1corintios

1ª Carta aos Coríntos

   1ª CARTA A CORÍNTIOS

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INTRODUÇÃO:

 

 

Data. Provavelmente 59 d.C., no fim dos três anos que Paulo passou em Éfeso (At 20.31; 1 Co 16.5-8), trata de vários assuntos, mas todos porem unidos sob o título "Conduta cristã. " Até a tremenda revelação da verdade concernente à ressurreição se relaciona com o mesmo tema (1 Co 16.5-58), A ocasião da Epístola foi um pedido de esclarecimento com respeito ao matrimônio e a comidas oferecidas aos ídolos (7.1 e 8.1-12); mas o apóstolo estava ainda mais preocupado por notícias que ouvira de divisões e contendas, e de um incesto (5.1).

As facções na igreja não eram devidas a heresias, mas à carnalidade dos coríntios e à sua admiração da "sabedoria" grega e da eloquência. O apóstolo reprova o espírito partidário. As desordens menores eram devidas à vaidade e a um desejo pueril pelas línguas e dons milagrosos, mais do que pelo ensino sólido (1 Co 14.1-28). Paulo defende seu apostolado porque envolve a autoridade da doutrina que fora revelada por seu intermédio (Scofield).

As divisões da Epístola são duas: assuntos que Paulo ouvira; assuntos que os coríntios tinham escrito.

Introdução (1.1-9),

Assuntos ouvidos: Desordens na igreja (1.10 a 4.21).

Irregularidades sociais (caps. 5 a 6.8).

Assuntos escritos: Irregularidades sociais (6.9 a cap. 10).

Desordens na igreja (caps. 11 a 16).

Conclusão: 16.5-24 (Lee).

 

ANÁLISE DE 1 CORÍNTIOS

 

Introdução (1.1-9).

l. Concernente às divisões na igreja (1 ,10 a 4.21).

1.1. O fato das divisões (1.10-12).

1,2. O mal das divisões (1.13 a 4.5).

1.3. A causa das divisões (4,6-21).

2. Concernente às desordens na igreja (caps. 5 e 6).

2.1. Com referência à disciplina (cap. 5).

2.2. Com referência ao litígio (6.1-11).

2.3. Com referência à pureza (6.12-20).

3. Concernente às dificuldades na igreja (cap. 7 a 14).

3.1. O caso do casamento e celibato (cap. 7).

3.2. O caso da carne sacrificada aos ídolos (cap. 8 a 11.1).

3.3, O caso do culto cristão (cap. 11.2-34).

3.4. O caso dos dons espirituais (caps. 12 a 14).

4. Concernente às doutrinas na igreja (cap. 15).

Conclusão (cap. 16) - (Scroggie).

 

 

A MENSAGEM DE 1 CORÍNTIOS

 

Achando difícil resumir as muitas páginas do dr. Scroggie sobre a mensagem desta Epístola, resolvemos copiar o seguinte trecho do dr. Angus:

"Em nenhuma epistola se manifesta o próprio caráter de Paulo de modo mais brilhante do que nesta. A asserção da sua autoridade apostólica é belamente feita com humildade e piedosa desconfiança de si mesmo (2.3 e 9.16,27). Ele emprega com diligência os meios da influência, reconhecendo-se sempre inteiramente dependente de Deus (3.6-9 e 15.10). Ele, combina a fidelidade com o mais alto grau de ternura (3.2 e 4.14); e, quaisquer que sejam seus dons, a todos eles prefere o amor (12.31). Nisto ele serve de exemplo, não somente para os ministros, mas para todos os cristãos.

"As epistolas aos Coríntios são particularmente instrutivas pelo fato de harmonizarem do modo mais admirável a linguagem de um espírito nobre e liberal com doutrinas de humilhação. Elas alimentam as mais altas esperanças humanas, e dizem-nos qual é a única maneira de se realizarem. Oferecem também às igrejas de todos os tempos, pela discussão dos mais variados assuntos, as grandes lições de unidade e caridade".

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 1

 

 

Saudação e ação de graças (1-9). É um estudo importante comparar as saudações em todas as epístolas, e notar as diferenças entre as que são dirigidas a indivíduos e aquelas que visam às igrejas. Vemos que, no endereço da carta, o apóstolo não se dirige aos paulistas, apologistas, etc., mas "a Igreja de Deus", como também um soberano de hoje, no seu discurso do trono, não fala particularmente aos vários partidos políticos, mas ao "meu parlamento". Porventura nosso interesse também é a Igreja de Deus - toda ela - em nossa localidade?

O versículo 2 ensina-nos que a carta contemplava um círculo maior do que a igreja local: "Todos os que em todo lugar invocam o nome... "

Devemos perceber uma alusão à Segunda Vinda do versículo 7?

C) sectarismo na igreja (10-17). Neste trecho vemos o prejuízo que resulta da preocupação com chefes e mestres na igreja. Quase sempre resulta em divisões.

O remédio é a ocupação com as preciosas verdades que todos os crentes têm em comum (v. 10), evitando, assim, contendas (v. 11), divisões e heresias. A tendência, quando alguém que é "de Paulo", é para desprezar outro, que é "de Apolo".

Quais são os pregadores hoje que podem dizer: "Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar"?

Podemos perceber uma diferença, mediante a tradução da V.B., entre a família (oikos) de Estefanos em 1 e 16 e a "casa" (oikia) dele em 16.15. Diz F. W. Grant numa nota: "A casa de Estefanos, de que lemos ao fim da epístola, que 'se dedicaram ao serviço dos santos', parece referir-se aos criados, sendo a palavra diferente: 'oikia' e não 'oikos'. 'Os da casa de César' ('oikia', FP 4.22) não se refere aos filhos dele; pois em todos os casos onde importa os filhos, a palavra é 'oikos"'.

 

A mensagem divina na palavra do Evangelho (18-25). A cruz de Cristo descobre três classes de pessoas: os judeus, que querem sinais, para os quais a Cruz era tropeço; os gregos, que amavam a sabedoria dos seus filósofos, para quem a Cruz era loucura; os cristãos, para quem a Cruz era poder e sabedoria. A sabedoria de Deus é loucura aos olhos do mundo, e a sabedoria do mundo é loucura aos olhos de Deus.

 

O método divino para a divulgação do Evangelho (26-31). Vemos que Deus emprega coisas e pessoas que parecem sem importância e impotentes, para divulgar as boas-novas e exemplificar nas suas próprias vidas que "Cristo salva".

Devemos meditar com atenção nas quatro coisas ligadas ao nome de Cristo no versículo 30. Ele é nossa sabedoria, porque, geralmente, qualquer problema espiritual fica resolvido quando ponderado na presença de Cristo e com o desejo de promover os interesses do seu reino. Ele é nossa justiça, porque fez a obra redentora mediante a qual podemos ser justificados. É nossa santificação, porque enquanto andamos com Ele estamos guardados do pecado. É nossa redenção, porque a consumação da sua obra era libertar-nos de todo o mal e abençoar-nos na casa do Pai.

 

F. W. Grant chama atenção para o fato de que este trecho todo é uma discussão da sabedoria em contraste com a loucura. Os gregos intelectuais nas suas discussões científicas "buscavam sabedoria' chamando-se filósofos - amadores da sabedoria, mas a verdadeira sabedoria é de Deus, e revela justiça, santificação e redenção.

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 2

 

Paulo não usava sabedoria humana na sua pregação (1-16). Alguns têm notado, nas cartas de Paulo, seu costume de preocupar-se com uma palavra, e nestes dois capítulos vemo-lo preocupado com a palavra "sabedoria", contrastando, neste trecho, a sabedoria humana com a sabedoria espiritual.

