

 

Notemos a localidade: Cesaréia, uma cidade importante no cristianismo, não somente porque ali as portas do Evangelho foram abertas aos gentios, mas porque nesse mesmo lugar Paulo esteve preso por dois anos. Em Cesaréia nasceu o historiador Eusébio; nessa cidade Orígenes estudou, e escreveu seus comentários (Thomson).

 

Até este capítulo o Evangelho tinha sido pregado somente aos judeus e samaritanos. Fazia, talvez, uns onze anos desde o Pentecoste (Goodman).

 

Pedro visita Cornélio (17-33). A expressão "Deus não faz acepção de pessoas" ocorre onze vezes na Bíblia. É uma das verdades mais claras da revelação. Tanto Cornélio como Pedro tiveram de aprendê-la. Pedro não devia pensar ser Cornélio imundo pelo fato de ser gentio; Cornélio não devia adorar a Pedro por este ser um servo de Deus (Goodman).

 

Devemos pensar ,muito nessas palavras "Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum e imundo" (v.28). Só pensamos com acerto em nosso semelhante quando nele pensamos como Deus pensa.

 

O primeiro sermão aos gentios (34-48). Podemos dividir o discurso em quatro partes: a) os fatos históricos referentes à Cristo; b) as evidências desses fatos; c) a proclamação dos fatos; d) o resultado.

 

Na nossa meditação deste trecho, podemos considerar: o que Pedro reconheceu (v.34); o que agrada a Deus (v.35); qual a Palavra que Ele enviou (v.36); onde essa palavra foi primeiro anunciada, e até onde se espalhou (v.37); duas coisas que Jesus de Nazaré andou fazendo; seu preparo espiritual e sobrenatural (v.38).

 

Seguiram-se as mesmas manifestações que se verificaram no dia de Pentecoste - línguas, louvores, batismo.

 

No versículo 47 podemos notar a expressão "impedir água".

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 11º

 

Apologia de Pedro (1-18). Notemos neste trecho: a) que então, como hoje, comumente acontecia alguém ser arguido por ter feito o bem, quando esse bem transgredia alguma regra eclesiástica (v.3); b) que Pedro se defendeu, contando os fatos, sem argumentar sobre eles; c) que ele se lembrou das últimas palavras do Senhor Jesus (1.5); d) que achou que seria "estorvar a Deus", o não reconhecer como irmãos na fé estes gentios convertidos.

 

Vemos que assim os apóstolos e demais crentes em Jerusalém fizeram a grande descoberta: o Evangelho não era somente para Israel, mas também para os gentios (v.17).

O Evangelho pregado aos gentios em Antioquia (19-30). Devemos distinguir entre esta Antioquia, capital da Síria, e a terceira cidade do Império Romano, e Antioquia da Psídia (At 13.14; 14.19,21; 2 Tm 3.11), que é também chamada Cesaréia (Pequeno dicionário Bíblico).

Notemos neste trecho: 1) Como o Evangelho se difundiu, em consequência de uma perseguição (v.19); 2)Como as igrejas se  formaram: os crentes no Senhor Jesus sentiram a necessidade da convivência; 3)Como as igrejas se animaram mutuamente: a de Jerusalém enviando obreiros à Antioquia; 4) Como foram estabelecidos pelo ministério de diversos servos de Deus.

Em Barnabé vemos bondade, espiritualidade, fé, alegria no bem, serviço de exortação, capacidade para guiar o serviço dos outros (v.25).

Aqui encontramos mais um os títulos dados às pessoas que receberam Cristo como seu Senhor: cristãos. Outros nomes bíblicos são crentes, irmãos, santos, remidos, salvos, povo de Deus. Podemos notar que tais nomes bíblicos tendem a unir os crentes em uma só família, porque são nomes comuns a todos os remidos, enquanto os nomes não bíblicos dividem os crentes, porque não são comum a todos.

O fim do capítulo dá-nos um ensino importante sobre contribuição: sua ocasião, sua proporção, sua condução.

 

No versículo 28 devemos ler "fome em toda a terra" (O.82).



 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 12º


Pedro na prisão (1-11). Notemos as pessoas referidas neste capítulo: Herodes Agripa, neto de Herodes, o Grande, homem capaz de perseguir os humildes apóstolos de Jesus. Tiago, que morre pela sua fé; Pedro, que pela fé é salvo da prisão (alguns pela fé) escaparam do fio da espada; outros pela fé morrem ao fio da espada - (Hb 11.34,37); Maria e seu filho, João Marcos; a menina rode e outras pessoas em oração; e o anjo que livrou Pedro da prisão.

 

Notemos a diferença entre a porta de ferro (v.10) e a porta do pátio (v.13). Era necessário um milagre para abrir a primeira, e Deus pelo seu anjo operou o milagre; a segunda podia ser aberta do lado de dentro por uma menina, e por isso não foi preciso Deus operar nenhum milagre.

 

Vemos o mesmo princípio em outros casos: Que Deus não opera milagres desnecessários. Há doenças graves que Deus, às vezes, cura milagrosamente, e há doenças triviais em que precisamos servir-nos da nossa experiência ou da dos nossos semelhantes, a saber, da ciência médica (embora Deus possa nos curar de qualquer doença quando, com fé, lhe suplicamos).

 

Orações respondidas (12-17). Notemos com respeito a esta reunião de oração; a localidade - a casa da mãe de Marcos, provavelmente uma viúva abastada; o acordo - muitas pessoas oravam juntas; a persistência e a fé - tinha, orado assim, provavelmente, por Tiago, mas sem resultado; agora tornam a orar; resposta e incredulidade - não esperavam ser atendidos tão prontamente; testemunho da graça salvadora de Deus por parte de Pedro.

 

Devemos distinguir entre o Tiago do versículo 2 e o do versículo 17. Este último era provavelmente o irmão do Senhor, o mesmo que fala em Atos 15.13-21.

 

O dr. Goodman apresenta as seguintes divisões deste trecho:

1) O mistério da perseguição.

2) O mistério da providência divina.

3) O mistério da oração.

4) O mistério do ministério angélico.

 

1) O mistério da perseguição sugere os seguintes pensamentos:

a) Os iníquos tendem a odiar os bons.

b) O abuso do poder é uma tendência natural do homem sem Deus.

c) A perseguição comprova o ensino bíblico, de que os que vivem piamente a sofrerão (2 Tm 3.12).

 

2) O mistério da providência divina. Mistério quer dizer segredo. E é um segredo ignorado pelo mundo, que Deus cuida dos seus.

Vemos que a providência de Deus:

a) Cuida dos humildes, fazendo caso de um pescador na cadeia.

b) Não encontra impedimento nos propósitos iníquos dos malvados (4.6).

c) Age, apesar de todas as circunstâncias contrárias - dois soldados, duas cadeias, portas de ferro, etc.

