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EVANGELHO  DE  MATEUS

 

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INTRODUÇÃO:

 

 

O escritor do primeiro evangelho no nosso Novo Testamento foi Mateus, chamado também de Levi, um judeu da Galiléia, que aceitara o cargo de cobrador de impostos! sob o opressor romano, tornando-se, por conseguinte; um dos odiados "publicanos'

A data do Evangelho de Mateus tem sido muito discutida, mas não há motivo convincente para se duvidar da tradicional de 75 d.C.

Tema. O escopo e propósito deste Evangelho vão indicados no primeiro versículo: é o "livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão Esta declaração liga-o imediatamente com duas das mais importantes alianças do V.'T.: a aliança davídica de soberania e a aliança abraâmica da promessa (2 Sm 7.8-16; Hb 11.17-19).

Mas a característica predominante de Cristo em Mateus é a do Rei prometido, o Renovo de Davi (Jr 23.5; 33.15). Mateus registra: a genealogia de Cristo, seu nascimento em Belém, a cidade de Davi, de acordo com Miquéias 5.2; o ministério do seu precursor, segundo Malaquias 3.1; o ministério do Rei; sua rejeição por Israel, e as suas predições de uma segunda vinda em poder e, grande glória.

Somente depois de ter apresentado Cristo como Rei é que Mateus volta à afiança anterior, relatando a morte expiatória do Filho de Abraão (Mt 26-28).

Essas considerações determinaram o propósito e a estrutura de Mateus, que é, em primeiro lugar, o Evangelho para Israel, e, extensivamente, pela morte expiatória de Cristo, um Evangelho para todo o mundo.

 

O livro divide-se em três partes principais:

 

1. A manifestação de Jesus Cristo, Filho de Davi, a Israel, e a sua rejeição (1.1 a 25.46). As subdivisões desta parte são:

a) a genealogia oficial do Rei, e seu nascimento (1.1„'25);

b) a infância e obscuridade do Rei (2.1-23);

c) o reino que se aproxima (3.1 a 12.50);

d) os mistérios do reino (13.1-52);

e) o ministério do Rei rejeitado (13.53 a 23.39);

f) a promessa do Rei de voltar em poder e glória (24.1 a 25,46).

 

2.  O sacrifício e ressurreição de Jesus Cristo, Filho de Abraão (26.1 a 28.8).

O Senhor em ressurreição, ministrando aos seus (28.9-20) (Scofield).

"O livro foi primeiramente escrito em hebraico ou aramaico, visando especialmente aos judeus, por isso o V.T. é citado muitas vezes’.

Mateus retrata Cristo como Rei. A palavra reino encontra-se 55 vezes, reino dos céus 32 vezes, e Filho de Davi 7 vezes.

 

O Evangelho do reino pregado por Cristo e seus discípulos (4.23; 10.7) não é idêntico ao Evangelho pregado hoje. Aquele era a boa notícia de que Deus estava para estabelecer sobre a terra um reino político e espiritual, governado por Jesus, como o Filho de Davi. Este se ocupa com o domínio espiritual de Cristo. O Evangelho do reino foi pregado até a rejeição e crucificação de Cristo, e será pregado novamente durante a Grande Tribulação (24.14) e antes da Segunda Vinda de Cristo como Rei. "As boas novas que pregamos hoje são concedentes à salvação por Cristo, e a chamada de um povo seu, Isto é o Evangelho da graça de Deus" (Lee).

 

Mateus, Marcos, e Lucas são chamados os evangelhos "sinóticos" (da palavra latina "Synoptiéos" "que tem forma de sinopse; resumido", Cândido de Figueiredo), porque narram a vida de Jesus de modo mais ou menos idêntico, e apresentam uma vista geral dos incidentes mais notáveis. João, porque trata do assunto com outro propósito e sob um outro prisma, não é um dos evangelhos "sinóticos". O título "sinótico" foi primeiro empregado por Griesbach (F. W. Grant),

 

ANÁLISE DE MATEUS

 

1. A preparação do Rei (caps. 1 a 4.16).

1.1. A descendência do Rei (1.1-17).

1.2. O advento do Rei (1.18 a 2.23).

1.3. O embaixador do Rei (3.1-12).

1.4. A progressão do Rei (3.13 a 4.16).

2.O programa do Rei (4.17 a 16.20).

2.1. O começo do Reino (4.17-25).

2.2. O manifesto do Reino (caps. 5 a 7).

2.3. Os sinais do Reino (caps. 8 e 9),

2.4. Os mensageiros e mensagens do Reino (caps. 10 e 11).

2.5. Os princípios do Reino (cap. 12).

2.6. Os mistérios do Reino (13.1-52).

2.7. A ofensa do Reino (13.53 a 16.20).

3. A paixão do Rei (16.21 a cap. 28).

3.1. A revelação do Rei (16.21 a 17.27).

3.2. A doutrina do Rei (caps. 18 a 20).

3.3. A rejeição do Rei (caps. 21 a 22).

3.4. A acusação do Rei (cap. 23).

3.5. As predições do Rei (caps. 24 e 25).

3,6. Os sofrimentos do Rei (caps. 26 e 27).

3.7. A vitória do Rei (cap. 28) - (Scroggie).

 

A MENSAGEM DE MATEUS

 

O propósito deste Evangelho é mostrar que Jesus, a quem os judeus crucificaram. era o Messias predito, por isso abundam as referências ao V. T. em número superior a oitenta, havendo mais' de quarenta citações verbais.

A frase "que fosse cumprido " ocorre nove vezes, e mais nove vezes se encontram "cumprir" ou "cumprido"

Jesus nasceu de uma virgem, como foi predito por Isaías (Mt 1.23), nasceu em Belém, de acordo com a profecia de Miquéias (Mt 2.5,6); desceu ao Egito, de acordo com Oséias (Mt 2.15); morou em Nazaré, cumprindo a esperança (Mt 2.23). Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, para cumprir a profecia (Mt 4.13-16); e Ele veio, não para destruir a Lei, mas para cumpri-la (Mt 5.17, 18). Quando curava, fazia-o de acordo com a profecia (Mt 8.16, 17), e seus discursos eram o cumprimento das Escrituras (13.10-15).

A sua entrada em Jerusalém, a denúncia, a captura no Jardim, a sua morte e a maneira pela qual se realizou, a sua voz na cruz, o seu enterro e a sua ressurreição, todos estes fatos se deram de acordo com as Escrituras, para que fossem cumpridas,

No monte da Transfiguração, o Pai testificou dele por citações tiradas das três partes das Sagradas Escrituras: a Lei, os Profetas, e os Salmos, e, mediante essas mesmas Escrituras, Jesus derrotou o Diabo no deserto.

Tão intimamente estão ligados a vida e ministério de Jesus à revelação do V.T. que para entender a Cristo é necessário conhecer as Escrituras do V. T, e para entender essas mesmas Escrituras é preciso conhecer a Cristo. E desta verdade Mateus é o expositor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 1

 

A genealogia de Cristo (1-17). Lemos aqui da descendência de Jesus desde Abraão; em Lucas, da sua ascendência até Adão. Há algumas diferenças nos nomes citados nas duas genealogias, mas não podemos reproduzir aqui todas as explicações que temos lido a respeito. A mais comum é que em Mateus temos a genealogia de José, e em Lucas a de Maria.

(Veja-se, porém, a nota explicativa de Lucas 3,23-38.)

O nascimento de Jesus Cristo (18+25). Podemos notar os seguintes fatos: a conceição milagrosa; o propósito de José; a declaração do anjo; os dois nomes do Filho; a obediência e a continência de José.

Aprendemos: que Deus tem poder para realizar uma encarnação milagrosa; que uma resolução humana pode ser corrigida por uma revelação divina; que uma profecia foi cumprida; que temos aqui o exemplo de um casal submisso à Palavra de Deus.

O versículo 23 refere-se a Isaías 7.14. Sobre este versículo escrevemos no Velho Testamento Explicado: "Sabemos de Mateus 1.21-25 que o completo e final cumprimento desta estranha profecia deu-se com o nascimento de Cristo. Contudo, havemos de entender que, em algum sentido, houve um cumprimento parcial e suficiente nos dias de Acaz para servir-lhe de 'sinal' e provar a veracidade do profeta".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 2

 

A visita dos magos (1-12). Não sabemos se eram três, nem se eram reis, mas vemos que eram sábios e vieram do oriente, guiados por uma estrela, tendo tido a revelação referente a um menino que havia de 'nascer rei". Geralmente quem vai ser rei nasce príncipe herdeiro.

Notemos: a perturbação e a oposição de Herodes, o Grande, que já estava reinando havia 40 anos na Judéia; a informação dos sacerdotes e escribas, instruídos na verdade, mas indiferentes à sua aplicação; a astúcia do rei; a homenagem dos magos e sua obediência à ordem divina.

Jesus não está mais na manjedoura da estalagem, mas em casa (v. 11); e alguns entendem que já tinha um ano de idade, e que Maria, depois de passar 12 meses em Nazaré, estava de visita em Belém pela segunda vez (v. 16).

F. W. Grant observa que no versículo 6 os sacerdotes e escribas não citam Miquéias 5.2 textualmente, pois trocam a palavra "reinar" por "pastorear". Ele pensa que isso pode ser para reprovar o rei Herodes, que estava muito longe de ser um pastor para seu povo. Porém pode também ter sido para não pensar que qualquer outro reinasse em Israel senão

Aprendemos deste trecho: que neste mundo um poder maligno costuma opor-se ao Sumo Bem; que um governador iníquo pode ter receio de uma criança santa nascida "rei"; que Jesus é digno da nossa adoração e nossas dádivas; que convém mais obedecer a Deus que a homens.

 

A fuga para o Egito e a matança dos inocentes (13-18). Nestes dois capítulos um anjo do Senhor (ARA) fala três vezes a José — mas sempre em sonhos. Na segunda vez (v. 13) mandou-lhe fugir para o Egito "até que eu te diga "; assim mais uma profecia cumpriu-se (Os 11.1).

Lendo em Oséias, o trecho parece, à primeira vista, não ter nenhuma referência ao Messias, mas quando examinamos a literatura judaica verificamos que Êxodo 4.23, sobre o qual Oséias é baseado, "era. aplicado pela antiga sinagoga ao Messias" (Edersheim citado por Ingram).

 

Herodes, irritado, manda matar os inocentes, e, inconscientemente, cumpre outra profecia (Jr 31.15).

 

Raquel, mulher predileta de Jacó, é aqui a figura de Israel. Alguns entendem que havia uma localidade perto de Belém chamada Rama.

 

Edersheim calcula que o número de meninos mortos por ordem de Herodes em Belém e arredores poderia ser de uns 20. Um número relativamente pequeno, em vista do grande número de assassinatos que esse rei mandou cometer durante seu longo rei. nado. E na própria família mandou matar Hircano, avô de sua mulher Mariana, depois a própria Mariana, seus dois filhos Alexandre e Aristóbulo, e, apenas cinco dias antes do seu próprio falecimento, a seu filho primogênito Antipater, e outros (Ingram).

 

Aprendemos deste trecho a escutar a voz divina, que pode falar pela Sagrada Escritura ou pela voz do pregador. Notemos que desde esses tempos muitos inocentes têm sofrido. um ódio cego contra Cristo tem motivado muitas perseguições.

"Será chamado nazareno" (v. 23). Estas palavras não foram escritas por nenhum dos profetas, mas podiam ter sido ditas por algum deles.

"Temos visto que foi dito pelos profetas que Cristo, durante seu ministério terreno, teria um nome de desprezo e opróbrio, e Mateus resume estas profecias nas palavras figuradas, mas corretas, será chamado nazareno" (Neil).

 

Contudo pode ser preferível a emenda de tradução "será chamado Renovo" (Zc 6.12), a palavra hebraica "nezer" renovo, vara, sugerindo nazareno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 3

 

João Batista prega o arrependimento (1-12). "João Batista é a única pessoa do N. T., exceto nosso Senhor, cuja obra foi predita no V.T. Em Isaías 40.3 ele é a 'voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor'. Em Malaquias 4.5 fala-se dele: 'Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor'. O Senhor diz-nos em Mateus 11.14 que isto se refere a João" (Goodman).

 

Aqui João Batista aparece de repente. Em Lucas 1 lemos a sua história anterior. Nos versículos 1-6 de nosso capítulo temos um resumo do seu aspecto, serviço e êxito.

Comendo gafanhotos (v. 4). "O erudito e verdadeiro escritor Burckhard assim fala deste assunto: "Todos os árabes habitando as vilas de Nejd e Hedjaz comem gafanhotos. Tenho visto em Medina e Tayf lojas onde se vendem gafanhotos por medida. No Egito, na Núbia, são comidos apenas pelos mais pobres. Os árabes, para preparar os gafanhotos como alimento, põem-nos vivos a ferver em água em que há bastante sal. Depois de alguns minutos tiram-nos e secam-nos ao sol. Então são tiradas as cabeças, pernas e asas. Os corpos quando bem secos são postos em sacos. Às vezes comem-se em manteiga" (The Land and the Book). (Veja-se Levítico 11.22.)

 

O reino dos céus (v. 2) refere-se ao reino terrestre prometido a Israel no V.T. sob o domínio do Messias. Ê o governo dos céus sobre a terra (Dn 2.44; Mt 6.10). Quando Israel rejeitou seu Rei, esse reino foi adiado até a sua volta gloriosa. Os crentes provam desde já as bênçãos espirituais do governo de Cristo.

 

"Fariseus, saduceus, escribas". (Veja-se no Pequeno Dicionário Bíblico.) Clique aqui e baixe o prg do dicionário e instale em seu computador

 

Diz-se que o batismo com água (v.6,13, etc.) era um rito usado pelos judeus quando faziam prosélitos dentre os gentios.

João Batista, não podendo sugerir uma pessoa em nome de quem batizasse o povo, apontou para o arrependimento como centro espiritual dos piedosos, e falou de outrem, que usaria outro batismo, não de água, mas com o Espírito Santo e com fogo. Os crentes (o trigo), seriam batizados com o Espírito, e os descrentes, a palha (futuramente), no fogo.

() embaixador do Rei (1-12). Leia o que Jesus disse de João Batista no capítulo 11.7-15, considerando neste trecho:

1) O homem (1-4), notando com cuidado suas características.

2) Sua missão (5,6) que era bastante limitada. Ele é chamado o "batista" porque seu trabalho era batizar. Paulo não podia ser chamado o batista porque disse: "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar" (1 Co 1.17). O batismo de João não era o batismo cristão (em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo), mas do arrependimento: a fim de "preparar o caminho do Senhor".

3) A sua mensagem (7-12). De acordo com a dispensação que ele representava, a mensagem não era de conforto, mas de aviso. Notemos as palavras empregadas: víboras, ira, machado, fogo, palha, queimar. Estas não são palavras evangélicas, mas a Lei era uma preparação necessária ao Evangelho. Antes de poder haver conversão precisa haver convicção (Scroggie).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 4

 

O conflito entre Cristo e Satanás (1-11), O dr. Scroggie estuda este trecho assim:

Os combatentes no conflito: Jesus e o Diabo. Sendo Jesus uma pessoa, não é razoável dizer que o Diabo é uma mera influência. Ê certo que o Diabo é uma pessoa.

0 tempo do conflito. "Então". Quando? Depois do batismo, da descida do Espírito, da voz do Céu. Mas antes de Jesus entrar no seu ministério público.

O propósito do conflito. Por parte de Satanás, tentar; pelo lado de Deus, provar. De um lado, uma provação para derrotar Jesus; do outro lado, a provação para comprová-lo.      

Cada tentação é uma provação, mas nem toda provação é uma tentação.

A cena do conflito: Um deserto. Lembremo-nos de que a primeira tentação se deu num jardim. Não há nenhuma circunstância em que não possamos ser tentados. Não é mudança de lugar que necessitamos para ganhar a vitória, mas mudança de coração. Adão caiu no jardim; Jesus prevaleceu no deserto.

A determinação do conflito. Jesus foi "conduzido pelo Espírito' , Marcos diz que foi "impelido pelo Espírito".

A duração do conflito. Por 39 dias Jesus foi acometido de perseguições diabólicas, mas o conflito principal foi no quadragésimo dia. O que fazemos durante os 39 dias determinará nossa vitória ou derrota no último e grande dia da prova.

O plano do conflito (Hb 4.15). A primeira tentação referia-se ao apetite; a segunda à ventura; a terceira à ambição.

0 êxito do conflito. Jesus venceu! Os nossos próprios conflitos com o mal resultam em vitórias? derrotas? ou indecisões?

 

Podemos estudar este trecho de outra maneira, usando as divisões:

O preparo para a tentação.

O poder contra a tentação.

O 'proveito da tentação.

 

1) O preparo para a tentação começa: a) por não negligenciar nenhum dever, mas "cumprir toda a justiça "; b) por escutar a voz de Deus e pensar no bom prazer dele; c) por submeter-se à direção do Espírito Santo; d) por um tal afastamento do mundo que Deus seja o nosso único recurso.

 

2) O poder contra a tentação adquire-se: a) pelo reforço espiritual que vem do conhecimento do amor de Deus (3.17); b) pela dedicação que quer agradar ao Pai antes de tudo; c) pela dependência que considera o único e suficiente recurso; d) pelo conhecimento da Palavra, e sujeição a ela; e) pelo desprezo das riquezas e honras mundanas sem Deus.

 

3) O proveito da tentação pode ser: a) em uma compreensão mais viva da nossa dependência; b) em maior conhecimento do socorro divino; c) em maior confiança para enfrentar conflitos futuros. Cada um deve pensar: como costuma ser tentado; por que tem sido vencido; como pode ser vencedor.

 

Aprendemos deste trecho: que depois de uma experiência espiritual (3.16), segue-se uma tentação carnal; que as mais fortes tentações nos assaltam quando estamos sozinhos; que nem sempre é o Diabo que nos tenta (Tg 1.14); que a Palavra de Deus é o nosso recurso; que não devemos pedir milagres desnecessários; que o inimigo pode citar a Escritura; que depois do Diabo vêm os anjos.

 

1) Jesus inicia o seu ministério (12-25). No estudo deste trecho podemos considerar:        

O caráter do ministério de Jesus. Ele:

a) pregava o arrependimento, a fim de levar o povo a odiar o mal;

b) pregava o reino (veja-se Romanos 14.17), para que o povo encontrasse o bem, submetendo-se ao domínio divino;

c) curava, para demonstrar o poder de Deus e a sua compaixão pelos sofrimentos humanos.