Notemos a diferença entre seus sentimentos no versículo 3 e seu serviço "em demonstração do Espírito e de poder" no versículo 4. Ê bom quando o pregador de hoje tem uma experiência semelhante.

O ideal mais espiritual do servo de Deus é ocupar seus ouvintes com Cristo e não com ele mesmo.

Notemos ainda, no versículo 2: ' 'nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado". A ciência de Paulo, nesse grande centro de ilustração humana, Corinto, era "Jesus Cristo crucificado". O assunto da sua pregação, como diz no capítulo 15, incluía a ressurreição.

Notemos a relação entre o versículo 3 e o versículo 4. Quem começa a sua pregação no versículo 3 será capaz de terminar no versículo 4.

Aprendemos dos versículos 9-16 que a sabedoria espiritual vem mediante revelação divina.

Podemos com proveito fazer uma lista bastante extensa de "coisas que Deus preparou para os que o amam " e que o Espírito nos revela: o valor da palavra perdão para a consciência atribulada; a doçura da palavra amado para o coração desolado; a riqueza da bênção divina para o pobre necessitado; o gozo e a proteção que resultam da adoção de filhos, e a fraternidade que o Espírito nos revela por termos o mesmo parentesco espiritual com o povo de Deus no mundo inteiro.

Bullinger traduz o versículo 10: "Mas Deus nos revelou o mistério pelo seu Espírito" (F, 120); e o versículo 13, ao fim, "declarando as coisas espirituais aos homens espirituais" (F. 121).

 

Notemos nos versículos 12 e 13 como conhecer tudo quanto Deus nos tem dado, e falar disso aos nossos semelhantes.

O versículo 15 ensina-nos que o crente não é compreendido pelo mundo. Alguém disse que ninguém pode conhecer os motivos do crente sem conhecer seu Senhor.

"Nós temos a mente de Cristo " (v. 16) parece significar que temos aprendido a encarar tudo como Ele o encara, e apreciar as coisas segundo seu valor espiritual:

 

Neste trecho podemos estudar:

Dois homens: o natural e o espiritual.

Duas sabedorias: a dos homens deste mundo (vv. 5,6), e a sabedoria de Deus em mistério - uma coisa oculta da ciência humana.

 

3) Dois espíritos: o espírito do homem e o Espírito de Deus.

Duas "coisas": as coisas do homem e as coisas profundas de Deus (vv. 10,11).

Duas palavras: palavras persuasivas de sabedoria humana (v. 4), e "palavras ensinadas pelo Espírito" (v. 13).

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 3

Diferentes tipos de homens (1-9). No capítulo 2 temos lido de homens espirituais e homens naturais. Aqui lemos de homens carnais. Estes são cristãos, mas são criancinhas. A sua infância espiritual tem duas características: não podem receber o alimento sólido da verdade, e, como acontece com as crianças, brigam sobre assuntos sem importância.

O versículo 6 ensina-nos a diversidade de serviços, sendo o dever de alguns a plantação e de outros a rega, mas nem um nem outro consegue coisa alguma sem Deus, que dá o crescimento.

O edifício da Igreja (10-23). Neste trecho o apóstolo ocupa-se com a Igreja no seu aspecto como um edifício. Podemos recordar diversas figuras da Igreja: um corpo; uma noiva; um templo.

"Uma das grandes verdades da nossa fé é que a salvação não é pelas obras, mas pela fé em Cristo somente. Em outras palavras, o princípio de toda a verdadeira vida cristã é a recepção de Cristo como Senhor e Salvador.

"Sem o fundamento não pode haver nenhuma verdadeira edificação. Mas embora não sejamos salvos pelas obras, somos "criados em Cristo Jesus para as boas obras" (Ef 2.9, 10), e estas obras são contempladas aqui como construção sobre o fundamento 14).

"Obras boas ou más são consideradas aqui como material bom ou inferior. Ouro, prata, pedras preciosas representam bom material, visto que resistirão ao fogo; enquanto madeira, feno, palha, que o fogo destrói, figuram má construção, doutrina errada, trabalho sem valor. "O fogo provará qual seja a obra de cada um". O fogo pode simbolizar a perscrutação do Senhor, cujos olhos são como chama de fogo, perante o Tribunal de Cristo, onde todo» os crentes comparecerão e serão manifestos (Rm 14.10; 2 Co 5.10).

"Aqui não há ensino de um purgatório, pois, como alguns têm dito, estes versículos refutam tal doutrina. Este fogo dura apenas um dia; é futuro, não presente; é destrutivo, não purificador; destrói doutrinas, não pessoas; causa perda e não lucro" (Speaker's Commentary).

"Esta prova de doutrina e obra pelo fogo não afeta a salvação do crente; ainda que suas obras sejam destruídas, ele será salvo como pelo fogo (15)" (Goodman).

A expressão "tudo é vosso" no versículo 22 merece a nossa meditação. Foi o que Deus dissera a Israel referente à terra prometida (Dt 11.24), mas Israel nunca tomou posse de tudo. E nós? até que ponto possuímos e desfrutamos tudo que "Paulo" e "Pedro" devem significar para nós? Para nós, quanto vale a "vida"? e a "morte"?

"No propósito divino, Paulo e Cefas, ambos pertenciam a eles; eram igualmente instrumentos de bênção; por que, então, contrastar um com o outro como se fossem antagônicos nos seus propósitos e interesses? Até mesmo o mundo, embora não lhes pertencesse, pertencia-lhes neste sentido, pois uma coisa é pertencer ao mundo, e outra, muito diferente, é possuir o mundo. No primeiro caso o mundo é nosso senhor, no outro, é nosso servo" (Grant).

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 4

Os apóstolos como servos de Deus (1-8), e por isso responsáveis perante o seu Senhor.

Neste capítulo vemos: a) um apelo (1-5); b) uma admoestação (6-13); c) um aviso (14-21).

"Aqueles que ministram a Palavra não são fontes da verdade, mas canais; pertencem à igreja: ela não pertence a eles (3.21-23). São, por isso, despenseiros de Deus, e não precisam ser louvados pelos homens, porque Cristo mesmo os julgará (1-5). Cada homem é julgado de quatro maneiras: a) pelos seus amigos, julgado por vós; b) pelo mundo, 'algum juízo humano'; c) por ele mesmo, 'a mim mesmo'; d) 'pelo Senhor' (3,4). Somente o último destes juízos é perfeitamente verdadeiro. Nossos amigos podem ter de nos um conceito exagerado; o mundo pode julgar-nos mal; podemos errar para melhor ou para pior em nosso próprio juízo, mas o Senhor sabe, e somente o que Ele pensa tem valor real. Quando o Senhor voltar, 'cada um receberá de Deus o louvor' que merece" (Scroggie).

Os apóstolos como exemplo de humildade e paciência (9-17). Neste impressionante trecho, Paulo contrasta a sua vida ativa, acidentada, cheia de provações e perseguições, sem qualquer recompensa material, com a vida cômoda e tranquila dos coríntios. E ainda hoje há alguns que têm desprezado as comodidades do século para se entregarem a um supremo esforço contra todas as circunstâncias antagônicas, para propagar as boas-novas de Deus onde elas são ainda desconhecidas.

 

Podemos perguntar a nós mesmos: "Em que sou parecido com os apóstolos?" • "Em que sou parecido com os coríntios?"

O versículo 15 ensina-nos o que é um verdadeiro pai espiritual. Quantos filhos espirituais tem o leitor?