 

3) O mistério da oração é o meio de conhecermos a Deus pela experiência:

a) Ensina-nos a dependência do amor e poder divinos.

b) Ensina-nos que as circunstâncias contrárias não impedem os propósitos divinos.

c) Ensina-nos a importância da persistência, da unanimidade, do propósito, e da fé em nossas orações.

No presente caso notamos: os crentes que oravam não contavam com uma resposta tão imediata e tão completa.

 

4) O mistério do ministério Angélico é raramente evidente. É pouco referido na Escritura (Mt 18.10).

É uma prova de que Deus pode socorrer-nos indiretamente.

Um meio que o Senhor comumente emprega para valer-nos é o auxílio prestado por outro crente. Uma intervenção angélica, visível é extraordinária, mas os anjos ministram a nosso favor (Hb 1.14).

 

O perseguidor perece (18.25). Neste trecho notemos o contraste entre os humildes crentes orando e se regozijando pela salvação de Deus, e o rei orgulhoso, fazendo imponente espetáculo da sua grandeza, a perecendo afinal miseravelmente pelo juízo divino.

 

Podemos aprender do versículo 22 a não receber louvores imerecidos, pois isso não é uma glória a Deus.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 13º


A chamada para a evangelização mundial (1-12). Aprendemos deste trecho: a) que há diversidade de dons na igreja; b) que a revelação da vontade divina veio em horas de jejum; c) que o Espírito Santo pode revelar a sua vontade; d) que a Igreja pode identificar-se com o serviço individual; e) que os primeiros serviços foram limitados a Israel (v.5, etc).

Vemos também que o procônsul - um oficial romano - quis muito ouvir o Evangelho, e que o feiticeiro querendo impedir, foi ferido com cegueira.

 

Neste trecho podemos considerar: 1) a chamada; 2) a consagração; 3) o trabalho.

 

1) Na chamada. Notemos: a) as circunstâncias da chamada; servindo ao Senhor, orando e jejuando, aqueles homens tinham o espírito preparado para ouvirem a voz divina; b) o caráter da chamada: separar dois do seu número, ainda que assim ficassem privados do ministério proveitoso; c) o propósito da chamada - a obra de Deus, não em um determinado lugar, mas em qualquer parte; d) as incompatibilidades da chamada; evidentemente, o egoísmo, a vontade própria, a falta de energia espiritual ou a não cooperação seriam coisas incompatíveis com a chamada divina.

 

2) A consagração dos servos de Deus. Seu processo era a imposição de mãos dos conservos, e a oração que significava: a) comunhão fraternal no serviço; b) identificação com os servos enviados; c) cooperação material e espiritual.

Todo servo de Deus deve contar com o apoio moral e espiritual da igreja local que melhor o conhece.

 

3) O trabalho seguiu sem demora. Em seguida viajaram. Notemos que ainda hoje, quem mais viaja geralmente pode fazer mais no sentido de evangelizar.

Foi um trabalho em que apareceram oportunidades, oposições, e experiências do poder do Evangelho.

Necessitava energia, propósito, dedicação a Deus, simpatia para com os homens, reprovação do mal (v.10). Confiava no poder de Deus (v.11).

O primeiro discurso de Paulo  (13-41). A retirada de João Marcos sugere muitos pensamentos, e produziu mais tarde consequências desagradáveis. Paulo e Barnabé tinham saído de uma Antioquia e agora chegam a outra - a da Psídia. Ali, na sinagoga, Paulo prega. Seu discurso divide-se em três partes: 1) Um breve resumo da história de Israel. 2) Salvação em Cristo (v.26). 3) Perdão e justificação pela fé em Cristo.

 

Notemos: que as bênçãos divinas recebidas no passado constituem motivo para se esperares bênçãos presentes e futuras; que Deus tem levantado diversos libertadores; que Ele, afinal, levantou a Jesus, como Salvador; que João Batista preparou o caminho para Cristo pela pregação do arrependimento; que as profecias se cumpriram na condenação de Jesus.

 

Efeitos do discurso (45-52); os gentios desejaram ouvir a mesma mensagem; houve várias conversões; alguns judeus blasfemaram; Paulo volta definitivamente para os gentios (v.46); houve perseguição.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 14º


Paulo entre os Pagãos (1-18). Vemos quatro grupos neste trecho: a) judeus e gentios crentes; b) judeus e gentios descrentes; c) dois partidos na cidade (v.4); d) judeus, gentios, e principais organizados para um motim contra Paulo (v.5).

 

Em Listra (6-20) estudemos as pessoas - pagãos, apóstolos e coxo. Aqui, pela primeira vez os apóstolos trabalham entre pagãos. Notemos seu procedimento: a) rasgam seus vestidos, manifestando tristeza pela ignorância que levava o povo a exaltá-los; b) afirmam que não tem nenhuma superioridade; c) aproveitam a oportunidade, fazendo seu apelo ao povo (Goodman).

 

1) Por que os adversários perseguiram-nos? Talvez foi pelos seguintes motivos:

a) Porque desconfiavam de novidades; essa desconfiança é um sentimento religioso mal orientado. É lamentável quando nosso "zelo de Deus" é sem entendimento da verdade (Rm 10.2), mas ainda hoje vemos muitas vezes os perseguidores influenciados por sinceros motivos religiosos.

b) Por perversidade. Nem sempre o perseguidor é sincero e temente a Deus. Alguns procuram qualquer ocasião para dar lugar à sua própria maldade.

c) Por motivos políticos, receando que um novo ensino espiritual resulte em algum prejuízo material.

d) Por interesses financeiros (At 19.27). Ainda hoje podemos, às vezes, perceber esse motivo inspirando as oposições religiosas.

 

2) Por que Paulo persistiu?

a) Por compreender que fazia a vontade de Deus e que podia contar com sua proteção.

b) Por ter provado na sua própria experiência a bênção divina, e querer partilhá-la com seus semelhantes.

c) Por compreender alguma coisa da bênção universal que o Evangelho de Deus oferece.

d) Pela recordação dos resultados passados e a esperança de resultados futuros.

e) Pela convicção de que as perseguições do momento eram passageiras, mas permanentes os proveitos futuros.

 

3) Resultados para nós hoje:

Se o Apóstolo não tivesse persistido na sua ousada confissão, não teríamos herdado seus escritos inspirados; não teríamos podido valer-nos do seu exemplo animador; não teríamos compreendido todo o poder a graça divina.

Porque Paulo persistiu milhares de fiéis servos de Deus têm sido encorajados a continuar, apesar das oposições.

Porque ele persistiu, muitos têm compreendido melhor os recursos que há em Deus, para auxiliá-los nas provações.

Porque ele persistiu, nações inteiras têm ouvido as boas-novas de salvação, e a Igreja de Deus tem penetrado nas terras mais remotas.

Porque ele persistiu, tem havido muito regozijo no Céu por pecadores que aceitaram a Cristo, sendo salvos.

 

Termina a primeira viagem (19-28). Vemos quão facilmente o entusiasmo popular é seguido de perseguição insensata. Devemos sempre desconfiar dos louvores exagerados: frequentemente, mas tarde dão lugar ao ódio.