 

2) Os companheiros do ministério. Escolhendo companheiros, Jesus ensinou:

a) que não é ideal trabalhar sozinho;

b) que o obreiro deve pensar em ensinar outros obreiros;

c) que convém aprender praticamente;

d) que Deus prefere chamar gente ocupada, e não os ociosos;

e) que para servir a Jesus pode ser necessário deixar alguma coisa;

f) que a obediência à chamada divina deve ser imediata (v. 22).

 

3) As consequências do ministério:

a) luz, para quem estava nas trevas e na sombra da morte;

b) saúde, para os doentes;

c) serviço, para os discípulos (v. 19).

 

Perguntas: Que significa para nós o ministério de Jesus? Porventura obtivemos dele nova saúde espiritual? Temos ouvido a sua chamada ao serviço? O que temos deixado para o seguir?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 5

 

O sermão da montanha: o manifesto do Rei (116), no qual se nos diz quem são os súditos do reino, quais as suas verdades fundamentais, e como se entra nele. (Lucas também registra este sermão, mas dos 107 versículos citados por Mateus ele menciona apenas 30.)

Os súditos do reino, seu caráter e sua influência (3-16). Caráter e influência são intimamente ligados, pois a influência não pode ser melhor do que seu caráter. O que somos é sempre mais importante do que o que fazemos.

 

Características daqueles que podem ser súditos do reino: Humildade (3), simpatia (4), mansidão (5), retidão (6), misericórdia (7), pureza (8), tranquilidade (9), lealdade (10-12). Estas não são qualidades que os homens teriam escolhido.

A palavra "bem-aventurado" repete-se nove vezes, não quer dizer precisamente "feliz", mas antes útil, prestável, bem-sucedido na vida espiritual.

Podemos tomar estas "bem-aventuranças" como quadro do progresso espiritual de uma alma:

Versículo 3 - O humilde de espírito (VB) talvez nem sempre fosse assim antes de ter conhecimento de Cristo, mas, tendo-se comparado com Ele, perdeu seu orgulho próprio, reconheceu seu pecado, e arrependeu-se.

Versículo 4 - Vai mais além: chora o mal, e então experimenta as consolações do Evangelho de Cristo.

Versículo 5 - Vemo-lo depois revestido de Cristo, e "manso e humilde de coração". Cresce em graça e no conhecimento de Deus.

Versículo 6 - Progride ainda na vida espiritual. Aprecia os valores verdadeiros; ambiciona, não prazeres, riquezas, comodidades, mas justiça na sua própria vida e em redor de si.

Versículo 7 - Ainda mais: pratica o bem, é misericordioso, é altruísta como era Cristo.

Versículo 8 - No íntimo da sua vida, ele é puro em desejo, pensamentos e palavras.

Versículo 9 - Além disso, é ativo em promover a harmonia entre seus semelhantes, não olhando apenas os interesses próprios, mas cuidando dos interesses de Deus.

Versículo 10 - E mesmo quando mal-entendido, perseguido pelos maus, ele não deixa de ser bem-aventurado; e se a perseguição chegar ao extremo e ele for morto, conta que o resultado será uma "melhor ressurreição" (Hb 11.35), a qual será a consumação da sua bem-aventurança.

"O Rei anunciou a proximidade do seu reino, e agora pronuncia as suas leis. Estas têm dupla aplicação: futuramente: depois do reino estabelecido; e agora, de algum modo, ao cristão da atualidade" (Gray).

Antes de enunciar os preceitos do reino, Jesus aponta os que poderão gozar do seu governo. "Bem-aventurado" não é o mesmo que "feliz", como o versículo 4 nos mostra. Significa ser enriquecido por Deus, e esse enriquecimento é no caráter, não nas possessões. Ê "o que sou", e não "o que tenho", que me torna verdadeiramente enriquecido ou bem-aventurado (Goodman).

Os pobres de espírito são os que, em vez de Rous ir quando o "eu" é ofendido, ocupam-se mais com a honra do Rei. Os que choram, os que lamentam, não tanto os prejuízos pessoais, mas a perversidade que há no mundo. Os mansos, os que, em vez de se ofenderem, sabem responder brandamente. Os que amam a justiça e a praticam são os que praticam a misericórdia em obras de caridade, Os puros, os que podem esperar mais clara compreensão de Deus. Os pacificadores, os que sabem acalmar as contendas. Os perseguidos e injuriados por amor de Cristo, são os que nada têm aqui, mas esperam um futuro galardão.

 

Vemos nos versículos 13-16 que os crentes são semelhantes ao “sal”, à “luz”, e a uma “cidade”. O sal conserva da corrupção, e a luz descobre e manifesta; uma cidade é um centro de cooperação, harmonia, e governo, e, colocada sobre um monte é bem visível.

Sal que perde seu valor. “Um negociante de Sidom, havendo obtido do governo o monopólio de sal, trouxe uma quantidade imensa dos pântanos de Chipre, e alugou sessenta e cinco casas na aldeia de June para armazenar o sal. Estas casas não tinham assoalho, e em poucos anos o sal depositado no chão perdeu seu sabor. Vi uma grande quantidade atirada a rua e pisada pelos homens. Semelhantes armazéns são comuns na palestina desde tempos remotos” (The Land and the Book).

Cristo e o velho testamento (17-30). Ele veio dar cumprimento e atualidade às sombras e às figuras do V.T. Também veio para dar uma interpretação mais espiritual aos preceitos da Lei, como vemos, por exemplo no versículo 28.

 

Versículo 20. A nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus no seguinte:

1 – Não sendo somente uma prática exterior, mas nascendo no coração.

2 – Não sendo para obter honra dos homens, mas para servir a Deus.

3 – Não sendo limitada por nossos gostos, mas obedecendo toda a vontade de Deus.

4 – Não sendo apenas ocasional, mas sim hábito, regra da nossa vida (Goodman).

 

Nos versículos 21.22, “réu de juízo” refere-se a um tribunal inferior em cada cidade, de 23 membros, que punia os criminosos por estrangulação ou decapitação. “Réu do sinédrio” refere-se ao tribunal superior dos anciãos, que aplicava pena de apedrejamento.

É preciso não “espiritualizar” o versículo 25, fazendo o “adversário” uma figura de Deus! É mais prudente tomar as palavras ao pé da letra, com a sua evidente aplicação às experiências desta vida.

Os versículos 29,30 empregam a linguagem energética do Oriente, que como é evidente, não se deve entender ao pé da letra, porque todos compreendem que o culpado não é o olho ou a mão, mas o coração perverso que desejou tal pecado.

A base das boas relações sociais (27-48). Neste trecho certos males são reprovados: Adultério (27-30); divórcio (31-32); imprecações (33-37); represálias (38-42); ódio (43-48).

O trecho contém também ensino sobre a conduta cristã, e descreve:

1) O caráter da conduta do crente – É submisso (39); é bondoso (40); é altruísta (40); é prestável, e empresta, embora evite tomar emprestado, para nada dever a ninguém (Rm 13.8); é beneficente, não somente aos bons mas também aos maus, e diz bem até aos maldizentes; é dado à oração, pedindo pelos amigos e inimigos, desejando a sua felicidade espiritual.

2) O padrão de vida do crente é “como faz também o vosso Pai” (v.45).

3) A recompensa da conduta do crente será principalmente em ter a aprovação de Deus, também sentirá a íntima satisfação em ter procedido bem- a aprovação da própria consciência, e, ainda mais, pode ver o fruto imediato na apreciação que seus vizinhos hão de manifestar.

 Sobre a recompensa devemos estudar com cuidado Lucas 6.35,38. É sempre verdade que “com a medida que medirdes, também vos medirão”. 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 6

 

Avisos contra a hipocrisia (1-18), no que se diz respeito a:

1) Esmolas (1-4): aqui a coisa principal é o motivo, que pode ser egoísta, mas deve ser espiritual.

2) Oração (5-15), que pode ser motivada pela ostentação (5,6), e por repetições vãs (7,8).

A oração modelo, que podemos chamar “Oração dos discípulos” (porque Jesus lhes ensinou), é uma oração perfeita, visto que contém: adoração, confissão, petição, intercessão, ações de graças (9-13).

3) Jejum (16-18) Sobre o Jejum podemos consultar Isaías 58. 3-7.

Diz o Dr. Goodman: “Jejuar é negar-se a si mesmo para a glória de Deus ou para a disciplina do próprio coração. Não é uma observância religiosa ou uma demonstração de piedade”.

Avisos contra o materialismo (19-34). Aqui temos quatro:

1) contra a acumulação de bens materiais (19-21), com desprezo aos valores espirituais.

2) Contra a falta de sinceridade (22,23). Singeleza de propósito é luz, duplicidade é trevas; sinceridade a saúde; insinceridade é doença.

3) Contra o coração dividido (24).

4) Contra a ansiedade (25-34), com respeito a duas coisas comuns, alimento e vestuário.

Os versículos 25-34 ensinam confiança na proteção do Pai, e contemplam o homem cuja primeira ocupação é “o reino de Deus e sua justiça”. Aos Tais Jesus declara que as necessidades materiais serão supridas. A maneira, Ele não a explica.

 

O versículo 28 deve ser traduzido, provavelmente: “Considerai os lírios do campo: Não cardam nem fiam”. 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 7

 

Não julgueis (1-6). O que aqui é reprovado não é o discernimento sensato e necessário, mas uma inclinação para a censura, que é condenada por dois motivos: porque prejudica o próprio caráter (1,2) e impede-nos de servirmos aos outros (3-5). A ilustração do argueiro e a trave é penetrante e humorística. Pretender que não possa haver ministério que remova os argueiros é um erro. O que o Senhor diz é que quem tiver trave no próprio olho não pode ver claramente para tirar o argueiro do olho de outro. Quando julgamos pequenas as nossas próprias culpas são certo que havemos de pensar que as dos outros são grandes (Scroggie).

Nossas “pérolas”, no versículo 6, podem ser as preciosas verdades que somente os crentes têm capacidade para apreciar. Por exemplo, o parentesco espiritual que nos une a família de Deus. Mas temos ouvido alguém, conversando com descrentes, falar-lhes do “irmão Fulano”. Para o mundo esse Fulano não é um “irmão “, mas um cidadão.

Oração (7-12). Notemos quanto se trata deste assunto no sermão. A oração deve ser sincera, confiada, definida, perseverante.

Caráter e destino (15-23). O manifesto do Rei (caps. 5 a 7) fala de três coisas, a última das quais se considera neste trecho. Elas são: os súditos do reino (5.1-16); a doutrina do reino (5.17 a 7.6); o caminho para o Reino (7.7-29). Sob este último título temos direções (7-14) e avisos (15-29).

 

Aprendemos dos versículos 15-20 que devemos conhecer os “profetas” pelos “frutos” do seu ensino e exemplo. Quando qualquer ensino novo produz discórdias entre os crentes, aniquila a espiritualidade dos adeptos, diminui o amor e a caridade, promove discussões e contendas, podemos saber que quem o traz é “falso profeta”.

A prova do verdadeiro servo de Deus é que ele faz a vontade do Pai (v.21). O Senhor gostava de ensinar contrastes; o sermão termina com três: caminho largo e caminho estreito; árvore boa e árvore ruim; fundamento de rocha e fundamento de areia.

Os dois alicerces (24-29). O ensino de Jesus é para ser posto em prática. Quem basear seu caráter sobre as verdades do Salvador, suportará as tempestades e as provações.

Podemos notar que a palavra grega traduzida “combater” no versículo 25 não é a mesma do versículo 27. Contudo, o dicionário não faz muita diferença no sentido dessas palavras.

 

Jesus “ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas” (v.29). Os Homens necessitam comprovar as suas afirmações, citando documentos ou autoridades competentes. Jesus podia afirmar sem necessidade de comprovantes. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 8

Lepra, paralisia e febre (1-17). Podemos notar que, até o capitulo 8 de Mateus, não lemos de nenhum milagre de Cristo, e então temos sete, um após outro, nos capítulos 8 e 9.

Depois das leis do reino (caps. 5 a 7) temos aqui as credenciais do rei em obras milagrosas.

Neste capítulo e até o 9.8, encontramos um grupo de curas milagrosas que servem para ilustrar milagres semelhantes no mundo espiritual. Vemos que o pecado contamina (1-4), incapacita (5-13), perturba (14-17), endemoninha (28-34), etc.

Notemos que o contato com Cristo importava, então, como ainda hoje importa, em bênção para todos-

A dúvida do leproso curado (v. 2) era referente à vontade de Cristo. Em Marcos 9.22, a dúvida é do seu poder.

"A oferta do leproso curado está determinada em Levítico 14. Abrangia um ritual elaborado. Tinha, como se observa, um sentido típico. Acompanhando até o templo este leproso favorecido por Cristo, e observando a cerimônia, aprendemos como o pecado pode ser expiado, o pecador santificado e recebido entre o povo de Deus" (Goodman).

O testemunho do homem curado devia estar de acordo com a lei de Deus e não com a vontade própria (v. 4).

O centurião crente (5-13)

1) Antes de estar com Cristo podemos acreditar que o centurião era:

Um homem disciplinado. Tinha chegado ao grau de capitão no exército romano depois de alguns anos de disciplina militar. Estava acostumado com a ordem, pontualidade, obediência, prontidão, vigilância, e a convivência com companheiros igualmente habilitados.

Um homem acostumado a mandar e ser obedecido.

Um homem caridoso, ao menos para com os empregados.

Um homem que reconhecia as limitações dos médicos.

Um homem acostumado a acreditar em poderes sobrenaturais.

Este homem, havia muito ou pouco tempo, ouvira falar de Jesus. Soubera das curas maravilhosas que Ele fazia. Talvez tivesse ouvido alguma coisa dos seus ensinos. Podia tê-lo visto e ficado impressionado pelo seu aspecto benévolo. 2) Quando estava com Jesus o centurião:

Mostrou-se respeitoso: rogou-lhe.

Mostrou-se humilde: disse: "não sou digno'

Mostrou-se confiado: pediu uma cura imediata.

Mostrou-se contente com pouco: pediu apenas 'uma palavra" da boca de Jesus, porque tinha fé que seria suficiente.

Mostrou-se obediente. Quando Jesus lhe disse "Vai, e como creste te seja feito", ele foi, e achou o servo curado.

Mostrou-se piedoso: amava a Israel e fizera uma sinagoga para os judeus seus vizinhos (Lc 7.5). Notemos que os judeus disseram "ele é digno" e ele mesmo disse "não sou digno'

Vemos que Lucas conta o caso diferentemente: diz que o centurião, em vez de ir ter com Jesus, mandou alguns anciãos dos judeus com o recado. Depois ele mandou uns amigos, dizendo: "Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado" (LC 7.6).

Podemos acreditar que ambas as narrativas dizem a verdade. Que depois de mandar os anciãos e amigos o homem mesmo foi ter com Jesus. 3) Depois de estar com Jesus:

O centurião achou saúde e satisfação, em lugar de sofrimento e enfermidade.

O centurião valeu-se novamente dos serviços do bem-estimado empregado.

O centurião teve preciosas recordações da entrevista com Jesus sua simpatia e interesse; sua voz carinhosa; seu sereno poder; sua palavra autorizada; seu olhar benigno; seu discernimento e apreciação da fé — e tudo isto ele teria perdido se não tivesse mudado de propósito e ido pessoalmente ter com Jesus.

O centurião tem servido de exemplo e inspiração a milhares através dos séculos, que têm imitado a sua fé, que têm recorrido a Jesus para achar a salvação desejada.

A sogra de Pedro (14-17) é um exemplo do lema "salvo para servir".

Fraquezas humanas (18-34). Os versículos 18-22 ensinam-nos que o caminho de serviço pode ser o caminho de sacrifício.

Seguir a Cristo importa ter fé: isto é, ter tanta confiança nele que desejamos partilhar da sua sorte, e com Ele ficamos contentes, quaisquer que sejam as consequências.

Neste trecho descobrimos:

1) Decisão apressada.' "Mestre, onde quer que fores, eu te seguirei" (v. 19). Quando a pessoa está emocionada, a carne apressa-se a agir. A boa semente é recebida com gozo, mas, não tendo raiz, murcha. Por isso o Senhor adverte o discípulo apressado no versículo 20.

2) Obediência adiada. Aqui temos um caso diferente: "Permite-me que primeiramente..." Para o cristão, Cristo deve ser o primeiro de tudo.

Pouca fé. É uma coisa estranha que a "grande fé" se encontra num gentio (v. IO) e a "pouca fé" nos discípulos na companhia do Senhor (v. '26). Pouca fé liga-se com grande medo.

Obsessão diabólica. Aqui vemos o pecado na sua expressão mais terrível. Os endemoninhados, um perigo para os outros e uma tortura para si mesmos (v. 28).

Notemos que Mateus fala de dois endemoninhados, Marcos e Lucas de um. Também em 20.30 há dois cegos, e nos outros evangelhos um. Ê de entender que Marcos e Lucas se referem em cada caso apenas ao mais destacado.

Neste capítulo encontramos a frase "Filho do homem " que Jesus emprega a seu próprio respeito umas 80 vezes. Não devemos pensar que isso signifique "filho de um homem", porque Jesus não o era. Provavelmente é uma alusão a Daniel 7.13, e também quer frisar o fato de que Jesus participou da verdadeira humanidade. Jesus nunca falou de si como "filho de Israel".

Parece certo que a localidade deste milagre foi Gergesa, como diz Mateus e não Gadara, como traduzido em Marcos e Lucas. O nome do lugar hoje é Kersa ou Gersa. O assunto é plenamente discutido no "The Land and the Book" p. 371.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 9

 

O paralítico de Cafarnaum (1-8). Tem-se dito com razão: ' e a vossa religião não é suficiente para vos impedir de pecar, por que pensar que é suficiente para salvar a vossa alma de perecer?" É essa a lição que podemos aprender do incidente do homem paralítico. Aquele que perdoa os pecados é o mesmo que nos manda andar em novidade de vida (v. 6). Se não ando direito, por que pensar que meus pecados estão perdoados? A reconciliação pelo sangue vem sempre acompanhada da regeneração (pelo poder divino). Em palavras simples: o pecador perdoado sempre anda em novidade de vida (Goodman).