Autoridade apostólica (18-21). Este pequeno trecho mostra-nos o reverso da medalha. O mesmo apóstolo que confessa a sua pobreza, provações e humildade, afirma bem claro a sua autoridade apostólica. "0 reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder'

 

A alusão no versículo 18 apresenta mais uma prova da carnalidade que havia entre os coríntios, e mostra a intenção do apóstolo, de reprovar positivamente os "inchados".

"Termina aqui a primeira divisão da epístola, cujo assunto foi Divisões na igreja. O fato da divisão (1.10-12); o mal da divisão (1.13 a cap. 4.5); a causa da divisão (4.6-21)" (Scroggie).

 

 

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 5

 

Imoralidade repreendida (1-13). Este capitulo traz ensino precioso sobre a atitude da igreja perante pecados escandalosos. Notemos com cuidado o procedimento ensinado.

Primeiro, um espírito contristado. Com qualquer outro espírito é impossível tratar devidamente de um caso de pecado. O ensino de Jesus em João 8.7 é que quem está "sem pecado" deve ser o primeiro a disciplinar o mal. Mas que significa isso? Em 1 Pedro 4.1 lemos: "aquele que padeceu na carne já cessou do pecado O homem que dormiu embriagado e acordou com dor de cabeça, não quer embriagar-se  mais — enquanto estiver sofrendo a dor na carne. Ele, por um pouco de tempo, cessou de seu pecado.

Com outros, o mero pensamento do pecado causa sofrimento. Um tal está "armado com este pensamento". Se ele sofre quando pensa no pecado, está 'sem" esse pecado - e pode ser o instrumento de Deus para salvar desse mal a seu irmão.

Segundo, entendemos que o entristecimento resulta na oração para que seja tirado de entre vós quem está vivendo no pecado.

Terceiro, no caso de estar o malfeitor tão pouco envergonhado que não se afaste, será necessário a igreja toda reunida excomungá-lo.

Naqueles primitivos tempos, o transgressor, excomungado da igreja local, não achava outro abrigo, e estava "entregue a Satanás", que é o príncipe deste mundo. Hoje, às vezes, acontece que o transgressor, excomungado de uma igreja, é recebido por outra, e não se sente abandonado ao mundo onde Satanás reina.

Aprendemos deste versículo 5 que pode haver pecados tão ruins, pecados para a morte, que acarretam: 'a destruição da carne" — isto é, a morte - mas que, ainda assim, o espírito será salvo no dia do Senhor Jesus.

Alguns entendem que o versículo 9 refere-se a uma carta anterior que o apóstolo escrevera, mas que não foi conservada.

Os versículos finais ensinam que devemos fazer diferença entre o nosso procedimento com iníquos na igreja e iníquos no mundo. Mas lemos a solene palavra "Deus julga os que estão de fora".

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 6

Paulo censura o litígio entre os crentes (1-11). Vários pensamentos ligam-se com este trecho da Palavra: mesmo entre crentes é possível haver questões; geralmente o crente mais espiritual quererá antes sofrer algum prejuízo, e não contender. Pode ser necessário valer-se do parecer de terceiros, porém nesse caso o crente nunca deve recorrer a um tribunal mundano, mas aos anciãos da igreja. O conselho do apóstolo de pôr na cadeira de juízo os de menos estima, não era para ser tomado ao pé da letra. Ele falou assim apenas para envergonhar os irmãos contenciosos.

Julgar o mundo, julgar os anjos (vv. 2,3), parece não se referir a qualquer julgamento de condenação, mas a "governar", como os chefes no livro de Juízes governavam.

As solenes advertências do versículo 10 merecem ser ponderadas.

O corpo do crente é santo (12-20) por vários motivos: a) porque ele foi lavado, santificado, justificado (9-12); b) porque é ' 'para o Senhor", e o crente que sempre tem usado seu corpo para o Senhor pode, em caso de doença, provar que "o Senhor é para o corpo"; c) porque é um templo (19.20).

O crente piedoso quererá, com certeza, glorificar o Senhor no seu corpo. Como poderá fazê-lo? Primeiro, tomando o devido cuidado para não o prejudicar pelo uso de coisas nocivas, como seja, bebidas alcoólicas, extravagâncias em comidas, cigarros, etc. que lhe deem cheiro do mundanismo, nem pondo sobre ele vestidos e pinturas vaidosas, ouro ou joias. Segundo, não usando nunca suas faculdades ilicitamente. Terceiro, exercitando-o no serviço de Deus, a ponto de poder dizer que cada membro do seu corpo tem contribuído para algum fim espiritual. Quarto, sofrendo no corpo, no serviço de Deus.

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 7

Instruções íntimas aos casados (1-9). Notemos a diferença entre o começo do capítulo 5 e do capítulo 7. Somente depois de tratar de assuntos de mais urgência é que o apóstolo pode começar a responder à carta que os coríntios lhe escreveram.

Os importantes ensinos aqui referentes ao matrimônio cristão devem ser meditados pelos que ainda são solteiros, para que cada um saiba se está preparado para os compromissos e responsabilidades do matrimônio.

O leitor inteligente verá na frase "a devida benevolência" (v. 3) o que os gramáticos chamam eufemismo, isto é, o emprego de uma expressão mais suave quando o escritor quer evitar uma escabrosidade. Na nossa linguagem moderna, diríamos que 'nem um nem outro deve recusar a aproximação física na devida medida".

Mas o versículo 5 ensina que pode haver ocasiões de maior preocupação espiritual em que os casados concordam em observar, por algum tempo, completa abstinência.

Crente e descrente na vida conjugal (10-24). Precisamos sempre distinguir entre o ideal e o real. O ideal seria que os casados fossem de o mesmo parecer espiritualmente. O que muitas vezes acontece é que uma parte se converte antes da outra, e então é necessário saber como poderão, ainda assim, viver em harmonia.

O ensino dado oferece, outra vez, o meio preferível e o meio permissível. O preferível é que a mulher crente fique com seu marido descrente, e pelo seu procedimento correto ê amável o ganhe para Cristo. O caso permissível é que, não podendo mais aguentar a incompatibilidade, se aparte mais fique sem casar.

O versículo 14 não é de muito fácil interpretação. O marido descrente é santificado pela mulher crente, talvez no sentido de que Deus o considera em situação diferente, envolto num ambiente mais cristão do que a maioria dos descrentes. Ele é, em algum sentido, "santificado", e os filhos são "santos". Em virtude de terem um dos pais crentes no Senhor Jesus, são, por isso, contemplados por Deus como ocupando situação bem diferente daquela dos filhos dos descrentes.

Diz F. W. Grant: "A santidade das crianças aqui não é necessariamente uma condição espiritual, porém a de uma relação exterior, mas que, naturalmente, manifesta o pensamento de Deus para a bênção dos que estão tal relação.

Entendemos que as alusões à circuncisão nos versículos 18,19 devem ser tomadas no sentido cerimonial, significando "israelitas". O crente israelita não necessita renegar sua nacionalidade, e o crente gentio não necessita naturalizar-se israelita.

Os versículos 20-24 não ensinam que seja proibido mudar de emprego, mas que, qualquer que seja a condição de vida do crente, ele pode permanecer ali com Deus, uma vez que a sua ocupação seja honesta. O taberneiro, por exemplo, depois de convertido, pode sentir a necessidade de mudar de emprego.

Os crentes solteiros (25-40). Este trecho trata do caso dos solteiros crentes, de ambos os sexos. Notemos o cuidado com que o apóstolo explica que o parecer que apresenta não é mandamento do Senhor (compare-se o versículo 10) embora, ao fim, acrescente "eu cuido que tenho o Espírito de Deus" (v. 40).