 

Notemos o procedimento dos apóstolos: a) confirmando o ânimo deles; b) exortando-os a permanecer na fé; c) ensinando-lhes que tinham de sofrer pela sua fé; d) constituindo anciãos em cada igreja; e) encomendando-os ao Senhor. Podemos confrontar o versículo 26 com Gálatas 1.16 e pensar quais os serviços que nós outros temos cumprido.

 

Diz F.W.Grant: " No caso das assembléias aqui, os apóstolos escolheram anciãos para elas; por isso entendemos que elas mesmas não tinham condições espirituais de fazê-lo.

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 15º

 

Os gentios, e a lei de Moisés (1-32).O versículo 5 diz claramente qual a exigência de "alguns da Judéia", circuncisão e obediência a todo o ritualismo mosaico.

Esse ensino causou tamanha perturbação entre os crentes em Antioquia que mandaram Paulo e Barnabé tratar do assunto com os anciãos em Jerusalém. Toda a epístola aos Gálatas foi escrita para combater esse mesmo erro.

 

Pedro fala, primeiro (7-11), recordando que foi ele quem abriu a porta do Evangelho aos gentios.

Afirma: a) que Deus lhes dera igualmente o Espírito Santo; b) que Deus não fizera diferença, mas purificara os corações dos gentios também, pela sua fé em Cristo; c) que o ritualismo da Lei seria um jugo insuportável para esses novos crentes; d) que a salvação pela graça do Senhor Jesus Cristo é tanto para gentios como judeus. Tiago fala (13-21) em seguida, mostrando que a bênção havia sido o assunto de profecia. Referia-se provavelmente a Amós 9.11,12 e a outras profecias.

 

Não devemos tomar os versículos 20 e 29 como contendo tudo que os gentios devem aprender, pois nas várias epístolas é lhes ministrada grande soma de ensinos preciosos. Mas esses dois versículos repetem certas proibições da economia mosaica que deviam ser aproveitadas no cristianismo. E notamos que a guarda do sábado não figura entre essas "coisas necessárias".

 

A questão principal referia-se a um rito, a circuncisão, mas com certos compromissos inerentes e sujeição à lei cerimonial mosaica, que Pedro chamou de "jugo insuportável" (v.10).

Notemos:

a) que é muito frequente as pessoas entusiasmarem-se por um rito (prática religiosa) e serem exigentes para que esse rito seja observado do mesmo modo que eles mesmos o praticam; b) que nenhum rito em si tem valor espiritual; o valor está no seu significado; c) que, embora hoje em dia os crentes não contendam sobre a circuncisão, facilmente há divergências sobre as duas ordenanças do cristianismo, o batismo e a Ceia do Senhor; d) que onde reina o amor fraternal, qualquer divergência não resultará em contenda; e) que a discussão sobre divergências tende a acabar quando os servos de Deus começam a contar  "quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles" (v.12).

 

O que pareceu bem a toda a igreja em Jerusalém (22-24). Notemos que a primeira investigação foi feita pelos apóstolos e anciãos (v.6), mas a mensagem escrita foi enviada em nome de toda a igreja (v.23).

 

A  separação entre Paulo e Barnabé (33-41). Deste triste incidente aprendemos várias lições: a) Sem acordo espiritual não pode haver cooperação no serviço de Deus. b) Um único obreiro de pouca projeção pode servir de empecilho a dois grandes servos de Deus. c) Um laço de parentesco (Marcos era sobrinho de Barnabé), pode influir desastrosamente numa decisão. d) Um afastamento entre irmãos nem sempre se conserta. e) Faltando um companheiro, Deus pode fornecer outro.

 

Notemos os seguintes pensamentos:

a) O projeto de visitar os irmãos foi de Paulo e não de Barnabé. Por isso ele parecia ter mais direito de escolher o companheiro.

b) O caso complicava-se porque ambos tinham razão. Era razoável que Barnabé quisesse perdoar seu sobrinho, mas também era razoável que Paulo não quisesse um companheiro inconstante.

c) Podemos acreditar que teriam evitado a separação: se tivessem orado juntos, apresentando sinceramente o problema a Deus para que Ele o resolvesse; se tivessem esperado até conseguir um acordo; se tivessem  feito sentir a João Marcos o peso da sua responsabilidade no serviço divino, para o qual ele poderia ser ou um auxílio ou um empecilho.

 

d) Vemos que Paulo e Silas tiveram a comunhão de seus irmãos na projetada viagem, ao passo que Barnabé e Marcos, ao que parece, partiram sem esse apoio. E o nome de Barnabé não se encontra mais na história sagrada.


 

 


 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 16º

 

Direção divina (1-10). Este trecho traz-nos muita instrução sobre o assunto na direção divina dos nossos passos no serviço de Deus. Aprendemos que: 1) Precisa haver um coração obediente e submisso, disposto a ir ou a ficar, segundo a vontade divina. 2) Muitas vezes há portas fechadas que mostram onde Deus não quer que vamos. 3) Pode haver indicações da parte do Senhor  que os sábios hão de ponderar. Aqui houve uma visão. 4) O homem de coração e espiritualidade "concluirá" com acerto qual a vontade de Deus (Goodman).

 

Notemos no versículo 10 a palavra "procuramos", na primeira pessoa do plural, que marca o ponto onde Lucas começou a fazer parte da comitiva do apóstolo.

Lucas encontra-se na sua companhia em Atos 16.10-17; 20.5 até 21.8; 27.1 até 28.16.

 

Os primeiros convertidos na Europa (11.18). Não podendo achar uma casa de oração, Paulo, Silas e Lucas vão a um lugar de oração à beira do rio, e conversam com algumas mulheres sobre o Evangelho.

Em Lídia vemos um coração preparado e um espírito atento; piedade e dependência; fidelidade ao Senhor e hospitalidade aos seus servos.

Na moça espírita vemos um comércio ilícito, um testemunho inaceitável, uma persistência inconveniente, uma obediência aos padrões iníquos, e, finalmente, pelo poder de Deus, salvação dos poderes malignos.

 

Deste fato resulta a primeira perseguição por parte os gentios.

 

"O caminho da Salvação" (liberdade, v.17). Escreveu O. Q. Sellers: "Estou convencido de que é erro tornar aqui a Palavra salvação no sentido teológico. Pois assim fazendo, as palavras importam uma verdade lisonjeira. Ora, ainda que Paulo não quisesse a adulação de um demônio, tal louvor não havia de impedir a sua obra. Mas as palavras não eram lisonjeiras. Significam antes uma acusação falsa de que Paulo e Silas eram culpados de atos sediciosos e de que ensinavam aos judeus um meio de libertação do jugo romano".

 

A conversão do carcereiro (19-40). Os servos de Deus, em quaisquer circunstâncias, prosseguem em dar o seu testemunho. À beira do rio, em casa de Lídia, nas ruas da cidade e na cadeia, falam de Cristo como Salvador.