A cura do paralítico ensina duas lições: que a fé dos amigos pode cooperar na salvação de alguém, trazendo-o a Jesus, e que o perdão dos pecados tem íntima relação com a cura do corpo (Tg 5.15).

Os construtores de casas podem estranhar o fato de se ter feito, rapidamente, um buraco no telhado suficiente para baixar uma cama com um doente. O caso não é explicado, porque não tem interesse espiritual. Não é impossível que um dos quatro amigos tenha sido pedreiro, e, sabendo que o telhado estava em obras de renovação nesse dia, tenha podido fazer um grande buraco com rapidez. (Consulte-se também a explicação de Marcos 2.1-12.)

Na Escola Dominical estudamos o incidente assim:

Os amigos do paralítico. Notemos que: a) muitas vezes alguém (ou alguns) se empenha em levar-nos a Jesus; b) os amigos eram persistentes, e venceram as dificuldades (Mc 2.4).

O passado do paralítico: a) Sua doença era resultado dos seus pecados. b) Ele necessitava de perdão quanto ao passado antes de obter saúde para o presente. c) Jesus (e somente Ele) podia e pode perdoar.

A cura do paralítico: a) Seu contato com Jesus deu-lhe uma nova saúde. b) O mandado de Jesus deu-lhe uma nova direção na vida: em vez de ficar deitado, inútil, ele se levanta e anda. c) A mudança na sua vida impressionou os vizinhos.

A vocação de Mateus (9-13) ensina: que Jesus chama a quem conhece (Rm 8.29,30); que a chamada de Jesus pode resultar em mudança de emprego; que uma pessoa chamada por Jesus pode querer "fazer-lhe um grande banquete" (LC 4.'29); que Mateus era um dos doentes que necessitava de médico.

"Misericórdia quero e não sacrifício" (13). O Senhor cita duas vezes Oséias 6.6; aqui com referência a Ele comer com publicanos e pecadores (v. 13), e em Mateus 12.7, quando os fariseus se queixaram que os discípulos violavam o sábado ao comerem espigas.

O que Deus, em Oséias, pede de seu povo não é sacrifício e oferta queimada, mas misericórdia e o conhecimento de Deus. É a mesma verdade que Samuel ensinou ao rei Saul: "obedecer é melhor do que sacrifício, e o atender do que a gordura de ovelhas".

Porém Jesus, nos dois trechos, dá às palavras uma conotação diferente; ambas as vezes empregadas com o seguinte sentido: "Eu, o Senhor, desejo mostrar-vos misericórdia, e não exigir sacrifícios (Goodman).

Sobre o jejum (14-17). Este trecho dá-nos a idéia de que jejuar é semelhante a "estar de luto" por um Salvador, um esposo, tirado deste mundo por uma morte violenta.

O novo ensino do Evangelho não veio para remendar o velho judaísmo (v. 16).

A filha de Jairo e a mulher com fluxo de sangue (18-26). Este caso é relatado mais detalhadamente por Marcos e Lucas, Eles contam que o nome do pai da criança era Jairo, que a menina tinha 12 anos e que Jesus mandou que dessem de comer.

A cura desta mulher vem no meio da história da filha de Jairo. Marcos e Lucas também relatam a sua cura.

Estas curas seguem o trecho sobre o jejum. Delas aprendemos coisas preciosas: que Jesus atende à chamada da fé; que Ele corresponde à confiança do necessitado (v. 21); que a simpatia acompanha o seu poder (22) que Jesus, às vezes, exige fé da parte de quem Ele vai curar (28) e outras vezes não (8.'28-32).

Dois cegos e um mudo curados (27-34). Notemos a expressão "Seja-vos feito segundo a vossa fé" (v. 29). Toda bênção é segundo a medida da fé (Rm 12.6). Se trouxermos um copo pequeno ao oceano da graça, será cheio. Se trouxermos um maior, não haverá falta. Deus não é limitado. Nós o limitamos, trazendo a nossa pequena vasilha. Porventura cremos que Ele pode? (28). Cremos que pode mais do que pedimos ou pensamos? (Goodman)

A seara e os ceifeiros (35-38). Notemos que a seara: a) só vem depois da sementeira; o evangelista lida com gente em cujos corações o Espírito Santo já tem operado. (Como... ? Jó 33.14-22); b) é uma obra grande, que necessita de grandes recursos espirituais e materiais, de grande entusiasmo, abnegação, paciência; c) é um serviço que deve ocupar as nossas orações (v. 38).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 10

 

Os discípulos, os ceifeiros.

a) Seu preparo: "ordenou aos doze que estivessem com Ele, para que os mandasse a pregar" (Mc 3.14).

b) Seu poder resultou do seu contato imediato com Cristo.

c) Sua mensagem: o reino de Deus (Rm 14.17).

d) Seu serviço: curas milagrosas (podem ser comparadas com as curas milagrosas de hoje). e) Seu premio (v. 32).

Notemos que agora é que se fala pela primeira vez de apóstolos, ou "enviados" (v. 2), cujo ministério seria o de anunciar, somente a Israel, que o reino estava próximo. Os poderes referidos nos versículos 1 e 8 acompanhavam esta pregação do reino. Os "dignos" (v. 11) eram os que esperavam o Messias prometido. O Evangelho da graça de Deus é pregado hoje, não aos dignos, mas a todos (Gray).

 

A expressão "nem alforjes para o caminho" (v. 10) refere-se ao costume dos religiosos ambulantes de então de levarem um saco para receber os donativos dos fiéis. Não importa em uma proibição ao evangelista hoje de levar a sua mala ou capoteira contendo a muda de roupa.

 

Podemos notar os seguintes pontos referentes aos doze apóstolos:

 

9.38 - Seu preparo: oração.

10.1 - Seu fornecimento: poderes sobrenaturais.

2-4 - Sua companhia: dois a dois.

5-6 Seu objetivo: a casa de Israel.

7-8 - Seu Serviço: pregar, orar, purificar, expulsar, tudo gratuitamente.

9-15 - Seu sustento: fornecido pelos "dignos".

16-25 - Seus perigos: açoites e prisões.

26-27 Seu testemunho: público, corajoso, de acordo com o que ouviram de Jesus.

28-32 - Sua proteção: os cuidados do Pai.

33-39 Seu conflito.' às vezes com os próprios parentes.

40-42 O galardão de quem recebe um discípulo de (histo é amplo, é de acordo, e é garantido pelo próprio Deus.

Os expositores concordam em entender que é Deus que pode destruir no Inferno a alma e o corpo

Uma exigência estupenda (v. 37). "Ninguém que não fosse Deus teria o direito de fazer tamanha exigência. Colocar-se acima de pai, mãe, filho, filha, nas nossas afeições, seria absurdo se partisse de um mero homem. Que o Senhor Jesus faz tal exigência é uma prova da sua divindade, porque somente Deus pode colocar-se acima de pai ou mãe nas nossas afeições. Que se fizesse tal exigência é um fato extraordinário, porém mais extraordinário ainda é que todo cristão a considera razoável e justa, e que milhares a têm obedecido. Mas há compensações:

 a) Perder a vida por amor de Cristo é achá-la

Receber a Cristo é receber o Pai (40).

Há galardão futuro pelo menor ato de serviço de amor (42) (Goodman).

 

A palavra traduzida "vida" (v. 39) é a que sempre se emprega para "alma". A alma é a própria pessoa. O homem é uma alma (Gn 2.7; 1 Co 15.45). Ele tem um corpo, pelo qual está em contato com seus semelhantes, e um espírito, pelo qual sê relaciona com Deus.

Perder a alma (vida), como em Mateus 16.25, é perder-se a si mesmo; falhar no propósito para o qual a vida nos foi dada, sendo lançado fora como inútil. "Achar a vida" (39) é viver para si mesmo e assim perder a verdadeira "vida". "Perder a vida" por amor de Jesus é negar-se a si mesmo, gastando a vida toda por Ele. O mundo considera perdida uma vida nessas condições, mas o Senhor a considera "achada".

 

Propostas emendas de tradução: No versículo 10 em vez de "alforjes" ler "saco de mendigo" (J. 237).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 11

João Batista (1-19), Um ministério que termina encontra um ministério que começa (1-3). O recado de João Batista revela certa decepção, O reino não se manifestou tal qual ele esperava.

Jesus aponta alguns dos benefícios mais evidentes do seu próprio ministério (4-6) e depois (7-19) dá testemunho da nobreza espiritual do profeta que jazia na masmorra de Herodes.

Notemos algumas das características que tomam João Batista um grande profeta:

Seu caráter intransigente.

Seu ofício exaltado; mais que profeta: um precursor de Cristo.

Seu alto privilégio; o de ver os céus abertos sobre Jesus.

Sua maravilhosa mensagem em chamar uma nação ao arrependimento, e apontar o Messias.

Seu paciente sofrimento às mãos de Herodes.

Sua morte de mártir.

"Contudo, quem é menor no reino, é maior do que ele- Quem, mediante o renascimento, entra na nova criação é maior que o melhor dos anteriores, assim como nenhum membro do reino animal é comparável a outro da raça humana" (Goodman).

Alguém pode pedir ainda mais explicação do versículo 11, "aquele que é o menor do reino dos céus é maior do que ele.”

Traduzimos o seguinte: "No que diz respeito aos privilégios, o menor crente nesta dispensação é maior que o chefe da dispensação anterior. A diferença é determinada pela distância entre o Evangelho e a Lei" (Scroggie.)

Podemos fazer uma relação dos pontos de superioridade do cristão de hoje ao maior dos profetas da velha dispensação. Ele descansa numa obra redentora consumada; conhece a Deus como Pai bondoso, revelado em Cristo; no seu serviço tem parte no jugo de Cristo; tem a esperança de um glorioso porvir na companhia do seu Salvador, etc.

"Pode haver duas interpretações do versículo 12, uma exterior e outra interior. Na primeira, os inimigos de Jesus e João são os 'violentos' que violentamente rejeitam o reino; na segunda, os 'violentos' são aqueles que apesar de oposição, se esforçam para entrar nele" (Gray).

 

Mas o dr. Butlinger prefere a tradução: "Desde os dias de João Batista o reino de Deus se impõe [ao povo) e os enérgicos lançam mão dele".

Notemos o testemunho que Jesus dá de João Batista:

 

"a) Mais que profeta. Fala dele como "Meu mensageiro", um precursor para anunciar a sua vinda.

"b) Não era uma cana abalada pelo vento; não era nenhum volúvel, e sim um espírito forte.

"c) O maior dos que têm nascido de mulher, por isso o maior dos homens, a não ser, talvez, Adão, o único que não nasceu de mulher.

"d) Elias. Isto é, nele se cumpriu a profecia de Malaquias 4.5, como está confirmado em Lucas 1.17" (Goodman).

Soberania divina e responsabilidade humana ('20-30). Do equilíbrio destas duas coisas depende a balança da verdade. O ensino de nosso Senhor conserva perfeitamente este equilíbrio. Cada alma remida dá a glória a Deus. Cada alma perdida sabe que é responsável por sua escolha pecaminosa. Somos convidados a vir a Jesus para três fins:

Para descansar, o que importa em descanso da consciência, da culpa do pecado; descanso da mente, do receio de castigo; descanso da vontade, do domínio e tirania do pecado; descanso do coração no amor de Cristo.

Para tomar seu jugo, isto é, submeter-nos em obediência à sua disciplina. A liberdade, temo-la somente na submissão.

Para aprender dele, pois em salvar-nos o Senhor propõe santificar-nos. Nossa tríplice bem-aventurança está em achar descanso nele, prestar-lhe obediência e ser conforme à sua semelhança (Goodman).

Deste capítulo aprendemos que podem acontecer coisas que desanimam o servo de Deus (v. 3), mas Jesus convida a tomar sentido do seu poder, e esperar (vv. 4-6). Que Ele pode discernir grandeza apesar de haver um aspecto humilde (v. 11). Que Ele reprova o espírito queixoso (vv. 16-19). Que trabalhar com Ele é uma ocupação "suave e leve".

O grande convite do Evangelho é um tríplice apelo: "Vinde a mim; tomai meu jugo; aprendei de mim". Abrange toda a extensão da vida cristã: salvação - serviço — santificação.

Proposta emenda de tradução (v. 23 - V.B.). Preferir Almeida: 'E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus" (R. 54).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 12

 

Cristo e o sábado (1.8). F. W. Grant, na exposição deste trecho, chama atenção para o caráter da lei do sábado nos dez mandamentos. Um dia de descanso depois de seis dias  era concedido a Israel como privilégio: o sinal da aliança entre Israel e Jeová (Ex 31.17). Não era baseado nos eternos princípios da moralidade como os outros mandamentos; seu caráter era mais cerimonial que moral, e o privilégio do descanso semanal poderia perder-se, caso fosse violada a aliança. O Senhor "expõe toda a condição do povo perante Deus, mostrando que devido à sua descrença nele, o Senhor do sábado, os judeus, rejeitando-o, perderam o direito ao sábado."

 

Davi, o rei ungido, mas rejeitado, tinha necessidade de pão, e a aliança, com seus privilégios e cerimônias, estava suspensa, devido à rejeição do ungido do Senhor. Por isso o pão consagrado era, num sentido, comum. Quanto mais quando o antítipo de Davi estava no mundo, mas rejeitado, e eles estavam ocupados com a santidade do dia de descanso que Deus lhes tinha dado! Como podia o sábado permanecer para aqueles que rejeitaram o Senhor do sábado?

Não convém introduzir em nosso estudo do sábado judaico pensamentos referentes à guarda pela igreja cristã do primeiro dia da semana, tão claramente ensinada em outros lugares do N.T.

Deste incidente aprendemos: que sempre existem pessoas dispostas a criticar as ações dos discípulos de Cristo; que os incidentes do V. T. podem ter valor para a nossa instrução na atualidade; que uma pessoa divina importa mais do que uma ordenança

Em que sentido é Cristo Senhor do Sábado? 1) Porque Ele o criou; 2) Porque Ele podia abolir o sétimo dia de obrigação legal para dar lugar ao primeiro dia, de guarda voluntária, caracterizado pelo gozo e culto que resultam da sua ressurreição (Goodman).

Á mão mirrada (9-21). Notemos: que Jesus queria obrigar os adversários a fazer uma apreciação mais espiritual da lei do Sábado; que, antes de obter a salvação de Deus, talvez seja necessário expor o mal (v. 13); que aqui temos o motivo por que Jesus proibiu publicar as suas obras milagrosas (v. 16-20) ; que Cristo havia de ser a esperança, não só de Israel mas de todo o mundo (v. 21).

 

[sobre o pecado imperdoável (32) consulte a explicação de Marcos 3.28-30.]

 

"A blasfêmia contra o Espírito Santo é essa perversa e obstinada recusa do seu testemunho a Cristo como Senhor e Salvador, que nasce de um coração mau, expressando a sua inimizade contra Cristo em palavras que difamam o bendito Filho de Deus" (Goodman).

"A misericórdia não mais podia ser mostrada onde o poder do Espírito de Deus tinha sido manifestado, mas atribuído a Satanás. Esta blasfêmia era mais do que uma incredulidade ignorante: era uma aberta e consciente oposição a Deus e a tudo que é de Deus. Uma palavra falada contra o Filho do homem podia ser perdoada; o lugar humilde que Ele tomara podia ocultar a sua glória dos olhos dos homens carnais; mas havia aqui aquilo que precisava ser reconhecido e que não podia ser ocultado. O ódio manifestado por pessoas esclarecidas não podia ser perdoado. Os judeus esperavam misericórdia mais ampla na época vindoura — no dia do Messias - do que na então presente época da Lei; mas esse seu pecado não podia ser perdoado, nem nesta época nem na vindoura" (Grant).

 

Os frutos revelam a árvore (33-37). Jesus, mais que ninguém, podia submeter-se a essa prova, como também podia reprovar os fariseus, porque o fruto que produziam revelava a perversidade de seus corações.

 

O sinal de Jonas (38-42). Jesus aponta três testemunhas: Jonas, os ninivitas, e rainha de Sabá, que presenciaram o poder e graça de Deus e creram.

A casa desocupada (43-45). O ensino dos versículos 39 a 45 é dirigido a "uma geração má e adúltera". Sobre a palavra "geração" F. W. Grant diz: "Geração na Escritura muitas vezes se emprega com uma aplicação moral mais do que um sentido cronológico — uma sucessão de pessoas com as mesmas características morais (veja Salmo 12.7). Sem dúvida é este o sentido aqui.

 

"Na parábola da casa desocupada, trata-se de uma pessoa que já está desiludida do inimigo das almas, mas que ainda não se chegou a Deus; afastou aquele, porém não acolheu este. Na nossa revolta contra o erro, se não dermos entrada à verdade, é certo que o erro voltará reforçado" (Scroggie).

 

A família de Jesus (46-50). O Senhor foi rejeitado até pela própria família (Mc 3.21). Por isso Ele não atende à chamada, mas fala de uma nova parentela espiritual (Gray).

 

Proposta emenda de tradução. No versículo 40, ler "grande peixe" como na V.B. e não "baleia" como em Almeida.

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 13

 

Comentário de Scofield:

Podemos discernir neste capítulo um novo começo. Jesus, rejeitado por Israel (Jo 1.11), e tido por desvairado pela própria família (Mt 12.46; Mc 3.21), toma o caráter de um semeador que, não encontrando os frutos que procura, semeia, e espera uma colheita futura. No fim do capítulo 12 Jesus está dentro da casa; no começo do 13 (mas no mesmo dia) já saiu e chegou à beira-mar. No versículo 36 Ele volta para casa.

 

Jesus apresenta sete parábolas: quatro à multidão, publicamente, na praia, e três aos discípulos, particularmente, em caga. Todas apresentam aspectos do reino; quatro têm aspecto exterior e as outras três um aspecto mais íntimo,

 

As duas primeiras têm a particularidade de serem explicadas pelo próprio Jesus. Por isso não existe dúvida quanto à sua interpretação. Parábola do semeador (1-9). Notemos:

a) Sementeira abundante, sem economias; até mesmo no caminho cai alguma semente.

b) Terreno de uma só qualidade - não devemos imaginar diferentes terras no mesmo campo, mas terreno em diferentes condições: terra pisada pelo muito trânsito; terra rasa e escassa, devido ao lajedo de pedra que lhe fica por baixo; terra previamente ocupada, com espinhos, etc.; terra boa, preparada para a semente: capinada, arada, regada.

c) A semente é sempre a ' [palavra do reino" e hoje é o Evangelho da graça de Deus. O dr. Campbell Morgan, e, mais recentemente, Alexandre Frazep•, têm chamado a atenção para o caso que "a boa semente são os filhos do reino": pessoas, não as verdades do Evangelho. Pensam que isto deve-se entender na parábola do Semeador tanto como na do trigo e joio. Que fruto tem esta sementeira produzida em nós? O evangelista é hoje o semeador, semeando alguma coisa de Deus revelado em Cristo, e esperando ver os frutos: alguma coisa do caráter de Cristo nos seus ouvintes.