Vemos a maneira elevada e espiritual pela qual Paulo contempla o estado da solteira e do solteiro: uma pessoa que "cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito". O leitor solteiro encontra aqui um espelho em que contempla seu próprio aspecto?

É admitido que o versículo 36 é bastante difícil de se explicar, e tanto Figueiredo como a V B. agravam a dificuldade acrescentando a palavra "filha". Na impressão de Almeida de 1937, por um erro tipográfico, encontra-se "trata dignamente a sua virgem " quando deve ser "indignamente", como no original. Por vários motivos prefiro a tradução de J.N. Darby e outros: ' 'virgindade" e não ' 'virgem", pois torna o versículo muito mais compreensível. Não é, de maneira alguma, questão de alguém resolver se sua filha virgem há de casar-se ou não, mas de a pessoa considerar a sua própria "virgindade", e resolver se, conservando-se solteira, realizará melhor seu papel de servo de Deus.

Notemos com cuidado a condição essencial para todo casamento cristão: "Que seja no Senhor" (v. 39).

Matrimônio "no Senhor" importa muito mais do que apenas serem crentes os cônjuges. Significa saber a vontade divina (mediante a oração), e, depois de adquirir a inteira certeza dessa vontade, agir de acordo com ela.

A expressão "o tempo se abrevia" no versículo 29 é parecida com I Pedro 4.7: "Já está próximo o fim de todas as coisas" e Tiago 5.8,9: "Já a vinda do Senhor está próxima... o juiz está â. porta". Pensando nos muitos séculos que têm decorrido desde que essas palavras foram escritas, não podemos entende-las ao pé da letra. Porém na experiência do crente, durante todos os tempos a vinda do Senhor tem sido uma viva esperança que se pode realizar a qualquer momento,

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 8

Resposta às perguntas acerca das carnes sacrificadas aos ídolos (1-13). Nos versículos 1-4 temos mais um exemplo interessante da maneira como Paulo vai atrás de uma palavra (veja-se sobre capítulo 2.1-8). Ele chega à palavra "sabemos" no versículo 1, e imediatamente deixa seu argumento para preocupar-se com o assunto da ciência - natural e espiritual — sugerido pela palavra "saber". No versículo 4 ele volta ao seu ensino referente às coisas sacrificadas aos ídolos. Os tradutores, não percebendo esse costume do apóstolo, deram-se no versículo 1 a tradução esquisita: "sabemos que todos temos ciência' uma afirmação inepta e sem sentido. Mas esse precioso parêntese do apóstolo, com que ele interrompeu seu argumento, está cheio de ensino profundo que muito merece nossa atenção.

A tradução inglesa de J.N, Darby está no seguinte sentido: "Mas concernente às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos (pois todos temos conhecimento: conhecimento incha, mas amor edifica. Se alguém pensa que sabe alguma coisa, nada sabe ainda como o deve saber. Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele). Concernente, pois, ao comer coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que um ídolo nada

Vemos em todo este capítulo o importante ensino da consideração para com outras pessoas. O egoísmo preocupa-se primeiramente com o interesse próprio. O altruísmo com o bem dos outros. O leitor é egoísta ou altruísta?

O versículo 12 eleva o altruísmo ao nível mais sublime, contemplando o mal - ou bem - que fazemos aos outros como feito a Cristo. Veja-se também Mateus 25.40.

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 9

 

Paulo defende o seu apostolado (1-6). Vemos Aqui algumas características do verdadeiro apóstolo: a) ser "livre" - em que sentido, Paulo não explica. Podemos tomar a palavra em todo sentido: ser livre, pela salvação de Deus, da pena e poder do pecado; ser livre, perante os homens, de compromissos e dívidas; ser livre no seu serviço evangelístico para obedecer unicamente à direção do seu Senhor; ser "livre de todos os homens" e, contudo, servo de todos (v. 19); b) ver o Senhor Jesus Cristo, literalmente ou espiritualmente; c) poder apontar muitos convertidos

 

Depois ele fala dos direitos de um apóstolo: o direito do sustento; o direito do matrimônio (no Senhor); o direito do descanso.

Viver do Evangelho (7-18) é o direito dos que pregam o Evangelho. Isto Paulo prova:

a) pela analogia da vida social, no caso do soldado e do lavrador;

b) pelo ensino da Lei, que concede ao boi o direito de comer o grão que trilha;

c) pelo exemplo dos demais ministros da Palavra que, ministrando coisas espirituais, receberam daqueles a quem serviam coisas materiais;

d) pelo exemplo do sacerdócio que, servindo o altar, participava do altar.

 

Com estes argumentos chega à conclusão: "Assim ordenou o Senhor aos que anunciam o Evangelho, que vivam do Evangelho"

 

Este importante versículo evidentemente admite exceções. Todo crente deve anunciar o Evangelho, se todos os crentes vivessem do Evangelho seria necessário que fossem sustentados pelos descrentes. Ou, se a maioria dos que anunciam o Evangelho vivesse do Evangelho, então a maioria teria de ser sustentada pela minoria.

Por isso compreendemos que o apóstolo falava dos que anunciam o Evangelho apostolicamente, viajando constantemente e pregando as boas-novas nos lugares não evangelizados. Ele aqui não diz se o profeta, ensinador ou pastor tem o mesmo direito, mas em 1 Timóteo 5.17, 18 parece concedê-lo aos 'anciãos que governam bem ".

Termina o trecho, porém, com as palavras "eu de nenhuma destas coisas usei", e assim a cada evangelista compete resolver se deve seguir o ensino ou o exemplo do apóstolo.

O versículo 17 tem sido traduzido, "mas se o faço constrangido, sou um escravo encarregado de uma administração" (C.H. 398).

 

O método e galardão do verdadeiro ministério (19-27). Este trecho muito ensina sobre a maneira de servir com êxito no Evangelho, Aprendemos:

a) A importância de acomodar-se às circunstâncias, preocupações e preconceitos dos ouvintes. Vemos este mesmo espírito em Ezequiel quando disse: "Eu morava onde eles moravam; e fiquei ali sete dias, pasmado no meio deles" {Ez 3.15). E somente depois disso, depois de entrar profundamente no espírito, na atitude, na tristeza dos do cativeiro, ele falou.

b) A importância de fazer-se servo de todos. O ministro da Palavra que espera para ser servido em tudo, terá pouco êxito. Filho do homem não veio para ser servido" (Mt 20.28).

 c) A importância de subjugar o corpo, para que a pregação não seja prejudicada.

 

Notemos nos versículos 24-27 a alusão aos jogos públicos daqueles tempos, que hoje foram substituídos pelas corridas de bicicletas, de automóveis, etc.

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 10

 

Israel no deserto (1-13). A chave deste trecho é evidentemente o versículo II, "tudo isto... escrito para aviso nosso", devemos ver em todo o V. T. lições espirituais para nossa instrução. E quando sentimos a falta de qualquer esclarecimento no V. T. (como, por exemplo, o nome da mulher de Caim), podemos perguntar: "Se eu soubesse essa coisa não revelada, estaria mais bem preparado para minha vida cristã?"

O leitor estudioso pode observar que no versículo 2 a tradução mal fácil será "batizados a Moisés": e não "em Moisés", como se Moisés fosse um tanque ou rio. A preposição grega "eis" não é muito fácil de reproduzir em português. Significa a, para, em direção a, quase sempre com a ideia de movimento ou destino. Emprega-se aqui: "batizados 'eis' Moisés" e em diversos outros versículos, - como "batizados 'eis Cristo" (Gl 3.27), "eu em verdade vos batizo 'eis' o arrependimento" (Mt 3.11), etc.