Podemos sentir algumas coisas referentes ao carcereiro, que não são expressamente declaradas no capítulo: que ele ouvira os apóstolos testemunhando de uma salvação em Cristo; à qual ligara pouca importância; que ficou impressionado ao ouvir presos cantando louvores a Deus; que percebeu a impressão das orações e hinos sobre os outros presos.

 

Notemos que foi a um homem sacudido por terremoto e com medo da morte que Paulo apontou o meio da salvação. Foi, talvez, por isso que Paulo não se referiu ao arrependimento. O evangelista de hoje prega, muitas vezes, a pessoas em nada abaladas, e raras vezes ouve o grito: "Que é necessário para me salvar?"

Mas no carcereiro notamos; reconhecimento do perigo, uma tendência ao suicídio, desejo ardente, disposição para agir, e humildade (pelo fato de rogar prostrado), a um homem nestas condições é que o apóstolo anuncia o Evangelho, nos termos mais simples.

 

Na resposta apostólica notamos:

a) que fala com autoridade: não admite dúvidas ou desconfianças nem diz "talvez";b) que a salvação é pela fé: confiança em uma Pessoa - não pela aceitação de um credo nem por seguir uma "nova lei"; c) que o meio é o mais simples possível; crer no Senhor Jesus Cristo; não por obras nem por merecimento; d) que o resultado assegurado é: "serás salvo!" e que o meio de salvação é Cristo e a palavra de salvação é a sua promessa; e) que a responsabilidade é pessoal: "tu" - os homens não são salvos em grupos; f) que a bênção não é limitada: "tu, e a tua casa" (Goodman).

 

Podemos notar que o original fala apenas da fé do carcereiro e do regozijo dele, embora explique que se regozijou "em família" ("panoikia"); não se fechou no quarto para regozijar sozinho.

 

Alguns expositores tem achado problemática a pergunta do carcereiro: que quis ele dizer com a palavra "salvo"? Estaria preocupado com o perigo de ser morto por não guardar bem os presos? Ou devemos entender que escolheu um momento de perigo mortal para investigar um problema espiritual? Em todo o caso parece-nos que foi assim que Paulo o entendeu, valendo-se da ocasião para pregar-lhe o Evangelho e a todos da sua casa.



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 17º

 

Paulo visita Tessalônica e Beréia (1-14). Notemos as grandes proposições da pregação do apóstolo em Tessalônica: convinha que o Cristo padecesse, e que recussitasse dos mortos. Afirmou ainda: que Jesus era o Cristo de quem os profetas falaram.

Em seguida levanta-se uma perseguição, e os apóstolos fogem para Beréia, distante cerca de 90 quilômetros.

 

Notemos com cuidado a nobre característica dos ouvintes em Beréia examinando cada dia nas Escrituras para verificarem as verdades anunciadas.

"Disto aprendemos: a) que a verdade não deve ser aceita sob autoridade de nenhum homem; b) que cada um deve por si mesmo examinar as Escrituras; c) que o Espírito Santo é dado a cada um para o iluminar (Goodman).

 

Vemos que a perseguição não tardou, e mais uma vez contribuiu para a extensão do evangelismo, pois Paulo seguiu para Atenas, a metrópole intelectual do mundo de então.

Paulo em Atenas (15-34). O apóstolo, como era seu costume, começou por discursar nas sinagogas e praças, mas dentro de pouco tempo levaram-no ao Areópago, centro de discussões, onde ele pronunciou o seu mais célebre discurso.

"Após uma introdução breve, mas prudente, Paulo apresenta um dos maiores discursos do seu ministério. Aqui temos o resumo: Deus e o universo (24,25): a) os fatos; b) o ensino. Deus e a raça (26-29): a) sua relação com a raça coletivamente (26.27); b) sua relação com a raça individualmente (27,28); c) ensinos que resultam dessas verdades (29). Deus e os séculos (30,31):a) sua relação aos séculos passados (30a); b) sua relação ao século presente (30b, 31).

"Alguns escarneceram, outros adiaram o assunto para outra ocasião, mas alguns creram (32)" (Scroggie).

 

No versículo 22, em vez de "um tanto supersticioso", deve-se ler "bastante religioso", e no versículo 30, em vez de "Deus dissimulado", leia-se: "Deus passando por alto".

Os poetas a quem Paulo se referiu (v.28) eram  Cleanthus e Arantus, que o apóstolo habilmente incluiu no seu argumento contra os patrícios deles, cuja proclamada filosofia ele chama de "ignorância" (v.30)-(Gray).

 

"Há de julgar o mundo" (v.31). "É do julgamento (governo) dos vivos, não dos mortos, que o apóstolo fala, evidentemente com a intenção de anunciar a vinda do Senhor e a inauguração do seu reino. Da salvação ainda não tem falado, porque seus ouvintes são filósofos e não pessoas convictas e cansadas. Porém da necessidade do mundo, e do meio de satisfazê-la, podiam querer ouvir, embora ignorassem a própria necessidade; e seus corações poderiam ser  comovidos a ouvir de um reinado de justiça em lugar do despotismo dos Césares sob o qual estavam oprimidos. Mas já ouviram o suficiente para que a simples menção da ressurreição acabasse de esgotar a sua paciência. Alguns zombam; outros cortesmente adiam o assunto para outra ocasião: não acham o ensino importante para despertar a sua hostilidade. Nada se podia esperar de ouvintes como estes, e Paulo os deixa. Não temos notícia de resultados tão parcos em outro lugar, mas para os sábios do mundo a sabedoria de Deus parece loucura' (Grant).

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 18º

 

Paulo em Corinto (1-17). A segunda viagem missionária aproxima-se do seu término. Paulo ainda está na capital da Acáia, Corinto, cidade comercial, de uma devassidão abismal. Por isso Corinto era uma esfera modelo para trabalhos missionários, onde a adaptação do Evangelho a todas as classes sociais podia ser experimentada, e onde também a relação dos princípios cristãos a todos os aspectos da vida podia ser demonstrada.

 

Ali Paulo permaneceu dezoito meses (v.11) nos anos de 52-54 d.C. Estudando seu trabalho naquela cidade, devemos notar: 1) seu começo (1-4); 2) seu progresso (5-8); e 3) seu resultado (9-17).

1) O começo é impressionante. Passar de Atenas a Corinto era sair de um grande centro intelectual para um grande centro comercial. Paulo chega sozinho, faz dois amigos e trabalha com eles fazendo tendas, empregando os sábados na evangelização. Passava certa necessidade material nesse tempo (2 Co 11.9).

 

2) O progresso é variado. A mensagem de Paulo era mais positiva do que nunca (1Co 2.2), mas evidentemente ele se sentiu oprimido e constrangido em espírito (5; 1 Co 2.3). Jesus, às vezes, sentia-se oprimido. O leitor encontra nisto algum conforto?

Paulo volta dos judeus aos gentios, e a casa de oração dos cristãos era junto à sinagoga (6,7). Alguns dos judeus saíram de uma casa e entraram na outra (8).