 

Recentemente um expositor notou que em Mateus a "semente" é a palavra grega "sperma", ou semente humana, e a interpretação se encontra no versículo 38, ' 'a boa semente são os filhos do reino". Em Lucas 8 a "semente" é a palavra grega "sporos", ou semente vegetal, e a interpretação está no versículo 11, "a semente é a palavra de Deus".

 

Ensinando por parábolas (10-17). A linguagem é figurada, ocultando o sentido aos indiferentes e ilustrando-o para os sinceros.

Um mistério (segredo, v. 11) é uma verdade outrora escondida, mas agora divinamente revelada.

 

Comentário de Goodman:

O reino dos céus é esse reino que há de ser estabelecido na terra.

O Senhor Jesus alega três motivos por que Ele falou em parábolas.

1) "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado" (11). Um mistério é um segredo de Deus que não pode ser conhecido a não ser mediante uma revelação, Mesmo quando revelado é muitas vezes incompreensível como, por exemplo, o grande mistério da piedade (1 Tm 3.16); mas a fé regozija-se no fato revelado, sem compreender como pode ser (Mt 11.25). Quem são esses "vós" que ouvem a revelação? Certamente são aqueles que o buscam (Mt 7,8; Rm 2.7), e o temem (SI 25.14), e que querem fazer a sua vontade (Jo 7.17). Ele não lança as suas pérolas aos porcos.

2) Porque "aos que têm, dar-se-á" (12). Esta lei natural encontra-se também no mundo espiritual, O forte, aumenta as forças; o sábio, sabedoria; o rico, a riqueza, enquanto os outros, por falta de uso e exercício, perdem o que têm. Assim, quem ouve e observa a Palavra de Deus, cresce, enquanto o preguiçoso deseja e nada tem. Ele é preguiçoso demais para quebrar a casca (a parábola) e por isso não alcança a noz (a verdade).

3) "Para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam " (13-16). O Senhor aqui cita Isaías 6.9, 10.

O profeta foi mandado declarar uma cegueira judicial sobre a geração pecaminosa do seu tempo. Assim o Senhor adverte a geração má do seu tempo que, devido à dureza dos seus corações, Deus lhes cegará os olhos.

 

Comentário de Scroggie:

Parábola do trigo e joio (24-30 e 36-43). Na primeira parábola a semente era de uma só espécie, mas havia diferença nas condições do terreno. Agora o campo - o mundo - é um só, mas há mistura de sementes.

A boa semente não é, aqui, a palavra do Evangelho, mas o que o Evangelho produz: "os filhos do reino" (v.38). Estes estão semeados entre os homens, e Satanás semeia justamente o "joio".

O ensino é que não podemos tirar o joio do mundo, embora as muitas perseguições religiosas do passado tentassem fazê-lo. Mas na igreja pode haver uma disciplina purificada.

Desta parábola aprendemos que, quando Cristo age, Satanás opera também; que um dos seus modos prediletos de agir é pela imitação; que ele opera ocultamente, e nós devemos agir cautelosamente (29); que no fim tudo será acertado.

 

Comentário de Gray.

Parábolas da mostarda e do fermento (31-35). A figura da semente de mostarda ensina o rápido e anormal crescimento da cristandade. As aves do céu simbolizam descrentes de diversas classes que, por motivos de interesse, abraçam o cristianismo e acham abrigo nos seus ramos. (Compare Daniel 4.20,2'2 e Apocalipse 18.2.)

"O fermento representa um princípio de corrupção, operando sutilmente. A figura do fermento é empregada sempre com sentido ruim (Gn 19.3; Mt 16.11 ,12; Mc 8.15; 1 Co 5.6-8, etc.) O ensino da parábola é que o Evangelho será misturado com ensino falso, que aumentará até o fim".

"A mais pequena de todas as sementes" (vs 32). "Tomadas ao pé da letra, estas palavras podem parecer erradas, pois há muitas sementes menores que a mostarda, algumas, como as dos fetos, tão pequenas que só podem ser vistas através do microscópio! Mas nosso Salvador falava como Galileu aos camponeses da Galiléia, e suas palavras, conforme todos os seus ouvintes entenderiam, contêm a figura de elipse ou omissão, significando simplesmente 'que é a menor de todas as sementes' (usadas por vós na agricultura)" (Neil).

Parábolas do tesouro escondido, da pérola e da rede (44-58). Estas foram ditas aos discípulos em casa, e dão um aspecto mais íntimo, menos evidente, do reino, O campo é o mundo (v.38) que o homem (Cristo) comprou com seu sangue (2 Pe 2.1).

A pérola simboliza a Igreja, que o negociante (Cristo) comprou (Ef 5.25-33). "Um hino diz 'Achei a pérola de grande preço', querendo dizer Cristo, mas isso não pode ser a significação, a não ser que a salvação seja pelas obras. Que significam, pois, estas duas parábolas? Suponhamos que o tesouro dá o aspecto plural e a pérola o aspecto singular da mesma coisa, representando um, os cristãos e outra, a Igreja, e sendo Cristo em ambos os casos. Certamente Ele sacrificou tudo por amor da Igreja. Ele comprou o mundo para possuir a Igreja; o preço foi seu sangue. Esta interpretação apresenta menor número de dificuldades" (Scroggie).

"A rede não é o Evangelho, mas é uma figura do que acontecerá no fim, depois do arrebatamento da Igreja" (Gabelein).

Propostas emendas de tradução. No versículo 32 leia-se "é maior que as hortaliças ". No versículo 36 "tendo despedido " como em A. e não "tendo deixado" como na V.B. (R. 195). Nos versículos 39 e 40 ler "fim da época" em vez de "fim do mundo".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 14

 

Até aqui temos visto, em nosso estudo de Mateus, o Messias chegado, o reino proclamado, suas leis promulgadas, mas o Rei praticamente rejeitado pela nação. Do capítulo 13 em diante Jesus não fala mais da aproximação do reino, mas em sete parábolas revela o que há de suceder entre as nações na ausência do Rei.

A morte de João Batista (1-12). "O nome Herodes está coberto de sangue. Herodes, 'o Grande', matara os inocentes. Herodes Agripa matou Tiago, irmão de João, e aqui Herodes Antipas mata João Batista" (Scroggie).

 

Este trecho revela-nos os despotismos dos tempos antigos.

 

Considerações de Goodman:

"Segundo o historiador Josefo, a morte de João Batista deu-se no castelo de Machaerus, na Peréia, e ele nos relata também que Herodes foi banido pelo imperador Caio à cidade de Lyon (na França) e depois levado à Espanha, onde morreu na miséria.

"Sua primeira esposa era filha de Aretas, rei de Damasco, mencionado em 2 Coríntios 11.32. Herodias era esposa de seu irmão (por parte de pai) Filipe (não o Filipe de Lucas 3.1). Ela era filha de Aristóbulo, o filho que Herodes matou, e por isso era sobrinha de ambos os seus maridos" (Elicott). As más qualidades no caráter de Herodes aparecem neste trecho:

1) Era supersticioso. Pensava que Jesus podia ser João Batista ressuscitado, Como muitas vezes acontece, o assassino tinha receio da sua vítima.

Era vingativo e cruel. João Batista somente apontara aquilo que Herodes bem sabia ser verdadeiro e vergonhoso.

Era covarde, como geralmente são os cruéis. Tinha medo da multidão, como temia o reapareci' mento de João Batista.

Era licencioso. Excitado pela dança da enteada, e provavelmente embriagado, ele cumpriu a sua promessa temerária.

Era louco. Prometer sem saber o que seria pedido, era colocar-se à mercê de uma mulher vingativa e má.

Mostrou-se triste, mas fraco. Não é que tivesse pena de João Batista, pois queria matá-lo (5), mas ficou triste porque ia incorrer na ira do povo por seu ato abominável. Tais são as misérias dos iníquos. 'Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que se não deixa admoestar' (Ec 4.13)" (Goodman).

 

A primeira multiplicação de pães (13-21). Jesus retira-se para um lugar deserto, por ter sido Ele rejeitado, e morto o seu precursor, Mas não podia esconder-se, e o povo o seguia. Notemos:

Os discípulos acharam necessário despedir a multidão. Jesus tinha um recurso melhor. Como havemos de agir hoje?

Os pães e peixes, por Ele abençoados (v. 19), bastaram para suprir a necessidade.

O que os discípulos receberam dele, puderam repartir com o povo.

 

Diz F. W. Grant: "Os discípulos têm apenas cinco pães e dois peixes! Que evidente quadro de nós mesmos, com nossos recursos diminutos! Por que colocar uma provisão tão íntima na sua mão para servir a tanta gente? Mas Jesus não despreza a oferta, não a recusa, para agir sem ela. Se fosse a realização de um milagre o que Ele tinha em vista, seria natural que a desprezasse, mas, pelo contrário, Ele prefere tomar mais singelo o milagre a deixar de lado a pessoa que quer identificar-se consigo e empregar-se no seu serviço. Esta precisa verificar que o pouco que tem é suficiente, uma vez que a bênção divina a acompanha — e assim também será conosco.

'"Mas os discípulos devem levar-lhe esse pouco, para depois receberem dele. Então Jesus manda o povo descansar sobre a relva. Ele dá descanso primeiro, e depois sustento. Então abençoa o pão, e o parte, e torna a entregá-lo aos discípulos, para que eles o distribuam todo - e há mais que suficiente para toda a multidão. Como é bom saber que nessa insignificante provisão há o suficiente para cada um dentre o povo ali, e mais do que suficiente. No fim há mais do que no princípio. Ê isso que acontece constantemente com os bens espirituais - abundante distribuição, e, contudo, aumento... Cada partícula da verdade que possuímos leva consigo uma responsabilidade correspondente, um privilégio proporcional, e oportunidade para aumento".

 

Jesus anda por cima do mar (22-36). Notemos a diferença entre este incidente marítimo e o do capítulo 8.23-27. Ali Jesus estava presente, dormindo, e os discípulos sozinhos no barco, O incidente de Pedro andando sobre as ondas é registrado só por Mateus.

 

Temos aqui uma figura do "andar por fé em Cristo". Notemos que isso:

É impossível à carne.

Deve ser em obediência à Palavra de Deus.

Necessita-se de coragem para fazer a aventura da fé.

A fé não se preocupa com as condições e circunstâncias.

O que a fé começa, deve continuar. Pedro falhou nisto, embora tivesse começado bem.

A fé não é apenas um ato, mas uma atitude de toda a vida.

"A quarta vigília da noite ". Os judeus dividiam a noite em quatro vigílias: das 6 às 9; das 9 às 12; das 12 às 3, das 3 às 6 da manhã. Por isso era provavelmente de madrugada quando Jesus foi visto pelos discípulos.

 

"Em verdade este vulto sobre a água não é discernido senão pela fé; até os discípulos podem pensar que é um fantasma, e recear em vez de serem atraídos. Notemos que é à alma que é dirigido o convite que a voz faz: 'Vem!' Não fala a mais ninguém. Nem fala senão com aprovação, embora o convidado provasse completamente a fraqueza da sua própria resposta ao convite... Mas ele não é censurado pela sua ousadia. Os outros discípulos podem tê-lo feito, mas o Senhor apenas diz: 'Por que duvidaste?' E certamente essa dúvida é tão insensata como desastrosa. Por um momento, ao menos, Pedro tinha provado o poder de Cristo; tinha realmente andado sobre a água, e por que haviam os ventos fortes de enchê-lo agora de receios? O poder não era seu, e ele podia contar com o poder do Mestre, tanto nas ondas procelosas como na calma. Mas quando o olhar se desvia de Cristo, torna-se impossível a resolução acertada. Pedro duvida, e começa a afundar, mas quando clama, uma forte mão se lhe estende, e ele é sustentado. Não é a embarcação que o socorre, nem é ele tirado do caminho, senão sustentado nele. Bom é lembrarmo-nos de que assim a graça de Cristo pode ainda hoje valer-nos em nossos fracassos" (Grant).

 

O versículo 36 ensina-nos que o mais leve contato com Cristo importa em bênção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 15

 

Jesus repreende escribas e fariseus (1-20). '"A tradição dos anciãos' (v. 2) significa a lei oral, que os judeus acreditavam ter sido transmitida verbalmente desde os tempos de Moisés. Foi, afinal, escrita por Judas, o Santo, em um livro chamado Mishneh, e para explicar esse livro escreveram-se as duas Gemaras ou Talmudes, chamadas a de Jerusalém e a de Babilônia" (Treasury).

A queixa não era de que os discípulos faltassem com o asseio, mas que não observaram uma tradição dos anciãos, e não praticaram a purificação cerimonial (Mc 7.1-4).

Jesus, longe de apoiar as tradições, reprovou-as.

Notemos que, às vezes, na Escritura, "honrar" significa "fornecer mantimentos, etc. " 5.17,18). A tradição que invalidava o mandamento de Deus, ensinava a um filho que ele, alegando que os mantimentos eram dedicados a Deus e que por isso não podiam servir para sustento de seus velhos pais, ficava isento da sua obrigação.

"Não devemos entender que a declaração da palavra votiva 'Corbã' , embora significando 'um dom', ou 'dado a Deus', necessariamente dedicasse o objeto ao Templo. O sentido podia ser, e geralmente era, que o objeto era para ser considerado como 'Corbã', isto é, em relação às pessoas interessadas, esse objeto devia ser tido como se fosse 'Corbã', posto sobre o altar, e por isso fora do seu alcance. Embora o nome fosse o mesmo, havia duas espécies de voto: uma consagração a Deus, e uma obrigação pessoal; este último era o mais frequente" (Grant).

 

A mulher Cananéia (21-28), A descrição da filha da mulher Cananéia é deveras triste: '"miseravelmente endemoninhada" (22), Não é de se esperar que alguma menina esteja hoje nesse caso, mas vemos, infelizmente, moças e moços dominados por vícios, vaidades, e desejos carnais, e, às vezes, influenciados demasiadamente pelos servos de Satanás, que procuram arrastá-los para o pecado e a perdição.

 

A lição principal do incidente parece ser que Cristo, afinal, corresponderá à fé, ainda que Ele pareça por algum tempo não fazer caso. Podemos considerar os motivos por que os homens se chegam a Cristo: Curiosidade? admiração? doenças? tentações? necessidades de parentes? Neste incidente temos:

Uma grande necessidade: Descobrimos: a) um caso terrível: uma moça sujeita a um espírito maligno, mas, não nos parece ser sem o consentimento dela. A carne está em todos nós, mas há quem franqueia a entrada a espíritos malignos. Na China tem-se verificado repetidas vezes que um acesso de cólera deixa a porta aberta para a entrada de um espírito mau. Quem se mete com o espiritismo está sujeito ao poder dos espíritos malignos; b) um caso sem remédio por quaisquer meios conhecidos; c) um mal que afligia a mãe e toda a família. Sem dúvida a necessidade era grande.

 

Uma grande esperança: a) A mulher ouvira de Jesus e seus milagres. b) Dirigiu-se a Ele inconvenientemente, porque ela nada tinha com "o filho de Davi", e parece que quis fingir-se israelita. c) Ela persistiu, porque não tinha outra esperança, mas mudou sua maneira de tratar o Senhor.

Uma grande fé manifestada: a) na humilde confissão da sua necessidade; b) na sua súplica fervorosa; c) na sua perseverança, Jesus quis experimentar a sua fé, porque sabia que ela resistiria à prova.

 

A segunda multiplicação de pães (29-39). Neste trecho vemos Jesus: a) curando os doentes; b) alimentando a multidão; c) ensinado o povo.

Para a explicação da segunda multiplicação de pães consulte sobre Marcos 8.1-10.

 

Os cestos do versículo 37 eram maiores do que as alcofas de 14-20,

Proposta emenda de tradução. O versículo 8 deve ser: "Este povo chega para mim com a boca e honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim" (C. 136).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO  16

 

   O fermento dos fariseus (1-12). "O sinal do profeta Jonas (v. 4) significa a ressurreição de Cristo (Mt 12.39,40).

"Em Marcos o aviso (v. 6) abrange também os herodianos. As três classes representam princípios do mal: Fariseus – o formalismo; saduceus — racionalismo; herodianos secularismo. Essas seitas não existem mais, porém ainda há o que elas representaram. A tragédia é que estes males têm invadido as igrejas, e têm substituído a realidade, fé e adoração" (Scroggie).

 

A confissão de Pedro (13-23). A ignorância do povo com respeito ao Senhor Jesus, revelada nestes versículos, existe ainda hoje,

Muito tem sido escrito referente às palavras "sobre esta pedra edificarei a minha igreja". Um dos melhores ensinos está no livro "Problema Religioso" de E. C. Pereira.

Entendemos que a "pedra" era a confissão de Pedro: "Cristo, o Filho do Deus vivo a verdade fundamental da Igreja (1 Co 3.11).

 

Versículo 18. Muitos podem ter notado que as palavras "Tu és Pedro " (sobre as quais tem havido tanta controvérsia) parecem não ter referência ao assunto em publicação na língua inglesa, com as iniciais W. A. F.: "Todas as evidências tendem a provar que as palavras de Jesus não eram 'su ei Petros' (tu és Pedro) mas 'su eipas' (tu falaste a verdade), uma forma de expressão empregada várias vezes pelo Senhor (Mt 26.64, etc.) A Vulgata latina tem 'Tu és Pedro', mas .sabemos que essa foi uma tradução por S. Jerônimo encomendada pelo então bispo de Roma. Mas Jerônimo nos seus escritos particulares emprega as palavras gregas 'su eipas' (tu disseste) e o grande S. Agostinho (d.C. 295) dá o equivalente em latim: 'Tu dexiste' (tu disseste), que concorda muito melhor com o contexto".