O povo de Israel, passando pelo mar Vermelho, sentiu-se identificado com Moisés corno capitão da sua salvação. E nós, batizados a Cristo, olhamos para Ele como o Capitão da nossa salvação. Mas João não podia ajuntar o povo a Moisés, porque este morrera, nem a Cristo, porque Ele ainda não se manifestara. Por isso levantou o estandarte do arrependimento, e reuniu o povo em seu redor.

Notemos que nesse "batismo" no mar Vermelho e na nuvem (versículo 2 do nosso capítulo), o primeiro "batismo" da Bíblia, os filhos foram "batizados “junto com seus pais, não que eles, sendo crianças, pudessem compreender a importância de terem Moisés como seu capitão, mas depois, inconscientemente, haviam de tirar proveito.

Sobre este trecho o dr. Scroggie escreve: "A última parte de 9.27 pode ser tomada como chave de 10.1-22. O assunto é: A possibilidade e perigo de ser desaprovado. Foi este o caso dos israelitas (1-10). Notemos: 1) Seus privilégios (1-4). Cinco deles são referidos, e devem ser procurados no V. T. por meio das referências. 2) Sua perversidade (5-10). Aqui também são mencionadas cinco coisas: cobiça, idolatria, fornicação, provocação, desespero. 3) Sua pena (8-10). Foram derrotados, e pereceram, e, contudo, haviam sido remidos do Egito por sangue. Nós cristãos devemos pensar que uma perversão pecaminosa de privilégios trará certamente o castigo.

O versículo 4 apresenta uma dificuldade: "Beberam duma rocha espiritual que os acompanhava" (V.B.), ou "que os seguia" (Almeida e Figueiredo). Mesmo no original o versículo é bastante incompreensível. O fato de ter cada tradutor acrescentado a palavra "os", que não está no grego, aumenta a dificuldade. A tradução ao pé da letra seria "beberam de uma espiritual seguindo a rocha ", que, contudo, não dá sentido muito claro. Alguém sugeriu a possível solução, que o incidente da rocha "seguiu" ao do mar Vermelho no livro do Êxodo, pois é somente a palavra "seguindo" que causa toda a dificuldade.

Comunhão na mesa do Senhor requer separação do pecado (14-21). Nos versículos 16,17 temos o cristianismo: no 18, o judaísmo, e nos 19,20, o paganismo. Cada um está relacionado com o que lhe é, simbolicamente, vital: cristianismo, e a Ceia do Senhor; judaísmo, e o sistema sacrificial; paganismo, e o culto dos ídolos (Goodman).

 

Aprendemos aqui com referência à Ceia:

a) que ações de graças têm ali todo cabimento (v. 16);

b) que é uma comunhão: alguma coisa que concordamos fazer, em vista do nosso comum interesse na morte do Salvador;

c) que simboliza a unidade do corpo de Cristo; d) que quem está em comunhão com demônios "não pode" beber o cálice do Senhor, embora seja capaz de tomar os elementos "indignamente' .

 

Liberdade e caridade cristãs (22-33). Notemos nos versículos 23,24,31 as regras perfeitas para a conduta cristã.

Aparece um caso interessante no versículo 27: o crente convidado a uma festa pagã. Alguém pode "querer ir" ali e prestar seu bom testemunho. Para isso tem liberdade, mas indo à festa, precisa ir como servo de Deus que é; e se julgar que ali a provação poderá ser demasiadamente forte, então deverá ficar em casa.

 

O versículo 33 merece ser ponderado diariamente, para vermos se nos descreve a nós também, é uma escritura que expressa o mais puro altruísmo. Com ela vai o primeiro versículo do capítulo 11.

 

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 11

 

Como as mulheres devem apresentar-se na igreja (1-16). O apóstolo, propondo corrigir certos defeitos existentes entre os coríntios: começa, como era seu costume, louvando. Se fizéssemos sempre assim, teríamos mais êxito em nossas exortações.

Mais uma vez notamos o uso de "ir atrás de uma palavra". Desta vez é o vocábulo "cabeça". No versículo 3 a palavra tem, provavelmente, o sentido de "chefe". A cabeça dirige todo o corpo.

Sobre a ordem e decência nas igrejas, o apóstolo ensina que as mulheres devem ter a cabeça coberta "por causa dos anjos", uma palavra de sentido problemático que tem sido explicada de diversas maneiras.

No versículo 6 ele propõe duas alternativas: ou "coberta", ou "sem cabelo" (rapada); mas não admite que esteja "sem cabelo".

 

O versículo 15 necessita ser interpretado com inteligência. Não podemos entender que Paulo no versículo 15 desfaça a instrução que dera no versículo 6, pois isso seria absurdo. Precisamos ver outro sentido nas suas palavras, que não inutilize o ensino principal do trecho: que "a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça

Era costume oriental, no tempo dos apóstolos, a mulher cobrir o rosto com véu quando andava nas  ruas. Porém podia dar-se o caso, enquanto ela lavava roupa no córrego, passar algum homem, e encará-la. Mesmo assim, no caso de não ter véu disponível, teria um recurso: cobrir o rosto, com seu cabelo comprido. Assim eia ter cabelo comprido lhe era "honroso", mostrando que não era mulher destituída de pudor.

E visto que o cabelo crescido é honra para ela ("glória" na V.B.) não queremos vê-la de todo sem honra. Porém compete a cada mulher zelar pela sua honra.

 

O cristão e a Ceia do Senhor (17-34). As seguintes divisões foram propostas por Haroldo St. John:

"A Ceia do Senhor tem para o crente diversas significações. Ê uma confissão:

a) da unidade cristã;

b) de que tudo devemos à morte de Cristo;

c) do nosso interesse pessoal em Cristo;

d) de que esperamos a sua volta. Assim:

l) É uma confissão da unidade cristã. Não se pode apontar melhor vínculo de união entre o povo de Deus. Alguns, mas não todos, podem fazer de determinado rito, doutrina, ou governo da igreja, seu centro de união; mas todos os crentes (e somente os crentes) confessam seu interesse na morte do Salvador.

 

É uma confissão de que tudo devemos à sua morte. O Senhor Jesus Cristo teve por bem lembrarmos desta maneira do preço do nosso resgate, porque:

a) facilmente nos esquecemos do fato;

b) o nosso ato de tomar a Ceia demonstra publicamente a gravidade do pecado;

c) a recordação promove a santidade do crente.

 

É uma confissão de interesse pessoal em Cristo. Cada crente tomando os símbolos sagrados assim, medita:

a) "sem a expiação feita por meu Salvador, meus pecados estariam todos sobre mim";

b) "o amor de Cristo para comigo foi provado até a morte";

c) "sinto um amor para Cristo que não sinto para mais ninguém, porque Ele fez por mim o que mais ninguém fez".

 

É uma confissão de que esperamos a sua volta. A Ceia é um serviço que recorda um Senhor ausente à nossa vista natural, embora cremos estar Ele 'no meio' espiritualmente. Por isso é um serviço:

a) que nos compete somente neste mundo;

b) que interessa apenas aos crentes que esperam a sua volta;

c) que poderemos estar praticando, no próximo domingo, pela última vez antes da volta dele".

 

O leitor participa da Ceia do Senhor? Por quê? Qual é o pensamento que mais o preocupa ao tomar parte?