 

3) O resultado é resumido. Quando Paulo estava desanimado, o Senhor veio ter com ele e o encorajou (9,10). Durante esses 18 meses, Paulo escreveu 1 Tessalonicenses em 52 d.C.; e 2 Tessalonicenses em 53. No que segue (12-17) notemos as relações do legalismo (12,13); do secularismo (14,16); e do paganismo (17), ao Evangelho (Scroggie).

 

Paulo em Éfeso (18-23). Desde o leste até o Oeste Paulo tinha estabelecido uma cadeia de igrejas nas cidades principais, excetuando a província da Ásia, da qual Éfeso era a metrópole. Por que desprezara a Ásia? A explicação está em 16.6. Agora, na viagem de regresso para a Síria, ele preenche a falta. Sobre a natureza do voto que Paulo tomara, pouco sabemos. Atos é o único livro do N.T. em que lemos de votos (18.18; 21,23), que se relacionam mais com o judaísmo do que com o cristianismo. Votos e promessas representam muitas vezes o preço que a pessoa oferece a Deus para obter dele a satisfação da própria vontade. O cristianismo ensina-nos em tudo a preferir a vontade de Deus.

 

Apolo, o judeu erudito (24-28). Um homem notável. Vemos as suas qualidades: eloqüente (erudito), poderoso nas Escrituras, instruído no caminho do Senhor, fervoroso em espírito, diligente, ousado, desejoso de aprender mais.

 

Vemos as suas limitações: conhecia somente o batismo de João: o ministério de arrependimento. Vemos as consequências do seu serviço: proveito para os crentes e convicção para os judeus.

 

 

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 19º

 

Paulo passa dois (19-10) ou três (20.31) anos em Éfeso (1-21). Apesar de haver sido anteriormente proibido pelo Espírito de anunciar a palavra na Ásia (16,6), está agora o apóstolo com residência estabelecida na capital dessa província, e a sua pregação é abençoada "de tal maneira, que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra".

Primeiro notamos o caso dos doze "discípulos" de João. Por que "cerca de doze homens"? (19.7 V.B.). Algum leitor quer entender que um ou dois eram moços, e por isso o escritor não os quis contar como homens.

 

Podemos imaginar que chegaram a Éfeso na companhia de Apolo, e participaram do seu limitado conhecimento da verdade.

Quando Paulo lhes impôs as mãos (v.6), veio sobre eles o Espírito Santo, e então manifestaram-se neles dois dos dons; línguas e profecia.

É um estudo interessante considerar-se quem fala no versículo 5; se é Paulo ou Lucas, o escritor. O dr. Bullinger entende que é Paulo, que quis explicar aos doze discípulos o pleno alcance do batismo de João: que importava ser batizado no nome do Senhor Jesus, que não se limitava meramente ao arrependimento (v.4). Pergunta aquele comentarista se devemos ver aqui um rebatismo, que seria o único rebatismo em toda a Bíblia.*

 

Em Atos 8.16,17 vemos um caso parecido, em que o dom do Espírito Santo segue, não ao batismo, mas à imposição de mãos - e em 10.47 um caso diferente, em que o Espírito foi recebido antes do batismo.

Neste trecho vemos Paulo na sinagoga de Éfeso e na escola de Tirano, ainda operando alguns milagres de curas.

Sabemos que ele nem sempre curava os doentes milagrosamente (2 Tm 4.20), pois às vezes a doença é correção divina.

No versículo 18 notamos como a confissão de pecados acompanha uma poderosa operação do Espírito de Deus. Hoje em dia, onde o poder de Deus é pouco manifesto, a confissão é quase desconhecida.

 

Fanatismo e interesse (21-41). Paulo achava seu serviço em Éfeso terminado, e propôs visitar Jerusalém, indo, porém, primeiro em direção contrária pela Macedônia e Acaia. Mas era preciso ainda sofrer em Éfeso alguma perseguição movida pelo fanatismo e interesse.

Nesta perseguição vemos como a idolatria fez degenerar até mesmo homens inteligentes, fomentando suas paixões mais ignóbeis e tornando-os em feras. Alguns discutem com pedras. Estes, em vez de argumentar, empregam a vociferação, gritando durante duas horas: "Grande é a Diana dos efésios".

O escrivão da cidade mostrou-se mais sensato e conseguiu acalmar o povo.

 

Paulo propôs em (seu) espírito (v.21). Esta é uma expressão hebraica que significa resolver firmemente. No capítulo 20.22 tem o mesmo sentido (Bullinger).


 

 

 

 


 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 20º

 

Paulo visita a Macedônia e volta a Trôade, na Ásia (1-16). Nesta viagem , em vista do seu propósito de visitar a Grécia, escreveu 2 Coríntios. Então visitou Corinto (v.2), ficou ali três meses, e escreveu Gálatas e Romanos. É agora o ano 58 d.C, e ele não podendo efetuar seu primeiro pensamento, volta pela Macedônia e atravessa o mar de Nápoles a Trôade (vv. 2,6).

É o domingo (v.7). Reunião da Ceia; um longo discurso; muita gente; muitas luzes; pouca ventilação; um moço sonolento, apesar de (por absoluta falta de assentos) estar pessimamente acomodado numa janela; um desastre; pronto socorro; o partir do pão; o moço vivo e seus pais consolados.

 

Visto que alguns têm querido provar que esta reunião da Ceia se realizou num sábado, podemos notar com cuidado que neste capítulo mencionam-se apenas dois dias: o primeiro dia da semana (v.6) e o dia seguinte(v.15). Em um outro desses dias realizou-se o partir do pão, mas não encontramos palavra alguma do dia anterior ao domingo.

 

Paulo e os anciãos de Éfeso (17-38). Para os efésios chegarem a Mileto, precisavam viajar 110 quilômetros por terra ou 33 por mar (Scroggie), mas o discurso que ouviram serviu-lhes de plena compensação.

 

No versículo 22 preferimos a tradução da V.B "constrangido no meu espírito".

"Neste discurso Paulo fala do seu serviço,  tema e sofrimento: a) seu serviço era constante, em todas as ocasiões "em tempo e fora de tempo". Era humilde e afeiçoado - com muitas lágrimas - e penoso, pelas ciladas dos judeus. Era fiel - anunciando tudo que fosse útil. Era público e particular (v.20); b) seu tema era, objetivamente, o Evangelho da graça de Deus (v.24), e, subjetivamente, 'arrependimento para Deus e fé no Senhor Jesus Cristo'; c) seu sofrimento, que antecipava, eram prisões e tribulações (Goodman).

 

Notemos no versículo 35 uma bem-aventurança pronunciada pelo Senhor Jesus e não relatada nos evangelhos.

Podemos também estudar este discurso da seguinte maneira:

1) O que Paulo diz e si mesmo.

2) O que Paulo diz da mensagem.

3) O que Paulo diz da Igreja.

4) O que Paulo diz dos anciãos.