 

"Eu te darei as chaves do reino dos céus" (v. 19). A interpretação comum é bem apresentada pelo dr. Goodman: "As chaves dadas a Pedro representam a essencial honra que lhe foi concedida: a de ser o primeiro a anunciar o Evangelho aos judeus (no Pentecoste) e aos gentios (na casa de Cornélio), tendo sido o Espírito Santo dado do Céu em cada uma dessas ocasiões. Pedro mesmo descreve seu privilégio assim: 'Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho, e cressem' (At 15.7). Assim ele anunciou o perdão de pecados a todos os que creem. Deus confirmou do Céu o perdão que todos os seus servos podem declarar sobre a terra (v. 19; 18.18; Jo 20.23)".

 

F. W. Grant interpreta o versículo diferentemente: "Ê comum salientar o lugar notável de Pedro no dia de Pentecoste, abrindo o Reino aos judeus, e depois, na pessoa de Cornélio, aos gentios. Mas podemos admitir que ele ocupava um lugar eminente, enquanto negamos que fosse um lugar exclusivo. E de fato não podemos excluir os outros discípulos no dia de Pentecoste; nem no caso de Cornélio podemos concordar que esse fosse o único uso das chaves com relação aos gentios, nem admitir que fosse necessária outra chave diferente daquela que abrira o reino aos judeus. Um só ato não havia de esgotar o uso da chave, nem seriam duas chaves para abrir a porta duas vezes.

 

"Podemos entender que a porta, uma vez aberta, assim permaneceu para nunca mais precisar de chave? Pelo contrário, creio que se pode demonstrar concludentemente que a administração do reino, simbolizada por estas chaves, ainda não terminou: não findou num ato inicial de autoridade. Os homens ainda recebem o reino e são recebidos no reino; e se as chaves falam de admissão ao reino, e o reino é a esfera do discipulado, então a chave é de fato somente autoridade para discipular.

"Ora, há chaves, e não simplesmente uma chave; e se nosso pensamento é acertado, isto significa uma dupla maneira de admitir. A primeira é a que o Senhor chama 'a chave da ciência' , a qual ele diz que os doutores da lei tiravam do povo (LC 11.52). Semelhantemente Ele denuncia os fariseus por fecharem o reino do céu aos homens: 'Nem Dós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando' (Mt 23.13).

"Pedro não recebeu as chaves da Igreja, mas do reino. Uma chave é sinal de autoridade (Is 22.22), e o que esse poder de ligar e desligar significava para Pedro, significava também para os outros discípulos (18.18)".

 

É erro pensar que o versículo 19 ensina que tudo quanto uma igreja local determina é aprovado no Céu! Quem aprova um mal, tem a mesma culpa que o malfeitor, mas Deus nunca aprovou uma decisão errada. Uma igreja local pode, por exemplo, resolver excomungar todos os crentes que não têm uma certa compreensão sobre o batismo, mas não vamos pensar que por isso os tais excluídos ficam reprovados no Céu.

 

As condições do discipulado apontados nos versículos 24-27 merecem séria atenção renunciar; tomar; seguir.

A expressão "tome sobre si a sua cruz" (v. 24) ou "tome cada dia a sua cruz" (LC 923) não parece tão estranha e incompreensível a nós que nos gloriamos na cruz de Cristo (Gl 6.14), como deve ter soado aos ouvidos dos discípulos de Jesus, que nada sabiam da morte violenta que Ele havia de sofrer, e que conheciam a crucificação somente como o suplício dos criminosos e escravos rebeldes. O dr. C. C. Torrey sugere que devemos ler "jugo" em vez de cruz, pois o jugo era feito em forma de cruz e, por isso, uma palavra equivalia a outra. Assim pelo menos obtém-se um sentido compreensível, de o verdadeiro discípulo de Cristo, em cada dia da sua vida, tomar o serviço que lhe toca e fazê-lo na companhia do seu Senhor (Mt Assim entendido, "o seu jugo" seria o mesmo que "o meu jugo" de Mateus 11.29, e o discípulo teria a convicção de não ter nunca que trabalhar sozinho, nem ir adiante ou ficar atrás do seu Mestre.

A nota completa do dr. Torrey é assim: '.'A frase 'tomar a sua cruz e seguir-me' ocorre cinco vezes nos evangelhos sinóticos (Mt 10.38; 1624; Mc 8.34; LC 9.23 e 14.'27). Ê geralmente precedida pelas palavras 'negue-se a si mesmo'. A primeira vez, em Marcos, a exortação é dirigida não meramente a discípulos, mas ao povo como também no trecho paralelo em Lucag, onde ó advérbio "diariamente" é acrescentado. Muitos têm observado que o que podíamos esperar ler aqui não é cruz, mas jugo, tomando a exortação compreensível aos ouvintes. A palavra (aramaica) é certamente "zoif', que nós conhecemos somente com o sentido de "cruz". Quando, porém, se nota que o jugo dos animais que puxam o arado tem precisamente a forma de cruz, uma vara com outra transversal na extremidade, parece quase certo que na linguagem popular da Galiléia a palavra significava também "jugo".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 17

 

"A transfiguração (1-13) é relatada nos três evangelhos sinóticos com poucas diferenças. É somente Mateus que tem as palavras "o seu rosto resplandeceu como o sol", e o versículo 6 deste capítulo.

"Para os discípulos esta foi uma oportunidade precisa para ver seu amigo e Mestre glorioso e resplandecente, ainda que falasse da hora que se aproximava, de seu ultraje e crucificação (LC 9.31).

"Notemos a maravilhosa reunião de pessoas: Deus Pai, Cristo, Moisés, Elias, Pedro, Tiago, João: sete pessoas. O eterno Pai; o Redentor do mundo; o representante da Lei; o representante dos profetas; o núcleo da Igreja cristã. Duas personagens da velhajovem lunático (14-23). Quem usa a Versão Brasileira verá que nela o doente é chamado um "epilético", mas o fato é que o pai, que nada entendia de ciência médica do século XX, disse "meu filho é lunático", atribuindo (na sua simplicidade) o mal à influência da lua.

Aprendemos do versículo 18 que o mal não era causado pela 'lua, nem pela epilepsia, mas por um espírito maligno, como pode acontecer ainda hoje, principalmente a algum adepto do espiritismo em todas as suas formas.

"Os nove discípulos nada podiam fazer em prol do rapaz aflito ou do pai entristecido. O miasma do baixio entrara nas suas almas. Os discípulos queriam saber por que fracassaram, e Jesus lhes esclareceu o motivo (19-21), 'Um grão de mostarda' é referido aqui por ser uma coisa diminuta. Uma fé pequena pode fazer coisas grandes, mas naturalmente, uma fé maior pode conseguir ainda mais. Remover montanhas era uma expressão proverbial para vencer obstáculos que parecem intransponíveis. A fé fortalecida pela oração e pelo sacrifício tudo pode vencer" (Scroggie).

 

"Mas isto pressupõe que estamos na senda da vontade divina, pois na verdade, a fé não pode ser exercida em outras circunstâncias. E a figura da montanha fala claramente do desaparecimento dos maiores obstáculos em tal senda. No caminho da vontade ou da indulgência própria seria debalde esperar semelhantes vitória' (Grant).

 

Jesus paga o tributo (24-27). A palavra "didracmas" quer dizer "duas dracmas". Um estáter valia 4 dracmas, por isso era a quantia justa "por mim e por ti ‘.

"Pedro disse que sim (v, 25) sem refletir. A contribuição era para o templo em Jerusalém, e Jesus, como Senhor do templo, não devia pagar o tributo. Como 'Filho' de Deus (v. 26), devia estar livre da obrigação. Isso seria bem compreensível para Pedro, que logo antes o confessara Filho de Deus (Mt 16.16). Porém muitas vezes convém fazer uma coisa sem ser obrigado, 'para que os não escandalizemos'.

 

"Estas palavras dão-nos um exemplo da graça que concede um ponto sem importância, para não ofender. O Senhor nunca ofendeu a ninguém sem necessidade. Ele não era como esses que lutam até 'a morte (ou, ainda pior, até dividir a igreja) sobre assuntos sem importância prática. 'Aos fracos fiz-me como fraco, para ganhar os fracos' (1 Co 9.22). Muitas vezes podemos pela graça fazer concessões sem transigir, e assim evitar contendas" (Goodman).

 

Propostas emendas de tradução (v. 11): "Porventura Elias há de vir e restaurar tudo? Digo-vos que Elias já veio" (O. 56). Versículo 9 leia-se: "dentre os mortos". Versículo 20 leia-se: "Por causa da vossa incredulidade" (R. 140).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 18

 

Entrando no reino (1-10). Vemos quanto o ensino de Jesus acentuava a necessidade de preparo espiritual para se gozar as bênçãos do reino. Ele ilustra seu ensino por meio de um menino posto entre os discípulos. Aprendemos: que um discípulo pode carecer de conversão; que a entrada no reino depende de um estado espiritual competente; que humildade como a de uma criança é necessária; que "receber" uma criança, por amor de Jesus, é, ainda hoje, semelhante a receber Cristo mesmo; que "ofender" uma criança, prejudicando a sua vida espiritual, é um grande pecado; que "desprezar" as crianças é ato insensato, pois elas são representadas perante o Pai por seus "anjos de guarda".

 

A verdade ensinada é que uma criança, por sua condição natural de fraqueza, etc., é uma parábola da atitude que um pecador deve tomar perante Deus quando se converte. Vejam a parábola da criança:

 

1) É importante.

 2) É humilde.

3) É objeto de benevolência.

4) Vive pela fé.

5) Cresce, e aprende a falar. Diz T. Gasquoine:

 

 

Os versículos 8 e 9 ilustram a verdade que a letra mata, mas o espírito vivifica. Evidentemente, o ensino não é para se tomar ao pé da letra, porque o mal não está na mão ou nos olhos, mas no coração perverso.

 

Deus e as criancinhas (11-14). "Consideremos o amor de Deus para com as criancinhas. É :

 

1) Amor de todo altruísta.

2) Amor de quem tem prazer nelas.

3) Amor de compaixão para com elas.

4) Amor de esperança nas suas possibilidades infinitas.

 

pecado de um irmão (15-22). É impossível exagerar a importância do ensino do versículo 15, mas quantas vezes é desprezado! Uma pessoa se queixa de um irmão a outro, ou chega mesmo a acusá-lo perante a igreja, em vez de ir ter com ele!

Porém uma advertência é necessária: antes de "ir ter com ele" é preciso uma preparação espiritual suficiente para poder "ganhar teu irmão".

Somente em último recurso pode ser necessário levar o caso à igreja.

 

Alguns manuscritos antigos não têm as palavras "contra ti" no versículo 15.

 

"Quando a disciplina da igreja é exercida com cuidado e simpatia (vv. 18-20), as decisões da irmandade cristã são aprovadas por Deus e serão 'ligadas no céu', mas a direção divina precisa ser procurada mediante a oração (19,20)" (Scroggie).

 

"A igreja tem autoridade para agir... mas autoridade para agir não garante a ação. Se a ação não está de acordo com a vontade de Deus, não será abonada por Ele. Deus não havia de atribuir pecado sobre alguém que não pecara, nem desligá-lo. Fazer isso seria chamar ao bem mal e ao mal bem, e pôr a igreja acima do seu Senhor" (Grant).

 

Acordo em oração (19,20). Esta promessa especial para os que concordam em oração merece cuidadoso estudo. Não devemos esperar que todos os freqüentadores da reunião de oração necessariamente 'concordem". Para haver esse acordo deve  haver o mesmo ardente desejo, a mesma compreensão da necessidade, o mesmo propósito de cooperar com Deus em promover o resultado pedido, a mesma experiência de respostas às orações passadas, a mesma esperança de uma resposta no presente, o mesmo desejo de banir da vida própria qualquer coisa que impeça a bênção divina.

 

Esta necessidade de acordo, para dois ou mais poderem orar juntos, deve impedir o grupo de fazer quaisquer orações extravagantes ou ridículas, pois seria difícil dois ou mais concordarem em fazer uma petição insensata, na plena persuasão que pediram de acordo com a vontade divina.

O versículo 20 afirma um fato mas não contém uma promessa. Nisto é bem diferente de Mateus 28.20: "Eis que estou convosco todos os dias até consumação dos séculos", ou a promessa ainda mais maravilhosa de João 14.23: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada'

A parábola do credor incompassivo (23-35). O dr. Graham Scroggíe apresenta o seguinte estudo:

 

1) Como o rei tratou seu servo. Aprendemos desta parábola:

a) Que Deus faz contas com os homens, não somente depois da morte, mas aqui e agora (v. 23).

b) Que todos os homens lhe devem uma dívida incalculável, e que não podem de maneira alguma pagá-la (v. 24,25).

c) Que é a dívida ser paga, se não pelo devedor, então por outro (v. 25).

d) Que o servo acusado não apelou contra a sentença, mas apenas pediu prazo para pagar  coisa que evidentemente não podia fazer tão cedo (v. 25).

e) Que o Senhor misericordioso libertou-o e perdoou-lhe (v. 27). No nosso caso podemos conhecer a base deste perdão: a satisfação oferecida pela obra redentora,

 

2) Como o servo tratou seu companheira Notemos os seguintes pontos:

a) Que é possível receber a graça de Deus em vão (2 co 6.1), sem que ela produza em nós uma correspondente bondade em nosso trato com os semelhantes.

b) Que é muito fácil fazer maior questão das pequenas ofensas dos outros contra nós mesmos, do que das nossas grandes ofensas contra Deus.

c) Que é característico da natureza carnal ser exigente, intolerante: incompassivo.

 

3) Que devemos aprender da parábola:

a) A não sermos intransigentes, visto que devemos tudo à graça divina.

b) A ver na dificuldade do nosso semelhante uma oportunidade para sermos magnânimos.

c) A sermos "imitadores de Deus", não somente na sua graça perdoadora, mas também na sua paciência, longanimidade, simpatia e tolerância.

 

Proposta emenda de tradução. Ponha-se no texto o versículo 11, omitido pela V.B. (R. 92): "Porque o Filho do homem veio salvar o que havia perecido"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 19

 

Acerca do divórcio (1-12). Notemos que Jesus considera o matrimônio no seu aspecto mais nobre e sublime: como união feita pelo propósito e vontade de Deus. Em tais casos - união de clientes, realizada em plena submissão à vontade de Deus - nem em sonhos deve alguém pensar em desfazê-la.

Depois, perante a insistência dos fariseus, Ele admite a divórcio ser lícito, quando o que se manifesta não é a vontade de Deus mas a perversidade humana; e quase dá a entender que nem todos podem contemplar o matrimonio pelo prisma sublime que Ele apontou (v. 11).

Depois fala de três classes de eunucos (pessoas impotentes para a procriação). É evidente que a terceira classe se entende espiritual e não fisicamente.

Jesus recebe e abençoa meninos (13-15). Estes versículos preciosos justificam a Escola Dominical, que não é referida diretamente na Bíblia.

O moço rico (16-30). Não sabemos em que sentido o moço empregou as palavras aramaicas que Mateus traduz, no versículo 16, "zoem aionion", ou vida eterna. Literalmente vida da época (milenar)".

 

Imaginamos que o moço não tinha nenhuma idéia de viver para sempre nem tampouco de atingir uma extraordinária longevidade, mas podemos acreditar que tivesse ouvido Jesus, ou um dos discípulos, falar dessa vida mais abundante (espiritualmente falando), e sentiu o desejo de entrar numa vida mais avantajada do que a existência mesquinha e trivial que via em redor de si.

 

Vemos em João 5.39 que os judeus se preocupavam bastante com "a vida da época" vindoura. Com isto concorda a resposta de Jesus: "Se queres entrar na vida. " A porta de entrada nessa vida mais abundante, pensavam os israelitas piedosos, que fosse a obediência à santa lei divina Imas, na verdade era pela fé, porque pela lei ninguém foi salvo].

Isto é a parte que se referia à entrada na vida, mas o gozo dela na sua- plenitude havia de ser estreitamente ligado com o próprio Senhor Jesus, mediante a intimidade de uma fé continua (Jo 3.16) e um andar na companhia dela (v. 21), depois de se ter desembaraçado de qualquer empecilho, que, no caso do moço, eram as suas riquezas.

Esta é a primeira vez que lemos de "vida eterna' nos evangelhos. Devemos preferir o sentido de "vida da época (vindoura)" , que dá a idéia de uma vida sobremaneira excelente, no futuro.

No versículo 17, o dr. Torrey traduz: "O bom é um". Quem é esse "um" entende-se melhor de Marcos 10.18 e Lucas 18.19 (O. 20).

Jesus quis corrigir a maneira de pensar e falar do moço. O título "Bom Mestre" tinha tom de lisonja. Sem falar da vida eterna, Jesus explica que a maneira de entrar na vida é submeter-se à lei de Deus, isto é, guardar inteiramente essa Lei [mas ninguém jamais conseguiu isso]. Então deu a entender que depois de se desembaraçar das suas riquezas o moço poderia provar uma vida mais sublime, mais abençoada, seguindo-o. Consulte-se também a explicação do mesmo incidente em Marcos 10

 

No versículo 24 temos, provavelmente, um exemplo da figura de retórica chamada hipérbole (exagero), empregada várias vezes na Bíblia (18.8,9; 19.12, etc.) Também pode ser, como alguns entendem, que o fundo de uma agulha era o nome de uma portinhoIa na porta da cidade, onde um camelo (animal bem maior que o cavalo) só passava depois que lhe tirassem toda a carga.

 

Propostas emendas de tradução da V.B. Ao versículo 9 acrescentem-se as palavras "E o que se casar com a repudiada, comete adultério" (C. 39). No versículo 17 leia-se: 'Por que me chamas bom? (R.139).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 20

 

Parábola dos trabalhadores (1-16). Aqui temos mais uma figura do reino. Notemos que o reino dos céus é referido cerca de 40 vezes em Mateus, mas nunca nos outros evangelhos. Mateus fala do reino de Deus somente 4 vezes. Lucas fala 30 vezes do reino de Deus e nunca do reino dos céus.

A expressão "reino de Deus" geralmente tem um valor mais íntimo e espiritual que o reino dos céus (Rm 14.17). O reino dos céus significa muitas vezes a esfera onde, a autoridade celestial é reconhecida (Dn 4.26).

 

O assunto deste trecho é recompensa, porém aprendemos que Deus, sendo soberano: às vezes dá uma recompensa melhor que a justiça requer.