 

Desordens na Ceia do Senhor. É muito fácil acontecer, quando falta a espiritualidade, o serviço de Deus degenerar em desordem. E o remédio mais evidente nem sempre é o remédio mais apropriado. Às vezes "a emenda é pior do que o soneto". Para evitar que um irmão carnal fale inconvenientemente na igreja, às vezes determinam que somente um tem o direito de falar. Para evitar que alguém cite um hino que não condiga bem com o caráter da reunião, resolvem que o pastor deve escolher todos os hinos com antecedência; assim evitam-se muitas desordens. Mas o Espírito Santo nesse caso não mais tem liberdade para "repartir particularmente a cada um como quer'

 

Entendemos que é melhor fazer o que ensina o versículo 28: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma", do que examinar o homem a seu próximo, e assim deixar de comer.

O versículo 27 ensina que existe a possibilidade de comer "indignamente". Alguns entendem mal o versículo, pensando que fala de comer "sendo indigno". Digno ninguém é; mas "indignamente" se refere à maneira e ao espírito de quem participa.

 

No versículo 32 achamos importante ensino sobre o julgamento pelo Senhor do crente que erra. É uma coisa solene o filho desobediente ser "repreendido pelo Senhor", mas é bem mais triste o descrente ser "condenado com o mundo'

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 12

Dons espirituais e seu uso na igreja (1-11). Vemos que no versículo 1 a palavra "dons" não está no original. Preferimos a tradução "manifestações espirituais". (Veja-se versículo 7.) O Espírito Santo no crente há de manifestar-se de alguma maneira, mas nem sempre pela mesma maneira em todos, Este trecho fala de nove diferentes manifestações (dons) da presença do Espírito.

 

Notemos as alusões à Trindade nos versículos 3 e 4-6.

 

Diz F. W. Grant: "O apóstolo começa por falar de manifestações espirituais (sobrenaturais). Havia outras manifestações semelhantes sem serem essas, que se davam entre os cristãos, havia manifestações de espíritos maus como no culto idólatra dos gentios, no qual os coríntios tiveram a sua parte nos tempos passados nas trevas. Sabiam que haviam sido levados aos ídolos mudos, conforme eram guiados. Agora com a manifestação do Espírito (Santo) no meio, precisam aprender a fazer distinção. Precisam ser inteligentes para não serem iludidos pelo poder do inimigo; pois onde Deus opera, ali o inimigo agirá, talvez de modo semelhante: uma obra de imitação, como aquela com que Janes e Jambres hostilizaram a Moisés no Egito (2 Tm 3.8). É claro que no meio da assembléia cristã o poder de Satanás poderá manifestar-se assim e enganar os cristãos, a não ser que estejam sob a influência do Espírito Santo nas suas manifestações na assembléia".

 

A ação do Espírito Santo na igreja. Nos versículos 4-15 0 Espírito Santo é referido oito vezes, por isso podemos compreender a grande importância de ter Ele liberdade para seu bendito ministério.

Lendo com atenção, aprendemos as seguintes verdades:

O Espírito Santo não é limitado a um só instrumento quando Ele opera a harmoniosa adoração a Deus na igreja reunida.

Ministérios bem diversos podem ser todos operados pelo mesmo Espírito, mas nesta diversidade de operações deve haver um só propósito, um só alvo, um só poder espiritual dominando todo o movimento.

Na orquestra, o único que não se ouve (porque não toca instrumento) é o regente. E, contudo, ele dirige a música toda. Assim também o Espírito de Deus na igreja está presente para dominar todo o culto (v. 11).

 

O Espírito Santo, embora nem sempre se sirva de todos, quer liberdade para servir-se de "cada um" (v. 11), do modo que Ele quiser.

Uma prova de que qualquer ministério é "do Espírito" é que seja "útil" (v. 7), isto é, que seja agradável a Deus, que seja proveitoso aos ouvintes; que ensine, admoeste, anime, console, ou, de alguma maneira, promova e estimule a vida espiritual.

Qualquer ministério que não se entende não é do Espírito, porque não é útil. Entre outros ministérios que não são úteis podemos contar missas ditas em latim; hinos cantados de maneira que não se entendem as palavras.

 

Cada membro do corpo é necessário (12-31). "O apóstolo faz uma parábola do corpo humano, e divide-a em quatro partes.

Primeira parte (15,16): Nenhuma desculpa, mas responsabilidade para todos. O pé não pode desculpar-se porque não é mão, nem o ouvido porque não é olho.

Segunda parte (17-20): Nenhum monopólio, mas variedade. Todo o corpo um olho? Um gigantesco ouvido, sem haver qualquer outro membro? Que monstruosidade!

Terceira parte (21-24): Nenhuma independência, mas mutualidade. A divisão no corpo vem de um ou outro dizer 'não necessito de ti', quarta parte (25,26): Nenhum egoísmo, mas simpatia. O sofrimento de um é o de todos" (Goodman).

 

O versículo 23 nos faz lembrar que muitas vezes os membros que menos contribuem para o bem-estar do corpo, maior cuidado precisam da parte dos que cuidam da igreja local.

 Curioso que, embora "pastores" figurem entre os ministérios referidos em Efésios 4.1, que Cristo, subindo ao alto, deu aos homens, esse dom não está na lista daqueles que Deus pôs na igreja (v. 28), embora figurem os "ensinadores.

 

Interdependência dos membros do Corpo de Cristo. Cada membro de Cristo na nossa vizinhança nos é necessário porque:

Pode ajudar e completar o nosso serviço. O pé coopera com a mão quando andamos para nosso ponto de trabalho.

Pode receber de nós a cooperação que desenvolve a nossa vida espiritual e ao mesmo tempo promove a sua espiritualidade,

A harmoniosa cooperação de todos os membros de Cristo na vizinhança constitui um testemunho importante da unidade da Igreja de Deus.

 

Diversidade de dons. Acharíamos mais cômodo, talvez, a reunião de todos os dons em uma só pessoa, mas o versículo 28 ensina a sua distribuição em diversos membros da Igreja. Vamos estudar a vantagem dessa distribuição:

a) assim, não fica um só sobrecarregado;

b) assim, cada um tem seu préstimo;

c) assim, todos recebem preparo, para serem aptos para o uso do Espírito se Ele quiser (v. 11);

d) assim, ninguém é engrandecido demais, nem depreciado demais; e) assim, um passageiro abatimento espiritual da parte de um, previamente apontado para o ministério, não prejudica todo o serviço, pois o Espírito dispõe de outros instrumentos.

 

O leitor pode examinar as diferenças entre os dons, e considerar se frequentemente ou raras vezes dois dons se encontram na mesma pessoa.

É importante notar-se que o apóstolo, no versículo 31, aponta uma coisa mais excelente que "os melhores dons", e sem a qual os maiores dons ficam sem valor, é o amor, que ele descreve no capítulo 13.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 13

Os dons para o ministério necessitam ser inspirados pelo amor (1-13). Sobre este capítulo o dr. Scroggie escreveu, "notemos: primeiro, a preeminência do amor (1-3). Deve ser soberano:

a) no coração (v. 1), porque um êxtase, embora angélico, é inútil sem o amor;

b) na inteligência (v. 2), pois a sua ausência torna sem valor os dons intelectuais;

c) na vontade (v. 3), porque sem o amor nada vale o sacrifício supremo de dar a vida. Segundo as prerrogativas do amor (4-7). Suas virtudes são primeiro resumidas e depois analisadas.