 

1) Paulo diz de si mesmo que a sua atuação passada começou com seu comportamento (v.18); foi humilde, com lágrimas, sem interesse material (v.33); foi individual (v.31), com provações dos judeus (v.19) e completa (v.20), foi pública e particular, falava expressamente do arrependimento e da fé (v.21) e incluía "todo conselho de Deus"(v.27).

Sua atuação futura deveria ser corajosa: seria perseguido (v.23), mas daria testemunho do Evangelho da graça.

2) Paulo diz da sua mensagem que é "útil" (v.20); que é dirigida a judeus e gregos; que exortava ao arrependimento e à fé (v.21); que declarava "a graça de Deus"; que era "poderosa para efetuar" (v.32).

Os leitores podem considerar se o Evangelho tem para si todos estes valores.

3) Paulo diz da igreja: que é o rebanho de Deus, que deve ser apascentada por quem o Espírito Santo constitui bispos (superintendentes); que tinha sido remida com sangue (v.28); que do seu meio levantariam homens perversos.

 

4) Paulo diz dos anciãos que devem olhar primeiro para si mesmos e depois para o rebanho que devem vigiar, e lembrar o exemplo apostólico, que a Palavra de Deus seria sua suficiência, que deviam seguir o exemplo de trabalho que ele deixara; que lembrassem as palavras do Senhor Jesus (não mencionadas nos evangelhos) "Mais bem aventurada coisa é ..."


 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 21º

 

Subindo à Jerusalém (1-14). O versículo 4 deste capítulo leva alguns a acreditar em que Paulo não devia ter ido à Jerusalém. A maioria dos comentadores, porém, entende que foi Deus quem o mandou para lá (18.21; 20.16,22).

 

Diz F.W.Grant: "O aviso dado é duplo. Primeiro o apóstolo é proibido, clara e positivamente, de ir a Jerusalém; depois são apresentadas as consequências que, se assim fizer, lhe sobrevirão. Sendo Paulo o homem que era, o simples conhecimento das consequências talvez não fosse suficiente para servir-lhe de aviso, mas vindo esse conhecimento após a proibição taxativa, reforçou-a de modo inequívoco. Porém nem assim Paulo toma conhecimento: está como que de olhos vendados pela paixão que possui pela salvação de Israel (Rm 9.1-4). Dominado por essa paixão, ficou incapacitado de reconhecer qualquer empecilho à realização do seu plano. Disposto como estava a sacrificar-se até o último extremo, não acreditava que Deus o proibisse de agir de acordo com o que, para ele, era o fruto do Espírito de Cristo no seu coração".

 

A viagem do apóstolo foi pela costa sudoeste da Ásia menor. A ilha de Coos tem cerca de 32 quilômetros de comprimento. Havia ali uma cidade grande e um templo pagão. Rodes é uma maior, que fica a 70 quilômetros mais para o sul. Pátara era a capital da Lísia, no continente. A fenícia ficava ao sul da Síria onde se situavam os portos de Tiro e Ptolomaida. Os viajantes tocaram na grande ilha de Chipre. Pafos ficava no extremo leste dessa ilha. Em Tiro o grupo descansou sete dias (Goodman).

 

Não podemos dizer de que modo as quatro filhas de Filipe "profetizavam" (v.9), mas também não precisamos imaginar que o faziam em desobediência às Escrituras, como em 1 Coríntios 14. 34 e 1 Timóteo 2.11-15. Podem ter profetizado em casa na família e não na igreja.

 

Uma concessão em face de circunstâncias anormais (15-26). Havia então em Jerusalém dois grupos de crentes: 1) crentes israelitas zelosos da Lei (v.20); e 2) crentes gentios que, pelo julgamento dado em 15.23-29, haviam ficado isentos da circuncisão e da Lei (v.25). Qual dos dois tinha razão? A resposta encontra-se em Romanos 14.2-23, a saber: a) É indiferente o uso de costumes cerimoniais, uma vez que não se confie nele para a salvação. O que não é da fé é pecado, mas tudo que é da fé agrada a Deus. O Senhor aceita tudo que é feito com ações de graças "para Ele". b)Mas não devemos julgar uns aos outros em tais coisas. Cada um tem liberdade para servir seu Senhor (Rm 14.13). c) Temos liberdade para considerar uns aos outros e acomodar-nos a fraqueza de nossos irmãos (Rm 14.1), quando nenhum princípio divino é comprometido. Assim Paulo declara em 1 Coríntios 9.20.

 

"Sem dúvida foi por isso que Tiago e os anciãos propuseram o plano do versículo 26, para evitar: 1) falta de compreensão da atitude de Paulo perante a Lei, e, 2) em consequência, um motim. A atitude de Paulo com a Lei não era a de querer que fosse abandonada, mas que fosse compreendida (v.21).

Ele ensinava: a) que a Lei apontava para Cristo, e que Cristo é o fim da Lei para a justiça de todo aquele que crê (Rm 10.4); que a Justiça, embora à parte da Lei (por ser somente em Cristo), fora testemunhada pela Lei (Rm 3,21); e b) que a Lei era boa se alguém dela usasse legitimamente (1 Tm 1.8), isto é, não descansando nela como meio de salvação, mas regozijando-se nela porque ensina a glória moral de Deus, e antecipa o Evangelho. Tiago e os anciãos esperavam que Paulo, levando aqueles homens ao templo para cumprir o seu voto, evitaria a má compreensão pela prova do seu respeito para com o serviço do templo" (Goodman).

 

A cidade em tumulto (27-40). O plano fracassou. Foi justamente a presença de Paulo e outros no templo que deu origem ao tumulto.

"O Resultado foi que Paulo ficou preso por cinco anos, 58 a 63 a.C., primeiro em Jerusalém (21-37 a 23.22), depois em Cesaréia (23.23 a 26.32), e finalmente em Roma (caps. 27 e 28).

"Vemos Paulo calmo, corajoso, energético, cortês, razoável. O tribuno era um homem sensato. Notemos o púlpito (v.40), a congregação (v.36), as circunstâncias (v.35), o pregador (v.40)" (Scroggie).

 

Podemos também estudar o incidente assim: 1) a ocasião do motim; 2) a atitude da multidão; 3) o procedimento do tribuno.

 

1) A ocasião do motim foi quando Paulo, persuadido por irmãos legalistas, comprometeu-se de novo com o serviço do templo e os "votos" do judaísmo (vv. 20-27).

Alguns pensamentos ligam-se com isto, por exemplo.

a) Precisamos cuidado quanto aos lugares que frequentamos, ainda que os nossos motivos sejam bons. O crente que, por qualquer motivo, vai à missa, pode ver a sua ação mal interpretada. Igualmente. Igualmente se for ao cinema.

b) Precisamos cuidado quanto à companhia que procuramos. Esses quatro varões com seus votos judaicos comprometeram o apóstolo, que tantas vezes tinham testemunhado contra o legalismo.