É preciso ligar esta parábola com o fim do capítulo 19 e a pergunta de Pedro: "Que teremos?" A resposta é: "O que é teu! (20.14), mas, visto que o Senhor é bondoso, podes receber mais do que mereceste".

 

Muitos chamados, porque o convite do Evangelho é universal, a todos. Poucos escolhidos, porque relativamente poucos confessam ter as cinco características dos escolhidos de Deus (I Co 1.27,28).

 

"Neste trecho duas espécies de recompensas distinguem-se: de justiça (1-8) e de graça (9-15). A narrativa ilustra o sentido das palavras com que começa e termina (19.30 e 20.16). Com os primeiros trabalhadores havia um contrato; com os outros não havia. Na ocasião do pagamento todos recebem o mesmo dinheiro, e os primeiros queixam-se. Os que barganham no serviço de Cristo não devem esperar mais do que ajustam. Devemos entrar no seu serviço pelo amor e não pelo lucro, sabendo que Ele nos dará o que é justo. A surpresa final deve ser, não que alguns recebam tão pouco, mas de alguém receber tanto. Nós somos incapazes de julgar o merecimento dos outros, porque a habilidade, as oportunidades, e muitas outras circunstâncias têm de ser avaliadas, e somente Deus pode fazer isso. Podemos contar com seu amor por uma recompensa surpreendente e imerecida. Ele nunca será menos que justo, e muitas vezes ultrapassará o merecido, "Primeiro" e "último" ao fim do dia podemos deixar ao seu infalível cuidado e inerrante sabedoria" (Scroggie).

 

"A resposta do proprietário a um dos murmuradores recorda-lhes as condições que determinaram o resultado do que eles agora tão loucamente se queixam. Não podem dizer que não receberam a quantia do contrato. Receberam o que era justo. A graça, não a pediram nem a esperavam. Por que, então, queixar-se daqueles aos quais a graça se mostrou?

"Para estes era uma recompensa bondosa, e não somente da justiça. E porventura o doador não tinha o direito de ser bondoso? O que mereço há de ser medido pelo que sou; o que a graça dá somente pode ser medido pelo que Deus é" (Grant).

 

Ambição mundana é o assunto deste parágrafo (17.28). Tiago e João (segundo Marcos), ou a mãe deles (segundo Mateus), fazem um pedido que nos parece insensato. Ninguém deve querer outro lugar senão aquele que pode ocupar com mais vantagem, para melhor servir os interesses do seu Senhor.

Alguns pedem a Deus licença para ocupar um púlpito, quando a sua competência é antes para evangelizar um indivíduo.

 

Ê certo que mais respeitados na igreja são os que mais servem (v. 26).

Notemos com cuidado que o Senhor Jesus definiu o caráter da sua própria morte; não era martírio, nem exemplo de resignação, mas um resgate (v. 28) — o preço pago por nossa redenção.

"A mãe dos filhos de Zebedeu mostra-nos como os nossos parentes naturais precisam ser vigiados: não devemos consentir que se imiscuam nas coisas de Deus. Vemos no caso do Senhor Jesus como Ele recusou qualquer controle desta natureza" (Grant).

A lição principal do trecho pode ser expressa na seguinte sentença: "Desce, se queres subir; sofre, se queres gozar; morre, se queres viver; perde, se queres ganhar"

 

Podemos notar:

A preocupação de Jesus. Ele andava rodeado da multidão, mas chamou à parte os doze para dizer-lhe as coisas tremendas que o esperavam. A sombra da cruz estava sobre seu espírito. Ele predisse:

a) uma dupla traição: seria traído por um discípulo aos sacerdotes e escribas, e por estes aos gentios;

b) que seria escarnecido, açoitado, crucificado;

c) que ressuscitaria.

 

A preocupação de Tiago e João com seu lugar no reino:

 

a) Era inoportuna: não estavam em comunhão com o espírito de Cristo. Este pensava na cruz, eles na glória do reino.

b) Era insensata: pensavam que os lugares no reino seriam dados por mero capricho do soberano aos seus favoritos. Devemos entender que, no Reino de Deus, cada um ocupa o lugar que lhe compete. Em uma fábrica, alguém não deve querer ser contador, se a sua competência é para outro serviço.

c) Era ignorante: disseram "podemos", mostrando uma ignorância ou leviandade em responder sem refletir.

 

Jesus ensina aos dois:

a) que grandes provações precedem grandes honras;

b) que eles seriam provados, mas nem por isso deviam pensar em ganhar os primeiros lugares; c) que o Pai se interessa em nós, e determina o lugar que nos compete no seu serviço e Reino.

Jesus ensina:

a) que entre o povo de Deus quem mais serve é o maior;

b) que Ele mesmo é nosso exemplo, Frisemos bem o versículo 28, considerando nele uma verdade negativa e duas positivas.

 

Dos dois cegos de Jericó (29-34), um Bartimeu (Mc 10.46), e o outro, provavelmente, alguém menos conhecido. Este milagre é um dos prediletos dos evangelistas. No Guia do Pregador o assunto é estudado em três partes:

1) O que o cego fez;

2) O que a multidão fez;

c) O que Cristo fez.

Proposta emenda de tradução. Leia-se o versículo 22 como em Almeida e não como a V.B. (T. 209).

 

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MATEUS CAPÍTULO  21

 

A entrada triunfal em Jerusalém (1-11). Parece que temos aqui um cumprimento de Malaquias 3.1. Foi uma daquelas raras ocasiões em que Jesus permitiu ao povo expressar seu entusiasmo de maneira natural. Podemos acreditar que durante o reino milenar haverá em muitos lugares tais manifestações de entusiasmo popular.

 

Chegamos à Semana da Paixão. Ê o domingo. A entrada triunfal é para cumprir as profecias de Isaias 62.11 e Zacarias 9.9, mas é somente Mateus que recorda o episódio.

João 12.18 explica o motivo desta manifestação de entusiasmo popular. Era por saberem do notável milagre da ressurreição de Lázaro.

Ê preciso consultar Marcos 11.15-18 e Lucas 19.45-48 para saber tudo o que aconteceu nesse dia e no imediato. Temos de combinar Lucas 19.40 com Mateus 21.16 para ler toda a resposta de Jesus à censura dos fariseus.

 

Referente à entrada triunfal, notemos:

a) que a entrada foi o propósito de Jesus;

b) que foi o cumprimento de uma profecia;

c) que a multidão o aclamava, como hoje muitos o aprovam sem obedecer-lhe em tudo;

d) que a sua chegada alvoroçou toda a cidade (quando Jesus entra no coração, Ele revoluciona a vida inteira); e) que o chamaram de "o profeta", um mensageiro de Deus ao seu povo. F, assim que o conhecemos?

 

A purificação do templo (12-17). Parece que Mateus põe a (segunda) purificação do templo no mesmo dia da "entrada triunfal". e Marcos no dia imediato (segunda-feira) depois de passar a noite em Betânia. Em todo o caso, parece que Jesus dormiu em Betânia, distante uns três quilômetros de Jerusalém (em casa de Lázaro?), várias noites durante a última semana da sua vida.

Notemos que esta segunda purificação é referida por Mateus, Marcos e Lucas, A primeira somente por João (2.13-17).

 

A figueira seca (18-22). Este é o único milagre de juízo que Jesus operou. "A figueira é uma das três árvores que nas Escrituras servem como símbolo de Israel, a nação eleita, sendo as outras a videira e a oliveira. A videira, cultivada com tanto cuidado, tinha dado uvas bravas (Is 5.1-4). A oliveira tinha sido infrutífera e seus ramos foram quebrados (Rm 11.17). A figueira não tinha nada senão folhas, ou figos maus (Jr 24.8), apesar de ser grande exteriormente, não tinha frutos para Deus. Assim foi dada uma lição prática da sorte de Israel.

"A promessa aqui (vv. 21,22) tem aplicação muita extensiva, e seria um erro limitá-la, salvo como o Senhor mesmo faz. Nada se nega à fé; mas não é limitar, o insistir que a fé seja verdadeira" (Grant).

O batismo de João ('23-27). (Veja-se em Marcos 11.27-33 e Lucas 20.1-8.)

 

A parábola dos dois filhos (28-32). Notemos a semelhança dos filhos, tiveram os mesmos pais, o mesmo ensino, a mesma criação, o mesmo serviço, e, afinal, a mesma ordem.

Para evitar confusão precisamos notar que Almeida e Figueiredo dão como sendo o primeiro quem disse "Não quero" e a V. B. diz que foi o segundo que recusou trabalhar. Esta diferença vem dos mais antigos manuscritos. Podemos seguir a ordem de Almeida e Figueiredo, e entender que foi o primeiro que mostrou má vontade e falta de respeito pela vontade do pai, mas que, afinal, se arrependeu e obedeceu. Disso aprendemos o perigo das respostas irrefletidas, da transigência com as próprias inclinações, da tendência de fugir dos serviços árduos. Mas aprendemos também o valor da reflexão, de julgar e até reprovar algumas das próprias resoluções, de um completo arrependimento, a confissão dos próprios erros.

O segundo parecia estar pronto, submisso, obediente às ordens do pai, mas afinal, revelou-se egoísta, desobediente, volúvel, preguiçoso, preocupado com seus próprios interesses.

Não sabemos que influências tenham levado o moço desobediente a mudar de parecer. Sabendo a vontade do pai e refletindo sobre ela, sua natural preguiça foi corrigida. Ele pode ter refletido sobre a urgência do caso, observando o estado de abandono da vinha; sobretudo. ele pode ter refletido na bondade e sabedoria do pai. que não daria uma ordem desnecessária.

Felizmente ele teve oportunidade de mudar de plano. Alguns arrependem-se tarde demais, quando não há mais tempo para remediar a sua desobediência.

A parábola dos lavradores maus (33-46). Diz o dr. Scroggie: "O sentido desta parábola é tão claro que aqueles contra quem foi dita bem entenderam seu alcance- O proprietário é Deus; a vinha é Israel: o povo escolhido, cercado pela Lei, deveria ser frutífero, mas está cheio de homens de interesse próprio (os lavradores ladrões). Os lavradores são os chefes religiosos; os servos são os profetas; o filho é Cristo. A parábola é uma história de Israel em miniatura".

Notemos o empenho do proprietário pelo fruto da sua vinha: seu cuidado em cercá-la; a entrega da vinha aos lavradores; a responsabilidade destes; o egoísmo, a perversidade, e a crueldade deles; seu pouco respeito pelo "filho"; seu erro crasso de pensar que o crime que iam praticar resultaria em lucro para eles. Notemos que, desde o versículo 23, Jesus está falando com os príncipes dos sacerdotes e com os fariseus (v. 45). Proposta emendas de tradução. No 'versículo 43 "povo" em vez de "nação" (0.20). No versículo 8 leia-se "muitíssima gente", como em Almeida, e não "a maior parte da multidão" como na V. B. (R. 145). No versículo 42 leia-se "cabeça do ângulo" como em Almeida e não "pedra angular" como na V.B.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 22

 

A parábola das bodas (1-14). Lucas, quando relata os acontecimentos da última semana antes da cruz, omite as parábolas dos dois filhos e das bodas. Contudo ele dá outra semelhante (LC 14.16-24) que parece ter sido contada em ocasião anterior.

A parábola das bodas ensina que Israel recusaria o Evangelho e que os gentios seriam chamados. Aqui quem convida é um rei. Em Lucas é "um” certo homem

"A primeira parte da parábola (1-10) é contra o indiferentismo; a segunda parte contra a irreverência. A primeira fala da exclusão do judeu descrente; a segunda, da rejeição de um gentio que figurava como crente. É fatal recusar a mensagem do Evangelho, mas é igualmente fatal tomar lugar de crente e não obedecer ao Evangelho. Na verdadeira Igreja de Deus todos têm o manto da justiça; mas na cristandade, em toda a esfera da profissão cristã, muitos não o têm" (Scroggie).

 

"Muitos são chamados pelo Evangelho, e fazem uma certa profissão, mas 'poucos são escolhidos' no sentido de realmente aceitar a Cristo e revestir-se com a sua justiça. (Gray)

 

Tem sido alegado que não existia o costume de dar vestes núpcias aos convidados às bodas, mas algumas escrituras apóiam o pensamento de que, às vezes, se fazia assim. José apresentou mudas de roupa a seus irmãos (Gn 45.22). Sansão, no seu casamento, deu aos trinta companheiros mudas de roupa (Jz 14.12), e Geazi pediu a Naamã mudas de roupa para os moços que alegou terem visitado seu amo (2 RS 5.22). Chegar ao sacrifício do Senhor 'de vestidura estranha' era motivo de castigo (Sf 1.8). Porventura teria sido um dos "bons" que assim se atreveu? Os trapos imundos da nossa própria justiça não servem para substituir a justiça que Isaías cantou: 'Regozijar-me-ei muito no Senhor, e minha alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto da justiça' (Is 61.60)" (Goodman).

 

A questão do tributo (15-22). Continuam as tentativas para confundir Jesus com os argumentos deles, e agora os herodianos (gente da política) entram no assunto. Pedem astuciosamente uma resposta "Sim" ou "Não", mas há muitas perguntas que não podem ser respondidas assim.

 

A ressurreição dos mortos (23-33). Os herodianos ficaram confundidos, e chegam os saduceus. mas não têm melhor êxito.

"O Senhor primeiro responde à pergunta dos saduceus, e então reprova a incredulidade que a inspirou. A pergunta Ele a responde com uma simples afirmação, na qual contradiz a incrédula teoria deles  de que não há anjos (At 23.8). Foi suficiente confrontar o argumento baseado na ignorância com seu perfeito conhecimento. Anjos havia, e os santos ressuscitados seriam semelhantes a eles, sem casar nem dar em casamento. Os saduceus não compreendiam o poder de Deus, e não imaginavam outra coisa senão uma reprodução das condições terrestres. A sua perplexidade era o fruto das suas imaginações carnais" (Grant).

 

 Duas perguntas: "Qual?" e "Quem? " (34—46), Uma, feita por um doutor da Lei; a outra, por Cristo mesmo. A pergunta do doutor feria uma questão muito discutida pelos fariseus. Eles reconheciam 365 proibições e 248 mandamentos na Lei, e naturalmente alguns mandamentos deviam ser mais importantes do que outros. Qual seria o mais importante de todos?

 

Era uma pergunta insensata, mas o Senhor valeu-se dela para dar um ensino precioso. Ele diz:

1) Que a lei de Deus é uma e indivisível, e pode ser resumida numa palavra: amor, primeiro a Deus e depois ao próximo. Ofender a lei do amor é transgredir tudo. Isto trouxe consigo outra lição:

2) Que a lei não pode ser cumprida por quem tem coração mau. "Todo o coração" é aquilo que o homem caído nunca dará nem a Deus nem ao próximo. Isto leva a uma terceira lição, que se encontra na pergunta que o Senhor faz.

3) Que a graça necessária para cumprir a Lei se encontra somente em Cristo, que é, ao mesmo tempo, filho de Davi e Senhor de Davi.

 

"Que pensais vós de Cristo?" Esta é a grande pergunta. Da resposta que lhe dermos depende o nosso eterno destino. O homem não é justificado pela Lei, nem salvo por um credo correto (Goodman).

 

Proposta emenda de tradução. Devemos ler no versículo 43, como na V.B. — "Davi, pelo Espírito, lhe chama Senhor" (G. 47).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 23

 

Este longo discurso, em que Jesus censura os escribas e fariseus, não se encontra completo nos outros evangelhos.

Os sinais do fariseu (1-12). A sua hipocrisia (1-4) e a sua ostentação (5-12). Devemos distinguir entre seu caráter e seu ofício. Jesus mandou respeitar o ofício e ensino, mas não a conduta dos fariseus isto é, se aceitamos a tradução comum dos versículos 2 e 3.

A tradução mais exata dos versículos 2 e 3 seria: "Os escribas e fariseus se assentaram na cadeira de Moisés, e vós observais e praticais tudo que mandam; mas não deveis praticar as obras deles" (Bullinger).

 

Aprendemos deste trecho:

1) A não dizer sem fazer (v. 3). Conhecer a verdade é bom; pregá-la é um privilégio, mas que vale se não a praticamos?

2) A não mandar os outros fazer o que nós não praticamos (v. 4). Alguns livros sobre oração e piedade exigem tanto, que chegamos a duvidar se seus autores fazem tudo isso.

3) A não trabalhar para sermos louvados (v. 5). 4)

4) A não desejar honra dos homens (6-12). Não há nada mais fatal. Nosso Senhor muitas vezes referiu-se a isso: "Como podeis crer, se recebeis honra uns dos outros?" (Jo 5,44).

 

5) Que devemos amar, servir e fazer o bem, sem outro motivo a não ser o empenho para que os homens sejam ajudados e abençoados, e Deus servido. (Goodman).

 

Os ais dos hipócritas (13-39). Notemos os pecados destes fariseus hipócritas:

 

1) Fechavam aos homens o reino dos céus: não entravam, nem deixavam que os outros entrassem (v. 13). Contudo tinham a certeza de que as suas doutrinas, que tiveram esse resultado, eram corretas.

2) Tinham zelo em fazer prosélitos (v. 15), mas seus prosélitos não eram melhores do que eles.

3) Diziam-se guias, mas levavam os outros para a cova (LC 6.39).

4) Eram escrupulosos em pequenas observâncias, mas falhavam no juízo, na misericórdia e na fé (v. 23).

5) Eram limpos exteriormente, mas impuros em pensamentos e desejos (v. 27).

  Professavam grande respeito pelos mártires do passado, mas não atendiam às verdades que eles ensinaram, e perseguiam os atuais campeões dessas verdades (Goodman).

O dr. Scroggie chama a atenção para os oito "ais" que Jesus pronuncia sobre os fariseus: O Senhor reprova no primeiro uma perversa obstrução; no segundo,- uma capacidade cruel (14); no terceiro, um zelo fanático (15), no quarto, uma discriminação casuística (16-2'2); no quinto, uma escrupulosidade frivola (23,24); no sexto, uma devoção superficial (25,26); no sétimo, uma religiosidade pecaminosa (27,28); no oitavo, uma reverência fingida (29-33), o tipo de reverência que zela os túmulos dos profetas falecidos enquanto quer matar os profetas vivos.