Dividem-se em virtudes negativas e passivas e virtudes positivas e ativas. Sob o ‘título O amor é longânimo', estão oito coisas que o amor não é; depois, sob o ‘título O amor é benigno', estão quatro coisas que o amor faz: sofre, crê, espera, suporta. Terceiro, a permanência do amor (813). A grande verdade é que o amor nunca falha, embora falhe tudo o mais...

Todos os dons. sem o amor, nada são (1-3); mas o amor, ainda que não haja dons, é tudo (4-7). O parcial e imperfeito não pode ser permanente; assim a permanência do amor prova a sua perfeição (8-31). No sentido espiritual, quem ama, vive.

Ê um exercício interessante trocar a palavra "amor" por "eu", e ler (se pudermos) "eu sou sofredor, eu sou benigno, eu não sou invejoso, etc."

Podemos também estudar este capítulo da seguinte maneira:

a) o amor é essencial no serviço cristão (1-3);

 b) o amor tem qualidades distintivas (4-7);

c) o amor não finda com a vida atual (8-13).

 

1) O amor é essencial no serviço. Notemos que nestes três versículos (como em Romanos capítulo 7) o apóstolo relata a sua própria experiência. Outros pregadores podem confirmá-la por experiências próprias.

Vemos que as quatro coisas que Paulo reprova como não tendo nenhum valor sem o amor, são todas coisas que engrandecem a pessoa, alimentando o amor próprio, mas não podem substituir o amor ao próximo.

 

Todo o capítulo 13 é um parêntese que interpreta o argumento do apóstolo sobre línguas, e descreve "o caminho mais excelente" que ele julgava superior aos mais notáveis dons.

Seria muito bom se todas as pessoas que ambicionam "fazer figura" na igreja concordassem com o caminho mais excelente.

2) O amor tem qualidades distintivas. As positivas — longanimidade, benignidade, amor à verdade, tolerância, confiança, esperança, paciência. As negativas - não inveja, não é leviano, nem orgulhoso, nem indecente, nem egoísta, nem melindroso, nem desconfiado.

Convém considerar estas qualidades uma por uma, e pensar quais delas estavam reveladas em Cristo durante a sua vida terrestre; e se nosso amor a Deus e ao próximo se manifesta por meio delas.

3) O amor não acaba. A transformação completa de nossas circunstâncias, condição, poderes, etc. no porvir acabará com muitas coisas hoje apreciadas e necessárias - profecias, línguas, ciências, etc. Até a fé e a esperança acabarão, mas o maior de tudo — o amor — permanecerá.

Vemos manifestações do amor fractal na consideração do apóstolo para com seus irmãos, evitando até coisas lícitas no caso de não edificarem (10.23), e seu cuidado em não dar escândalo a ninguém (10.31,32).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 14

 

O dom de profecia é superior ao dom de línguas. A chave deste trecho é "edificação", e com esta palavra podemos provar qualquer manifestação na igreja, carnal ou espiritual: Será para edificação em amor? Ocupa-nos com Deus revelado em Cristo?

 

Vemos que, no caso dos coríntios, este desejo de "fazer figura" na igreja, falando línguas incompreensíveis, era acompanhado por um descuido de disciplina necessária em casos de imoralidade. É coisa perigosa quando o crente começa a ficar desequilibrado, dando importância exagerada àquilo que chama atenção para ele mesmo, e desprezando aquilo que ocupa a igreja com Cristo e a santidade da vida diária.

 

A ordem do ministério na igreja local (26-40). Vemos que entre os crentes em Corinto havia excesso de ministério. Hoje em dia, muitas vezes há falta dele.

Por isso o apóstolo começa a impor limites. "Faça-se tudo para edificação" devia tapar a boca de muitos paroleiros, faladores e oradores carnais.

Depois aconselha não falar línguas sem haver quem interprete. Se está simples regra fosse obedecida hoje, acabaria de vez com as manifestações carnais que desacreditam a causa do Evangelho em algumas igrejas.

 

No versículo 29 limita ainda mais. Dos que falam "profeticamente" (veja-se o versículo 3) basta que falem dois ou três. Ê interessante ver que o ministério aos homens, para a sua edificação, é limitado a dois ou três, mas não há limite para o culto dirigido a Deus. Nisso não há perigo de excesso.

Vemos aqui as mulheres caladas na igreja (não na Escola Dominical ou na reunião da mocidade); e este silêncio tem quatro motivos, introduzidos pela palavra "porque", dois neste capítulo (vv. 34,35) e dois em 1 Timóteo 2113,14.

As palavras "e os outros julguem "no versículo 29 merecem atenção. Mostram que a igreja não tem obrigação de escutar ministério sem proveito. Se for evidente que o ministério de alguém não edifica, os outros devem dizer-lhe, e convidá-lo a ouvir em vez de falar.

O versículo 36 tem sido traduzido: ["Por que quereis mudar a prática das igrejas?”] Porventura saiu de vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para nós?" (C.H. 410).

 

 

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 15

O fato da ressurreição de Cristo (1-11). Primeiro, pregado; depois, provado.

Neste trecho vemos o que Paulo pregava entre os coríntios, como em 2.2 vemos o que ele "sabia" entre eles. Nos versículos 1,2 temos quatro pensamentos:

pregar o Evangelho;

receber o Evangelho;

permanecer no Evangelho;

ser salvo (do pecado) pelo Evangelho.

 

Cada um. destes pensamentos merece ser bastante ponderado.

Podemos indagar o que significa "crer em vão' (v. 2). Talvez crer apenas com a inteligência, sem o coração sentir interesse no assunto; acreditar nas verdades, sem pensar na urgência delas para si; crer por motivos egoístas de interesse próprio sem nenhuma verdadeira apreciação da graça e amor de Deus. O versículo 9 ensina que Paulo se considerava o menor dos apóstolos, que não era digno de ser chamado apóstolo, mas que, sem dúvida alguma, era apóstolo mesmo. (Veja-se também capítulo 9.2).

 

O versículo 10 contém preciosos ensinos. É como se Paulo dissera: "Sou, perante Deus e a sua Igreja, apenas o que a graça de Deus me tem feito. Minha posição social nada vale, nem minha educação aos pés de Gamaliel, nem minha capacidade intelectual. Tudo o que vale é aquilo que é obra da graça de Deus em mim

 

A importância da ressurreição (12-16). De passagem percebemos a completa ausência de qualquer corpo de doutrina fundamental que houvesse de ser aceito para se conseguir a filiação à igreja primitiva. Aqui vemos na igreja de Corinto mais de um que negava a ressurreição! O apóstolo combate energicamente esse ensino, e afirma a inutilidade do cristianismo sem essa verdade fundamental; mas não manda excomungar os que ignoravam a verdade.

Muitas vezes, para apreciar o positivo, devemos encarar o negativo. Para avaliar um mundo com o Evangelho, precisamos pensar primeiro num mundo (ou um indivíduo) sem o Evangelho. Para entender um mundo criado por Deus, devemos pensar num mundo que se tivesse criado a si mesmo. Para saber o que significa a ressurreição de Cristo, devemos imaginar o caso de um Cristo que acabasse de morrer.

 

1) O negativo. O apóstolo considera uma variedade de circunstâncias ligadas à hipótese de não haver a ressurreição dos mortos:

Nesse caso, Cristo não ressurgiu - a bem-aventurança de haver um Salvador e Mestre vivo, presente, poderoso, fica sendo meramente um fato histórico passado, e o cristão está abraçado com um defunto.

Nesse caso, nossa fé é vã, porque a fé cristã abraça, não a um menino no colo da mãe, nem um mártir pregado na cruz, mas um Salvador vivo à destra de Deus.