O companheiro que nos compromete pode não ter tomado nenhum voto, mas por outros motivos pode ser companheiro inconveniente.

c) Precisamos cuidado quanto aos compromissos que assumimos. O caso talvez seja diferente do de Paulo; pode não ser um compromisso religioso (talvez o fato de ser fiador de alguém), mas pode acarretar desastre em nossa vida espiritual.

 

2) Na atitude da multidão hostil, vemos ódio, mentira e violência- características que muitas vezes acompanham o erro, mas de que o Evangelho nunca precisa servir-se.

Toda a perseguição foi baseada numa suposição: pensavam que Paulo tivesse levado Trófimo ao templo.

É hoje quantas vezes, mesmo entre crentes, uma inimizade é baseada em alguma suposição errada! Devemos ter cuidado de nunca pensar mal, mas habitualmente atribuir os melhores motivos aos outros, e ser pacientes em esperar a explicação dos casos problemáticos.

 

3) No tribuno vemos prontidão, prudência, investigação, condescendência. Parece-nos que o romano pagão procedeu melhor do que os judeus religiosos.

 

 

 

 

 

 

 



 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 22º

 

Paulo se defende perante o povo (1-21). O discurso divide-se em três partes: ele fala do período:

1) Antes da conversão (1-5). Aqui o apóstolo procura ganhar a simpatia dos seus ouvintes, relatando seu nascimento, instrução escolar, obediência à Lei e zelo religioso.

2) A sua conversão (6-16) em que se refere à visão, à voz, às trevas, à cura, à confissão e ao batismo.

Ananias apresenta quatro pensamentos referentes à chamada divina (14,15): a) que conheças a sua vontade; b) e que vejas aquele Justo; c) e ouças a voz da sua boca; d) hás de ser sua testemunha. Sem os três primeiros não pode haver o último.

3) Depois da conversão (17-21). Aqui Paulo justifica a sua missão aos gentios, como em 6.16 tinha justificado a sua fé em Cristo.

Notemos o efeito da palavra "gentios" (21) sobre o auditório israelita: uma explosão imediata de fanatismo religioso.

No versículo 16 é preferível ler "receber o batismo" como na V.B. e não "Batiza-te" como em Almeida.

 

Paulo Amarrado, mas não açoitado (22-30). No versículo 24 vemos o modo primitivo que era costume empregar  para investigar a verdade. Mas Paulo insistiu no seu direito como cidadão romano, e o tribuno não teve mais coragem para açoitá-lo.

 

Às vezes é necessário acomodar nossa linguagem à compreensão dos ouvintes. Escrevendo aos crentes em Filipos, Paulo podia dizer-se cidadão dos céus (Fp 3.20), mas falar disso ao tribuno seria incompreensível e inútil.

 

Há anos, em Lisboa, um crente sem recursos queria entrar num hospital do governo. "Para isso você necessita um atestado de pobreza", disse um irmão. "Ah! mas isso não pode ser, porque nós crentes somos ricos (2 Co 8.9)", observou outro. "Sim, mas o mundo não entende a nossa riqueza", disse um terceiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 23º

 

Paulo se defende perante o Sinédrio (1-11) Paulo se defende perante quatro diferentes classes de gente: perante o povo (Cap .22); perante o Sinédrio (Cap.23); perante os governadores romanos (caps. 24 a 26), e finalmente perante César (2 Tm 4.16).

Alguns têm achado certo progresso espiritual na sua maneira de se defender.

"Há poucos trechos na Escritura que apresentam tantas dificuldades como este. Paulo fez bem em falar como falou no versículo 3? Como era que ele não sabia que o sumo sacerdote presidia o conselho? Se fez bem em falar como no versículo 3, por que pediu desculpa (v.5)? Ele fez bem em classificar-se como fariseu, uma vez que, espiritualmente, já se achava muito afastado desse partido? Em qualquer caso, que tinha "a esperança e a ressurreição dos mortos" com sua acusação?

"Deus te ferirá". "Cinco anos mais tarde Deus feriu notavelmente a Ananias. Tendo sido incendiada a sua casa durante o motim promovido por um filho seu, foi preso e levado ao palácio real; donde, havendo debalde procurado esconder-se, foi retirado e morto" (Treasury).

"Várias suposições podem resolver a dificuldade do versículo 5 . Historicamente, o cargo do sumo sacerdote estava vago no momento, e Ananias, um sumo sacerdote deposto, exercia-o interinamente."

"As últimas três perguntas, e todas elas, podemos considerar à luz do versículo 11. "têm ânimo".

Então o Senhor estava satisfeito com Paulo? Isto não prova que Paulo tenha procedido bem em tudo, mas mostra que o seu coração era reto diante de Deus (Scroggie).

Termina a sua prisão em Jerusalém (12-22). Paulo, sem dúvida, sentiu-se reanimado pela visão do Senhor (v.11). Temos outro incidente análogo em 2 Timóteo 4.17.

Neste trecho podemos notar diversas coisas: conspiração inimiga (v.12); conjuração atrevida (v.13); cilada diabólica (v.15); um sobrinho corajoso (v.16); um oficial atencioso (v.19); uma resolução enérgica.

No tribuno Cláudio Lísias vemos as seguintes características: prontidão (21.32); prudência(33); experiência de motins judaicos (38); bondade (40); espírito de investigação (22.24); justiça (27,28); condescendência (23.19); cautela (22); respeito aos seus superiores (26-30).

Começa a prisão em Cesaréia (23-35). Paulo viaja para Cesaréia quase como rei, a cavalo, escoltado por uma comitiva de 470 soldados. Era viagem de uns cem quilômetros.

 

Paulo tinha visto Jerusalém pela última vez. Começaram agora suas longas prisões, mas, mesmo preso, ele continua testificando do Evangelho, e parece que nunca perde a sua serenidade espiritual. Na carta aos Filipenses, escrita na cadeia, fala em cada capítulo do seu gozo, e exorta os Filipenses a se regozijarem.


 

 


 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 24º

 

Paulo perante Félix: a acusação (1-9). Os Judeus alugaram um orador romano para acusar seu compatriota perante este tribunal estrangeiro.

No discurso de Tertulo notamos lisonja e mentira. A acusação continha quatro alegações mentirosas quando dizia que Paulo era: 1) "uma peste" (uma afirmação contra seu caráter); 2) promotor de sedições; 3) chefe a seita dos Nazarenos; 4) profanador do templo.

 

A defesa (10-21). Paulo demonstra como eram absurdas as acusações, pois ele tinha estado poucos dias em Jerusalém e não tinha sublevado o povo nem discutido, mas apenas adorado.

Porém seu principal interesse não é o de defender-se, mas testemunhar da verdade. Em muitos pontos esse discurso se parece com sua defesa em 2 Timóteo 4.16-18.

"Nesta defesa de Paulo vemos: cortesia, mas não lisonja; razão, e não malícia; respeito, e não desprezo; argumento, mas não abuso. A defesa de Paulo é conveninte pela sua correção, coerência e calma. A parte negativa está em 11-13; a positiva em 14-21" (Scroggie).