 

"O sangue de Zacarias, filho de Baraquias" (v. 35). A passagem correspondente em Lucas 11.51 não tem as palavras "filho de Baraquias", e 2 Crônicas 24.20 dá como "filho de Joiada", o Zacarias que foi morto assim. Alguns pensam que as palavras "filho de Baraquias" foram escritas primeiro na margem de Mateus, e mais tarde acrescentadas ao texto.

O lamento sobre Jerusalém (37-39). Lucas registra as mesmas palavras, mas em outra conexão (Lc 13.34)

Consideremos as palavras "Quis eu... vós não quisestes'

Na figura, Jesus oferece colocar-se a si mesmo entre Jerusalém e o perigo que a ameaça.

Uma casa sem Cristo é uma casa desolada.

 

Resumimos o seguinte de um estudo de C. Stafford: Aqui Cristo se nos apresenta como abrigo. É este o pensamento central do versículo 37, e somos convidados a estudá-lo humilde e reverentemente:

1) O primeiro pensamento sugerido por este símbolo é a ideia de perigo. Havia então o perigo político dos romanos, mas o perigo principal de Israel era espiritual. O mesmo perigo é de todos, em todos os tempos, aos que têm transgredido a lei divina e não têm aceitado o Salvador.

2) O símbolo de um abrigo é apresentado de maneira a realçar a glória de quem é ali revelado. É uma proteção divina que é oferecida. As asas da onipotência são estendidas para a nossa defesa. É suficiente para abrigar um mundo arrependido.

3) Este símbolo de um abrigo ilustra no mais alto grau a terna condescendência de Cristo. Faz isto pela sua simplicidade familiar e sua ternura inefável,

4) É a figura de alguém que interpõe a sua própria vida para abrigar-nos do perigo. Uma rocha pode abrigar o viajante do calor do sol; um escudo abriga o soldado no dia da batalha, Cristo é o abrigo das almas crentes nele, somente pelo fato de interpor a sua vida entre eles e o perigo.

Notemos os fins conseguidos pelo fato de refugiar-se o pecador em Cristo. O resultado imediato é a segurança, mas esse é o primeiro passo para a piedade e o serviço espiritual.

A figura é delineada de maneira tal que mostra que o homem é responsável na matéria da sua salvação.

Proposta emenda de tradução. Deve ficar no texto o versículo 14, omitido pela V. B. (C. 38). No versículo 38 leia-se: "Eis que a nossa casa será abandonada por vós".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 24

 

Destruição do templo (1-3). Seu cumprimento foi às mãos do imperador Tito, no ano 70 d.C.

A tríplice pergunta:

1) Quando serão estas coisas (a destruição do templo, etc.)?

2) Que sinal haverá da tua vinda (parousia: presença)?

3) Que sinal haverá do fim da época?

 

Nota: A expressão grega "sunteleias tou aionos", traduzido por Almeida e V.B. "fim do mundo", significa cumprimento do período, ou época, ou tempo, como em Figueiredo. Importa uma consumação final.

      "O propósito da profecia é o de:

       1) Assegurar nossos corações, de maneira que, quando os acontecimentos sucedem, não sejamos sobressaltados;

       2) Confirmar nossa fé, verificando que assim fora predito;

       3) preparar-nos para os acontecimentos.

 

'Tua vinda no versículo 3 (V,B.) é a vinda referida em 23.39.

 

"O fim predito (4-14). O Senhor primeiro lança um longo olhar até o fim (6-14). Então começa outra vez com mais particularidade (15-28) e prediz o destino de Israel. As guerras e distúrbios que haviam de seguir imediatamente não eram o fim (6). Poucos anos depois, em 70 d.C.. estas guerras começaram, e terminaram com a destruição do templo e da cidade, e a dispersão dos judeus. As palavras do versículo 2 foram cumpridas literalmente. pois o imperador Tito mandou seus homens escavar os alicerces da cidade toda, como também do templo, e mais tarde Terêncio Rufo lavrou o lugar. Assim cumpriu-se literalmente Miquéias 3.12" (Goodman).

 

A grande Tribulação (15-26). Este trecho é geralmente reconhecido como se referindo ao período final, que, segundo o parecer de muitos expositores de confiança, seguirá a vinda de Cristo para arrebatar a sua Igreja. Primeira fase da segunda vinda.

"A abominação de desolação (v. 15) é mencionada quatro vezes em Daniel: Em 8.13 como a transgressão assoladora; em 9.27 como asa das abominações; em 11.31 como abominação desoladora, e em 12.11 como abominação desoladora. Estudando estas quatro passagens, vemos que se referem à profanação do santuário (o Templo), à cessação dos sacrifícios, e ao estabelecimento de uma abominação (um ídolo?) no lugar de sacrifício" (Goodman).

 

Dez anos depois da morte de Cristo, o imperador romano Calígula decretou que a sua estátua fosse colocada no Templo em Jerusalém para ser reverenciada. Profecia de dupla realização: ocorreu antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C. e ocorrerá no segundo período da grande tribulação.

A volta do Rei em glória (27-31). Segunda fase da segunda vinda julgamento das nações. Notemos as seguintes circunstâncias. A volta será:

a) evidente como um relâmpago (v. 27).

b) acompanhada de juízos (v. 30).

c) com um sinal do céu (v. 30).

d) lamentável para os descrentes (v. 30).

e) junto com os anjos (v. 31).

f) uma ocasião do ajuntamento dos escolhidos (v.31).

 

O cadáver e as águias (v. 28). É difícil ser positivo sobre a interpretação das palavras aqui e em Lucas 17.37. Uma explicação é que significam a destruição - repentina, útil e necessária - dos inimigos do reino. Da mesma maneira que os urubus descem dos céus para imediatamente removerem tudo que é morto e corrupto, assim também os anjos de Deus na segunda fase da segunda vinda separarão os maus e corruptos — os espiritualmente mortos - dos "escolhidos" (21) que têm vida em Cristo (Mt 13.40-50). Contudo, não deixa de ser um dos versículos mais problemáticos do N. T.

 

Diz F. W. Grant: "Onde estivesse o cadáver (a corrupção), as águias haviam de descobri-lo: o juízo seria completo na sua obra. Não haveria mais esperança de longanimidade. O juízo era agora o único A vara do pastor havia de ferir e destruir os destruidores do rebanho e da terra".

 

"Aprendermos no versículo 29 que os versículos 15-28 relatam aquele período conhecido como a Grande Tribulação, à qual há freqüente alusão nos escritos do V T., nos Salmos e no Apocalipse. Os estudantes da profecia conhecem-no como a segunda metade da septuagésima semana de Daniel. Devemos distinguir entre a Grande Tribulação e a Destruição de Jerusalém em 70 d.C. A referência a esta última não está em Mateus, mas em Lucas 21.12-24. O período da Tribulação é relacionado imediatamente com o povo judaico, a Palestina, e o aparecimento do Anticristo; mas todo o mundo é afetado. Devemos ligar o versículo com Daniel 12.11".

 

A volta do Senhor (32-51). O assunto de 24.23 a 25.46 é a segunda vinda de Cristo, e chama-se a atenção para a maneira (23-28), a ocasião (29-51) e o efeito da sua vinda (cap. 25). [Trata-se da segunda fase da vinda de Cristo, no fim do segundo período da Grande 'Tribulação, mas algumas dessas profecias e períodos se referem também à primeira fase da segunda vinda o arrebatamento da Igreja.]

 

"Aqui estudamos a ocasião. Será no fim da Grande Tribulação. e, efetivamente, terminará esse período de aflição. O aparecimento do Rei será acompanhado por certos sinais que não deixarão ninguém em dúvida sobre o que vai acontecer (29). A volta do Senhor (segunda fase) terá efeitos opostos sobre inimigos (30) e amigos (31); tristeza e alegria, gemidos e adorações, medos e delicias. Ele não virá afinal como veio da primeira vez, em fraqueza e humildade, mas com poder e glória.

"Primeiro se ilustra a certeza da vinda (32-35). Tão certamente como as árvores brotando anunciam a vinda da primavera, assim estes sinais (29) anunciarão a vinda do Rei. Jesus diz que somente o Pai sabe a hora deste grande acontecimento (36), mas quando vier, o mundo será tomado de surpresa (3739) como nos dias do Dilúvio. Esse dia será um dia de separação (40,41). Palavras solenes: 'levado ou deixado"' (Scroggie). [Esta profecia também se aplica à primeira fase da segunda vinda - o arrebatamento.]

 

"Não passará esta geração (v. 34). "A palavra grega "genea" significa raça, espécie, família, etc. É certo que a palavra se emprega neste sentido aqui, porque nenhuma "destas coisas", a saber, a pregação do Evangelho do reino em todo o mundo, a volta de Cristo em visível glória, o ajuntamento dos escolhidos, aconteceu na destruição de Jerusalém por Tito em 70 d.C. A promessa é, portanto, que a geração — a nação ou família de Israel - será conservada até o fim" (Scofield).

 

 

Um escritor oferece a seguinte paráfrase: "Esta geração de homens vivos atualmente não passará até cumprir-se tudo referente a Jerusalém, e esta geração - a nação de Israel  não passará até cumprir-se o restante da profecia".

 

Contudo, nos 41 lugares onde a palavra grega genea" se encontra na Bíblia, o sentido é sempre "geração" e não "nação", há um ensino que a palavra grega "an" importa dúvida ou possibilidade: Young traduz "esta geração pode não passar". Diz-se que a volta foi adiada quando os judeus definitivamente rejeitaram o Evangelho.

 

Outra explicação do trecho é a seguinte: "Se os tradutores tivessem traduzido "haute genea" ESSA geração, como se traduzem as mesmas palavras em Hebreus 3.10, tudo teria ficado claro, e tudo de acordo com a índole da língua grega, vista que "houtos", "haute", "houto" costumam referir-se ao assunto em discussão: no presente caso, a geração que vê estes sinais. Isto é, que os sinais e a consumação da vinda, tudo caberia dentro de uma só geração" (Prophecy Vol. XVIII, Ne 8, pág. 15).

 

Há outra interpretação desta profecia de Mateus 24 e Marcos 13.26 e Lucas 21, baseada na repetição da palavra nós até o versículo 28 em contraste com eles em *Marcos 13.26. A conclusão dessa interpretação é que "as profecias em Mateus 24 até o versículo 28: em Marcos 13 até o versículo 23; e em Lucas 21 até o versículo 24, cumpriram-se enquanto alguns dos apóstolos ainda viviam".

 

'Ninguém pode duvidar que Lucas se refere explicitamente a Jerusalém, e devia acontecer dentro de 40 anos; e devemos lembrar que os três evangelistas registram o mesmo discurso, e por isso no mesmo contexto, que a história recorda, que a igreja em Jerusalém assim interpretou a profecia, e obedecendo o mandato do Senhor para que saísse da cidade, salvou-se da destruição de Jerusalém" (Roberts, "The Olioet Prophecy").

 

Se alguém nos disser que, afinal, Jesus não deu uma resposta clara e positiva à pergunta: "Declaramos QUANDO sucederão estas coisas" (3), responde. cremos que isso Cristo não podia revelar, visto ter Ele declarado não saber o dia nem a hora (36).

 

"Levado " nos versículos 39,40 e 41. Muitos expositores, inclusive Scroggie, Grant, Darby, Kelly, etc. entendem que em cada um destes versículos o sentido é "levado para o juízo" e "deixado para ter parte no Milênio'

 

Contudo, no versículo 39, a palavra traduzida "levar" é "airo", e nos versículos 40, 41 é "paralambano", esta última palavra é empregada em Mateus 1.20,24; 26.37, onde é traduzida "receber" (Mc 4.36; 5.40, e muitos outros lugares). Diz B. W. Newton: "Uma consulta dos últimos versículos de Lucas capítulo 17 mostra a relação das palavras 'um será levado ' com o levar os santos por Cristo". Assim há entre os expositores diferença de interpretação de Mateus 24.40,41. [A expressão "um será levado e outro deixado" também se aplica ao arrebatamento.]

 

Servos bons (45-47) e servos maus (48-51). O servo fiel e diligente será premiado; o servo mau será castigado. Quando um servo de Deus, em vez de prosseguir com seu trabalho, começa a "espancar os seus conservo", depreciando-os, ele está em franca decadência.

Propostas emendas de tradução. Corrigir a V B. lendo "grande voz de trombeta" (v. 31, C. 179). Do versículo 36 devemos omitir "nem o Filho" que pertence a Marcos 13.32 mas não aqui (C. 169).

 

 

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MATEUS CAPÍTULO  25

 

A parábola das dez virgens (1-13). O sermão profético é interrompido por parábolas desde 24.32 até 25.31, e as destes capítulos ensinam outra vez a necessidade de vigilância (1-13) e fidelidade (14-30).

 

As virgens representam cristãos professos, dos quais cinco são renascidos. Devemos notar os pontos de semelhança que havia antes do grito da meia-noite e os pontos de diferença depois desse brado.

 

No nosso estudo desta parábola podemos considerar:

1) O propósito das virgens que foi o de se encontrarem com o esposo - sem dúvida um bom propósito. Quais são os propósitos que mais preocupam o pensamento humano? Alguns aspiram a, mais cedo ou mais tarde, encontrarem-se com Cristo.

2) A prudência das virgens. Notemos que havia aparente semelhança exterior entre elas, mas fundamental diferença íntima. Cinco prudentes; cinco loucas.

3) O preparo das virgens para se encontrarem com o esposo era, então, azeite nas lâmpadas: talvez uma figura do Espírito Santo. Qual é o preparo de que nós necessitamos?

4) A paciência das Virgens. Houve uma demora inesperada, como também parece acontecer com a segunda vinda de Cristo; e essa demora serviu para revelar a prudência das virgens. O decorrer dos anos descobre, em nós, o quê?

5) O premio das virgens prudentes foi o de entrarem no gozo do noivo. Há galardão para o crente em Cristo, pois gozará futuramente a companhia do seu Senhor.

6) O prejuízo das virgens toucas foi a perda de toda essa alegria. O remorso por bênção perdidas pode bem ser um dos principais castigos do impenitente.

7) A lição da parábola é: "Vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora". Efeitos desta vigilância:

a) guarda-nos de demasiada preocupação com interesses atuais;

b) preserva do desânimo que poderia resultar das provações do momento;

c) inspira-nos com grande esperança para o porvir;

d) preocupamos com o Cristo, não como sofredor, mas como Rei vindouro.

 

A parábola dos talentos (14-30) ensina-nos a aproveitar bem o tempo até a vinda de Cristo. O verdadeiro crente não pode ser servo mau ou negligente.

O talento era um dinheiro da antiguidade que, segundo o dicionário de Davis, valia 29.374,50 dólares, sendo de ouro, ou, de prata, valendo este 1.950,00 (em 1942).

Em figura, os talentos representam as oportunidades da vida. Nós podemos ter pouco dinheiro com que servir nosso Senhor, mas temos força, tempo, oportunidades, etc.

"Esta parábola dos talentos deve ser comparada e contrastada com a das minas em Lucas 19. Ambas falam da ida, da ausência, da volta, e em ambas a ênfase é sobre o que se faz durante a ausência.

"A cada um destes servos é dado segundo a sua capacidade (14, 15); os servos são então contrastados (16-18); depois vêm a volta, a prestação de contas, o prêmio dos diligentes, e reprovação do indolente (1930)" (Scroggie).

 

"Não é a quantia que nos é dada que determina a recompensa, mas a fidelidade no seu emprego. O servo que recebera cinco talentos ganhou outros cinco, mas o que recebera dois também dobrou o capital recebido, e merece a mesma aprovação; e havia de ser uma satisfação para o senhor achar uns dos seus prontos a servir tanto na condição humilde como na mais elevada" (Grant).

 

O fim do sermão. O Juízo sa nações vivas (31-46). Não se deve confundir este juízo com o dos mortos em Apocalipse 20.11-15

 

A ocasião do juízo é a vinda gloriosa de Cristo com seus anjos. Segunda fase da segunda vinda, logo antes de ser estabelecido o Milênio.

O lugar: provavelmente, a Palestina.

Os julgados: as nações vivas.

O assunto do juízo é a maneira pela qual as nações têm tratado os "irmãos de Cristo".

O resultado é separação, galardão ou condenação.

O versículo 40 merece a nossa detida consideração, e deve influir em todo o nosso serviço.

O versículo 45 mostra que há castigo por pecados de omissão.

O expositor prudente evitará aplicar o ensino deste juízo a outras pessoas ou outros pecados não referidos no trecho.

 

"O Filho do homem vem na sua glória, e todos os santos anjos com Ele, e senta-se no trono da sua glória (v. 31). Todas as nações estão reunidas perante Ele. As palavras são "panta ta ethne", que muitas vezes são traduzidas num sentido geral e não com referência às nações individualmente (Gl 3.8; 2 Tm 4.17). Por isso não convém insistir que temas aqui o julgamento de nações e não de indivíduos. Talvez seja mais prudente tomar a parábola como ensinando o princípio geral em que o julgamento se baseará, para que assim os nossos corações sejam exercitados por ela. Nem devemos insistir demasiadamente sobre as palavras estes meus irmãos" aplicando-as exclusivamente aos judeus, as palavras de 10.40-4'2 permitem-nos dar à expressão uma aplicação mais extensiva" (Goodman).

 

Este trecho não contém qualquer alusão aos crentes no Evangelho da graça de Deus. As nações aqui são julgadas, não por sua fé ou descrença numa obra redentora, mas segundo as suas próprias obras. Por isso o trecho pouco serve ao evangelista na sua apresentação do Evangelho da graça de Deus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 26

 

Conspirando (1-5). "Esta é a quarta vez que Jesus prediz a sua morte. Chega a marcar o dia, que foi justamente o contrário do plano dos inimigos: 'Não durante a festa'.

"Durante seu ministério, Jesus referiu-se 25 vezes à sua morte" (Scroggie).

 

Jantar em Betânia (6-13). Aqui devemos ler, provavelmente, "Simão, negociante de louças" não "o leproso" (O. 93).

 

Esta ocasião, tão tocante e íntima, patenteou o amor dos seus amigos ao mesmo tempo que o ódio dos adversários chegava ao seu auge.

João ensina-nos que a mulher era Maria, a irmã de Lázaro, e nos deixa imaginar que Simão era o pai dela, talvez um dos que Cristo curara (Gray).

 

O que se gasta com Jesus não é "desperdício’, Aprendemos de João que foi Judas quem falou em desperdício.