Nesse caso, o Evangelho é falso — porque afirma, como sua verdade central, a ressurreição de Cristo. Não pode haver um Evangelho sem um Salvador vivo.

Nesse caso, os pecados não foram purificados. Se Cristo não ressurgiu não há prova de que a sua morte expiatória tenha sido suficiente.

Nesse caso, os santos falecidos pereceram, acabaram, não existem mais senão na memória,

Nesse caso, nossa situação é lamentável — a vida fica sem sentido, sem orientação, sem esperança.

 

2) O positivo. Cristo ressurgiu. Isto significa, que:

a) Cristo ressurgiu com as primícias de toda alma morta; como em Adão todos morreram, assim em Cristo todos sob seu senhorio são vivificados;

b) porque Cristo ressurgiu, todos os que são dele ressurgirão ao seu encontro nos ares (1 Ts 4.17);

c) porque Cristo ressurgiu, todas as potências inimigas serão aniquiladas, e Deus será tudo em todos (v. 28).

 

(Devemos muitos destes pensamentos sobre o capítulo 15 ao dr. Goodman.)

 

A ordem da ressurreição (20-34). Nisto, como em tudo, Cristo devia ter a primazia, e ser "as primícias dos que dormem ‘.

Devemos atender às expressões no versículo 22 "em Adão " e "em Cristo". Em que sentido está cada um "em Adão"? Está por ser "de" Adão: derivando a vida física dele. E no mesmo sentido o crente está em Cristo por ser de Cristo, derivando a sua natureza espiritual dele.

 

No versículo 29 encontramos a célebre expressão "batizados pelos mortos", que tanto trabalho tem dado aos expositores.

Tratando-se de uma escritura que tem sido explicado tão diferentemente pelos sábios, não queremos ser dogmáticos. A explicação comum de que o apóstolo contemplava os recém-batizados como preenchendo as vagas deixadas nas fileiras da igreja pelos crentes falecidos, é inadmissível, porque introduz uma ideia da qual nem sombra existe em todo o N. T. Nem então nem agora podemos imaginar o candidato à espera de uma vaga, deixada por um falecimento, para então ser batizado.

 

Proferimos a seguinte explicação dada pelo d.r. W. E. Vine: "Lembrados de que o original foi escrito sem pontuação, podemos pôr a nota de interrogação depois da palavra "batizados", e então o versículo adquire sentido de acordo com a doutrina da Escritura. Assim ler-se-á: "Que farão os que são batizados? É para ["huper", sobre] os mortos, se os mortos não ressuscitam

O apóstolo está discutindo, não o batismo, mas a ressurreição. Mas no caso de não haver nenhuma ressurreição, então Cristo é um dos mortos, e os batizados estão apenas (pelo seu batismo) associados com gente morta.

 

"As más conversações corrompem os bons costumes" (v. 33). Aqui o apóstolo está citando o poeta pagão Menander, diz F. W. Grant (seguindo Jerônimo). Assim aprendemos que até um pagão instruído pode expressar sentimentos de acordo com a verdade de Deus.

 

O método da ressurreição (35-50). É inevitável que, de uma verdade tão sublime como a ressurreição, nasçam algumas perguntas: Como? Com que corpo? etc. Sementeira e colheita servem para ilustrar o caso, embora não o expliquem.

Notemos que todo o simbolismo da ressurreição traz a ideia de progresso, melhoramento, desenvolvimento e até de glória.

 

A expressão "corpo espiritual" (v. 44), ainda que pouco explica, ao menos permite-nos sustentar a ideia de que, na ressurreição, persiste a individualidade, forma, expressão, atividade, etc. Sugere também uma diferença, de essência — espiritual e não natural ou material; de origem —do Céu e não da terra; de estado — corrupção em lugar de corrupção; de aspecto - na imagem de Cristo e não de Adão. O assunto é profundo, e podemos bem deixar o seu exame mais minucioso para o porvir.

 

Nem todos os crentes morrerão. O triunfo final (51-58). Um dos segredos de Deus é aqui revelado: nem todos os crentes morrerão, mas todos serão transformados. Este trecho, com 1 Tessalonicenses 4.14-17, dá-nos o ensino mais detalhado sobre a segunda vinda de Cristo, embora aqui essa vinda não seja expressamente mencionada, mas sim seu efeito imediato sobre os crentes falecidos ou vivos. "A transformação" maravilhosa é predita nos versículos 53,54.

Notemos a significação da palavra, "portanto" no versículo 58. Podemos examinar a nós mesmos: "Sou eu firme?" • "Sou constante?"

 

 

 

 

 

 

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1ª CARTA A CORÍNTIOS Capítulo 16

As coletas para os crentes de Jerusalém (1-4). Embora esta coleta visasse a uma necessidade local e passageira, ela contém alguma instrução proveitosa para as contribuições de agora.

Foi uma contribuição coletiva da igreja, e não apenas de alguns crentes interessados; tinha o mesmo sentido das coletas feitas em outras igrejas vizinhas: foi o conjunto das economias semanais; foi proporcional à receita de cada contribuinte; os portadores das contribuições seriam os que as igrejas aprovassem.

Os projetos de Paulo para o futuro (5-9). Ele reconheceu a conveniência de visitas repetidas; de serviço continuado durante meses; a importância de entrar por "uma porta grande e eficaz" quando se abre; de persistir, às vezes, apesar de haver muitos adversários.

Podemos crer que todos estes projetos para serviço futuro tinham sido feitos com a condição "se Deus quiser". Aqui vemos o apóstolo em incessante atividade. Mais tarde, passa anos inteiros na cadeia. Em qual dos períodos floresce mais a sua vida espiritual?

Recomendações e saudações (10-24). Neste trecho notamos o empenho individual de Paulo por cada um dos seus companheiros e cooperadores.

Pensamos que talvez houvesse alguma coisa em Timóteo que o tomasse desprezível aos coríntios. Teria sido a sua mocidade? fraqueza física? acanhamento? falta de instrução secular?

 

O versículo 12 ensina-nos que o servo de Deus é responsável ao seu Senhor, e que, às vezes, nem rogos de um apóstolo o influem. Ao menos os coríntios ficaram sabendo que a demora de uma visita de Apolo não foi porque Paulo tivesse querido impedir o reforço às fileiras dos "paulistas" (3.4).

Devemos ler este versículo: "Roguei-lhe muito que fosse com os irmãos [portadores desta carta]" (C.H. 415).

 

No versículo 15 temos uma segunda alusão à "casa" de Estefanas (que entendemos ter sido um velho crente residindo em Corinto, mas no momento em visita ao apóstolo), e aprendemos que é ordem divina na igreja que os não-trabalhadores se submetam aos que auxiliam na obra e no trabalho. Consulte-se sobre 1.16 para ver a diferença no original entre a palavra pua "casa" aqui e ali.

 

Sobre o versículo 22, o dr. Bullinger tem alguns pensamentos referentes ao lugar onde se encontra — no final da carta. Em toda a epístola o apóstolo tinha reprovado muitos males: sectarismos: imoralidades, litígios, erros ritualísticos e doutrinários; mas no final não aponta mais nenhum destes males, porém diz que uma falta de amor ao Senhor Jesus Cristo é o mal mais temível que possa haver entre os seus leitores- E acrescenta a palavra "Maranatha": O Senhor vem, sem explicar por que o diz.

 

Termina esta carta, tão cheia de admoestações e até de repreensões, com a expressão do seu amor. Será assim conosco? Quando precisamos repreender alguém, deixamos com ele, ao término deste serviço, a impressão do nosso amor fraternal?

 

 

 

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