 

O resultado (22-27). Notemos a respeito de Félix:

 

1) que era bem instruído acerca do Caminho, talvez porque sua mulher Drusila* "Drusila era irmã de Agripa de quem lemos no capítulo 25, e filha de Herodes que matou Tiago (cap.12). Não era esposa legítima de Félix, pois abandonara seu marido para viver com aquele"(Gray)* era judia. 2) que quis evitar uma decisão, semelhante a Pilatos, porque era difícil agradar a todos os partidos; 3) esperava suborno, como era de costume; 4) escutou o testemunho de Paulo ao Evangelho; 5) estremeceu, mas não chegou a uma decisão. Esperava uma ocasião mais conveniente - que nunca chegou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 25º

 

Paulo perante Festo (1-12). Um após outro os governadores romanos julgaram o apóstolo. Nenhum deles percebe a importância da ocasião nem aproveita a oportunidade para receber o Evangelho de Deus. E nós, porventura, somos mais sensatos do que eles, aproveitando bem todas as nossas oportunidades?

A defesa de Paulo desta vez é resumida em um só versículo, o 8. Ele afirma não ter ofendido a Lei, nem o Templo, nem o governo romano. Depois fez seu célebre apelo ao tribunal de César (v.11) que é confirmado pelo seu Juiz.

Ouvimos o apóstolo dizer confiadamente: 'Não fiz agravo algum dos judeus, como tu muito bem sabes". Como é bom ter sempre uma boa consciência!

Paulo perante Agripa (13-27). "Berenice era irmã de Festo. Ela tinha abandonado seu primeiro marido para casar com Agripa, o filho de Herodes de quem lemos no capítulo 12, o assassino de Tiago e perseguidor de Pedro. Herodes era o rei da Galiléia. O imperador Nero estendera seu reino para incluir essa região. Assim vemos que Agripa estava visitando seu cunhado Festo por ocasião da posse deste como governador" (Goodman).

 

Percebemos quão pouca importância Festo ligava ao Evangelho nas palavras, "questões de sua superstição, e de um certo Jesus, defunto, que Paulo afirmava viver". E ainda hoje ainda há alguns que não ligam importância a isso!


 

 

 

 


 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 26º

 

Paulo perante Agripa (continua, 1-18). Neste trecho não aparecem os acusadores, mas a Paulo é permitido defender-se. Ele relata a história da sua vida, como fariseu, e como pregador do Evangelho.

Seu testemunho principal é do fato da ressurreição de Cristo. Durante seu argumento ele afirma o seguinte: 1) que ele mesmo tinha sido muito contrário à "nova lei" (v.9); 2)que a vinda do Messias era a esperança de Israel (6,7); 3) que a ressurreição não deve ser uma coisa incrível; 4) que ele mesmo tinha visto Jesus ressurgido elevado na glória de Deus.

 

É esta a terceira vez que a conversão do apóstolo é relatada, e o único lugar em que devemos ler as palavras: "Dura coisa te é recalcitrar", etc. (v.14).

 

Paulo evangeliza seus juízes (19-32). Notemos no versículo 18 a grande comissão dada ao apóstolo, e tudo que ela continha. Vemos nos versículos 20 e 21:

a) a esfera de sua evangelização; b) as pessoas que evangelizava; c) o ensino que lhes deu; d) a perseguição que sofreu.

Nos versículos 22,23 aprendemos mais verdades: a) o segredo da sua continuação; b) o alcance do seu testemunho; c) a base profética dos fatos que proclamava; d) que o Cristo havia de padecer, ressurgir, iluminar a Israel e aos gentios.

 

Vemos depois a reação dos juízes descrentes. Festo julga que tudo é loucura; Agripa, ao que parece fica um tanto impressionado; porém pode ser que tenham sido irônicas as suas palavras "com pouco me persuades a ser cristão" (v.28, V.B.)


 

 

 

 

 


 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 27º

 

Tempestade no mar (1-17). Estes capítulos 27 e 28 referem-se aos anos 60-63 d.C.

As viagens marítimas naqueles tempos remotos eram muito mais perigosas do que agora. Não havia bússola, nem cartas marítimas, nem vapores, mas apenas pequenos navios impelidos à vela ou a remos.

 

Paz no meio da tempestade (18-29). Paulo podia ficar tranquilo porque tinha a Palavra de Deus referente ao seu destino (24). Em momentos de grande provação, a realidade da nossa fé é verificada, e a fé real conserva a tranquilidade da alma. Não é provável alguém, por exemplo, testemunhar de um suicida que era homem de fé.

 

E vemos que a provação era grande (v.20), não havendo mais esperanças de salvação.

Neste trecho vemos que o homem de Deus pode, às vezes, animar todos os seus companheiros.

O naufrágio (30-44). "A presença de um homem de fé, que conhecia Deus e confiava nele, resultou na salvação da totalidade da tripulação e dos passageiros - 276 almas. Deus tinha dado todos a Paulo (v.24), e foi seu ânimo, coragem e fé que os salvou.

 

"Se a tripulação tivesse escapado no batel, certamente teriam  todos perecido (31). Foi a voz de Paulo que os deteve. Sem a tripulação ninguém teria achado uma enseada própria para o desembarque, nem teria podido guiar o navio para ela. Foi Paulo que os animou a tomar alimento e assim recobrar coragem e forças, e finalmente foi Paulo que ganhou o coração do centurião de maneira que os presos não pereceram (v.43). Contudo Paulo nunca interveio no manejo da embarcação, nem assumiu o comando heróico. Ele era como o pobre homem sábio que pela sua sabedoria salvou a cidade (Ec 9.15)" (Goodman).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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aTOS DOS APÓSTOLOS CAPÍTULO 28º

 

Paulo em Melita (1-10). Não devemos entender mal a palavra nos versículos 2 e 4 traduzida por Almeida "bárbaros". É melhor, como na V.B.  "indígenas" ou "estrangeiros". Melita (Malta) era então uma ilha próspera e civilizada, com edifícios públicos importantes.

 

"No espaço de poucas horas Paulo teve uma variedade de experiências: sofreu naufrágio e foi salvo; ficou destituído e foi abastecido; foi mordido de cobra e conservado com saúde; foi tomado por assassino e adorado como deus"(Simeon). Quem vive na presença de Deus conserva a serenidade em meio da diversidade das circunstâncias.

 

Notamos que os pagãos eram caridosos, supersticiosos (v.4), e inconstantes (v.6).

A cura (v.8) foi feita pelo homem de Deus, e Lucas o médico, relata o caso.

Durante os três meses passados na ilha, podemos acreditar que Paulo teve muitas ocasiões para falar do Evangelho.

 

Rumo a Roma (13-31). Afinal a viagem é reiniciada, e prossegue sem novidade. Vemos que, então, como agora, era costume dar nomes aos navios. Castor e Pollux eram dois irmãos gêmeos da mitologia, filhos de Júpiter e Leda ; segundo a crença da época, protegiam os marinheiros (Pequeno Dicionário Bíblico).

 

 

 

 

 

 

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