Jesus atribuiu a Maria mais inteligência do aos outros referentes à morte. Ela não foi sepulcro para embalsamar um corpo incorruptível, mas prestou seu serviço precioso antecipadamente.

 

"Aqui está uma profecia que tem sido cumprida tão literalmente que ninguém o pode negar (v. 13). E hoje, na China, na Índia, na África, na América, fala-se deste incidente constantemente. Nossa familiaridade com o fato tende a diminuir a nossa admiração. Deveras havia um profeta ali! Por que havia de ser divulgado em toda parte o que a mulher fizera? Porque o Senhor aprecia mais do que tudo a dedicação dos nossos corações à sua pessoa?"

 

"Este trecho apresenta contrastes notáveis. Uma mulher, um homem; um amigo, um inimigo; dando alguma coisa, recebendo alguma coisa; devoção, engano; sacrifício, egoísmo, um vaso de unguento, trinta moedas; abençoado, amaldiçoado" (Scroggie).

 

O preço da traição (14-16). "Devemos ler: 'ajustaram com ele trinta moedas' (R. 149). Judas é bem diferente da mulher que quis gastar com Jesus. Ele quis e obteve as 30 moedas de prata. e tornou-se o primeiro entre dezenas de milhares que tem abandonado a Cristo por amor de lucro material" (Goodman).

 

A última páscoa transformada em a Santa Ceia (17-30). Jesus tomou os elementos da páscoa e deu-lhes uma nova significação. A páscoa tinha servido seu propósito, porque o Cordeiro que o sacrifício simbolizava ia ser morto no dia seguinte. Por isso foi instituída uma nova festa, apresentando a verdade fundamental do cristianismo, como a Páscoa tinha apresentado a do judaísmo" (Weston).

 

O que preocupava o pensamento de Jesus era a traição. A pergunta de cada um, "porventura sou eu, Senhor? " é melhor do que suspeitar do próximo.

Entende-se que entre a festa pascoal (20-25) e a Ceia do Senhor (26-30), Judas tinha saído (Jo 13.30).

"O hino que cantaram eram os salmos 115 a 118" (Scroggie).

 

Entre os versículos 20 a 21 leia-se João 13.1-20; e depois do versículo 25 leia-se João 14.1 a 17.26.

"Em Lucas e 1 Coríntios, e não nos dois primeiros evangelhos, é que o caráter memorial da Ceia é afirmado, e isto é de importância decisiva para a sua interpretação. "Fazei isto", diz o Senhor, "em memória de mim " (Lc 22.19). Aqui se afirma o propósito preciso do pão e do cálice.

"Ora, lembrança é daquilo ou de quem não está presente. Ainda mais, é de alguma coisa passada. O comentário do apóstolo é tão claro quanto possível: 'Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha' (1 Co 11.26). Claramente a morte do Senhor não é uma coisa presente, mas passada. 'A morte não mais terá domínio sobre Ele'. Ê um Senhor morto que recordamos, mas um Senhor vivo que adoramos" (Grant).

 

Pedro é avisado (31-35). Vemos Pedro (como alguns de nós) entusiasmado, confiado em si, não compreendendo a própria fraqueza. Ele está tão confiado que até contradiz o próprio Mestre!

Notemos em Pedro: dedicação ao seu Mestre; ignorância da grandeza da provação que chegava; confiança na própria coragem; uma atitude de superioridade sobre os outros.

Jesus em Getsêmani (36-46). "Não devemos supor que c cálice aqui seja o mero receio da dor física ou da morte... O cálice devia ser o ato de Ele fazer a sua alma uma oferta pelo pecado (19 53.10), incluindo o desamparo de Deus (SI 22. 1); o valor da sua petição é que testemunha a necessidade da expiação pelo pecado" (Gray).

 

Vemos que, nesse momento de suprema provação, o que mais importava a Jesus era a vontade de Deus. É assim conosco?

Entre as três orações, Jesus voltou duas vezes aos discípulos. Ele sentia o valor e a necessidade da simpatia humana. A primeira vez Ele acordou a Pedro e falou com ele, talvez lembrado de que Pedro necessitava do reforço espiritual que vem do "velar com Jesus". A segunda vez parece que não acordou nenhum deles. A terceira achou-os meio acordados, e disse que podiam dormir (se podemos aceitar a tradução "Dormi agora" e não a emenda "Dormis agora?”) • era tarde para velarem.

 

"Como é profundo o mistério das duas vontades de Jesus: a humana e a divina! Aqui a sua vontade humana é submissa ao Pai (v. 39), Ele recuaria da cruz, mas aceitou-a. O que tinha soberana e eterna importância para Jesus era a vontade de Deus" (Scroggie).

Jesus é preso (47-56). Confrontando as diferentes narrativas da traição de Judas e a prisão de Jesus, notamos que só em Mateus Jesus chama Judas de "amigo". Somente João diz que foi Pedro que feriu com a espada, e dá o nome do servo: Malco. Somente Lucas (o médico) recorda que Jesus sarou a ferida. Somente João tem a pergunta "Não beberei eu o cálice que o Pai me deu?"

A palavra que Jesus emprega (hetairos), traduzida "amigo" (v. 30), não é a mesma de João 15.14 (filos) mas significa companheiro, colega, e nunca contém a ideia de amizade (veja-se 11.16; 20.13; 22.12) (Scroggie).

A perversidade de Judas, depois de desfrutar por três anos a intimidade com Jesus, revela a profundeza a que a natureza humana pode rebaixar-se!

Jesus foi provado de toda maneira: a contradição dos pecadores, a fraqueza dos discípulos, e a malignidade de Satanás, mas conservou sereno e confiado seu espírito.

Doze legiões (v. 53). ' 'Uma legião de soldados, nos tempos de Jesus, era composta de 6.200 soldados de infantaria e 300 de cavalaria. Doze legiões, portanto, seriam 78.000 homens" ('Treasury).

Jesus perante os juízes religiosos (57-68). "Houve seis fases do processo de Jesus, sendo três eclesiásticas e três civis:

1) Perante Anás (Jo 18.12-24).

2) Perante Caifás (57-68).

3) Perante o Sinédrio (27.1,2).

4) Perante Pilatos (27.11-14).

5) Perante Herodes (Lc 23.8-11).

6) Perante Pilatos outra vez (27.15-26)" (Scroggie). Este trecho em Mateus refere-se à segunda fase.

Devemos notar que as testemunhas falsas citaram erradamente as palavras de Jesus (versículo 61 comparado com João 2.19). Ao citar a Escritura devemos ter o cuidado de não mudar nem uma palavra.

Notemos que Jesus não se defendeu, mas quando era preciso testemunhar a verdade, falou (v. 64).

Jesus afirmou quatro verdades:

1) Que era o Cristo.

2) Que era o Filho de Deus.

3) Que havia de sentar-se à direita da majestade divina.

4) Que viria "sobre as nuvens do céu" (v. 64).

Pedro nega a Jesus (69-75). O Senhor lhe tinha dito: "Quando te converteres, conforta a teus irmãos" (Lc 22.32). Ele era já regenerado, mas a referida conversão aconteceu no Pentecoste, sete semanas mais tarde. Não há maior necessidade hoje do que esta: que todos os crentes sejam realmente convertidos: voltados a encarar sempre seu Salvador.

O versículo 70 deve ser "Não conheço este de quem falais" (O.20).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO 27

 

O suicídio de Judas (1-10). "Comparando Mateus com Atos 1.16-19, parece que, depois de Judas se enforcar, seu corpo caiu. A citação atribuída a Jeremias é bem parecida com Zacarias 11.12,13. Isto tem sido explicado pelo fato de que o volume dos livros proféticos era geralmente conhecido pelo morne do primeiro, e no cânon judaico o primeiro era Jeremias. Outra explicação é que o nome do profeta foi acrescentado (erradamente) por alguns copistas do manuscrito original, pois vários manuscritos omitem 'Jeremias' depois da palavra profeta" (Treasury).

 

Ainda outra explicação devemos ao dr. Bullinger: "A profecia foi primeiro falada por Jeremias e depois escrita por Zacarias

O que vemos em Judas é antes remorso do que um verdadeiro arrependimento. Um homem totalmente endurecido nem remorso teria sentido. Ofender um seu semelhante menos santo e menos amável. não teria ocasionado comoção tão profunda.

No caso de Judas vemos o perigo de uma familiaridade com o que é espiritual e divino, sem haver constante exercício espiritual. Acontece o mesmo hoje. Facilmente se costuma cantar hinos sublimes sem prestar atenção ao seu sentido. O pregador repete tantas vezes o Evangelho que não se sente mais comovido por ele. O crente afirma que "tem a vida eterna" sem sentir o verdadeiro significado de expressão tão sublime.

 

"Claramente é a agonia do remorso que vemos em Judas, e não o arrependimento verdadeiro. Ele não pôde ficar com o dinheiro que ganhara, o qual, mesmo no parecer dos sacerdotes, estava manchado de sangue. Até mesmo aos ouvidos deles Judas grita a confissão do seu pecado em ter traído sangue inocente: não grita sangue santo ou justo, e ainda menos o Santo e o Justo. A glória do Filho de Deus não o preocupa. Nada de chegar-se àquele em cuja companhia por tanto tempo tinha andado não havia nenhum reconhecimento de qualquer recurso a que pudesse recorrer. Enfim, não há nada de fé: e por isso nada de arrependimento. Ele atira as moedas no santuário - a parte do templo reservada para os sacerdotes - 'e foi-se enforcar’. Em tudo isto vemos o contrário da fé. Quantas vezes ele teria visto as obras milagrosas que testificaram que 'o Filho do homem tem poder sobre a terra para perdoar os pecados,' mas parece não se lembrar de nada disso, ou não pode acreditar na divina misericórdia para consigo, e por isso se atira na ruína irrevogável" (Grant).

 

"Que carreira e que fim! Alguns maus homens tornam-se bons, e alguns bons tomam-se maus, mas aqui um homem mau permanece mau até o fim. A sua confissão e remorso não importam em arrependimento no sentido evangélico. O arrependimento de Pedro resultou em santificação; o remorso de Judas, em suicídio. Judas não somente vendeu seu Mestre, mas a si mesmo. Que preço tem a sua alma, leitor? Alguns vendem a alma por dinheiro facilmente adquirido, outros pelos prazeres do mundo, mas Judas nada lucrou" (Scroggie).

 

Jesus perante Pilatos (11-31). Cristo é a grande "pedra de toque" do universo. Em contato com Ele todos se revelam. Os chefes religiosos do judaísmo descobriram seu ódio pelo Sumo Bem; Pilatos descobriu sua fraqueza e indecisão, a sua incapacidade de exercer a justiça; o povo revela sua preferência por um malfeitor; a esposa de Pilatos revela uma justa apreciação da inocência de Jesus; os soldados revelam seu indiferentismo e crueldade. E nós, que mostramos? admiração? gratidão? obediência?

 

Lucas 23.2 ensina-nos as três acusações dos judeus contra Jesus perante Pilatos:

1) pervertendo a nossa nação;

2) proibindo dar tributo a César;

3) dizendo-se Rei.

 

"Aqui relatam-se a quarta e a sexta fases do processo de Jesus; seu primeiro e segundo comparecimento perante Pilatos. Entre os versículos 14 e 15 vem a quinta fase, o comparecimento perante Herodes (LC 23.8-18). No relatório do primeiro comparecimento perante Pilatos (11-14) a coisa mais notável é o seu silêncio. Ele respondeu ao governador que agia judicialmente, mas não aos sumos sacerdotes e anciãos cujo procedimento todo era ilegal. Há ocasiões quando a única resposta consoante com a dignidade e honra é o silêncio. Falar com certa gente é rebaixar-se (Scroggie).

 

Barrabás ou Cristo? (20-26). Barrabás tem o sentido 'filho do pai'. (Jo 8.44), assassino desde o princípio; e o outro, "Filho de Deus". Que contraste entre este notável preso chamado Barrabás, que tinha feito insurreição e cometido homicídio (Mc 15.7), e o Santo de Deus esse homem justo - com quem a mulher de Pilatos sonhara (v. 19)! O povo teve de escolher entre os dois, um para ser solto e outro para ser morto. A mesma escolha é nossa hoje!

 

A crucificação (32-56). Notemos a extrema barbaridade desses tempos em que a crucificação era um suplício frequente, especialmente com castigo de escravos. "Os cidadãos romanos eram isentos desta pena, em virtude de leis especiais" (Davis).

 

O incidente de Simão, o cireneu (ou "lavrador", O. 129) é relatado por três dos evangelistas, mas omitido por João.

"A cruz de Cristo é o ponto centrai de toda a história: o universo gira em torno dessa cruz. Esta tragédia é o maior dos trunfos; este fracasso, o maior dos sucessos. Destas trevas tem vindo eterna luz; Jesus foi desamparado para que nós fôssemos amparados; Ele foi ferido para que nós fôssemos sarados. Se Ele se tivesse salvado, não teria podido salvar-nos. Se tivesse fugido da cruz, nós para lá teríamos de ir. Se Ele não tivesse morrido na cruz, Barrabás teria morrido nela" (Scroggie).

 

É preciso notar que o título na cruz (37) escrito em três línguas diferentes (e mais completamente em uma do que nas outras) contém a acusação de ter desafiado a autoridade romana.

Jesus nunca falou em ser desamparado pelo Pai, mas sendo "feito pecado" por nós, sentiu-se abandonado por Deus (46).

E quem dirá o agrado que, como Pai, achou

Em Ti, Teu Deus, quando Me a Ti desamparou? O véu rasgado logo após a consumação da obra expiatória: não era obra humana, pois os homens o teriam rasgado de baixo para cima; nem foi propriamente para nós podermos entrar, mas sim para Deus poder sair em bênção para a humanidade (v, 51).

 

O estranho incidente narrado nos versículos 52,53 relatado somente por Mateus. Diz o dr. Goodman: "Este acontecimento deu-se depois da ressurreição, mas é ligado com a morte do Senhor, sendo a lição, evidentemente, que somente na base do sangue derramado podem os santos sair do sepulcro".

Não podemos afirmar que o capitão romano e os soldados foram convertidos nesse momento tremendo, mas foram convidados (como o carcereiro de Filipos antes de ser crente) e, espantados, disseram que Jesus era "Filho de Deus" (v. 54).

E as mulheres, de longe, presenciavam tudo! (vv. 55,56)

A sepultura de Jesus (57-66) também correspondia com a voz profética (Is 53.9, V.B.). Vemos amor e ódio em atividades com respeito ao corpo de Jesus. Devemos notar que a guarda foi posta pelos chefes religiosos e não por Pilatos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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MATEUS CAPÍTULO  28

 

A ressurreição (1-10). No versículo 1 devemos ler "E depois do sábado, antes da alva do primeiro dia da semana" (O. 21).

A narrativa de Mateus é a única que diz que o anjo do Senhor tirou a pedra do sepulcro e sentou-se sobre ela. O "evangelho do Rei" recorda este humilde serviço de um dos mensageiros celestiais.

 

Notemos as palavras "Vinde"; "Vede, "Ide": "Dizei". As palavras do anjo inspiraram alegria, mas as de Jesus, adoração (9). E depois: "Não temais; ide anunciar".

Este trecho muito nos revela com respeito aos anjos. Eles têm corpo, mas passam livremente entre o Céu e a Terra (2).

Este anjo trajava roupas; era resplandecente, e despertou temor nos que o viram (3,4). Falou, presumivelmente, em aramaico, pois foi entendido. O que os guardas fizeram, ele ordenou às mulheres que não fizessem (4,5). Conhecia a Jesus e sabia por que as mulheres tinham vindo (5). Sabia que Jesus predisse a sua ressurreição; sabia que Ele ressurgiria; disse isso às mulheres e mandou que examinassem o lugar (6). Chama Jesus de "o Senhor".

 

"Maria Madalena já tinha corrido para dar as boas notícias aos discípulos antes que Jesus se encontrasse com as outras mulheres, por isso ela não estava com elas. Tiveram o ensejo de abraçar-lhe os pés (v. 9), enquanto Maria Madalena, querendo fazer isto, fora proibida (Jo 20.17). O motivo disto tem sido muito discutido. A seguinte explicação parece razoável: a intenção de Maria era segurá-lo para que não se retirasse mais, como Jacó quis segurar o anjo (Gn 32.26); como a mulher samaritana recusou deixar Eliseu, abraçando-lhe os pés (2 Rs 4.27), Veja-se também Cantares 3.4. A resposta do Senhor significava então: 'Não me detenhas com demonstrações de afeição. Ainda não ascendi'".

 

Jesus aparece aos discípulos na Galiléia (11-20). "Parece ter havido dez manifestações antes da ascensão do Filho de Deus, sendo cinco no dia da ressurreição e cinco depois.

A dos versículos 8-10 era a segunda no dia da ressurreição, sendo a primeira a Maria Madalena (Jo 20.14-18)" (Scroggie).

 

No versículo 17 devemos ler 'E quando o viram adoraram-no, embora duvidosos dos seus sentidos" (0. 26).

 

A grande comissão de evangelizar o mundo (16-10). Todo o poder; todas as nações; todas as coisas; todos os tempos. Notemos:

1) Sua autoridade: total, universal, única, suficiente.

2) Seu mandato: positivo, explícito, urgente, inclusivo.

3) Seu batismo, matriculando discípulos de todas as nações. A palavra "ensinai" (v. 19, Alm.) é "matheteusate" (discipular ou matricular) e no versículo 20 é "didascontes" (instruir). Depois de ser matriculado pelo batismo, o discípulo precisa ser instruído.

4) Seu ensino dos discípulos arrolados — todas as coisas que Eu vos tenho mandado.

5)Sua presença, em todos os lugares e em todos os tempos. Notemos que a frase "sunteleias tou aiônos", traduzida na V.B. "fim do mundo" significa, ao pé da letra, "fim da época". Em nenhuma parte da Bíblia fala-se do "fim do mundo".

 

Aprendemos deste trecho: que a chamada ao serviço vem a quem está no caminho da obediência (16); que a visão do Cristo ressurreto leva à adoração (17); que a nossa confiança para o serviço deve estar no poder de Cristo e não em nós; que o alvo do Evangelho é todo o mundo (19); que devemos ensinar toda a verdade de Deus; que o crente pode contar com a contínua presença do seu Salvador.

 

 

 

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